VIAJANTES, AVENTUREIROS E
EXPLORADORES
Daphne
Sheldrick – (Quénia, 04/06/1934) – Conservacionista,
especializada no resgate e reintegração de elefantes e rinocerontes.
Descendendo duma família geracionalmente
instalada em África: “… No início do
século XX o meu tio-bisavô Will tinha uma vida relativamente próspera no Cabo
Oriental da África do Sul…”, em 1907 o
seu tio-avô, caçador entusiasta que, volta não volta, deslocava-se ao Quénia
para a actividade cinegética, recebeu uma proposta do Governador da Colónia do
Quénia – Charles Eliott – que “…se ele conseguisse trazer vente famílias
para o Quénia, o Governo atribuir-lhes-ia terra gratuita para se estabelecerem…”. O que virá a suceder, e Daphne Sheldrick
torna-se num dos elementos da terceira geração da sua família no Quénia: “… Em
1930, um ano depois do casamento (falando
da mãe Marjorie, que se casara com o seu pai Bryan) foi mãe – um filho,
Pete, seguido 18 meses depois, por uma filha, Sheila. E três anos mais tarde,
em Junho de 1934, nasci eu. A nossa irmãzinha Betty chegou quatro anos depois
de mim…”
Vivendo numa herdade, o contacto com a
Mãe-Natureza no geral e o mundo animal, no particular, era uma constante da sua
vida: “… Havia animais por todos os
lados: os seus sons, os seus odores, o seu comportamento, faziam parte do
tecido quotidiano da vida…” e “… ao
sairmos de casa… juntavam-se a nós todos os nossos cães, Bob, a impala, Daisy,
a corça e Ricky-Ticki-Tavi, o mangusto anão…”
Os seus olhos maravilham-se com a descoberta do mar nas férias familiares: “… O
que mais me agradava era a Lagoa Azul, em Watamu, o oceano a sul de
Malindi…Havia duas lagoas separadas por um antigo promontório de corais, cujos
lados irregulares tinham sido escavados pelo mar, criando grutas frescas… Nalgumas
grutas, a descida da maré deixava pequenas poças e a luz do Sol que passava
pelos orifícios do promontório acima criava prismas que reflectiam as cores do
arco-íris. O efeito era mágico… E é aqui que: “… A lagoa e o seu espectáculo
mágico da vida marinha foi o mais perto que estive das fantasias de países
encantados da minha infância… Foi o meu derradeiro verão de inocência…”.
A Segunda Guerra Mundial veio alterar um
pouco este panorama bucólico da sua vivência, pois como refere, carecendo o
Governo britânico de alimentar as tropas que combatiam na Abissínia (actual
Etiópia) e Birmânia (actual Myanmar), ordenou o abate de milhares de animais
selvagens. “… De maneira a obter
alimentos, milhares de animais tiveram de ser sacrificados e, para levar a cabo
esta tarefa, o meu pai foi escolhido para matar gnus e zebras na Reserva de
Caça do Sul, num local chamado Selengai…”
Inicia a sua vida escolar: “… Aos seis anos juntei-me aos meus irmãos como aluna
interna em Nakuru…” e “…Quando fiz
treze anos inscrevi-me na mesma escola da minha irmã mais velha, no Liceu
Feminino do Quénia, em Nairobi…”
Os murmúrios da revolta dos negros
contra o domínio colonial começam a adensar-se: “… Quando entrámos nos anos 50, a estrutura da vida
começou a mudar. A agitação entre a população africana foi crescendo, lenta,
mas firmemente… Havia sinais de que os Mau-Mau (1), um grupo clandestino de
membros da nação kikuyo (2), pretendiam livrar-se do protectorado britânico no
Quénia e dos colonos europeus, pois achavam-se despojados da sua própria terra…”. Assiste, involuntariamente, ao fenecer
do domínio colonial naquelas paradisíacas paisagens e membros da sua família
são espancados por assaltantes “… Na calada da noite, o avô e a avó Webb
foram roubados e violentamente espancados, durante um assalto à sua casa, por
bandidos suspeitos de serem iniciados dos Mau-Mau…”.
Aos 16 anos “… deixei de estudar…”
e torna-se uma doméstica a tempo inteiro, preparando-se para um casamento com o
seu namorado de então (Bill Woodley). Apesar de ter vencido uma bolsa de
estudo, para cursar medicina em Inglaterra, a perspectiva dum exílio dourado de
sete anos longe do paraíso que ainda era o Quénia e do seu amado Bill
levaram-na a tomar tal decisão. Inscreve-se num curso de secretariado, numa
associação cristã e, concluído este, emprega-se numa empresa de produtos
químicos. Nesse espaço de tempo, já com 17 anos, a roda do destino começa a
girar sem se aperceber. O seu irmão Peter e o seu noivo, Bill, acabam por serem
colocados no Parque Nacional Tsavo (3), onde pontificava David Sheldrick.
A revolta Mau-Mau aumenta de intensidade
e as autoridades britânicas acabam, em 1952, por prender Jomo Kennyatta (4)
acusando-o de liderar a revolta. O terror aumenta e as mortes, quer de colonos
quer de negros fiéis tornam-se galopantes. Fruto disso o governo cria corpos de
milícias paramilitares para protegerem as populações e, quer Peter quer Bill,
integram essas milícias. Mas os colonos sentem-se cada vez mais asfixiados e as
cisões entram no seio familiar. O desnorte de não serem nem carne nem peixe
assola-os: “…Naturalmente,
a nossa comunidade estava a tornar-se noutra coisa sem sequer sabermos.
Rotulados de Tribo Branca de África, começámos rapidamente a perder direitos no
país que considerávamos com a nossa casa e não poderíamos voltar a ser
verdadeiramente britânicos, devido ao prolongado isolamento em África. Da mesma
forma que também era impossível sermos verdadeiramente africanos, por causa da
cor e da cultura…”. Apesar de todos os
contratempos que os novos tempos traziam, mantinha o seu firme desejo de casar
com Bill e ir viver com ele no Parque Nacional de Tsavo. Até porque, tendo
crescido numa quinta em comunhão com a vida selvagem, o seu emprego de
secretária, fechada numa sala duma empresa, na capital da colónia, não a
seduzia nada.
Dois nefastos eventos antecederam o seu
casamento: a chacina, pelos Mau-Mau, de todo o pessoal que trabalhava numa
quinta duma sua tia-avó em Nanyuki e o falecimento do seu avô Webb, por causas
naturais. Apesar disso o casamento com Bill segue para a frente (1953), em
Naivasha, junto ao lago do mesmo nome (5). Dois anos mais tarde a maternidade
traz-lhe a alegria duma filha (Jill) e acaba por se instalar em Tsavo, onde vem
a travar conhecimento mais profundo com David Sheldrick, que a impressiona: “… Era alto e, nos seus olhos de um azul profundo, havia um
misto de interesse e divertimento: olhos debruados por longas e espessas
pestanas que seriam alvo de cobiça por qualquer rapariga. O seu aperto de mão
era forte e as pernas bem proporcionadas…”.
