Tim Butcher (1967), já por mim referido anteriormente, aventureiro africanista contemporâneo dos quatro costados, efectuou a reconstituição doutra viagem, desta vez levada a cabo pelo multifacetado e prolixo escritor britânico Graham Greene (1904/1991) pelos territórios que hoje constituem a Serra Leoa e a Libéria, em 1935, acompanhado duma prima sua, de nome Barbara Greene. Se bem que, nessa época, a Serra Leoa fosse relativamente conhecida pela colonização britânica já a Libéria apresentava um vazio na sua cartografia interior, cuja área estava mapeada em zona branca e preenchida apenas com a palavra "canibais". O livro que Grahamn Greene escreveu sobre essa viagem, com primeira edição em 1936, titulou-o de "Journey without maps" (Vintage, London, 2006, 238 págs.). Sobre o mesmo existe uma tradução portuguesa com o título "Jornada sem mapas" (Minerva, 1964) edição muito difícil de se encontrar no mercado. A sua prima, Barbara Greene, que o acompanhou nesta viagem, também deixou as suas impressões num livro com o título de "Land benighteh" (Terra inculta), da qual desconheço tradução para a nossa língua. A viagem que os Greene (Graham e Barbara) efectuaram acabou por decorrer sem grandes incidentes, com uma duração de cinco semanas em território liberiano. Cerca de setenta anos mais tarde (nos tempos actuais) Tim Butcher, que estava colocado na lista negra e sentenciado de morte pelo senhor da guerra liberiano Charles Taylor, reconstituiu essa mesma viagem, que foi muito mais complicada e perigosa, por isso mesmo; após ter pesquisado exaustivamente toda a documentação existente sobre a jornada dos Greene. Acabaria por publicar o registo da sua odisseia, no livro "À caça do Diabo - África, uma viagem pelos caminhos da morte" (Bertrand Editora, Lisboa, 2011, 399 págs.) um fascinante relato pleno de aventuras que viveu com intensidade pelas terras dos "diamantes de sangue" e que, sem dúvida, o coloca no pódio dos actuais viajantes/aventureiros daquele continente. É um daqueles livros que, tal como o seu anterior "Rio de sangue", quando se começa a ler não se larga mais.
Filme:
Já que falamos da Serra Leoa e da Libéria, vi dois filmes de aventura que, não sendo excepcionais, não deixam de ter o seu grau de qualidade pelo tema que abordam: a recolha de diamantes nestes territórios sob a mira das armas de déspotas que escravizam toda uma população, controlando exércitos formados, muitas vezes, por crianças de rua, para seu próprio enriquecimento e dalguns capitalistas europeus (estes últimos não podiam faltar, nem que fosse para darem um colorido Benetton). Um tem por título "Diamante de sangue" (Lonely Films Production, 2006, 137 minutos) num tema onde dois africanos se cruzam (um branco - Leonardo DiCaprio e um negro - Djimon Hounsou) e, juntos mas com objectivos diferentes, atravessam todo o horror da guerra pelo monopólio da extracção dos diamantes, na Libéria. De registar que várias cenas de combate deste filme foram efectuadas nos subúrbios de Maputo. O outro filme tem por título "Diamantes" (Universal Studios, 2009, 173 minutos) e aborda a viagem que uma senadora norte-americana efectua por terras africanas na busca do apuramento da verdade sobre a morte da sua filha.
Imbecilidades:
A Power Balance andou a vender, por todo o mundo, umas pulseiras que garantiam que o holograma com carga eléctrica das mesmas concedia força e equilíbrio a quem as usasse. Agora concluiu-se que não há fundamentação científica para tal e que tudo não passou de publicidade enganosa. Com as indemnizações e multas pesadas que lhe vão cair em cima a empresa arrisca-se a falir. Tudo bem. Não tenho pena nenhuma dos que lucraram com a imbecilidade de quem adquiriu tal produto. Mas, francamente, nunca pensei que houvesse tantos imbecis em todo o mundo.
Uma pergunta:
Se eu emprestar 78 euros a alguém e cobrar 34 euros de juros sobre esse valor (44%) sou um agiota. Então, pergunto eu, ignaro que sou destas matérias: como classificamos a "Troika" que empresta a Portugal 78.000 milhões de euros e vai cobrar 34.400 milhões de euros de juros sobre esse valor (os mesmos 44%)? Se isto é a tão apregoada ajuda com que os nossos governantes nos lavam o cérebro, então prefiro ir "dar o pacote" para a avenida e dormir debaixo da ponte. É que fico com a sensação que me puseram areia na vaselina.
O maior castanheiro da Europa localiza-se na área da aldeia de Guilhafonso - Guarda, com 19 metros de altura e com uma idade calculada em 400 anos, estando classificado como "de interesse público" desde 1971. Pois a mesma, segundo leio na imprensa, está a secar e corre o risco de morrer. As autarquias locais nada podem fazer pois, atendendo à classificação da dita árvore, só a ANF - Autoridade Nacional Florestal (como eu adoro estes títulos autoritários) é que pode intervencionar e, até ao momento, nada tem feito, arrastando-se o assunto desde o ano passado. Então, já agora, não se podiam também deixar a secar ao Sol os responsáveis da ANF que já foram alertados e nada fizeram? E, já agora, ao lado do castanheiro em causa.
