"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

sábado, 13 de outubro de 2012

Ida-Laure Pfeiffer



VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES

 

Ida-Laure Pfeiffer – (Viena, 14/10/1797 – Viena, 27/10/1858) – Viajante e escritora. Filha duma família burguesa austríaca abastada, dedicada à actividade comercial Perde, muito jovem, o seu suporte paterno, cuja dura educação espartana muito a influenciou mais tarde. Pouco dado a comiserações, autoritário e nada tolerante para quem o contrariasse, o pai de Ida-Laure Pfeiffer submetia os filhos a uma infância sem carinhos, sem brinquedos e com uma alimentação assente na frugalidade. Apesar disso o seu pai tolerava-lhe mais que aos seus irmãos as suas traquinices, talvez por ser a única filha da prole. No entanto, terá sido com alívio que ela (e os seus seis irmãos) viram-no a entregar, contra vontade, os destinos da sua alma ao Criador (1806).




 

A sua mãe inculca-lhe uma educação contrária a que até então aí tivera e que fora mais virada para os folguedos masculinos do que próprios duma educação feminina. Centra a sua vida em actividades de lavores caseiros, uso de roupas a condizer com o seu sexo feminino e aprendizagem de piano. A isso Ida-Laure Pfeiffer recusa como pode, pois o seu conceito de maria-rapaz predominava em si. “Eu não era tímida. Achavam-me mais viva e mais atrevida que os meus irmãos mais velhos”, conforme escreverá já na fase final da sua vida. Mas o inexorável avançar da idade para a puberdade chega e, para seu desconsolo, tem que abandonar as vestes e os folguedos de rapaz. Há que usar roupas femininas consentâneas com o seu sexo, idade e posição social. “Como estava desajeitada e acanhada, como devia de ter um ar ridículo nas minhas roupas compridas com as quais continuava a correr e a saltar com toda a turbulência de um jovem rapaz”. Aos 23 anos casa-se com um viúvo, advogado que tem o dobro da sua idade e um filho já adulto. O casal passa por dificuldades fruto do ostracismo laboral a que o seu marido é votado por defender pontos de vista contrários aos interesses da generalizada corrupção que grassava nos serviços públicos onde exercia o seu mister.


A espartana educação paterna que tivera torna-se agora sua aliada nas decisões que tem de tomar para gerir o parco património familiar que, dia a dia, mês a mês, vai-se depauperando. Vendem-se roupas e mobílias, despedem-se criados, pouca lenha nos rigores invernais para aquecimento já que a mesma era falta na cozedura dos parcos alimentos. “Deus sabe o que tive de sofrer durante dezoito anos de casamento, não devido a maus-tratos do meu marido, mas pelas dificuldades de uma situação das mais penosas, pelas necessidades e pela vergonha. --- Tinha de ocupar-me de todos os trabalhos da casa, passava frio e fome, trabalhava em segredo por um salário, dava lições de música e, no entanto, apesar de todos os meus esforços, havia muitas vezes dias em que não tinha mais nada a não ser pão seco para dar aos meus pobres filhos.” A vida decorre dura e com poucas alegrias. Dobrados os trinta anos de idade tem uma deslocação a Trieste (1) a acompanhar os seus filhos e descobre a grande paixão da sua vida: o mar. Pela primeira vez vê, cheira, sente e saboreia o salgado sabor do mar. Dá aulas de piano para calibrar o parco orçamento familiar mas, com o falecimento da sua mãe (1831), herda uma herança que lhe promove o carecido desafogo pecuniário.


Sete anos mais tarde enviúva e, com os filhos já crescidos, criados e encaminhados, Ida Pfeiffer vê-se como uma quadragenária grisalha dona do seu destino. Devora livros de geografia até que decide realizar o sonho de infância: viajar pelas Sete Partidas do Mundo. Tendo algumas posses financeiras, soltas de amarras sociais e familiares, parte para viagens que a tornarão na primeira mulher europeia a percorrer o mundo inteiro, sozinha.


Em 1842, navegando pelo Danúbio atinge o Mar Negro e, daí, passa a Istambul. Palestina e Egipto tornam-se ponto de visita obrigatório antes de retornar à sua casa vienense. Esta viagem culminará na publicação dum livro titulado “Viagem duma mulher de Viena à Terra Santa” (1843), cujos direitos a ajudarão a colmatar as despesas das próximas. A escrita de viagens torna-se no seu ganha-pão: viaja para escrever e escreve para viajar.

 
Volta a partir (1845) mas, desta vez, para o Norte da Europa numa curta viagem de meses, pelo que a Escandinávia e a Islândia, onde escala o Hekla (2), entram no seu roteiro cuja experiência resultará, no ano seguinte, na publicação do seu segundo livro “Viagem à Islândia, Suécia e Noruega”. Publicado este, prepara a sua primeira viagem à volta do mundo numa visão economicista de viajar o mais longe possível com o menor custo.


A 01 de Maio de 1848 dirige-se para o subcontinente sul-americano, tocando nalguns países litorais (Brasil, Argentina e Chile), entra no Pacífico e visita o Taiti, onde zurze sem dó os costumes locais: “… Espantamo-nos por encontrar aqui uma raça de homens tão forte quando sabemos a vida desregrada e imoral que levam. Rapariguinhas do sete aos oito anos têm os seus amantes de doze e treze anos e os pais ficam encantados com isso… Tive a ocasião de assistir às suas danças. São as mais indecentes que alguma vez vi. … … Os homens começam por se balançar sozinhos, mas em breve duas mulheres saem das filas de espectadores e põem-se a dançar e a agitar-se como possessas. Quanto mais o seus movimentos são desordenados e indecentes, mais os aplausos irrompem com frenesim…” Mais adiante sentencia: “É uma grande dúvida saber se a influência da civilização francesa irá pôr travão à imoralidade dos índios. Segundo pude observar eu própria e o que aprendi com pessoas bem informadas, parece que não devemos de momento esperar grande coisa. … Não vi neles senão sensualidade e nenhuma paixão nobre e elevada.” Passa pela China, Índia, Pérsia, Iraque, Ásia Central e Menor e atinge a Grécia.

