VIAJANTES, AVENTUREIROS E
EXPLORADORES
Alexander Selkirk (baptizado Selcraig) – (Lower Largo
(Escócia), 1676 / costa ocidental africana, 13/12/1721) – Marinheiro britânico.
Na sua juventude este escocês deu largas ao seu temperamento irascível e violento
e, por diversas vezes, envolveu-se em dissabores por conflitos que provocava e
descambavam em lutas. Aos 13 anos de idade conflituou com o pároco da sua
localidade, por este não ter distribuído as esmolas que colectara para aos
pobres. “No Domingo passado, o
sacerdote, impedido de cumprir os seus deveres, viu-lhe ser barrada a entrada
da igreja por uma grande multidão, chefiada por Jonh e Alexander Selcraig”, conforme registos nas actas da paróquia.
Reza a história que depois deste incidente o pároco foi distribuir as esmolas a
quem de direito. Aos 19 anos de idade, intimado a comparecer em audiência
judicial, por desacatos provocados numa igreja local, opta por fugir e torna-se
embarcadiço, optando por mudar o seu apelido para Selkirk, com que irá passar à
História.
Durante seis anos navega pelos mares, aprendendo
o rude ofício de marinheiro, até que regressa ao solo natal em 1701,
instalando-se na casa paterna. Mas o seu temperamento irascível mantiver a-se
e, nesse mesmo ano, numa violenta briga familiar por causa dum copo de água, agride
os seus irmãos e o próprio pai que tentava aplacar a briga e apanhou por
tabela, o que leva as autoridades locais a intervirem desta vez, não lhe dando
oportunidades de fuga. Segundo as actas eclesiásticas de 29/11/1701: “Alexander Selcraig, cuja conduta causou escândalo ao
brigar e entrar em discórdia com os irmãos, foi convocado, compareceu e, quando
interrogado acerca do tumulto ocorrido em sua casa, de que se dizia ter sido
ele o instigador, confessou que, tendo bebido um gole de água salgada e tendo o
irmão Andrew rido dele por esse motivo, lhe batera por duas vezes com um
bordão. Confessou também que proferira palavras muito soezas acerca do irmão
Jonh e, em particular, desafiara-o para um combate de punhos….”.
Quando desponta a Primavera do ano
seguinte Alexander Selkirk volta à sua actividade de marinheiro mas, desta vez,
num outro grau: o de bucaneiro (1) e, em 1703, serve sob as ordens do corsário
William Dampier (2). No ano seguinte, depois de várias peripécias nas viagens
marítimas que efectua ao longo da costa sul-americana, conflitua com Thomas
Strading, o comandante do navio “Cinq Ports” que dava apoio ao navio comandado
por William Dampier. Quando o navio atinge a ilha de Más a Tierra (3), em
Outubro de 1704, onde fica a descansar durante cerca de um mês, Alexandre
Selkirk ao proceder a inspecções de reparação do mesmo apercebe-se que o
madeirame do navio está apodrecido e que
carecia duma longa e exaustiva reparação em todo o seu cavername. Alerta o
comandante do navio para tal facto, mas este recusa-se a ficar muito mais tempo
naquela ilha e resolve levantar âncora.
Decidido a não arriscar a vida numa
viagem marítima que quase de certeza levaria ao naufrágio do navio, arrisca-se
a ficar sozinho na ilha pelo que pede ao Capitão Thomas Strading permissão para
ficar em terra. Satisfeito por se ver livre deste marinheiro conflituoso, e que
já por algumas vezes lhe causara dissabores este acede de bom grado. Deixam-lhe
alguns bens pessoais, tais como uma arma de fogo e pólvora, uma faca, um
machado pequeno, uma Bíblia e outros livros religiosos, bem como algumas
ferramentas. Posteriormente o “Cinq Ports” viria a naufragar e a maior parte
dos seus tripulantes morreria nesse naufrágio.
