"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

sábado, 19 de novembro de 2011

Livro:
Alexandra David-Néel (1868/1969) foi uma famosa aventureira francesa que percorreu, entre 1921 e 1946, milhares de quilómetros a pé, que a levaram a atravessar a Mongólia, China, Japão, Índia, Sikkim e Tibete, entre outras regiões asiáticas. Multifacetada, foi cantora de ópera, anarquista, femeninista, escritora, monja budista, antropóloga e exploradora. Celebrizou-se, entre várias façanhas, por ter visitado Lhassa, capital do Tibete, disfarçada de mendiga, tendo sido a primeira estrangeira a ousar tal e com risco da própria vida. Uma das suas inúmeras obras é "Viagem ao Tibete" (Livraria Civilização Editora, Porto, 1998, 250 págs.)  e trata do relato, em primeira pessoa, desta fabulosa viagem à capital espiritual tibetana, realizada em 1921. Depois de se ler o livro, fica o lamento de não a termos conhecido.

Disco:
Agora, que está a decorrer a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, sugiro a audição dum fabuloso instrumental sobre este género musical: o "Fado Bailado", de Rão Kyao. Editado pela Polygram Discos, em 1983, reúne um conjunto de dez fados, magistralmente saxofonizados. Um disco virado para dois tipos de pessoas: das que gostam e das que não gostam de fado.

Documentário:
A Gorongosa, um dos mais famosos parques naturais do continente africano, foi criada a 02 de Março de 1921, no centro da (então) Colónia de Moçambique e na região do mesmo nome, com a finalidade de preservar a rica fauna e flora moçambicanas, através da Ordem nº 4.178 da Companhia de Moçambique, que superintendia o Território de Manica e Sofala, pelo punho do seu Governador João Pery de Linde a quem, posteriormente, seria dado a uma localidade o seu nome: Vila Pery (actual Chimoio). Tendo uma área de reserva inicial de cerca de mil e quinhentos quilómetros quadrados, o Parque viu a sua área geográfica ser ampliada para cerca de três mil e duzentos quilómetros quadrados em 1935, através da publicação do Decreto nº 26.076. Situado numa belíssima região, podiam-se encontrar no Parque enormes manadas herbívoras de zebras, bois-cavalos, impalas, elandes, palapalas, cudos, búfalos e elefantes, entre outras. A completar a fauna encontravam-se, também nas planícies, javalis, leões, leopardos, raposas e cães do mato, entre outros animais, para além duma enorme variedade de espécie de aves. Na lagoa dos hipopótamos, situada no rio Urema, centenas destes animais emparceiravam com crocodilos. A lagoa de Inhatide, em plena floresta, era um enorme bebedouro colectivo dos animais do Parque. A nível da flora o Parque demonstrava toda a sua exuberância, alterando os prados com as florestas, ricas em água que corriam pelos acidentes dos terrenos. De renome mundial este Parque sofreu, após a independência do território, os efeitos dos horrores duma guerra civil (1977/1991) que levou à quase total destruição do seu ecossistema. Restabelecida a paz, os novos governantes moçambicanos encetaram uma inteligente política de recuperação de parques naturais em todo o território (e neste aspecto a República de Moçambique dá cartas ao Mundo) tendo a Gorongosa sido dos primeiros a beneficiar de tal política tendo, para tal, contado com o apoio, entre outras organizações, da norte-americana "The Gregory C. Carr Foundation" e do sul-africano "National Krueeger Park". E é sobre a espectacular recuperação deste Parque, qual Fénix renascida das cinzas, que visionei o documentário "Gorongosa - um paraíso perdido em África", produzido pela NGT - National Geographi Television (editado, em Portugal, pela Zon Lusomundo TV Lda., 50 minutos, 2010). É um documentário excepcional, como é timbre da NG, para os amantes da Mãe-Natureza. E é, também, uma sonora estalada a todos os senhores da guerra, barões da política e predadores da economia desenfreada, que quase conduziram este lugar "onde Noé deixou a sua arca" ao descalabro total. Felizmente, ainda há gente inteligente.

Filme:
Nos meus arquivos busquei outro filme que reputo de excepcional: "Feios, porcos e maus", de Ettore Scola.  Sarcástico, numa mescla denunciante do miserabilismo social, retrata a vida desgraçada duma família proletária que vive num bairro de lata nos arredores de Roma. Pura tragi-comédia neo-realista, realizada em 1976, tornou-se num filme de culto. De longe em longe revejo-o... sem nunca me cansar.

Gostei:
Da colecção de doze preservativos que o Sport Lisboa e Benfica lançou no mercado, cada um deles contendo uma frase. Das mais giras, para mim, são: "Esta vai ser à Benfica", "A melhor defesa é jogar ao ataque" e "Vai um dérbi?".

Lamento:
Segundo o "El Mundo" foi declarado extinto o rinoceronte negro, uma espécie da África Ocidental (Lido na "Sábado", de 17 a 31/11, pág. 27). De lamentar que, em vez deste ancestral animal, não tivessem sido extintos todos os bípedes acéfalos que contribuíram para este evento. E, infelizmente, uma das causas que ajudaram isto (mas não só) foi a crença, ainda enraizada em muitos estúpidos, que o corno em pó deste animal tem efeitos afrodisíacos. No século XXI e com o "comprimido azul" mais que difundido por todo o mundo.