Recomendo:
Uma visita ao Museu Rafael Bordalo Pinheiro. Localizado numa pequena vivenda ao Campo Grande - Lisboa (perto da Universidade Lusófona) permite integrarmo-nos no modo de viver de Lisboa nos finais do século XIX, para além de ficarmos a conhecer a visão política e artística deste genial caricaturista e ceramista. De um humor cáustico, a sua visão crítica da política e da sociedade de então ainda hoje se mantém actualizada. Mesmo volvidos cem anos.
Aconteceu:
O Governo australiano apresentou uma proposta, que está em discussão pública até Fevereiro de 2012, para criar uma reserva marinha protegida no Mar de Coral, com cerca de um milhão de quilómetros quadrados de superfície. Apesar de criticada por diversas associações ambientalistas e sumidades internacionais ligadas à biologia marinha, por não ir mais longe, quer numa maior cobertura geográfica quer na proibição total da actividade pesqueira, já é um bom começo. A bem deste belo Planeta Azul.
O Parlamento suíço aprovou o desmantelamento progressivo das suas cinco centrais nucleares, operação complexa que irá durar até 2034. A ver vamos, mas já é um outro bom começo. A bem deste Planeta Azul.
Hoje (27/11) o fado acabou consagrado, na belíssima Bali, como Património Imaterial da Humanidade. Já muito foi dito e eu, para não correr o risco de chover no molhado, nada mais irei acrescentar de útil. Apenas que se registe a minha sincera congratulação por tal facto. Não sendo um adepto incondicional deste tipo de música - tirando os sagrados e consagrados Carlos do Carmo e Amália Rodrigues - não deixo de ficar orgulhoso de tal facto. A referência de nomes é injusta, por omissão deste ou daquele e, por isso, de antemão a minha mea-culpa caso injustice alguém mas heróis desta saga terão sido, entre outros, António Costa - actual Presidente da edilidade alfacinha, Rui Vieira Nery - musicólogo que liderou a Comissão Científica da nossa candidatura, Rúben Carvalho - vereador municipal e Sara Pereira - Directora do Museu do Fado e também membro da Comissão Científica. De lamentar que Amália Rodrigues, a grande Diva do Fado, não tivesse vivido o suficiente para assistir a esta consagração. Ou não fosse a voz dela a timbrar "Estranha forma de vida" que o Júri da UNESCO e toda a restante assistência ouviu no iPhone de António Costa, quando este finalizou o seu discurso de apresentação da candidatura. Um gesto inteligente.
Em Filadélfia - EUA, foi eleita como Presidente da SIAM - Society for Industrial and Applied Mathematics (Sociedade Matemática Aplicada e Industrial) a portuguesa Irene Fonseca, que lecciona Matemática na Universidade de Carnegie Mellon. Esta Sociedade é, a nível mundial, a maior associação científica de matemática aplicada, constituída por cerca de 13.000 associados individuais e 500 institucionais. E, agora, é presidida por uma portuguesa. Porque será que lá fora somos tão produtivos e aqui, neste jardim à beira-mar plantado... temos que viver de esmolas estrangeiras?
Vai acontecer:
A actriz Eunice Munoz vai ser condecorada amanhã (28/11), pelo Presidente da República Cavaco Silva, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique honrando-se, deste modo, uma carreira, mais que meritória, de 70 anos. Vá lá, vá ,lá. De vez em quando o nosso Venerando Chefe de Estado acerta numa decisão. E logo na área da cultura, quem diria.
Disseram:
"Há dois mil anos o maior orgulho era poder dizer-se: "civis romanus sum" (sou um cidadão romano). Hoje, no mundo livre, o maior orgulho é poder dizer-se: "ich bin ein berliner" (sou um berlinense)." Jonh F. Kennedy, político, num discurso efectuado em Berlim, em Julho de 1963, contra a construção do Muro de Berlim pelas autoridades soviéticas.
"Sr. Gorbachov, derrube este muro." Ronald Reagan, político, num discurso efectuado em Berlim, em Junho de 1987, contra a manutenção do Muro de Berlim.
Efemérides:
Nascimento de Jimy Hendrix, considerado o maior guitarrista de todos os tempos (27/11/1942).
Discurso, em Nova Deli, de Jawaharal Nerhu, Primeiro-Ministro indiano, onde apela aos Estados Unidos e à União Soviética a findarem os ensaios nucleares e iniciarem o desarmamento com vista a salvar "a Humanidade do desastre final." (27/11/1957).
A Nova Zelândia torna-se o primeiro País do mundo a permitir o voto feminino em eleições gerais (28/11/1893).
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