Alexander Selkirk irá passar os próximos
quatro anos e quatro meses seguintes completamente sozinho nesta ilha, no que
iria dar origem à lenda do Robinson Crusué. A solidão é o seu pior inimigo e
quase o leva à loucura: “Sentia-se
abatido, lânguido e melancólico, e só a custo reprimia o impulso de se agredir
a si próprio até que aos poucos, graças à força da razão, è leitura frequente
das Escrituras e ao estudo aturado da navegação em que se concentrou conseguiu,
ao fim de dezoito meses, resignar-se à sua sorte”, conforme relatará o jornalista Richard Steele, que entrevistou anos
mais tarde Alexander Selkirk.
Sobrevive nesta ilha deserta onde o alimento
abundava quer a nível de frutas e de vegetais, quer a nível de carne, pois na mesma
habitavam, entre outras espécies, cabras selvagens ali introduzidas por antigos
colonos espanhóis, bem como leões-marinhos e focas, para além do marisco que
apanhava no vazamento das marés. A Bíblia e outros livros religiosos que
trouxera ajudam-no a não perder o domínio da língua materna, para além de lhe
amaciarem o espírito rebelde. O isolamento forçado convida-o à reflexão
filosófica sobre o sentido da vida. A profissão de sapateiro e curtidor de
peles que aprendera com o seu pai, na sua juventude, era-lhe agora extremamente
útil no arranjo da pelaria que arrancava das cabras selvagens que caçava. Alexander
Selkirk, depois de dezoito meses de estar na ilha, abandona a segurança litoral
e começa a penetrar e a explorar a mesma. E descobre um Paraíso terreno com florestas,
regatos de água fresca, ervas aromáticas e medicinais, diversos tipos de
árvores de fruto entre as quais ameixoeiras que lhe forneciam ameixas na época
e passas para o resto do ano, enfim toda uma panóplia de cheiros e uma palete
de cores a seus pés. Acaba por construir uma cabana para se albergar,
abandonando a gruta em que inicialmente se acoitara. A praga dos ratos que o
atormentavam, chegando mesmo a mordê-lo resolveu combatendo-os com vários gatos
selvagens que domesticou, descendentes dos que ali tinham sido abandonados por
barcos anteriores. Cera vez logrou encontrar na praia arcos de ferro de
barricas, abandonados por algum barco anterior à sua estadia. Com o ferro assim
obtido fabricou facas e mesmo uma espécie de catana, tendo o lâmina meio metro
de comprido e o punho feito de corno de cabra.
Por diversas vezes avistou navios ao
longe, no mar, mas só dois deles aportaram à ilha. Por serem espanhóis
escondeu-se deles. Duma das vezes ainda teve que fugir dalguns espanhóis
desembarcados que o avistaram e perseguiram a tiro, mas acabaram por desistir.
“Tratando-se duma presa tão
insignificante é pouco provável que eles achassem que valia a pena despender
muitos esforços na captura. Se fossem franceses eu ter-me-ia deixado apanhar,
mas preferi correr o risco de morrer na ilha do que cair nas mãos dos espanhóis
nestas paragens, pois temia que eles me assassinassem ou me enviassem como
escravo para as minas”, conforme ele
relatará mais tarde.
Finalmente a 01 de Fevereiro de 1709
acaba resgatado pelo navio corsário “Duke” comandado por Woodes Rogers (4) e
pilotado, coincidentemente, por William Dampier que vara (5) naquela ilha. Um
grupo de marinheiros saiu a terra e logrou cruzar-se com Alexander Selkirk que
se dirigiu ao seu encontro ao aperceber-se que eram compatriotas. O seu aspecto
selvagem, desgrenhado, vestindo peles de cabras, falando um linguajar meio
estranho espantou os marinheiros que o levaram para o navio. “Parecia mais selvagem do que os anteriores
proprietários das ditas peles. Da primeira vez que subiu a bordo, estava de tal
forma esquecido da sua língua materna que mal o conseguíamos entender, pois
dir-se-ia que devorava metade das palavras”,
conforme escreverá Woodes Rogers no diário de bordo. Alexander Selkirk virá a
tornar-se extremamente útil a Rogers, pelo seu profundo conhecimento da ilha. A
sua reintegração no seio duma comunidade fechada como o era a dum navio fez-se
a custo. O seu isolamento total durante quatro anos levara-o a tornar-se
taciturno e muito reservado, pouco ou nada convivendo. O facto de ter deixado
de comer sal, levou-o a durante muito tempo restringir a sua alimentação a
bolachas e água, pois o seu organismo rejeitava carnes saladas, o mesmo se
passando com bebidas alcoólicas. Levou também algum tempo a adaptar-se a calçar
de novo sapatos, tanto tempo que andara descalço na ilha.