Quatro anos antes, com 17 de idade, cruzara-se uma vez com ele de relance e,
naquela altura, a presença daquele homem nada lhe dissera no íntimo.
Lentamente a influência de David
Shelkrick começa a interiorizar-se no seu dia-a-dia e, fascinada, aprende com
ele a lidar com elefantes, principalmente com dois que ele resgatara. Fruto da
sua formação de secretariado, que cursara e ainda trabalhara em Nairobi, Daphne
instala-se no escritório de David Sheldrick, colaborando com o mesmo em todo o
trabalho burocrático.
Seis anos volvidos, o conto de fadas que
fora o casamento com Bill começou a esfriar-se com o correr dos tempos: “… Por outro lado eu ia cada vez mais perdendo o encanto
pelo Bill. Os seus horários informais há muito que eram fonte e frustração
mesmo antes do casamento…” As longas
ausências profissionais de Bill, no combate aos caçadores furtivos, o facto
dele, anualmente, nas suas férias dedicar-se á caça de elefantes (tinha licença
de caça profissional) em vez de as passar com a família, o que chegava a causar
reparos negativos da parte do próprio David Sheldrick: “…Eu própria
sentia-me muito envergonhada por o Bill retirar tanto prazer de matar um
elefante e até o Director dos Parques Nacionais, o coronel Mervyn Cowie,
franzia o sobrolho a esse facto e exprimia o seu desagrado ao David…”. Lutando entre o morrer do seu amor por
Bill e o nascer da paixão por David Sheldrick esta última haveria de
prevalecer.
Em 1959, o ainda seu marido Bill foi
nomeado responsável pelos Parques Nacionais de Aberdere, a cerca de 500
quilómetros de Tsavo. Não aceitando a saída de Tsavo, onde tinha uma vida
aventurosa, nem o desligar-se de David Sheldrick, a sua paixão, Daphne abre o
jogo até aí escondido ao seu marido e requer a separação do casal, o que acabou
por ser aceite por este. O divórcio consumar-se-ia passado pouco tempo.
Agora ligada de vez e publicamente a
David Sheldrick, Daphne leva uma vida de sonho no paraíso africano de Tsavo. O
Parque, que finalmente tinha controlado a caça furtiva, era visitado
regularmente por cientistas zoólogos e as constantes incursões que fazia na
busca de espécimes de plantas com que os elefantes se alimentavam e de controlo
de manadas dos mesmos, tornaram-na rapidamente numa especialista destes
proboscídeos.
Daphne Sheldrick e um dos seus orfanatos para elefantes
Em 1960 o Quénia caminha inexoravelmente
para a independência, aceleração essa que toma forma depois de Harold
Macmillan, Primeiro-Ministro britânico ter proferido, no Parlamento
sul-africano, o célebre discurso que ficou conhecido para a História como
“Ventos de Mudança” (5). O receio adensa-se nos colonos, pois a perspectiva de
“um homem um voto” faria recair nas mãos negras o futuro governo
independentista.
Nesse mesmo ano Daphne casa-se com David
e adopta o apelido Sheldick. Tinha 26 anos e como ela confessa nas suas
memórias: “… começou para mim uma
época de extrema felicidade…”. No ano
seguinte nasce uma filha deste segundo casamento, de nome Ângela. Dedica-se ao
estudo dos hábitos elefantinos, apoiada incondicionalmente por David Sheldrick
tornando-se numa eminência mundial. As crias órfãs de elefantes, rinocerontes e
búfalos aumentava dia a dia e o seu convívio diário e permanente com as mesmas,
levava-a a efectuar estudos que ia anotando minuciosamente.
A 12 de Dezembro de 1963 nasce a
República do Quénia e o casal Sheldrick mantém-se em Tsavo na sua intensa
actividade, contrariamente a muitos colonos que optam por partirem para outras
paragens mais “brancas”, tal como a Rodésia (actual Zimbabwé) ou África do Sul.
Na década de 70 Daphne Sheldrick atinge
maior notoriedade mundial quando, em desespero de causa para alimentar uma
elefanta órfã, depois de diversas tentativas desesperadas consegue acertar na
fórmula láctea para alimentar uma cria que ela baptizara de “Aisha”: “… Chegou o dia em que estava demasiado fraca para sequer
se por de pé. Sentada com a cabeça dela no meu colo, as lágrimas corriam-me
pela cara, à medida que pensava como iria mantê-la viva. Voltei à minha
dispensa e fixei as filas de fórmulas diferentes que tinha andado a tentar uma
a uma. Só faltava experimentar uma, que me tinha siso dada pela Ruth Eden, uma
simpática visitante inglesa e, ao ler os ingredientes percebi que incluía óleo
de coco. Lembro-me de em tempos ter lido que este era o substituto mais próximo
da gordura do leite de elefante, por isso animei-me – nem tudo estava ainda
perdido. Preparei a mistura conforme as indicações na lata e fui aliviar a fome
da “Shmerty” (outro nome de “Aisha”).
Funcionou! Fiquei exultante. Mal podia acreditar que tinha desvendado o
mistério de como criar um elefante bébé…”.
Foi uma descoberta sensacional, que abriu novas pistas para a preservação dos
elefantes bébés órfãos em todo o Mundo.
Viúva, instala-se no Parque Nacional de
Nairobi. “… Senti-me profundamente
agradecida ao Governo queniano por me conceder o privilégio único de residir no
Parque Nacional de Nairobi...”.
Mantendo-se activa na preservação dos elefantes bébés órfãos, em 1987 cria o “Fundo
David Sheldrick para a Protecção da Vida Selvagem” (“DSWT – David Sheldrick Wildlife Trust”) numa justa homenagem à memória do seu falecido marido, dedicando-se
também em conferências internacionais, visando o combate ao tráfico do marfim e
dos cornos de rinocerontes, bem como na criação de orfanatos para estes animais
para depois serem reintroduzidos na vida selvagem, após uma passagem pelos
centros de reabilitação que o DSWT criou com os fundos que dispõe.
Nos dias de hoje ainda é viva e activa,
nas possibilidades da sua idade, tendo escrito o livro autobiográfico “Uma história de amor em África”. Condecorada, em 2001, com a “Ordem da Lança Ardente do Quénia” recebe,
em 2006, a Comenda do Império Britânico. Justas homenagens a uma lutadora
incansável pelas causas ambientais africanas.
No dia em que se for juntar a David
Sheldrick, o grande amor da sua vida, de certeza que os elefantes de África
barrirão em homenagem à sua “Mãe”.
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1 – Mau-Mau – Nome com que ficou
conhecida a revolta negra contra o domínio colonial britânico no Quénia,
provocando um conflito de guerrilha campestre e com actos de barbárie. Este
movimento independentista, maioritariamente com a componente kikyuo, perdurou
durante toda a década de 50. A origem do termo “Mau-Mau” é incerta,
admitindo-se que pudesse ser um anagrama do grito kikuyo “Uma Uma”, que
significaria “vai-te embora, vai-te embora”.
2 – Kikuyo – Um dos povos que compõem o
mosaico étnico do Quénia.