 
Dos indianos dirá, também sobre o seu gosto pelas danças: “Os bons hindus divertem-se horas inteiras com estas cenas de mau gosto, das quais não se cansam. Lembro-me de ter lido nos livros que as bailarinas indianas eram muito mais graciosas que as da Europa, que o seu canto era muito melodioso e a sua pantomina delicada e comovedora. Gostava realmente de saber se os autores de livros destes alguma vez estiveram nas Índias.” Não leva muito dinheiro mas compensa com cartas de recomendação de famílias vienenses dirigidas a conhecido nos diversos pontos do globo para lhe darem pousio e conselhos. Às pessoas que a acolhem bem na sua viagem ela falará das mesmas favoravelmente nos seus próximos livros, aos outros que lhe negam acolhimento zurzi-los-á com o látego da sua caneta. “Se, em certas casas (na ilha Maurícia (3)) como nas famílias Kerr, Robinson, Lambert e outras me senti imediatamente à vontade, acontecia-me também ser enganada pela aparente amabilidade dos crioulos e aceitar convites cujas consequências me faziam saudar a minha liberdade recuperada com verdadeira alegria” À medida que a sua fama de viajante cresce este método tornar-se-á rentável e bastas serão as portas que se abrirão à sua passagem pelos quatro cantos do mundo, de pessoas ávidas de verem os seus nomes favorecidos nas impressões de Ida-Laure Pfeiffer. Mas também onde não tiver porta onde bater, pernoitará em qualquer lugar, por mais pobre que seja. “Como não havia serralhos (4) em Notara (5) vi-me obrigada a procurar um abrigo de rua em rua. Mas ninguém quis recolher a cristã; não era por falta de bondade mas devido a uma superstição que faz que seja vista como conspurcada toda a casa visitada por uma pessoa de crença diferente. Estendem até essa opinião a uma multidão de outros objectos (6). Encontrei-me reduzida a passar a noite numa varanda aberta.” Ou na falta de alojamento por estar, por exemplo, no deserto: “A 02 de Junho (1849) deixei a cidade de Hilla (perto de Bagdad) ao pôr-do-sol e fui acavalo de uma só tirada até ao kan (7) de Scandaria (vinte e cinco quilómetros). Depois de ter parado aí umas horas fiz ainda vinte e cinco quilómetros até Bir-Yanus. À uma hora da manhã voltei ao caminho…. Senti-me tão cansada que, apesar de sozinha no meio das trevas da noite e num horrível deserto adormeci a cavalo e só acordei…”. Ou num barco apinhado de gente: “O pequeno barco (entre Bombaim e Baçorá, na Índia) estava, em toda acepção da palavra apinhado de gente. Quando toda aquela massa de gente se reuniu não se encontrava o mais pequeno lugar vazio. Para ir de um lado para outro era preciso trepar por cima de caixotes e malas e tomar todas as precauções para não pisar as cabeças ou os pés dos passageiros. … A minha escolha detivera-se no local que se situa debaixo da mesa de refeições, fixada à ponte da ré. Instalei-me, estendi o casaco e fiquei bastante bem sem ter de recear que me pisassem as mãos ou os pés ou até mesmo a cabeça.” A economia prevalece sobre o conforto. Molda-se e adapta-se bem às circunstâncias. Está para viajar, devorar quilómetros, arranjar matéria de escrita para vender livros e não para ostentações fúteis cujo despesismo a nada de útil a levará.
 

No comer habituou o estômago à dieta de pão e água. Quando lhe oferecem uma refeição aceita sem reservas e desforra-se da fome. Salvo, por exemplo, quando se encontrou uma noite com pastores peras: “Ao aproximar da noite vi com grande alegria colocar ao lume uma marmita que continha carne de carneiro. Havia oito dias que vivia só de pão, de pepinos e dalgumas tâmaras; também sentia uma vontade e uma necessidade extrema de me reconforta com um prato quente, sólido e alimentício. Mas o meu apetite começou a diminuir singularmente quando vi a maneira como preparavam o guisado. A boa velha pôs de molho num pote cheio de água alguns punhados de grãos vermelhos com uma quantidade prodigiosa de cebolas. Ao fim de meia hora, enfiou as mãos no pote, misturou, espremeu tudo, meteu primeiro os grãos em pequenas porções na boca, mastigou-os e voltou a cuspi-lo para o pote; depois pegou num trapo sujo, passou o molho por ele e despejou-o por cima da carne na marmita” Mas a fome foi mais forte que os conceitos higiénicos e, assim: “Estava bem decidida a não tocar naquele guisado; mas, depois de pronto e de cheirar o agradável aroma que espalhava, o meu apetite despertou com uma força tal que não consegui manter a minha primeira resolução…”


Para além da resistência à fadiga e à fome também habitua o corpo a resistir às inclemências climáticas. Faça frio, calor, chuva ou Sol a roupa é pouca e parca e, bastas vezes, desajustada ao clima. E por vezes tem que queimá-la para se ver livre de parasitas cujas mordeduras lhe envenenam o sangue e arranjar novas. Poucas ou raras concessões fez ao não uso de vestuário feminino. Em Cantão teve que se disfarçar de homem para escapar à fúria xenófoba que assolava as populações chinesas que lapidavam os estrangeiros que encontravam e em Baçorá aceitou o chador para poder entrar na cidade. Dispensa criadagem, habitua-se solitariamente à solidão e só contrata o pessoal estritamente necessário para esta ou aquela passagem. Um guia chega para atravessar uma floresta, meia dúzia de remadores chegam para subir um curso fluvial, um Soldado basta para escoltá-la e guiá-la no deserto.

 
Dois anos mais tarde (1850) está de regresso a casa e a esta viagem marítima corresponderá o livro “Jornada de uma mulher à volta do Mundo” (1854), onde descreverá os índios que visitou no Brasil, como escapou aos massacres xenófobos que abalaram parte da China, a viagem no sagrado rio Ganges, a ligar Calcutá a Deli, e a sua odisseia nas desérticas planícies asiáticas, que atravessou de camelo.


No ano seguinte parte para uma segunda viajem à volta do Mundo. Desta vez roda em sentido contrário à da primeira viagem e, tendo a Grã-Bretanha como ponto de partida, desce o continente africano até atingir a Colónia do Cabo (actual África do Sul). Ruma para o Pacífico onde se demora na Malásia e Indonésia. Depois duma curta estadia em Singapura as ilhas de Sonda e as florestas de Bornéu são palco da sua atenção especial, para onde decide partir. Nesta última viveu alguns meses com os daiaques (ou daialas), os famosos canibais e caçadores de cabeças. Por questões económicas opta por ir até Sarawak, cujo Rajá é o cidadão britânico James Brook (8), que lhe concede todo o apoio durante a sua estadia. Lentamente penetra na selva e começa a conviver com os terríveis daiques, povo selvagem para os padrões europeus, que andam nus, praticam o canibalismo e têm como principal distracção cortar as cabeças dos inimigos e, secando-as ao fogo, encolhem-nas. Ida-Laure Pfeiffer, na sua condição de mulher, sozinha e desarmada, não oferece qualquer perigo a este povo que a acolhe no seu seio com todas as honras. Um desses sinais é o facto de a deixarem estarem o mais perto da figueira, nas noite de festim e onde defumam as cabeças dos adversários. A tudo assiste e esta mulher, dotada duma férrea moral cristã, crente na superioridade civilizacional europeia sobre todo o restante Mundo, adormece junto às cabeças cortadas depois de ter celebrado refeições com os canibais. Contraditório, no mínimo. Porque em vez de os criticar, como fez em todos os locais e povos que visitou (ninguém escapou à sua crítica), aqui Ida-Laure Pfeiffer denota admiração por este povo, conforme relata ao descrever duas cabeças cortadas que lhe foram apresentadas: O fumo tinha-as escurecido como carvão, a carne estava meia seca, os lábios e as orelhas encarquilhados, a boca meia aberta, a pele intacta; a boca toda aberta deixava ver as maxilas em todo o seu horror. Estas cabeças estavam ainda cobertas com uma cabeleira espessa; uma delas tinha os olhos abertos e viam-se meios secos, todos enfiados nas órbitas. Os daialas tiraram-nas das redes nas quais as tinham pendurado para mas mostrarem; foi um espectáculo horrível que nunca se apagará da minha memória. Cortam as cabeças tão perto do tronco que não podemos deixar de lhes reconhecer uma certa destreza. Retiram o cérebro pela occipital… … Estremecia mas não pude deixar de concordar que nós, europeus, longe de sermos superiores a estes selvagens tão desprezados, ainda valemos muito menos que eles. Não estão todas as páginas da nossa história cheias de crimes, de assassinatos, de traições de toda a espécie? Que poderá comparar-se às guerras religiosas na Alemanha e em França. À conquista da América, ao direito do mais forte, à Inquisição?” A sua odisseia de vivência no seio dos daiaques tornou-se na sua coroa de glória mundial. Guinda-a aos píncaros da fama.