Integrado agora como oficial de bordo do
comandante Woodes Rogers, Alexander Silkirk retoma a sua actividade corsária e
vários são os navios mercantes que, ao percorrerem a costa sul-americana entre
o Panamá ao Chile, são assaltados e saqueados pela flotilha de Rogers. A uma
pequena embarcação capturada é rebaptizada de “Increase” e o comando da mesma é
entregue a Alexander Silkirk que, ao capturar do navio “Assuncion”, acaba por
tomar conhecimento pela tripulação aprisionada que o seu antigo navio “Cinque
Ports” do qual ele se recusara a continuar a viajar e por isso ficara isolado na
ilha de Más a Tierra, naufragara ao largo da Colômbia ao colidir contra recifes
não assinalados nas cartas de marear. Desse desastre morreram 51 membros da
tripulação apenas tendo escapado com vida o comandante Thomas Strading e mais
seis marinheiros que acabaram capturados pelos espanhóis. À data em que
Alexander Silkirk tomou conhecimento destes factos os sobreviventes do naufrágio
ainda se encontravam presos em condições miseráveis, nos cárceres espanhóis. A
actividade corsa continuou, sob o comando de Woodes Rogers e Alexander Silkirk
participa activamente na tomada da cidade de Guayaquil, localizada na actual
República do Equador e, mais tarde, depois de terem rumado para a área do
México, na captura do galeão “Nuestra Senora de la Encarnación Y el Desengano”
com um carregamento valioso de tecidos e de pedras preciosas.
Prosseguindo a sua viagem corsa, rumaram
para Java (actual Indonésia), daqui para o Oceano Índico, dobraram o Cabo da
Boa Esperança e atingem a Grã-Bretanha, aportando a Londres em Outubro de 1711,
concluindo Woodes Rogers a sua terceira circum-navegação planetária e Alexander
Silkirk a sua primeira e única. Cabia-lhe, do direito de saque, 800 libras
(cerca de 80.000 euros actuais)
De regresso a solo pátrio tem os seus
quinze minutos de glória. É uma personalidade célebre, concede entrevistas e
inspira escritores de aventuras, depois de Woodes Rogers ter publicado o seu
livro “A cruising voyage rouns the
world”, onde relatava o seu encontro com
Alexander Silkirk em Mas de Tierra.. Vai à sua terra natal e por lá fica uns
meses e por lá deambula uns meses mas sem se adaptar. Retorna a Londres
acompanhado duma mulher, Sophie, por quem se apaixonara e casa. Enviúva em 1718
e volta a casar com uma mulher chamada Frances Gandis e pouco mais se sabe
deste período da sua vida. Depois das efémeras luzes da ribalta que se
acenderam à sua chegada a Londres, vindo da actividade corsária, as mesmas
apagaram-se.
No entanto acaba por voltar à condição
de embarcadiço e, em 1720, integra a Marinha de Guerra como oficial navegador a
bordo do navio Weymouth. Ruma para a África Ocidental, com a missão de reprimir
o tráfico negreiro. Virá a falecer a bordo deste navio, vitimado por
febre-amarela (6), quando este navegava na costa ocidental africana. Como
marinheiro que sempre foi, acabou sepulto no mar, na nobre tradição da
marinharia, envolto numa lona.
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Nota: A fonte de
pesquisa principal para este trabalho foi o livro “Náufragos no Paraíso” de James C. Simmons, editado pela Antígona em 2007.