3 – Parque Nacional Tsavo – É o mais
antigo e maior dos parques naturais quenianos. Criado em 1948, possui uma área
aproximada de 12.000 quilómetros quadrados. Localiza-se numa área
ancestralmente referido por Deserto Taru.
4 – Jomo Kennyatta (1893/1978) –
Conduziu o País à independência, que ocorreu em 1963, tornando-se no primeiro
Presidente da República, após ter exercido o cargo de Primeiro-Ministro.
Governou o mesmo com mão férrea, até à data do seu falecimento. É considerado o
pai fundador deste país.
5 – Sobre o lago Naivasha, e a luta pela
sua preservação aflorei, ao de leve e em mensagem anterior, a vida de Joan Root
(e do seu marido Alan Root), que pagou com a sua vida a luta tenaz contra os
interesses economicistas que levaram à destruição do mesmo. Numa próxima
mensagem voltarei a biografar a vida deste lendário casal, mas com mais
desenvolvimento.
6 – “Ventos de mudança” – Este famoso
discurso foi por mim abordado e transcrito parcialmente na mensagem de
27/05/2012 (dedicado a Dian Fossey), numa adenda da secção de Poesia, onde
falava de Rui Knopkli e dum poema seu, precisamente titulado de “Winds of
change”.
………………………………………………………...
David
Sheldrick – (Alexandria, 23/11/1919 – Nairobi, 13/06/1977) –
Conservacionista. Exerceu o cargo de Director do Parque Nacional Tsavo, no
Quénia. Filho dum ex-combatente da Primeira Guerra Mundial (1914/1918), ainda
criança acompanhou os pais para o Quénia, quando estes ali montaram uma fazenda
para cultivo de café.
Após ter efectuado os estudos na Grã-Bretanha,
retorna ao Quénia (1930) e trabalha como gestor duma quinta, em Kinangop mas,
no deflagrar da II Guerra Mundial (1939/1945), serve o seu País, quer na
Abissínia (Etiópia) e em Burma (Myanmar). Após o findar do conflito regressa de
novo ao Quénia e, casado e com dois filhos, emprega-se na empresa “Safariland”,
a primeira empresa a dedicar-se, em Nairobi, ao negócio dos safaris. Acaba
colocado no Parque Nacinal de Tsavo e cria o corpo de guardas florestais
(1948), parque este criado neste mesmo ano.
Conservacionista, a par de criar de raiz
as infraestruturas do Parque Nacional, desenvolve também a sua actividade na
recolha e reintegração posterior na vida selvagem de diversas espécies de
animais, nomeadamente de elefantes e rinocerontes adoptando, no início, dois
bébés elefantes: “Sansom” e “Fatuma”. Profundo conhecedor da vida selvagem
africana, a sua colocação em Tsavo foi “… uma escolha óbvia para o cargo que exigia a transformação de uma mata
implacável, que era conhecida como deserto taru, num parque nacional viável…”. Mas, apesar de aparentemente desértica, e
por não ter fixação de colonos europeus, a vida selvagem “… esta terra era
conhecida pela sua diversidade de espécies indígenas, incluindo leões
assustadores, manadas reprodutoras de elefantes e milhares de rinocerontes
pretos, e por caso era ali que se misturavam as faunas oriental e ocidental,
duplicando assim as raças de girafas, avestruzes, e gazelas-grant…”.
Lutador incansável pela preservação da
fauna, era um adversário implacável dos caçadores furtivos “… David era firme e apaixonado quando falava na
necessidade urgente de travar os caçadores furtivos, erradicar o terrível
número de vítimas que causavam em manadas de criação de elefantes, pelo marfim,
e de rinocerontes, pelos chifres…”.
Cabia-lhe a responsabilidade de
administrar um parque que, na altura, teria cerca de 20.000 quilómetros
quadrados de área, com poucos recursos, quer financeiros quer materiais,
lutando contra a falta de água, a caça furtiva, as setas envenenadas dos caçadores
ilegais que se viravam contra ele e os seus homens, a malária, os ataques de
escorpiões, cobras, leões, entre outros, bem como contra a incompreensão dos
centros decisores em Nairobi (mais preocupados com a evolução política do País)
tendo criado um corpo de guardas florestais, inicialmente disciplinados e
recrutados no seio de populações guerreiras que, para além do valor combativo,
também eram exímios pisteiros.
Mas os guardas florestais, com o correr
dos tempos tornam-se mais laxivos e corruptos, fechando os olhos às actividades
da caça ilegal, pelo que David Sheldrick acaba por criar uma força paramilitar
recrutada entre povos de regiões afastadas do Quénia e que, assim, não teriam
relações de parentesco ou de amizade com os caçadores locais. Para além disso
enquadrou-os com militares que tinham combatido consigo na Guerra Mundial.
Deste modo criou a génese duma força especial de guardas florestais que viriam
a ser o modelo adoptado para muitas outras forças congéneres que viriam a ser
criadas noutros países africanos.
Finalmente consegue o reconhecimento da
sua actividade pelas autoridades em Nairobi, graças aos esforços de Noel Simon,
Director Executivo da recém-formada “East African Wildlife Society”, que lhe
fornecem meios de comunicação rádio, uma avioneta, piloto para a mesma e um
magistrado para tratar das acusações contras os actos ilícitos da caça, para
além de reforço de pessoal.
Em 1959 é condecorado como membro da
Ordem do Império Britânico e o seu prestígio é de tal ordem que o mais temido
caçador de caça furtiva, que nunca fora devidamente aprisionado, Galogalo
Kafonde, entrega-se voluntariamente às autoridades, desde que fosse levado à
presença de David Sheldrick a quem lhe diz: “… Os elefantes estão acabados. Os ricos que querem cada
vez mais e mais são os responsáveis. Tal como você, temo o desaparecimento dos
elefantes, pois estão no centro da nossa cultura e do nosso quotidiano. Os
walingulu viveram sempre entre os elefantes e caçaram-nos honradamente como
verdadeiros homens, apenas atingindo machos grandes e nunca matando fêmeas e as
suas crias. Agora, “outros” que não se preocupam com eles, matam-nos
desastradamente por mero lucro. Não quero ter parte em nada disso e juro que
jamais voltarei a caçar um elefante…”
Por alturas da independência nacional o
Parque Nacional de Tsavo regurgitava de animais e a população elefantina (entre
outras) tinha aumentado. Efectuada uma contagem rigorosa com meios aéreos (a
Operação Contagem): “… os números
finais da contagem demonstravam que, em vez dos 5.000, como inicialmente
previsto, havia 9.000 elefantes contados, com cerca de 15.000 no ecossistema… A
partir de inspecções aéreas pelo parque, e agora que os elefantes começavam a
partilhar as árvores de mirra, era claro que as espécies ruminantes estavam a
proliferar e ganhar visibilidade. O que outrora eram grupos pequenos e isolados
de zebras, búfalos, órixes e outros antílopes reuniam-se para formarem manadas
consideráveis no que eram agora pradarias abertas…”.