Deixando Sarawk, depois duma estadia de seis meses retorna a Sumatra e aqui, com a sua persistente ousadia, consegue estabelecer contacto com os bataques, outro povo canibal também cortador de cabeças. A conquista das boas graças deste povo, totalmente avesso a estrangeiros, deveu-se à sua mais poderosa arma: era uma mulher idosa, sozinha e sem armas. Não inspirava perigo e, assim, durante dois meses, viveu nas aldeias bataques sem ter sido molestada uma única vez. No entanto a sua condição de estrangeira acaba por criar divisionismo no seio das tribos bataques até que decide partir depois de apanhar alguns sustos. Havia que não forçar a sua boa estrela.


Segue para a Austrália e, rumando pela costa oriental do continente americano vai até à Califórnia, desce ao Peru, atravessa os Andes, entra no Equador volta a atravessar a selva amazónica, seguindo-se as ilhas caribenhas, Panamá, após o que singra para Norte navegando no Mississípi, nos célebres vapores movidos a pás e onde estigmatiza a moral, a postura e a conduta feminina das viajantes: “…À noite quando estas jovens se balançavam nas cadeiras de baloiço, gostava de ser pintora para fazer um desenho das posturas e lhes mostrar que ar “gracioso” aquilo lhes dava. Havia ali uma dezena de baloiços daqueles; as sem horas arrumaram-nos todos em círculo, sentaram-se bem no fundo destas cadeiras estendendo os pés à sua frente; muitas puseram ainda os braços atrás da cabeça e era nesta posição que se baloiçavam tanto quanto a cadeira o permitia. Não seríamos capazes de descrever como isso era pouco gracioso e pouco digno duma mulher bem-educada.” Atinge a região os Grandes Lagos, na fronteira canadiano-estadunidense, donde regressará a Viena para, posteriormente, escrever “A minha segunda viagem à volta do Mundo” (1857).


No ano seguinte (Maio de 1858) encontra-se em Madagáscar, na altura governada pela Rainha Ranavalona I (9) e que a recebe cordialmente. No entanto vê-se envolvida numa conspiração nunca devidamente documentada e explicitada contra a própria Rainha, conspiração essa concebida por colonos europeu e com o apoio tácito do Príncipe herdeiro, futuro Rei Radama II. Descoberta a mesma, a Rainha Ranavalona ordena a expulsão dos europeus, salvos no último momento de serem executados, por interferência do referido Príncipe a quem a Rainha nunca detectou a sua participação passiva na dita conspiração. Expulsa do País malgaxe (Julho de 1857), regressa a Viena, onde passará os últimos dias da sua vida escrevendo a sua última obra “Viagem a Madagáscar”, publicada postumamente. Dos malgaxes dirá: “Ainda mais horríveis que os negros ou os malaios; a sua fisionomia apresenta a junção do que estes dois povos têm de mais feio: a boca grande, lábios grossos, o nariz achatado, o queixo saído, as maçãs do rosto salientes; a sua tez possui todas as cambiantes de um castanho-sujo. Muitos deles têm como única beleza uns dentes regulares, de uma brancura resplandecente, por vezes também uns olhos bonitos. Em contrapartida os seus cabelos distinguem-se duma fealdade extraordinária: são pretos como carvão, encrespados como algodão, mas infinitamente mais compridos e mais grosseiros que os negros…” Mais adiante, implacável: “…podia (o malgaxe) ficar horas inteiras sentado num cadeirão, sem ler e sem se ocupar com o que quer que fosse. Passava o dia todo sem fazer nada a não ser descansar, fumar e entreter-se com os seus espirituosos escravos, que não o largavam um instante…”


Ao longo das suas viagens Ida Pfeiffer, para além das obras que escreveu como registo das suas impressões, também colectou moluscos, plantas, insectos e minerais que acabaram integrados nos espólios dos Museus de História Natural de Viena e de Berlim.


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Foi uma mulher contraditória de si mesmo. Viajava por que viajava, mas referia que não sentia prazer nisso. Não deixa de ser curioso tal afirmação, vindo duma pessoa que, entre outras viagens, efectuou duas voltas ao mundo. Enquanto mulher, enquanto vivente na primeira metade do século XIX com todos os espartilhos sociais que recaíam sobre mulheres que ousavam… ela ousou. Mas mais por obrigação, por alguma força interior que a movia para a frente, mas nunca por prazer. Ia porque ia. Viajava porque viajava. E os meios utilizados podiam ser qualquer um, desde que económicos: burro, cavalo, camelo, a pé, barco, riquexó, palanquim, carro de bois, tudo lhe serviu e de tudo se serviu para atingir os seus objectos. Não se lhe pode negar a perseverança. Sofreu de doenças várias, desde a disenteria ao paludismo que a ceifará.


Pequena, magra, seca, austera num vestir sempre de preto sem adornos ou jóias, escondida sob uma permanente touca, quase sempre antipática, era a representação viva de Moral espartana. Fosse entre canibais bornéus, índios americanos, lupanares californianos, casas de ópio cantonesas, no seio duma família de pastores persas, ou num barco apinhado de indianos a subir o Ganges, assumiu-se sempre como viúva impoluta e intocável que fazia questão de frisar, cortando quaisquer veleidades.

 
Dotada dum pensamento que, fruto da sua época, advogava a superioridade racial europeia, desdenhava todos os povos com que se cruzou encontrando neles todos os defeitos inerentes à não evolução humana: a preguiça, o laxismo, a recusa ao trabalho, entre outros. Sob o brilho diamantífero das suas viagens encontramos a opacidade do seu pensamento racial e das suas convicções de porvir da única sociedade verdadeiramente civilizada: a europeia, convicção esta que ainda mais se cimentou no seu discurso depois de ter visitado tantas outras sociedades. Porque a europeia assentava-se, essencialmente, nos pilares do trabalho que originava o progresso, do cristianismo que ordenava uma calma espiritual, e na família que originava a continuidade e a evolução do progresso. Apenas abriu uma excepção e esta aplicou-se aos daiaques de Sarawak. É interessante notar como povos antropófagos exerceram fascínios sobre personalidades exploradoras europeias. Veja-se, a título de exemplo, o de Mary Kingsley já aqui biografada que, detentora duma rígida moral vitoriana, não se coibiu de defender e reconhecer superioridade ao povo fang, na África Ocidental, com quem também conviveu alguns tempos.