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(1) Bucaneiro – Pirata caribenho
(da zona do Caribe). Distinguiam-se dos corsários e dos flibusteiros por
assentarem as suas bases em fortes que defendiam intransigentemente. Os
corsários navegavam pelos mares fora e bastas vezes estavam ao serviço duma
potência marítima e assentavam a sua base no próprio navio e os flibusteiros
eram caracterizados por fazerem uma pirataria mais costeira, mais litoral. No
entanto, toda esta estirpe de aventureiros da pirataria tinha, na sua essência geográfica,
o seu principal raio de acção na zona caribenha e, bastas vezes, eram derivados
da rivalidade entre espanhóis e ingleses.
(2) William Dampier – (East
Cocker (Inglaterra), 05/09/1651 – Londres, 08/03/1715) – Um dos maiores exploradores
e corsários britânicos, tendo circum-navegado o planeta por três vezes no
espaço temporal de quinze anos, no que é considerado o primeiro a efectuar tal
proeza. Depois de ter tentado a actividade comercial em duas viagens que
efectua à Terra Nova (actual Canadá) e ilha de Java (actual Indonésia) acaba
por ingressar na Marinha de Guerra, em 1673 e, nesse mesmo ano, trava combates
navais na guerra franco-holandesa (a Inglaterra era aliada dos franceses), onde
sofre derrotas.
Posteriormente suspende a actividade
marítima e tenta negócios no México e na Jamaica, mas que, de novo, não lhe
correm de feição. Arruinado, adere à vida corsária a partir de 1679 e serve sob
o comando de alguns dos mais famosos da época. Efectuou três viagens de
circum-navegação planetária 1690, 1699 e 1708. Foi nesta última expedição que
acabou por resgatar do isolamento Alexander Selkirk. Foi, para além dum
navegador excepcional, um homem que efectuou investigações sobre fauna e flora,
quer na costa caribenha quer na costa australiana que vieram a influenciar
cientistas como Charles Darwin, Alexander Humboldt e Joseph Banks, bem como a
sua vida inspirou escritores como Daniel Defoe, Jonatham Swift e poetas como
Samuel Taylor Coleridge. Também escreveu livros de marinharia extremamente
valiosos para capitães de navios, havendo a realçar, por exemplo, a sua carta
dos ventos do Pacífico.
Em
1697 publicou “A new voyage around the World”.
A sua memória encontra-se eternizada em nomenclaturas de um porto e de
um arquipélago australianos, território onde descobriu a Nova Bretanha e uma
miríade de ilhas de pequena dimensão.
(3) Ilha de Más a Tierra –
Presentemente esta ilha, com cerca de 100 kms2 de superfície e escassamente
habitada, denomina-se de Robinson Crusué, desde 1966. Integra o arquipélago
chileno de Juan Fernandez, no Oceano Pacífico. Traduzido “Más a Tierra”
significaria, na expressão dos navegantes de então, como sendo a ilha que
estava mais próxima da terra continental. Era extremamente apreciada pelos
navegadores que ali aportavam a repousar as tripulações do escorbuto*.
* Escorbuto – Doença originada por
alimentação deficiente e que se inicia por provocar hemorragias nas gengivas.
Os marinheiros, passando longas temporadas no mar, onde só ingeriam bolachas e
carne salgada sofriam de avitaminoses. Deste modo o escorbuto implantava-se no
seio da tripulação e era uma doença que se podia considerar mortal pois
provocavam perca dos dentes, inflamações nas gengivas, impedindo os tripulantes
de comerem. Só muito mais tarde é que se apurou que a ingestão de verduras e
frutas era o melhor remédio para combater este mal, pois fornecia ao organismo
as doses de vitamina C essenciais. O escorbuto liquidou mais marinheiros das
diversas nações europeias do que todas as guerras travadas entre estas.
(4) Woodes Rogers – (1679/1732) -
Lendário marinheiro britânico, de actividade corsa. A sua espantosa vida
aventureira será alvo duma análise brevemente aqui no blogue.