No entanto, em meados da década de 70,
fruto de medidas políticas que retiraram autonomia aos parques, centrando-se na
esfera do Ministério do Turismo, da corrupção que atingia as altas esferas dos
centros decisórios em Nairobi e da alta dos preços do marfim, a explosão
demográfica humana a carecer de novos territórios para culturas alimentares,
entre outras causas, desencadearam novos surtos de caça desenfreada aos
elefantes e aos rinocerontes. Os armazéns do Parque Nacional de Tsavo
transbordavam de: “… pontas de
marfim, peles de leopardo, chifres de rinocerontes, arcos e flechas…” apreendidos aos caçadores ilegais. A
fusão dos Parques Nacionais com o Departamento de Caça, decretada
parlamentarmente em 13 de Fevereiro de 1976: “… Foi o princípio do que resultou
um período trágico, escandalosamente negro, na orgulhosa história dos parques
nacionais do Quénia. Para os seus habitantes selvagens, especialmente elefantes
e rinocerontes, foi a sentença de morte…”.
David Sheldrick acaba nomeado o cargo de
supervisor de todos os parques e reservas nacionais, como Director da Unidade
de Planeamento, sendo-lhe atribuído um escritório em Nairobi e um substancial
aumento de vencimento. Mas teria que abandonar Tsavo, onde passara a maior
parte da sua vida. A passagem da gestão do parque de Tsavo para a esfera do
Departamento de Caça iria por em perigo de vida os animais tão arduamente
preservada ao longo dos anos. Por isso a sua nomeação era um cargo dourado para
o afastar dali.
Em 1977, David Sheldrik, conhecido
carinhosamente por “Bwana Saa Nane” (1), com apenas 57 anos, é traído pelo seu
coração que sofre uma síncope, terminando aqui a sua odisseia terrena em prol
da vida selvagem. Mas a lenda não morreu, deixando um legado inolvidável que se
projectou, após o seu passamento, no “David
Sheldrick Wildlife Trust”, criado pela
sua viúva Daphne Sheldrick.
…………………………………………………………
1 – Segundo relato de Daphne, era
conhecido carinhosamente por: “…bwana
Saa Nane, o Senhor Duas Horas, que o David ganhara entre os locais, pois fazia
a sua pausa para almoçar todos os dias a essa hora…”.
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Nota 1: As
transcrições constantes no presente trabalho foram retiradas do livro de Daphne
Sheldrick “Uma história de amor em
África”. Sobre este livro refiro-o mais à
frente, na secção “Leituras em prosa”.
Nota 2: Leio que se
encontra em rodagem um filme sobre a vida de Daphne Sheldrick, realizado por
Philip Noyce, e tendo a actriz Nicole Kidman como protagonista do principal papel,
filme este que terá, eventualmente, por título “My wild life”.
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL
Aires
de Ornelas – (Camacha (Madeira), 05/031866 – Lisboa, 14/12/1930 –
Aires Ornelas de Vasconcelos) - Oficial do Exército Português. Em 1895 chega a
Moçambique, como Tenente e torna-se
no Chefe do Estado-Maior de Mouzinho de Albuquerque*.
Combate as forças de
Gungunhana*, em Marracuene* e em Coolela* e, dois anos depois, integra a
expedição que derrota Maguiguana*, o último chefe militar vátua, bem como
também participa na campanha dos Namarrais. Tendo regressado a Portugal,
ingressa na vida política. Em 1906 é nomeado Governador do distrito de Lourenço
Marques mas nesse mesmo ano regressa a Lisboa para assumir a pasta ministerial
da Marinha e Ultramar, sendo neste cargo que promulga o Código Administrativo de Moçambique. Com a queda da monarquia
mantém-se fiel a esta e, em 1922, é eleito deputado para o Parlamento. Condecorado com a Torre e Espada, deixou
diversos escritos sobre as campanhas de Moçambique, bem como uma obra
denominada “As raças e as línguas
indígenas de Moçambique”.
Cobula –
(? - ?) - O último dos rebeldes de Angoche. Era Régulo* da zona da
Mogovola, tendo combatido os portugueses, aliando-se a Farelay, a
Ibrahimo-bin-Sultani e a Guarnea. Em 12 de Dezembro de 1902 as suas gentes
assassinam Paes de Almeida e Pitta Simões. Em 1910 rompe com Farelay e,
comandando um exército de milhares de guerreiros, ataca Neutel de Abreu*, em
Junho desse ano. No entanto, sai derrotado do confronto e perde o seu familiar
mais próximo e sucessor natural, o seu sobrinho Sali, morto nesse combate.
Ainda nesse ano, Farelay, Guarnea e Ibrahimo-bin-Sultani são presos e Cobula
torna-se o único chefe de guerra a dar combate aos portugueses. Em 1911 leva a
guerra ao interior do sertão, aproveitando a revolta do Xeque de Sangage*,
Mussa-Piri. Finalmente, em 1913, em Iuluti, Cobula é preso. Terá morrido, no
decurso da década de 30, na clandestinidade.
Namarrais, Campanha dos - Operações
militares que decorreram entre Outubro
de 1896 e Março de 1897, concebidas e conduzidas por Mouzinho de Albuquerque*,
com o fito de pacificar todas as áreas sublevadas, no litoral norte, entre
Angoche e Fernão Veloso. Tendo começado a reforçar as capitanias de Angoche,
Mogincual e Fernão Veloso criou, de seguida, corredores de penetração para o
interior, separados uns dos outros por cerca de cinquenta quilómetros. A 19 de
Outubro de 1896 a coluna de Mouzinho de Albuquerque trava o combate da Mujenga,
sofrendo um violento ataque que o obriga a retirar-se para Natule, sempre
debaixo de fogo e ferido, sendo a sua retirada coberta por Gomes da Costa**, na
altura Capitão-Mor* das terras firmes fronteiras à ilha de Moçambique*.
Tendo chegado reforços militares de Lisboa, em Janeiro de 1897, Mouzinho de
Albuquerque relança a campanha e, em Março seguinte sucedem-se diversos
combates, sempre vitoriosos para os portugueses, registando-se os de Naguema, a
02 de Março, de Ibrahimo, a 06 de Março e de Mocute-Muno, a 07 de Março, sendo
aqui as forças lusitanas comandadas por João de Azevedo Coutinho**. A 19 de
Março Mouzinho de Albuquerque manda suspender a campanha, por ter que deslocar
forças para o sul, a fim de dar combate à rebelião de Maguiguana*. No findar
das operações, para além de ter batido alguns povos do interior, conseguiu
instalar mais três postos militares - Muchelia, Itoculo e Ibrahimo. No entanto,
em 20 de Maio deste mesmo ano, uma coluna militar comandada pelo Capitão
Eduardo Costa que tentava dominar uma rebelião das gentes do Régulo* namarral*
Matula-Muno é derrotada e obrigada a retirar-se desde Calapúti até ao posto
militar de Ibrahimo.