Mas, independentemente de todas estas acusações que se possam assacar a Ida-Laure Pfeiffer, a verdade é que foi uma viajante notável pois, sozinha e desarmada, num tempo duro e obscuro para as aspirações emancipalistas femininas, ela ousou ir dos desertos asiáticos às florestas amazónicas, foi esfaqueada no Rio de Janeiro, na China a sua sampana foi alvo de tiros dos soldados, na Rússia esteve presa, nos Andes quase se afogou no rio Guaya, conviveu com os canibais daiaques do Bornéu e escapou a morrer num pântano nas florestas deste País, cruzou o pútrido Ganges, escapou à morte na China e em Madagáscar e voltou, para contar atinadamente tudo tintim por tintim. Mesmo que as suas ideias raciais sejam contraditadas, a sua década e meia de peregrinação geográfica fê-la entrar, por mérito próprio, no Panteão dos Grandes Viajantes.
 

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(1) – Trieste – Cidade nordestina italiana, banhada pelo Mar Adriático. De ancestral colónia romana (século II AC), após a fractura do Império Romano passou para o Império Bizantino (Romano do Oriente) e em 788 passou a ser domínio franco. Depois de disputas bélicas e comerciais com outras cidades estados da península itálica acabou por se integrar no Ducado da Áustria (1382). Com o findar da I Guerra Mundial (1914/1818) foi anexada à Itália.
 

(2) – Hekla – Vulcão situado no Sul da Islândia com 1491 metros de altura. Ainda se encontra activo.

 
(3) – Ilha Maurícia – Localizada a Sul do Oceano Índico, a oriente de Madagáscar, foi descoberta pelos portugueses em 1505, colonizada pelos holandeses, depois pelos franceses e finalmente pelos britânicos. Atingiu a independência em 1968, tendo como capital Port Louis. Deve o seu nome ao Príncipe holandês Maurício de Nassau.


(4) – Serralho – Dá-se o nome de serralho a um palácio muçulmano ou a uma parte desse palácio reservado ao harém. Em linguagem mais popular também significa lupanar ou prostíbulo, casa de prostitutas. Aqui Ida-Laure Pfeiffer refere-se a serralho como “lugar fechado” já que é uma palavra que deriva do italiano “serraglio”, no sentido de lugar seguro.


(5) – Notara – Pequena aldeia entre Deli e Bombaim, na Índia.


(6) – Ainda hoje em dia o cruzamento de pessoas de credos diferentes dá origem a conflitos entre grupos de pessoas. Um dos casos que mais polémica deu a nível mundial foi o da camponesa cristã Asia Bibi, em 2009 no Paquistão que, por ter bebido uma caneca de água cujo poço pertencia a mulheres muçulmanas, foi acusada e presa pela “lei da Blasfémia” ou seja de ter conspurcado toda a água. Condenada a mudar-se para o credo muçulmano recusou pelo que acabou condenada à morte. Salman Taseer, Governador do Punjab (muçulmano) e Shabaz Bathi, Ministros dos Assuntos das Minorias do Governo Paquistanês (cristão) acabaram assassinados por muçulmanos, por terem saído em defesa de Asia Bibi e terem criticado a Lei da Blasfémia. Asia Bibi continua presa mas, mesmo que venha a ganhar a causa e sair em liberdade, sabe que está condenada à morte por facções radicais muçulmanas.


(7) – Kan – Distrito.


(8) – James Brook – (Benares (Índia), 1803 – Sarawak, 1868). Aventureiro. Aos doze anos sai da Índia, onde os seus pais se encontravam e vai para a Grã-Bretanha efectuar alguns estudos. Em 1819 retorna à Índia, integrando as forças militares da Companhia Britânica das Índias Orientais. Combate da Primeira Guerra Anglo-Birmanesa, onde acaba ferido e recambiado para a Grã-Bretanha a tratamentos. Em 1830 encontra-se de novo na Índia mas acaba por partir para o Extremo Oriente a comerciar, onde os ventos não lhe correm de feição. Herdeiro duma pequena fortuna despende a herança na compra duma escuna e parte a comerciar para o Bornéu. Alia-se ao Sultão do Brunei ajudando-o a debelar uma rebelião e este, em troca, torna-o Rajá de Sarawak, uma região do Bornéu, em 24 de Setembro de 1841.





James Brooke governou Sarawak com mão de ferro, tentando disciplinar a pirataria marítima, legislando a seu bel-prazer, administrando a Justiça, lançando impostos e reprimindo revoltas intestinas. Comporta-se, na verdade, como um soberano completamente autónomo e em roda livre. Acaba nomeado Cônsul-Geral britânico para o Bornéu, em acumulo com o seu cargo de Rajá de Sarawak. Em 1862 trava a sua última grande batalha naval contra a pirataria que assolava as costas de Sarawak, liquidando e ferindo mais de uma centena de piratas. Combateu sempre a pirataria e o tráfico negreiro, pugnou todas as suas acções em prol da consolidação da influência do seu país naquela região sem descurar do seu enriquecimento patrimonial e, até ao seu falecimento, governou sempre Sarawak, tendo sobrevivido a três tentativas golpistas, tendo passado à História com o cognome de “Rajá Branco de Sarawak”.


A sua vida fabulosa, típica dum aventureiro que do nada ascende, numa determinada região remota, ao poder supremo, inspirou a criação de diversas personagens romanceadas em livros de aventuras.


LEITURA:


Sobre o Bornéu recomenda-se a leitura do livro “Viagem ao arquipélago malaio”, de autoria do naturalista Alfred Russel Wallace (1823/1933), editado em língua portuguesa (do Brasil) pela editora Hemus. Alfred Wallace percorreu o arquipélago malaio entre 1854 e 1862 e, nesta obra, faz uma abordagem sobre os daiaques, aos quais dedica um capítulo do seu livro ao estudo etnográfico dos mesmos.
 





(9) – Rainha Ravalona I – Sobre a vida desta Rainha será mais tarde efectuada uma abordagem, quando se analisar a História de Madagáscar.


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Nota final:

A) – Não conheço nenhuma edição em língua portuguesa, da obra desta viajante;

 
B) – Os excertos das transcrições dos livros da Ida-Laure Pfeiffer acima referidos foram colhidos parcialmente do livro “As aventureiras em crinolina” de Christel Mouchard, editado em português pelas Publicações Europa-América em 2000.