(6) Febre-amarela – Doença infecciosa (mas
não contagiosa) transmitida por picada de mosquito, com especial predominância
territorial nos continentes africano e americano (Central e Sul). Apesar de
mortal quando não tratada, existe vacinação e tratamento. O cuidado principal a
ter na erradicação desta doença consiste no cuidado com as águas, evitando a
sua estagnação.
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Literatura:
A vida isolacionista de Alexander
Selkirk, enquanto hóspede insular em Mas a Tierra inspirou diversos livros,
entre os quais o mais célebre terá sido “Robinson Crusué” do escritor
londrino Daniel Defoe (1660-1731). Editado inicialmente em 1719, é um romance
de aventuras ficcionado sobre um náufrago que, durante quase uma trintena de
anos, viveu numa ilha tropical onde tropeçou com as mais fantasiosas
personagens, até ter sido resgatado.
Existem diversas edições em português
pelo que não aponto nenhuma em especial. Posteriormente o mesmo o Daniel Defoe
publicou a continuação desta saga aventureira e que relata o regresso de
Robinson Crusué à ilha onde vivera as aventuras descritas no primeiro volume.
As aventuras de “Robinson Crusué” foram editadas em todo o mundo, em todas as
línguas e é um dos livros mais vendidos e lidos de todos os tempos.
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Filmes
À semelhança da literatura já se efectuaram
diversas versões fílmicas e séries de televisão subordinadas às aventuras de
“Robinson Crusué”. Todas elas fantasiosas, à semelhança do livro que serve de
base para os guiões, do que visionei nada me prendeu a atenção.
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL
Marquês Sá da Bandeira – (Santarém, 26/09/1795 – Lisboa, 06/01/1876 - Bernardo
de Sá Nogueira de Figueiredo) - Oficial
do Exército Português (Tenente-General) e político abolicionista que
desempenhou altos cargos da nação. Como oficial atingiu a patente de
Tenente-General, Ajudante de Campo do Rei Dom Luís I e Director da Escola do
Exército e, como político, foi Conselheiro de Estado, Ministro da Marinha e do
Ultramar, Presidente do Conselho de Ministros e Par do Reino, entre outros.
Apesar de nunca ter estado em Moçambique, a sua luta tenaz pela erradicação da
escravatura acabou por trazer reflexos para este território. Lavrou avultada
legislação em múltiplos domínios, ao longo da sua carreira política, quer no
campo cultural, militar, económico e social, se bem que seja na luta que travou
pela abolição do tráfico e da escravatura o que mais o guindou para a
celebridade. Em 26 de Março de 1836 propõe, no Parlamento, uma lei para
erradicar o tráfico de escravos que, no entanto, não foi aprovada mas, em 10 de
Dezembro desse mesmo ano, em regime de ditadura, promulga essa lei. Em 1842,
com o Marquês do Lavradio, apresenta uma proposta de lei para abolir a
escravidão, que foi vetada mas, em 1845, com o mesmo tribuno, volta à carga com
nova proposta que declarava livres, em todas as colónias, os filhos das
mulheres escravas. Em 1848 e de novo, em 1851, como Deputado, promove legislação
para abolir, gradualmente, o negócio da escravatura e, em 1854, o Visconde de
Atougia, como Ministro da Marinha e do Ultramar, publica um decreto dando liberdade
aos escravos pertencentes ao estado. A 27 de Abril de 1858 obtém, do Rei Dom
Pedro V, a assinatura do decreto-lei que abolia, em definitivo, o estado da
escravidão em todo o território português, vinte anos a contar da publicação
desse decreto, período que se reduziu para 25 de Fevereiro de 1869. Publicou
inúmeros trabalhos coloniais, podendo-se apontar, entre outros, “O tráfico de escravatura e o bill de Lord Palmerston”, “Zambézia e Sofala – 1861” , “Cultura do algodão”, “A emancipação dos libertos - 1874” . Na sua visão política, o destino económico
de Portugal passava por “construir-se outro Brasil em África” e, nesse sentido,
decretou e orientou a criação de vários organismos de cariz administrativos e
económicos nas possessões africanas. Sá da Bandeira foi um dos mais brilhantes
políticos que atravessou o século XIX português, dotado de uma visão de
estadista. Ao findar o seu caminhar terrestre ficou sepultado em Santarém, em
campa rasa, rezando o final do seu epitáfio: “... a Pátria nada
lhe deve.”