Eduardo
da Costa – (1865 – Luanda, 1907 – Eduardo Augusto Ferreira da
Costa) - Oficial do Exército Português (Tenente-Coronel). Sendo Alferes em
1886, acaba promovido a Tenente em 1888 e a Capitão em 1889. Profundo estudioso
das campanhas militares britânicas em África, embarca para Moçambique, a fim de
se integrar na equipa que planificava a campanha contra o Reino de Gaza*. Em 21
de Janeiro de 1895 chega a Lourenço Marques*, juntamente com o Tenente Aires de
Ornelas. Integrando o Estado-Maior das forças militares portuguesas, organiza a
coluna militar que trava o combate de Marracuene* e também participa no combate
de Coolela*, onde é ferido. Regressa a Portugal para se tratar mas, em 1897,
encontra-se de novo em Moçambique, sendo nomeado Governador do Distrito de
Moçambique. Integra-se na segunda fase da campanha dos Namarrais, onde volta a
ser ferido por forças do Régulo* Matula/Muno, a 20 de Maio de 1897, no combate
de Calapúti que o obriga a retirar-se para o posto militar de Ibrahimo, em condições
muito duras, sendo que esta retirada foi considerada como um feito brilhante,
face às condições adversas do terreno, homens feridos e falta de munições.
Suspendendo, depois, a sua actividade militar ingressa nos quadros da Companhia
de Moçambique* e torna-se, mais tarde, Secretário da Província daquela colónia,
até 1902, altura em que é nomeado Governador de Benguela, em Angola, já como
Tenente-Coronel. No ano seguinte é nomeado Governador-Geral de Angola, onde vem
a falecer, por doença, em 1907.
Farelay – (? -?) – Originalmente o seu nome era
Muhamunheva mas viria a adoptar o de Farelay. Era sobrinho directo de Ussene
Ibrahimo e sobrinho, em segundo grau, de Mussa Quanto*. Tendo efectuado alguns
estudos em Parapato, na escola muçulmana, acabou por criar uma quadrilha e, em
1882, instala-se nos arredores desta localidade, começando a exigir impostos e
licenças aos comerciantes que pretendiam mercadejar no sertão. Entre 1889 e
1890 ataca várias vezes Parapato, sendo sempre derrotado, até que entrega-se às
autoridades, hábil manobra política que lhe permite ganhar tempo. A 07 de
Outubro de 1896 volta a atacar Parapato mas, de novo, é derrotado pois Mouzinho
de Albuquerque*, ao iniciar a campanha dos Namarrais*, reforçara em homens e
material aquela vila. Em 1897 a campanha dos Namarrais é suspensa e Farelay,
aliando-se ao Sultão de Angoche*, Ibrahimo Bin Sultani e ao Régulo* Guarnea,
formará um triunvirato que, até 1910, jamais darão descanso aos portugueses. A
estes chefes rebeldes também se alia o Régulo Cobula. O Morla* Muno, um velho
aliado dos portugueses morre, em 1902 e Farelay invade as suas terras,
assumindo a chefia do Reino com o nome de Monga Muno. Em Maio de 1903, perante
o crescendo bélico de Farelay, os portugueses nomeiam o Tenente José Augusto
Cunha como Capitão-Mor* de Angoche e este desencadeia diversas acções militares
de isolamento contra Farelay registando-se, entre outras, o ter obrigado o
Sultão Ibrahimo Bin Sultani a fugir da ilha de Angoche e a refugiar-se no
continente, sendo destituído do cargo, em Agosto de 1903. No ano seguinte os
portugueses deportam, para Angola, Momade Omar, líder do Xecado de Sangage*,
outro aliado de Farelay. Até 1910 fustiga os portugueses, provocando
sublevações, guerrilhando no mato e atacando os pequenos postos militares que
iam sendo montados até que, em Agosto desse mesmo ano, já isolado e perseguido,
ao pedir refúgio ao Régulo Mamuia é preso por este que o entrega às autoridades
coloniais. Morre, deportado, na Guiné.
Guarnea –
(? - ?) – Régulo* imbamela, de Likhoro, nas terras de Angoche, vassalo do
Morla* Muicuna. Após a morte deste, ocorrida em 1887, estalam guerras
intestinas, pois sendo os Morlas, por tradição, apoiantes dos interesses
portugueses, entraram em rota de colisão com as gentes de Guarnea, que sempre
recusaram pactuar com os colonos. Em 1889 Guarnea apoia Ussene Ibrahimo (o
Muhenhua) e ataca, sem êxito, as gentes de Imbamela. A Morla Muicuna sucede-lhe
Morla Namo (falecido em 1888) e a este sucedeu-lhe o seu irmão Morla Ualava
que, em 1902, consegue estabelecer as pazes com Guarnea, fazendo perigar os
interesses dos portugueses naquela zona. Após a morte do seu aliado Ussene
Ibrahimo, Guarnea junta as suas forças às de Farelay, desencadeando diversos
ataques a povoados portugueses sendo, no entanto, derrotado em 24 de Fevereiro
de 1890 no ataque que desencadeou à vila de Parapato. Recompondo-se do desaire,
reafirma a aliança com Farelay e ataca as forças do Morla Muno, aliado dos
portugueses e, em Outubro de 1897, os seus homens matam o Tenente João da Cruz
Fonseca e Almeida. Alargando o leque de aliados, a Guarnea e a Farelay vêm
juntar-se as forças de Ibrahimo bin Sultani, conluiando uma aliança que durou
até 1910. Em Fevereiro de 1907 os três chefes de guerra atacam a vila de Larde,
mas não conseguem desalojar os portugueses. Em 1906 Guarnea volta a atacar as
gentes do Morla, rompendo o tratado de paz que estabelecera em 1902. Entre
Junho e Julho de 1910 Guarnea e os seus homens travam sucessivos combates
contra o Exército Português mas, já sem poder contar com Farelay, também ele
isolado, acaba por ser preso em Matatane, em Julho de 1910. Morre, deportado,
na Guiné.
Ibrahimo Bin Sultani – (? - ?) -
Sultão de Angoche. Formou, em conjunto com Guarnea e Farelay, um triunvirato
anti-português. Herdando, por morte do seu tio Ussene Ibrahimo, o sultanato de
Angoche*, renegou as ideias do seu pai, o sultão Sulimane Bin Rajah, que se avassalara aos portugueses,
após a morte de Mussa Quanto* e, fiel à sua política, alia-se a Farelay, tendo
sido o único chefe que se recusou, na
presença do Governador do Distrito Eduardo da Costa, a aceitar a soberania
portuguesa, quando este foi a Angoche em 1897. Em 1903, o Capitão-Mor* de
Angoche, Tenente José Augusto Cunha, invade esta ilha, o que obriga Ibrahimo
Bin Sultani a fugir para a zona do M´luli, no continente onde, sempre coligado
a Farelay e a Guarnea, continua a combater os portugueses. É vencido, em 1910,
e preso em Parapato.
Imã – Chefe
religioso muçulmano.
Imbuta –
Cerimónia de iniciação feminina, entre o povo chope*.