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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL

 
 
 
 
 

Angunes, Instalação dos - Povo de origem banto* meridional o qual, tendo emigrado para o Norte, cerca de 1820, passou o rio Zambeze por volta de 1835, até se estabelecer no Tanganica, cerca de uma década mais tarde. No século XVII, no vale de Umbelúzi, cruzam-se com os locais e originam diversas tribos, entre quais os swazis, os zulos e também os tentuas. O Rei Dinguisaio** reúne todas as tribos dispersas, estendendo a sua acção até ao sul de Moçambique. Shaka Zulu** sucede-lhe e amplia os territórios mas, em 1820, vários chefes revoltam-se contra ele e encetam a fuga. No meio destes vamos encontrar Manicusse**, que, com alguns angunes, fixa-se em Gaza, criando o Reino de Gaza**, que virá a ser desmembrado pelos portugueses no reinado do seu neto Gungunhana**. Um outro chefe militar que foge de Shaka Zulu é Muizilicatze**, que, ao juntar à sua volta os Matabeles, vai-se estabelecer na zona onde mais tarde nascerá a futura cidade de Pretória. Zuangendaba, acompanha Muizilicatze neste seu movimento migratório, mas vai ainda mais além e, levando consigo angunes, swazis, tongas e outros, ataca a Machonalândia e, sempre rumo ao norte, corta as margens do Zambeze em 1835. Por volta de 1840 Suto-Ngoni, à frente de hostes angonis, atravessa o Zambeze e fixa-se na actual Angónia. Destes, um ramo comandado por Nuqaba toma o caminho do Niassa espalhando-se junto ao lago do mesmo nome, interiorizando-se para o Tanganica. Em 1906 os alemães esmagam a revolta dos angunes no Tanganica. Muitos deles refugiam-se em Moçambique, pelo que lhes foram concedidos terrenos junto ao lago Niassa.



Jáuas, Instalação dos – Povo banto* da região do Niassa, cujo território ficava situado entre o lago do mesmo nome e margem direita do rio Rovuma, a norte e as terras de Lomué, a sul. A tradição refere a origem deste povo numa montanha situada entre Muembe e Luicheringo. Presume-se que em finais do século XVI, ou princípios do século XVII, iniciaram-se as relações comerciais entre este povo e a costa oriental, através de mercadores árabes. Em finais do século XVIII já estavam estabelecidas rotas comerciais para Quíloa e ilha de Moçambique*, que desenvolveram-se do comércio de peles para o de marfim* e de escravos. Os jáuas herdaram e beneficiaram das rotas comerciais estabelecidas, inicialmente, pelos maraves*. Em meados do século XVIII, os jáuas reforçam o seu comércio com a ilha de Moçambique transportando, do interior africano, o marfim que adquiriam a povos maraves constando que cerca de 70% deste produto entrado na referida ilha tinha proveniência jáua. Em finais do século XVIII os jáuas tomam as suas rotas comerciais mais para norte e comerciam com Quíloa, Mombaça e Zanzibar, não só por acção dos macuas**, que interferem e atacam as suas caravanas como também por obterem, neste portos, produtos de troca mais baratos do que com os portugueses e ao que também não seria alheia a facilidade com que os asiáticos penetravam no interior estabelecendo contactos mais frutuosos. No romper do século XIX os jáuas, para além dos macuas, eram os principais fornecedores de escravos para a costa moçambicana. Na década de 20 deste século colocavam no Mossuril cerca de três mil escravos, por ano. De 1830 a 1850, devido à actividade interceptora dos macuas, desviam as suas caravanas esclavagistas para os portos do Ibo e Quelimane**. Em meados deste século dá-se a primeira grande migração jáua, devido a secas, pragas de animais, ataques macuas e angunes e procura de novas zonas para escravizarem populações, tendo-se fixado nas zonas de Masai, Nevala, Quionga** e Miquindane. Em meados de 1860, fustigados por angunes, macuas e macondes**, iniciam nova migração, fixando-se no vale do Chire. Depois de instalados assenhoraram-se das terras e gentios locais e, estabelecendo contactos com portugueses e outros comerciantes, trocam escravos e marfim por armas e panos*. Um outro grupo jaua, dirigido por Metarica, deslocou-se para as margens do rio Lugenda onde, em 1866, David Livingstone* o vem a encontrar. A forte interligação comercial que os jáuas estabeleceram com os swahilis, islamizou-os, com mais incremento a partir de 1890 e alterou os seus hábitos alimentares, arquitectónicos, sociais e religiosos, tornando-os adeptos da religião muçulmana. Até à primeira década do século XX os jáuas ofereceram resistência à instalação dos portugueses, confrontando a Companhia do Niassa*. A repressão dos forças desta companhia majestática* levou à diáspora jáua para os territórios vizinhos da actual Tanzânia e Malawi.


Difacane - Significa, traduzido da língua shoto, migração forçada. Foi um fenómeno provocado pela actividade bélica de Shaka Zulu**, a partir de 1822, em que diversos povos fogem do domínio despótico dos zulus e, assim, como que por efeito dominó, tomam diversas direcções em busca de outros territórios, expulsando os povos aí residentes ou absorvendo-os, operando uma revolução demográfica. A dispersão e a expansão angune, liderados por Manicusse**, é um típico exemplo da difacane.

 
Zuanguendaba –(? - 1845) – Chefe angune que, juntamente com Manicusse** e Nuqaba, refugia-se na zona da baía de Lourenço Marques, em 1820, fugido de Shaka Zulu. É considerado um notável chefe político que conseguiu criar um estado nómada e coeso que, de umas centenas de seguidores, em 1818, constava entre os seus súbditos, em 1845, cerca de cem mil pessoas. Aberto o conflito com Manicusse, foge deste, estabelecendo-se no vale do Limpopo, em 1825. Mais tarde atravessa o Limpopo e ataca o Reino de Changamire**. É derrotado, em 1835, por forças leais a Nuqaba, tendo a batalha ocorrido num território compreendido entre Manica e Salisbúria e, em 20 de Novembro desse mesmo ano, atravessa o Zambeze, entre a Chicova** e o Zumbo**, estabelecendo na Marávia, durante cinco anos, após o que prossegue o seu nomadismo em direcção ao lago Niassa. Tendo colhido informações favoráveis do lago Tanganica planeou deslocar-se para lá, mas acabou por desistir de tal intento, acabando os seus dias em Mapupo, capital por si criada, no planalto de Ufipa (sul da actual Tanzânia).
 

Nuqaba – (?-1840) - Chefe angune que, fruto da difacane, ruma para Norte, acompanhando Manicusse** e Zuanguendaba, instalando-se na baía de Lourenço Marques, por volta de 1820. Tendo entrado em conflito com Manicusse, vai para a zona de Inhambane*, em 1824, assolando a mesma. Três anos mais tarde atravessa o rio Save e invade e instala-se na área do Reino de Sedanda*. Assola as regiões de Manica e Sofala e batalha e vence Zuanguendaba, que volta a encontrar em 1835, obrigando este a atravessar o rio Zambeze, em fuga. As forças de Nuqaba atacam Sena (1835) e Sofala* (1836), tendo sido também neste período que atacaram a feira* de Manica. É também neste último ano que reencontra-se com Manicusse, acabando derrotado por este na zona de Chipinga, presentemente situada na actual República do Zimbabwé**. Face a esta derrota foge com os seus seguidores para o Reino do Barotze, na margem norte do rio Zambeze (actual Zâmbia**). Neste Reino, acaba isolado numa planície estéril e atraído por falsas promessas das populações locais, deixa-se conduzir por elas, acabando morto, à traição, por afogamento.