Banja - Reuniões
da população de uma determinada localidade, onde se
debatem os assuntos comunitários.
Dom
António Barroso - (1854 -
1918 - António José Sousa Barroso) –
Bispo católico. Toma as ordens de sacerdote no ano de 1879, após o que parte
para Angola, onde funda a Missão de S. Salvador do Congo. Em 1892 é colocado,
como Bispo, em Moçambique, onde se mantém até 1898, altura em que, após uma
breve estadia na Índia, regressa à metrópole*, assumindo o Bispado do Porto,
cidade onde vem a falecer. Durante a sua permanência em território moçambicano
reorganizou, a fundo, a actividade missionária, atraindo a sociedade civil para
auxílio das mesmas, fundando o “Instituto
Rainha D. Amélia” (para raparigas) e o “Instituto João de Deus” (para rapazes) na Namaacha e dado à
estampa, nesse espaço de tempo, o relatório “Padroado de Portugal em África”. Publicou ainda outros relatórios religiosos
e científicos.
Bilharziose – Doença virótica que se propaga
através da utilização das águas estagnadas ou pouco oxigenadas, campo propicio
ao desenvolvimento do parasita causador de tal doença. O vírus entra através da
pele e instala-se no intestino, após bolear-se na corrente sanguínea, acabando
por promover a micção sanguínea, a destruição dos rins e podendo evoluir, nos
casos mais radicais, na morte do hospedeiro.
Biliosa – Doença hepática, que provoca vómitos
e febres. Pode ser fatal quando não tratada atempadamente.
Biombo – Bagagem que era transportada por um
carregador*.
Bitongas (Os) – Os bitongas fazem parte do ancestral
grupo de povos bantos* referidos por banto sul-oriental, que se instalaram a
sul do rio Save e até ao Limpopo. Os povos originais eram utilizadores do arco
e flecha e dominavam a olaria e a cordoaria. Tinham rituais de mutilação
corporal, tais como a tatuagem, limagem de dentes e uso feminino de discos
labiais. Sofreram, inicialmente, a influência asiática e criaram a lenda de um
herói ancestral, Faro, eventualmente vindo do oriente que, juntamente com os
seus companheiros, introduziram diversas plantas estranhas ao ecossistema local
e casaram-se com filhas dos chefes das terras dando origem a vários clãs,
contando-se entre estes o chefe Nhambi, donde deriva o nome de Inhambane. Seria com os seus
descendentes que Vasco da Gama* contactou, pela primeira vez que aportou em Moçambique,
na zona de Inharrime. Fruto da sua localização litoral, com a chegada dos
portugueses, comerciavam com estes. A influência asiática acentuou-se após a
criação da Companhia do Mazane de Diu*, tendo-se estabelecido, no povoado de
Inhambane*, em 1695, quarenta comerciantes vindos da Índia. Comerciantes por
natureza, os bitongas, fruto da forte influência islâmica, desenvolveram o
comércio da escravatura, se bem que depois também acabassem vítimas desde mesmo
comércio.
Xavier Botelho – (Lisboa,
1768 – Lisboa, 1840 – Sebastião Xavier Botelho) – Juiz. Encontrava-se na ilha de Moçambique*, em 1825, como Juiz
Desembargador, quando foi nomeado Capitão-General de Moçambique, Sofala e Rios
de Cuama, cargo que desempenhou até 1829. Depois de ter regressado a Lisboa foi
nomeado Embaixador em Paris e Membro Regente do Reino, no Brasil. Publicou “Memória
estatística sobre os domínios portugueses na África Oriental”.