José Augusto Cunha– (? - ?) - Oficial do Exército
Português (Tenente). Em 1903, como Capitão-Mor* de Angoche, inicia operações
militares e, em Maio desse ano, tenta capturar Farelay mas, não o localizando,
destrói o seu povoado, Erráti. De seguida, e sempre debaixo de fogo rebelde,
consegue chegar a Boila e reconquista esse posto, nos primeiros dias de Junho.
Ainda nesse mesmo mês desembarca na ilha de Angoche, para deter
Ibrahimo-bin-Sultani mas, não o encontrando, arrasa todas as suas casas e
mesquitas e avassala os ilhéus. Em Agosto, num ataque surpresa, tenta capturar
Farelay em Mulaba, mas este consegue fugir, no meio da confusão da luta. Entre
Setembro e Outubro de 1903 continua a batalhar as forças rebeldes, conquistando
Mapasa, onde prende o Xeque* Amadi.
Manuel
Simões – (? - 1881)
- Encontrando-se a residir em Angoche, em 1872 foi encarregue pelo Governador
daquele distrito de organizar uma pequena expedição de auxílio ao Morla* Muno,
aliado dos portugueses, contra Mussa Quanto*. Dirigindo-se para as terras do
Morla Muno, na Imbamela, foi emboscado e preso pelas forças do Mussa Quanto,
que o condenou à morte. Horas antes da execução consegue fugir do acampamento
onde se encontrava prisioneiro e reúne forças do Morla Muno, travando sempre
sucessivos combates contra as tropas de Mussa Quanto, rompendo o cerco que
estas mantinham a Angoche, onde colheu armas e pólvora. De seguida, volta ao
continente e, sempre em combate permanente e debaixo de fogo contra as forças
de Mussa Quanto conquista, a 23 de Julho de 1872, de vez, o povoado de
Parapato.
Paes de Almeida – (? /1902) – Engenheiro. Tendo-se
associado a Pitta Simões requereu, em Janeiro de 1900, uma concessão em
Angoche, para exploração de pesca, sal, borracha e gado, que pretendia
subsidiar com a exploração de carvão e ouro que pensava existir na área de Mogovola.
Foi assassinado, juntamente com o seu sócio, pelas gentes de Cobula.
Pitta Simões – (?/1902) - Sargento do Exército Português. Foi assassinado juntamente com
Paes de Almeida, pelas gentes de Cobula.
Terras firmes -
Assim chamadas por se situarem no continente, eram pequenas áreas
territoriais fronteiras às ilhas onde se instalavam os portugueses
registando-se, a título exemplificativo, as da ilha de Moçambique* (Cabaceira
Grande, Cabaceira Pequena e Mossuril) e as de Pemba (Mocímboa e Pangane).
Ussene Ibrahimo – (? - 02/1889) – Sultão. Sucessor de Mussa Quanto* no Sultanato
de Angoche*, de quem era sobrinho em segundo grau e seu companheiro de luta no
sertão, depois de ter vencido as pretensões de Suleiman Bin Rajah, favorável
aos interesses portugueses. Em 1885 subjuga o Sultão Buan Amadio, do Xecado de
Sangage*, e faz perigar as pretensões portuguesas em Parapato. No entanto,
nesse mesmo ano, volta a perder Sangage para os portugueses e, fruto disso,
ataca as terras do interior, avassalando vários régulos. Inimigo do Morla*
Muno, de Imbamela, que em 1887 auxiliara os portugueses contra o seu ataque ao
Parapato provocando-lhe uma derrota, Ussene Ibrahimo razia estas terras em
Janeiro de 1889, acabando vencido. Em Fevereiro desse mesmo ano repete as
operações militares contra o Morla, mas acaba por morrer em combate. A sua
espada, o seu feitiço e uma das suas mãos decepadas são enviadas, como troféus,
ao Governador de Angoche.
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* - Já aberta ficha
** - A abrir ficha posteriormente
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LEITURAS EM PROSA
Título: Uma história de amor em África
Subtítulo: A vida notável
de uma mulher singular em defesa da vida selvagem
Autora: Daphne
Sheldrick
Editora: Casa das
Letras Ano: 2013 Págs.:
386 Género:
Autobiografia
Escrito na primeira pessoa, é o relato
vivencial da biografada desta mensagem. Pujante, é um grito de alerta para os
perigos da desertificação animal e florestal em África mas também é, em
simultâneo, uma mensagem de esperança. Obrigatório, numa biblioteca dos
conservacionistas.
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Título: O império dos homens bons
Subtítulo: Moçambique,
1847: um amor proibido ente um padre e uma escrava. Uma história verídica de
sobrevivência.
Autor: Tiago Rebelo
Editora: ASA Ano:
2013 Págs.:
531 Género:
Romance histórico / colonial
Mais um notável romance colonial que
saiu da pena de Tiago Rebelo, que se centra na vivência do Padre Joaquim Santa
Rita Montanha em Moçambique, na localidade de Inhambane, após ter sido lá
colocado em 1847. Quando, a 01/05/2012, no “Historiando Moçambique Colonial”
coloquei a ficha sumária da vila de Inhambane, onde abordava muito ao de leve o
Padre Santa Rita Montanha, estava longe de imaginar que, posteriormente, iria
sair um livro romanceando a sua odisseia.
À semelhança do seu outro livro “O tempo
dos amores perfeitos”, já aqui referido por mim numa mensagem anterior, a
personagem central da presente obra também é um antepassado do Autor. Muito bem
concebido, encorpado numa estrutura linear bem construída, dota-nos duma
leitura de digestão fácil, emotivamente apaixonante e encontrando-se
historicamente bem documentado, por acção peculiante do seu irmão, segundo o
mesmo refere.
A escrita de Tiago Rebelo consegue
colocar-me numa máquina do tempo e transportar-me suave suavemente para a
afro-era do colonialismo novecentista. Por isso dei por muito bem empregue a
pecúnia que desembolsei por esta obra, cuja leitura recomendo vivamente.
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Título: Na senda de Fernão Mendes Pinto
Subtítulo: Uma viagem
inesquecível aos lugares explorados pelo maior aventureiro português de todos
os tempos.
Autor: Joaquim Magalhães Castro
Editora: Parsifal Ano:
2013 Págs.:
223
Género: literatura de viagens
O Autor, fixado em Macau, é um reputado
jornalista, escritor, fotógrafo, documentarista e especialista na investigação
da História da Expansão Portuguesa. Para além de diversos livros publicados,
quer de escrita quer de fotografias é também autor de diversos documentários
televisivos.
Pelo subtítulo do presente livro
plasma-se o que nele se incorpora. Apaixonado pela lendária figura desse
ínclito português que foi Fernão Mendes Pinto (1) e aproveitando a comemoração
dos 500 anos da chegada dos portugueses à China, Joaquim Magalhães Castro
seguiu a rota que terá sido deambulado por aquele aventureiro e relata a sua
vivência num livro leve, escrito um pouco ao jeito de reportagem jornalística.
A única discordância que aponto ao Autor
é que não considero Fernão Mendes Pinto como “… maior aventureiro português de todos os tempos.”. Houve alguns mais, gigantes como ele, como é o caso de Pêro da
Covilhã e Pêro Escobar.