Yao O mesmo que jáua.

 
Yossuf – (? - 1505)Xeque árabe, Governador de Sofala*, que recebeu amistosamente os portugueses, em 1502, na segunda viagem de Vasco da Gama** à Índia. Em 1505 autoriza Pêro de Anaia* a construir uma fortaleza em Sofala mas, posteriormente muda de ideias e entra em conflito com os portugueses, guerreando-os. Acaba vencido e morto por estes, decapitado e encimando a sua cabeça um dos baluartes da fortaleza de São Caetano*.


Xeque – Chefe espiritual e político duma comunidade árabe.


Xehe – Padre muçulmano.

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* - Já aberta ficha anteriormente

** - A abrir ficha posteriormente.
 

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UMA PERSONALIDADE PARA A ETERNIDADE

 

Wilhelm Heinrich Immanuel Bleek – Linguista e filologista nascido em Berlim a 08/03/1827 e falecido na Cidade do Cabo em 17/08/1875. Tendo-se doutorado em Linguística, pela Universidade de Bona (1851) vai para Berlim estudar hebraico e depois trabalha sob as ordens de Karl Peters (1) numa compilação de vocábulos do leste africano. A sua tese de doutoramento consistia em tentar provar a origem norte-africana da língua hotentote. No biénio 1852/53 cruza-se com o famoso egiptólogo Karl Lepsius, aumentando a sua paixão pelo estudo das língua africanas.

 
 
 
 
 
 

Em 1854 integra a expedição de William Balfour (2) à África Ocidental mas, por motivos de saúde, vê-se obrigado a abandonar o projecto e regressa à Grã-Bretanha. Aqui trava conhecimento com George Grey (3) e o arcebispo Jonh Colenso (4) que o convidam a viajar até ao Natal para compilar uma gramática zulu. Cumprida esta missão vai para a Cidade do Cabo, oficialmente como intérprete do Governador George Grey. Em estrreita colaboração com a sua cunhada  Lucy Catherine Grey, estuda, cataloga e compila textos de missionários e exploradores que tinham elaborado anotações linguísticas sobre os povos por onde tinham passado. Salvou-se, deste modo, todo um património etnolinguístico que corria riscos de se diluir nas poeiras do tempo.


Aproveitando a presença de prisioneiros bosquímanos nas prisões do Cabo, Wilhelm Bleek desencadeia estudos sobre a língua deste povo e, mais tarde, ampliará o contacto com outros prisioneiros desta etnia, transferidos propositadamente doutras prisões para a Cidade do Cabo. Recolhe o máximo possível de elementos sobre este povo, desde o folclores, lendas e tradições, vida do dia a dia, religiosidade, vida intra e inter-familiar, ultrapassando-se como linguista e tornando-se como que num etnologista.

 
Entre 1862 e 1875 (data do seu falecimento) Wilhelm Bleek foi um dos responsáveis máximos da Biblioteca Pública da Cidade do Cabo, que foi a receptora de todo o seu trabalho científico. A ele se deve a paternidade do termo “Bantu” com que abrangia uma enorme família linguística africana. Escreveu diversas obras, tais como, “Manual do Africano”, uma “Gramática Comparativa das Línguas Sul-Africanas”, “Fábulas e Contos Hotentotes”.

 
Foi um homem que se interessava sobre as origens humanas e na história da evolução linguística bem como da assimetria cultural dos povos. Daí que ele achasse a África do Sul uma região riquíssima para estudar as estruturas de tais assimetrias pois encontrava dum lado hotentotes e doutro bosquímanos. E os estágios evolutivos de ambas as comunidades eram dois pilares fulcrais para o desenvolvimento dos seus estudos. Era importante estudar os bosquímanos porque o estado primitivo deste povo permitia atingir conhecimentos anteriores à fase da história da humanidade que eram sabidos naquela época.

 
Foi, com todas as suas limitações e mentalidades, fruto da época colonial em que viveu, um homem que não precisou das armas para singrar. Foi, no pleno, um cientista que tentou perceber a origem/evolução da Humanidade. Com a força da sua caneta derrubou barreiras e rasgou fronteiras.

 
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(1) - Karl Wilhelm Hartwich Peters – (1815 – 1883) Explorador e naturalista alemão. Em 1842 cruzou o continente africano, partindo de Angola para Moçambique, no decurso da qual colectou múltiplas espécies de animais e botânicas. Completada a viagem científica, retorna a Berlim com todo o acervo colhido que entrega ao Museu Zoológico de Berlim, do qual virá a tutelar a partir de 1858.

 
(2) - William Balfour Baikie - (1824 – 1864) – Médico, explorador, diplomata,  comerciante britânico e escritor. Em 1854 explorou o Níger e acaba por liderar a referida expedição, subindo o rio Binué, um afluente do rio Níger. Não logrou prestar auxílio ao explorador Heinrich Barth* por não o ter localizado. Em 1857, depois duma curta estadia na Grã-Bretanha, retorna àquela zona nigerina, chefiando novo missão exploratória, mas o seu barco afunda e perde grande parte da que equipagem. Escolhe Lokoja, na actual Nigéria, como sua base de operações quer diplomáticas quer mercantis, tendo conseguido os seus objectivos de transformar aquele pequeno povoado numa plataforma giratória de intensa actividade comercial e um dos mais importantes portos fluviais do rio Níger.

 
(3) – George Grey – (1812 – 1898) - Explorador, político e escritor britânico. Se bem que grande parte da sua vida tenha decorrido em território australiano e neozelandês, dos quais foi governador, também exerceu este cargo na Colónia do Cabo, entre 1854 e 1861. Durante o seu consulado foi um permanente protector e mecenas da actividade de Wilhelm Bleek. Esteve muito à frente do seu tempo ao advogar, já nessa altura, a união federada dos territórios que hoje compõem a República da África do Sul. Só em 1910 é que esta União se iria formar, mas tais factos históricos serão aqui analisados mais tarde.


(4) – Jonh William Colenso – (1814/1883) Arcebispo anglicano do Natal (actual Província do KwaZulu Natal, na actual África do Sul). Teve uma vida religiosa atribulada na sua Diocese, entrando em confronto com os seus Pares da Cidade do Cabo. Tentou estabelecer pontes de diálogo com a nação zulu e foi da sua iniciativa que a língua deste povo começou a ser estudada cientificamente. A sua vida será aqui objecto de análise, posteriormente, quando se entrar na História da África do Sul.