"A ignorância dos nossos universitários" é o título duma interessante reportagem efectuada pela "Sábado" (17 a 213/11, págs. 100/106) a qual efectuou um teste de cultura geral junto de estudantes deste sector terciário da nossa educação. Se bem que "uma árvore não faz a floresta" e, por arrastamento, não podemos medir a (in)cultura deste jovens generalizando-a para o restante mundo universitário, a verdade é que pergunto: como foi possível estes jovens ficarem com certificações secundárias para poderem ingressar no mundo do ensino superior? Que tipo de professores os notaram para tal? Lembrei-me do humorista Jô Soares, que tinha um quadro televisivo (salvo erro no "Viva o gordo") onde parodiava a ignorância estudantil e terminava com a frase (cito de memória): "A ignorância da nossa juventude é um espanto".

Detesto:
A utilização abusiva do sufixo "inho", principalmente nos sectores da restauração. Uma pessoa senta-se à mesa e o empregado sugere: "Então que vai ser? Um bifinho com umas batatinhas? Olha que leva um molhinho (disto ou daquilo) que é muito bom. Ou prefere antes um arrozinho?" Ou então:  "Temos hoje um bacalhau acompanhado dumas couvinhas com batatinhas à murro." Para ajudar a deglutir tem-se "um vinhinho que é de estalo". A findar o repasto, que antecedeu dum "queijinho com pãozinho", ficamo-nos pelo "cafézinho", recusando nós, delicadamente, uma "aguardentezinha do patrão". Só o raio da conta é que não se torna "continha". Saímos do restaurante todos "tadinhos" e a remoer contra nós mesmos por não termos tido a coragem de perguntar ao simpático do empregado se "não queria ir levar no cuzinho".

Gastronomia:
Li, numa sugestão de compras, que estava à venda num determinado estabelecimento "gourmet"  (já cá faltava o francesismo) frascos de pasta de azeitona pela quantia de 3,99 euros (atenção, muito importante: não custam 4 euros mas sim "apenas" 3,99 euros). E que tal fazer isso em casa? Pega-se num punhado de azeitonas sem caroço (das recheadas com pimentos), descascam-se dois dentes de alhos, juntam-se salsa e orégãos (q.b.), pica-se tudo junto na "1,2,3", revolve-se a pasta assim obtida num fio de azeite e... já está. Demora um minuto a fazer e depois é só barrar em mini-tostas. De certeza que fica muito mais barato e, nos tempos que correm... talvez valha a pena.

Recomendo:
Uma visita guiada ao Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa. Integrado no Museu da Água, este Monumento Nacional pode ser visitado desde que feita a marcação prévia.

Aconteceu:
Pelo que leio na imprensa, o advogado Duarte Lima ficou preso preventivamente, num processo relacionado com o BPN -  Banco Português das Negociatas (perdão, Banco Português de Negócios - escapou-se-me o dedo no maldito teclado e deu-me uma de bloquista momentânea). Não questionando a decisão judicial (quer por desconhecimento do processo em curso como também da jurispridência invocada para tal), não deixa de ser curioso e curial que a mesma suceda logo após a justiça brasileira ter emitido um mandado de captura internacional contra o agora arguido que, em Portugal, estaria a salvo de tal medida, fruto de ser um patrício nosso. Mas não... são apenas coincidências temporais. Se não me falha a memória (para não plagiar o "Se bem de lembro" de Vitorino Nemésio) e penitenciando-me desde já  caso esteja errado, o advogado Vale e Azevedo também foi preso mas só e logo depois de ter deixado a Presidência do Sport Lisboa e Benfica. Mas não... são apenas coincidências temporais.

E lá me comeram uma percentagem do meu subsídio de Natal. A bem da Nação. Está moribundo o maldito bendito. E com morte anunciada já para o próximo ano. Ou pelo menos fica em estado comatoso enquanto durar a vigência do programa imposto pelos triúnviros do capital. Veio uma inteligência superior (infelizmente não captei o seu nome) dizer, todo ufano, que em diversos países da Europa estes subsídios (de férias e de Natal) não são creditados aos seus funcionários. Eu também estou de acordo  com o corte dos mesmos... mas desde que me paguem o mesmo que esses europeus recebem pelo desempenho de funções idênticas às minhas. É que isto de pagar imposto à nórdico e receber uma mensalidade latina... "Oh Costa! A vida custa."

Está a acontecer:
Várias personalidades que são, ou foram, da confiança política de Cavaco Silva estão, neste momento constituídas arguidas e a serem julgadas ou a aguardarem julgamento. Independentemente da presunção de inocência das ditas personalidades até tudo transitar em julgado (é bonito dizer isto, não é?) penso que o Venerando Presidente desta lusa Pátria devia ser mais acertivo com as pessoas com quem se relaciona. Porque, mesmo que qualquer mortal tenha que nascer duas vezes para ser tão honesto como ele (lembram-se?)... que Diabo, é mesmo fraca pontaria. Felizmente que ele não seguiu a carreira de polícia ou militar. E infelizmente eu não comprei acções do BPN.

Vai acontecer:
Na próxima segunda-feira (21/11/2011) Fausto (Bordalo Dias) lança o duplo álbum "Em busca das montanhas azuis", álbum terminal da trilogia "Lusitana Diáspora", completando uma caminhada que iniciou al ter lançado "Por este rio acima" (1982) e continuado com "Crónicas da terra ardente" (1994). Fausto é, juntamente com Pedro Barroso e Pedro Abrunhosa, o meu trio de cantautores preferido.

O ciclo "Olhares sobre a Índia", com o tema "A morte do Herói Português:  da guerra de Angola à invasão de Goa, um testemunho", de Valentino Viegas com apresentação de Adriano Moreira. No dia 23 de Novembro corrente, às 16H00 no Salão Nobre da SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal.

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