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1 – Pouco conhecido de muitos portugueses
durante muito tempo, Fernão Mendes Pinto foi um dos gigantes da aventura
portuguesa, que só tardiamente começou a ser descoberto. O seu livro – “Peregrinação” –
é justamente considerado um dos ícones mundiais da epopeia europeia. Sobre a
vida aventurosa deste personagem veio a lume, no último trimestre do ano
passado, o romance histórico de Deana Barroqueiro titulado de “O corsário
dos sete mares”, já por mim abordado numa
mensagem anterior.
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LEITURAS EM POESIA
Reli, esta semana, dois dos livros do
poeta José Craveirinha (“Xigubo” e
“Maria”) que, indubitavelmente, considero um dos pilares da poesia moçambicana
e de quem sou um admirador incondicional, não só pela sua actividade literária,
como também pela sua postura numa vivência de dois mundos aparentemente
antagónicos: ser-se português e moçambicano, sem se atrofiarem.
Acima dos
nacionalismos planava a cultura de ambos os lados, qual cola a uni-los
indelevelmente. Nascido em Lourenço Marques, em 1922, foi jornalista, cronista
desportivo e, acima de tudo, um poeta gigante do despertar da consciência
nacional.
Poema do futuro cidadão
Vim de qualquer parte
De uma Nação que ainda não existe
Vim e estou aqui!
Não nasci apenas eu
Nem tu nem nenhum outro…
Mas Irmão.
Mas
Tenho amor para dar às mãos cheias.
Amor do que sou
E nada mais.
E
Tenho no coração
Gritos que não meus somente
Porque venho de um País que ainda não
existe.
Ah! Tenho o meu amor a todos para dar
Do que sou.
Eu!
Homem qualquer
Cidadão de uma Nação que ainda não
existe.
Soube manter um perfeito equilíbrio
lusófono, ele que era filho de pai branco e mãe negra. Nunca renegou Portugal,
mas também nunca desistiu de lutar pelo nacionalismo moçambicano. Transportava
em si a perfeita descontração de viver nestes dois mundos aparentemente
opostos, mas que o futuro viria a dar-lhe razão. O amanhã vivia hoje em si ao
assumir-se, muito tempo antes de se falar nisso, duma mestiçagem cultural que
só o enriquecia.
Imprecação
… Mas põe nas mãos de África o pão que
te sobeja
E da fome de Moçambique dar-te-ei os
restos da tua gula
E verás como também te enche o nada que
te restituo
Dos meus banquetes de sobras.
Que para mim
Todo o pão que me dás é tudo
O que tu rejeitas, Europa!
A cor da pele segregava-o no tempo
colonial, ganhando mensalmente metade do que os seus colegas brancos auferiam
pelo mesmo serviço. Preso pela polícia política do regime de então, a PIDE/DGS,
cumpriu quatro anos de cadeia (1965/1969). Após a independência de Moçambique
foi o primeiro Presidente da AEMO – Associação dos Escritores Moçambicanos,
tendo representado o País em diversos eventos internacionais.
N´Goma
A n´goma grita
Sua voz forte de pele curtida e batida
Levantando a vida surpreendida nas
plantações
Oh… mamanê… a n´goma grita
Seu grito insistente e bárbaro de sexo
forçado
Seu grito milenário de chamamento
Seu grito enlouquecido de chorar as
raízes da terra
Seu grito enorme de ritmos de batuque
Terrivelmente místicos.
A n´goma grita!
E seu grito de Mãe é um “chiuáia-uáia”
de desespero
E o mato desperta em assombrações de Lua
E o velho batuque fermenta os espíritos
Potente como o grande deus Maguiguana
No coração de África.
Levanta-se potente o batuque
E enquanto os pés batem raivosamente o
chão duro
À lua cheia
A n´goma grita
Grita!
Grita!
Multipremiado em diversos países, viu a
sua consagração atingir o topo quando, muito justamente, lhe foi atribuído o
Prémio Camões, em 1991. Porque, sem dúvida, ao ter partido para a Grande Grande
Viagem, ocorrida em 2003, levava como bagagem uma consciência tranquila de nos
ter deixado um legado de sã convivência entre povos que falam, sonham e pensam
na mesma língua unitária. Mas sem cada um esquecer as suas raízes ancestrais.
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Nota: Os poemas
aqui transcritos foram extraídos do livro “Xigubo”, das Edições 70/INLD, em
1980. Inicialmente esta obra foi editada em 1964, pela Casa dos Estudantes do
Império, no pleno da ditadura colonial.
O livro “Maria”, lançado
em 1988, é uma homenagem do poeta à sua falecida mulher, considerando esta obra,
para além de intimista como um dos mais belos livros de poemas de amor que
alguma vez já li.
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Sobre o Prémio Camões, o mais alto galardão, instituído pelos governos de
Portugal e do Brasil, a parir de 1988 e que alcandora intelectuais que
prestigiaram, pelas suas obras, a cultura em língua portuguesa, para além de
José Craveirinha, apenas outro moçambicano atingiu este patamar, o escritor Mia
Couto, galardoado precisamente no corrente ano.
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MÚSICA
O compositor Mick Jaeger, leader carismático e vocalista do conjunto “Rolling
Stones” comemora, no dia de hoje, o seu septuagésimo aniversário. É obra,
convenhamos. A banda tem cinquenta anos de actividade em pleno, com milhões de
discos vendidos, dezenas de turnés mundiais, derrubando recordes atrás de
recordes, quer de vendas de discos quer de assistências nos seus espectáculos.
O que mais me impressiona é o vigor
físico que Mick Jaeger apresenta em palco. São 50 anos de muito sexo, drogas e
rock´n roll. Para a vida que levou (e ainda leva) não sei onde é que ele vai
buscar tanta energia, tal como os restantes companheiros musicais, todos eles
já na casa dos sessenta e muitos. Keith Richard, o guitarrista e também
compositor, entrará no clube dos 70 em Dezembro do corrente ano.
Por outro lado a unidade que a banda
mantém desde o seu início, apenas com algumas alterações dos músicos é outro
facto digno de nota. Outros conjuntos famosos não duraram tanto por dissensões
intestinas (Beatles, Pink Floyd, por exemplo), mas os Rolling Stones estão aí
para provarem que são, para os seus fiéis seguidores, como o vinho do Porto –
quanto mais velho melhor.
Pessoalmente não sou grande apreciador
deste conjunto, mas também sei que a minha opinião pouco aquece ou arrefece os
membros da banda. Há, no entanto, uma música desta banda que é um dos marcos da
minha juventude e ainda hoje perdura na minha mente. Trata-se do “Satisfaction”,
mas com a sonoridade do solo de guitarra de Brian Jones, o primeiro que a banda
teve e que faleceu em 1969.
Pelo seu aniversário e por ter mantido a
liderança do grupo durante meio século achei que seria justo assinalar tal
facto nesta minha singela mensagem. Se bem que tenha a noção perfeita que isto
não trará nenhuma mais-valia nem aos Rolling Stones nem ao seu mítico leader.