 

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ROMANCES


Título: O quente aconchego da Mãe Negra
Subtítulo: Todos temos África no coração    
Autor: Sérgio Veiga
Editora: Marcador/Editorial Presença      Ano: 2012    Págs.: 202     Género:  Ficção

 

 

Por norma fico um pouco de pé atrás quando um livro propagandeia, na sua capa, algo de estranho à sua temática. Foi o caso deste, ao ler na dita capa uma tarja que informava: “Com prefácio de Mia Couto”. Mia Couto é um dos mais consagrados e prolixos escritores de Moçambique e a sua chancela pressupõe, em princípio, qualidade do livro que prefacia. 


Trata-se duma narrativa em jeito de memória dum tempo vivido numa África que todos nós construímos no nosso imaginário à nossa medida mas que, quase sempre, não corresponde à realidade. O Autor, a atingir as seis décadas de vida, filho de caçador e ele próprio um caçador aproveita esta experiência de vida no mato e coloca na escrita um desfiar de memórias de histórias que viu, ouviu, leu ou inventou, criando uma narrativa quase que sonolenta, sem grande ritmo e nada mais do que isso.

 
Um livro que se lê e…depois arruma-se na estante. Não entendo o prefácio elogioso de Mia Couto, sobre o estilo de escrita do Autor, ao assinar que: “Sérgio Veiga tem a rara sapiência dos velhos contadores de histórias de Moçambique.” Só mesmo por amizade. Por isso os prefácios são, bastas vezes, como os papéis de embrulhos vistosos que envolvem uma prenda de fraca qualidade. O que é o caso vertente.
 
 

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Título: Balada dos homens que sonham
Subtítulo: Breve antologia do conto angolano          
Autor: Vários Autores
Editora: Clube do Autor        Ano: 2012        Págs.: 209         Género: Contos


 


 

Editado em 2011 em Angola, sob a égide da União de Escritores de Angola e, no corrente ano no nosso País, é uma ofensiva daquela Associação para promover a cultura escrita do seu País fora de portas, o que é de louvar.


Trata-se duma colectânea de 22 contos escritos por 14 contistas, sendo a recolha dos textos abarcadora desde a década de 80 até ao presente momento obedecendo, na estrutura do mesmo, à hierarquia etária do Autores. Sendo um género literário pouco comum – não é qualquer um que consegue ser um escritor de contos – a colectânea em si não prende a atenção, não sobressaindo nenhum conto em especial, estando todos ao mesmo nível: fraco.

 
O conto é um género literário com um grau de dificuldade acrescido, porque o Autor está espartilhado na limitação do texto. Não pode expandir-se porque não é um romance onde uma auto-estrada de letras, frases e parágrafos lhe permite devaneios e explanar melhor as suas ideias, caracterizar os perfis dos personagens, e construir calmamente um enredo.

 
Um contista não se pode dar a estes luxos. Tem que ter um poder de síntese e à letra corresponde a frase no romance e à frase corresponde o parágrafo no dito romance. Por isso encontramos uma desproporção muito grande entre o volume de romances e de contos editados e postos à venda.

 
Voltando à obra acima referida, achei os contos fracos, sem grande sumo, monótonos mas, atendendo a que se trata de um género literário pouco captor de simpatias, são de louvar todas as iniciativas da sua divulgação.
 

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POESIA

 

Nuno (Álvares) de Miranda – Mindelo, 23/10/1924. Poeta luso-cabo-verdiano, residindo há mais de meio século em Portugal. Licenciado em Letras, pela Universidade Clássica de Lisboa, nas áreas de Filosofia e História. Em 1944 lança-se no panorama literário insular ao lançar a revista “Claridade”.






O seu pendor poético sobressai quando se muda para Lisboa. Aqui a saudade da insularidade solta-se e é na poesia que transmite toda uma saudade dos gestos e gesticulares dum dia-a-dia ilhéu que nunca esqueceu. Como que se o afastamento geográfico funcionasse como uma mola de aproximação espiritual do seu passado nunca renegado na relação à terra e às gentes. Porque na ideologia, sim, esse afastamento consumou-se.
 

RECADO

Quando aportares
Dá-lhes notícias de mim nesta cidade.

Diz-lhes da voz surda estremecendo
E leve e tonta no meu peito
Como se nada fora ao vento que se escapa
A este céu onde viceja um cravo
A flor do meu destino.

Diz-lhes que me vou às vezes da noite roxa
Pelos subúrbios de tons bem calmos
Na ronda de lembranças já mortiças
Mas, velhas cicatrizes não saradas,
Ai de mim
Que não encontro as ruinhas serpeando
Pela minha intimidade
O limo nos beirais das ruas do porto
O sonho do mar alto em cada olhar ficado
Não vejo a casa velha
E o terreiro alto onde ancoravam
Os nocturnos das viagens de arrabalde.

Que é dos traquetes tombados e dos botes carcomidos?..

Só a lembrança de outrora
Na flor deste destino.

Se te falarem de mim quando aportares
Diz-lhes que vai ao longe
Na cidade a estibordo
A nave desta carne macerada
E a asa da minha alma em céu aberta…


Fundou a revista “Certeza” e, já em Lisboa, a frequentar os meios universitários, colabora na organização dos “Colóquios Cabo-Verdianos”, a primeira experiência luso-ultramarina deste tipo de eventos. Torna-se, também, num dos responsáveis pela edição dedicada a Cabo Verde pela revista “Garcia da Orta”, editada pela Junta de Investigações do Ultramar.

 
Dois volumes de poemas “Cais de ver partir” e “Cancioneiro da ilha” alcandoram-no ao Prémio Camilo Pessanha (1) e, no decurso do ano de 1963, publica o seu primeiro livro de histórias “Gente da Ilha” e o ensaio sociológico “A propósito da situação sócio-cultural de Cabo Verde”. Ainda nesta década volta a publicar outros ensaios, tais como “Compreensão de Cabo Verde”. No domínio das artes plásticas é também o responsável pela apresentação da “I Exposição de Gravura Portuguesa Contemporânea”, realizada naquele arquipélago atlântico. No decorrer da década seguinte apresentará uma exposição pictórica da sua autoria subordinada ao tema “A Ilha e o Mundo numa mostra pictórica”. Tem outros trabalhos de sua autoria quer no domínio das artes plásticas quer literárias, integradas no contexto da poesia e do ensaio.

 
A MORNA

A morna toca os nervos instaurados
No negrume
Da minha noite indormida.

São violinos a comporem
O seu veneno letal.

Sombra de brisa
Esfiando
A madrugada fatal.

Os lábios querem cantar
A Lua dissimulada,
Mas do poema
Da serenata sem lua
- oh flor crestada!...
Só o soluço doído

E o sonho alado
Em sentimento investido,
Morre no canto
Torturado
Dos violinos


Apesar de, ao longo da sua vida, ter sido galardoado quer em Portugal quer no Brasil e encontrar-se referido em várias antologias, presentemente Nuno Miranda encontra-se remetido na prateleira dos esquecidos. A sua obra não integra uma nota de rodapé sequer na importante obra de Manuel Ferreira “No Reino de Caliban” (a Bíblia da difusão poética do mundo lusófono) e merecia, na minha opinião, uma maior visibilidade.