Mas fica o registo.
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FILME
Título: Um amor em
África
Produtor: Realizador: John Boorman
Actores: Juliette Binoche; Samuel L. Jackson
Ano: 2004 Género: Documento social Duração:
103 minutos
Quando o sistema político do “apartheid”
(1) foi desmantelado na África do Sul, vieram ao de cima todos os traumas e
feridas que aquele regime nazificazante legou. Dum lado os “boers” extremistas,
que se recusavam a perder o poder com receio da vaga de fundo radical negra que
estava a acossá-los. Do outro lado da barricada, a facção radical negra que
ansiava tomar o pleno poder nas suas mãos e vingar-se das seculares humilhações
que fora vítima.
O País esteve à beira duma guerra civil,
que só a muito a custo e no limite foi sustida, graças à tenacidade dalguns
agentes políticos que tiveram a plena noção não só do momento histórico que
estavam a atravessar como também que podiam escrever História. Todos sabemos o gigante
que foi Nelson Mandela, nesta fase crucial da História sul-africana.
Uma das medidas inteligentes que foi
adoptada e que logrou ajudar a descomprimir a tensão política que varria o
País, foi a criação da “Comissão para
a Reconciliação e Verdade”, liderada pelo
nobelizado Bispo anglicano Desdmond Tutu, onde algozes e vítimas (de ambos os
lados) se cruzaram e libertaram, nas audiências públicas, os “demónios” que os
atormentavam, sem incorrerem em riscos de processos judiciais acabando por,
dentro do possível, perdoarem-se. Porque em ambos os lados houve algozes e
vítimas.
O filme que agora aponto, baseado num
livro de Antjie Krog (2), centra-se na interpretação duma descendente dos
colonialistas (interpretado por Juliete Binoche) e dum jornalista
norte-americano (interpretado por Samuel L. Jackson), que efectuam a cobertura
das audiências da “Comissão”. Inspirado em factos verídicos e pleno de
humanismo, eis um excelente filme que nos dá uma panorâmica da realidade do que
foram aqueles idos tempos das brancas balas silvantes e dos negros pneus
queimados à volta dos pescoços.
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1 – Quando acabar o “Historiando Moçambique Colonial” irei abordar, dicionariamente, a História da África do Sul (bem como
doutros países da África Austral), onde todos estes temas serão abordados.
2 – Antjie Krog (1952) – Poetisa e
escritora sul-africana, cujo livro “Country
of my skull” (editado em 1998 e baseado
em experiências próprias) serviu de base ao presente filme.
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ESCULTURA
Humberto
Abad – Não conhecia a arte deste jovem escultor de
madeira, residente em Burgos – Espanha, até que mão amiga me enviou um “mail”
com dados sobre o mesmo, acompanhando um portefólio dos seus trabalhos, que me
fascinaram.
Vale a pena pesquisar na “net” os
espantosos trabalho deste artista. Mas, preferencialmente, visitar uma
exposição sua. O que farei numa futura ida às terras dos “nuestros hermanos”.
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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA
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ACONTECEU
Bana – A meados
do corrente mês calou-se fisicamente, para sempre, a voz daquele que desbravou
a morna para o Mundo. Adriano Gonçalves, de “nominho” Bana, o pai musical de
quase todas as vozes verdeanas contemporâneas, deixou-nos. De certeza que tinha
encontro cósmico marcado com Cesária Évora, a diva insular. Restam-nos os
registos magnéticos. Mas também a saudade do seu largo sorriso, do tamanho do
Mundo.
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Guilherme
de Melo – Na recta final do mês passado faleceu este
escritor, jornalista e combatente pelos direitos da causa homossexual. Natural
de Moçambique (Lourenço Marques), legou-nos dezena e meia de livros, entre
romances e ensaios. Não lhe colhendo simpatias pelas suas opções políticas
(deu-se sempre bem com ditaduras), respeito-o pela sua luta elegante pelos
direitos dos homossexuais. Da escrita, retenho a sua autobiografia romanceada “A sombra dos dias”.
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A revista
“África 21”, do corrente
mês de Julho, traz um artigo sobre as comemorações do quinquagésimo aniversário
da fundação da OUA – Organização de Unidade Africana, antecessora da actual
União Africana. Não pretendendo sobrepor-me ao excelente artigo que aí vem
relatado, acrescento a seguinte nótula:
Organização da Unidade Africana (OUA) – Antecessora
da actual União Africana (UA), este organismo continental, foi criado em 25 de
Maio de 1963, em Adis-Abeba (Etiópia), sendo os seus principais impulsionadores
Kwame N´Krumah (Gana), Sekou Touré (Guiné Conakry) e Gamel Abdel Nasser
(Egipto). Na sua Primeira Conferência estiveram presentes trinta e dois países
africanos de pleno direito e com o estatuto de observadores, os delegados dos
movimentos de libertação de Angola, Moçambique, Malawi, Zimbabwé, Swazilândia e
Quénia. Os fundadores desta organização são: N´Garta Tombalbaye (Chade),
Abubakar Balewa (Nigéria), Gregoire Kaiibanda (Ruanda), Mobido Keita (Mali),
Hailé Selassié (Etiópia), Gamal Abdel Nasser (Egipto), William S. Tolbert
(Libéria), Leon Mba (Gabão), Miltom
Margai (Serra Leoa), Kwame N´Krumah (Gana),
Mwambutsa IV (Burundi), Fulbert Yulu (Congo Brazzaville), Nicolás Grunitzky
(Togo), Idriss I (Líbia), Milton Obote (Uganda), Joseph Kasavubu (Zaire),
Philibert Tsiranana (Madagáscar), Hubert
Cutucú Maga (Benin), Ahmed Ben Bella (Argélia), Hamani Diori (Níger), Julius
Nyerere (Tanzânia), Ahmed Sekou Touré (Guiné Conacry), Leopold Sedár Senghor
(Senegal), Ahmadu Ahidjo (Camarões), Habib Burguiba (Tunísia), Uld Daddah
(Mauritânia), Hassan II (Marrocos), Félix Boigny (Costa do Marfim), Aden
Abdulah Osman (Somália), Maurice Yameogo (Alto Volta), Ibrahim Abboud (Sudão),
David Dacko (República Centro Africana). A organização reunia anualmente a
cimeira dos Chefes de Estado, onde se renovava a direcção política e,
tradicionalmente, o Chefe de Estado do país anfitrião presidia nesse ano à
Organização.
É, aliás, em homenagem à data da sua fundação,
que a mesma foi considerada o Dia de África.
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E, já que estou com a mão na massa,
permito-me traçar um reparo positivo à revista “África
21”. Mensalmente adquiro-a e continua, na
minha opinião, a manter a fasquia bem alta, no que toca à qualidade do papel,
da escrita dos textos, fotografias cuidadas e não a considerando sectária.
Noticiando, mensalmente, o que de importante aconteceu naquele continente, sem
ser cansativa, é uma revista que projecta bem alto o contexto africano,
nomeadamente o do mundo lusófono.
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