NOCTÍVAGO

Nem uma estrela que fosse
Ou um latido distante.
Um vulto retardatário
Que porventura ficasse…

Nesta noite de ruas mortas
Alinhadas, nesta noite
Nem sequer passa
Um só rumor de vida. 

Tudo quieto
Como se vida parasse!...
Tudo fechado
Num silêncio calculado
Que me causa desespero. 

(E tu, também,
Talvez estejas sensível
esta noite, fria e fechada em teu silêncio amargo…)

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(1) – O prémio Camilo Pessanha foi um dos prémios instituídos pelo Instituto Português do Oriente e destinava-se a galardoar obras literárias que abarcassem, essencialmente, assuntos relacionados com o Índico e o Pacífico. Em 1961 e 1964 Nuno de Miranda venceu este galardão

 
Nota: Os poemas aqui transcritos deste poeta, foram colhidos do seu livro “40 Poemas Escolhidos” (Agência-Geral do Ultramar, Lisboa, 1974, 80 págs.)
 

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MÚSICA

 
Fabulosa máquina musical esta que engloba quatro instrumentos musicais de corda.
 
 
 
 
 
 
 
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FILME
 

Título: O Homem que queria ser Rei
Produtor:  John Foreman                          Realizador: John Huston
Actores: Sean Connery, Michael Caine, Cristopher Plummer
Ano: 1975     Género: Aventura     Duração: 127 minutos

 


 

“O Homem que queria ser Rei” é um conto da autoria de Rudyard Kipling, no qual narra a odisseia de dois britânicos aventureiros que atingem a remota região do Kafiristão, algures no Afeganistão e conseguem, depois de diversas peripécias, dominar o povo local, cujos ideais religiosos assentes no paganismo baseavam a crença no retorno dum filho do lendário Alexandre Magno. Um dos aventureiros britânicos consegue ascender ao trono real mas depois, as coisas correm mal, por cupidez do recém-aclamado Rei que acaba morto pelo povo.


Reza a História que Rudyard Kipling, o maior expoente literário defensor do colonialismo britânico na Índia, escreveu este conto em 1885, inspirado na vida aventurosa de James Brooke (acima sumariamente biografado em rodapé na vida de Ida-Laure Pfeiffer).

Ora este conto serviu de guião ao filme com o mesmo nome, com uma excelente interpretação de Sean Connery e de Michael Caine no papel dos dois aventureiros. Um agradável filme família, para uma outonal tarde domingueira.


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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA

 
 
Um vídeo muito bem idealizado, subordinado ao tema: "A nossa História em dois minutos"
 

 

 
 
 

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ACONTECEU

Mão amiga enviou-me um “mail” contendo um artigo da autoria de João Quadros e que foi publicado no “Negócio-On Line”, não me informando da data em que o mesmo foi publicado. Por se tratar de um artigo que considero de fino recorte e dotado duma ironia suprema que fecha o mesmo com chave de ouro, não resisto a transcrevê-lo:
 

Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses.

                                               
Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns jogos sem fronteiras de pescado e marisco. Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.
 

Por alto, vi: camarão do Equador, burrié da Irlanda, perca egípcia, sapateira de Madagáscar, polvo marroquino, berbigão das Fidji, abrótea do Haiti? Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós. Eu não tenho vontade de comer uma abrótea que veio do Haiti ou um berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o País dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc.


Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem que sentir que não conhece o mundo. Não é saudável ter inveja duma gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano. Há quem acabe por levar o peixe-espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi perca egípcia em Telheiras. Fica estranho. Perca egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma perca egípcia e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.
 

Deixei para o fim o polvo marroquino. É complicado pedir polvo marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: “Tem polvo marroquino?”, sem olhar em volta a ver se vem lá a Polícia. “Queria quinhentos de polvo marroquino.” – Tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de robalo de Chernobyl.


Eu, às vezes penso: o que não poupávamos se Portugal tivesse mar.”

 

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VAI ACONTECER
 
 

No próximo dia 23 do corrente mês de Outubro, pelas 18H30, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, a escritora Deana Barroqueiro lança o seu romance histórico “O corsário dos sete mares – Fernão Mendes Pinto”. A apresentação da referida obra estará a cargo, para além da escritora, de Eduardo Marçal Grilo e Miguel Real, reportando-se a mesma, pelo que leio no seu blogue, à vida aventurosa que este aventureiro português viveu no Oriente, na época dos Descobrimentos Portugueses.







Especialista em romancear a História desta nossa única época dourada, Deana Barroqueiro habituou-nos à leitura dos seus romances históricos contendo uma escrita de conteúdos de excelente coturno, pelo que não será preciso nenhuma bola de cristal para calcular que este seu novo romance histórico será um digno sucessor da nobre linhagem escrita que tem nascido na ponta da sua pena.


Uma oportunidade única para, conjugando o nobre espaço onde se efectuará a sessão do parto público do livro, ouvirmos o discorrer dos saberes de Marçal Grilo e Miguel Real, duas personalidades sempre marcantes da nossa vida educacional e cultural.

 
Assim, ao quilate intelectual dos apresentadores da obra e à solidez simbólica e arquitectónica do local onde a sessão se realizará e à mais que certa qualidade inquestionável da obra desta “Capitã-mor da jornada quinhentista lusitana” (como já a defini) faz-me antever um momento cultural a não perder.


Que depois, qual cereja no topo do bolo, peregrinarei pela noite fora a ler o seu livro recém-nascido.


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DECLARAÇÃO DE INTERESSES
 

O texto acima reproduzido foi escrito em desacordo com o Novo Acordo Ortográfico.

 

 

 

Todas as referências constantes na presente mensagem e que se reportem a livros, fotografias, documentários, filmes, músicas; empresas comerciais, industriais ou de qualquer outro género; associações humanitárias, de defesa ambiental, animal ou florestal; bem como nomes de pessoas, são incompatíveis com intuitos publicitários de carácter comercial ou que envolvam qualquer outro tipo de permuta material ou benesse pessoal para o Autor deste blogue. Reflectem, apenas e tão-somente, a opinião do Autor que, assim, se mantém livre e soberano do seu pensamento.

 
 

 

Todas as fotografias, documentários e filmes constantes na presente mensagem foram colhidos do Google Imagens e do Youtube. Deste modo, a sua utilização não pressupõe a concordância dos Autores dos mesmos com as opiniões constantes nos textos onde estejam inseridos.
 

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1 comentário:

  1. Muito obrigada, Alexandre Ferreira, pelo anúncio do lançamentodo meu novo romance e pela generosidade das suas palavras que, mais uma vez, me deixaram emocionada e muito grata.
    Espero não lhe desiludir as altas expectativas, tendo apenas a consciência tranquila de ter tentado fazer o melhor que pude, nestes três anos de trabalho de pesquisa e escrita, para corresponder ao interesse dos meus leitores/amigos, de que o Alexandre Ferreira faz parte, quase desde o início do meu percurso de escritora. Bem haja, caro amigo.

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