Bússola - Também referida por agulha de marear,
é um instrumento de orientação composto por uma caixa cilíndrica que contém uma
agulha magnética, a qual indica sempre o norte e que está assente numa pequena
haste perpendicular ao mostrador, encontrando-se desenhado neste uma rosa dos
ventos. Admite-se que os chineses a tenham inventado há mais de mil anos antes
de Cristo, tendo os árabes herdado e aperfeiçoado este aparelho, fruto da sua
longa experiência náutica e, posteriormente, chegado ao conhecimento dos
europeus, após as Cruzadas; agulha genoisca.
Butaca – Direito sucessório que, nalguns
povos, recai sobre o filho primogénito da irmã mais velha do falecido; herança,
sucessão. A palavra butaca terá nascido da corrupção fonética de “unthaka” (palavra sena), que
significa herança.
Butaka - Conjunto de ensacas*, podendo atingir
os 250 homens.
Buque – Nativo malgaxe.
Burghess – O mesmo que bóer*.
Burro – 1) - O mesmo que boçal** ou caporro**;
2) - termo popular colonial para referir a cama de campanha, tipo padiola, de
lona sustida por dois pares de paus cruzados. Dobrava-se com muita facilidade e
era de fácil transporte, devido à sua leveza.
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* - Já aberta ficha
** - A abrir ficha
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LEITURAS EM PROSA
Título: As mãos dos pretos
Subtítulo: Antologia do conto moçambicanoAutor: Nelson Saúte (organização e prefácio)
Editora: Publicações Dom Quixote Ano: 2000 Págs.: 523 Género: Contos
Já aqui abordei anteriormente duas
antologias de contos, uma angolana e outra portuguesa. Hoje chamo a atenção
para este excelente trabalho de pesquisa e recolha de 51 contos moçambicanos
escritos por 34 autores, levado a cabo por Nelson Saúte.
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Título: Contos Portugueses do Ultramar (Antologia)
Subtítulo: Autor: Amândio César (coordenador).
Editora: Portucalense Editora Ano: Década de 60 Págs.: Género: Contos
Trata-se duma antologia de contos
editados no tempo do Ultramar Português. Esta antologia é composta por quatro
volumes a saber: o primeiro engloba os territórios de Cabo Verde, Guiné e São
Tomé e Príncipe; o segundo é sobre os contos de Angola; o terceiro sobre Índia,
Macau e Timor e o quarto volume abarca Moçambique. Uma obra de referência que,
hoje em dia, dificilmente se encontra no alfarrabistas mas que vale a pena
adquiri-la quando localizada, pois engloba um valioso espólio literário na área
do conto.
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LEITURAS EM POESIA
Título: Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial
Subtítulo: Autora: Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi (organização)
Editora: Edições Afrontamento Ano: 2011 Págs.: 646 Género: Poesia
E já que estamos em maré de antologias,
eis uma espectacular obra de recolha de poesia relacionada com as guerras
africanas que travámos nas passadas décadas de 60 e 70. Trata-se dum brilhante
acervo de memória poética, que tem por fundo a guerra nas suas diversas frentes
e vertentes. Não vale a pena estar com mais delongas crítico-filosóficas sobre
o livro. Trata-se duma obra fabulosa, que congrega 153 poetas, e da qual
recomendo vivamente a sua aquisição e leitura. Para que a nossa memória
colectiva não se perca.
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DISCOTECA
Petrus
Castrus – Forma latinizada de Pedro Castro, um dos fundadores
desta banda, juntamente como seu irmão José Castro foram, na minha opinião, a
melhor banda de rock´n roll do panorama musical português na primeira metade da
passada década de 70.
Nascidos em 1971, influenciados por
bandas anglo-saxónicas de rock sinfónico muito em voga na época (Pink Floyd e
Procol Harum, entre outras), apresentando a clássica formação de rock de duas
guitarras, teclas, órgão e bateria, os Petrus Castrus lançaram, em 1973, o
álbum “Mestre”, aquele que considero o melhor álbum de rock (em língua portuguesa)
até então editado no mercado português.
“Mestre” foi um long-play perfeitamente enquadrado
no espírito da época. Quem atravessou a mesma, no fulgor da sua vida, percebe
perfeitamente as letras deste álbum e hoje, envelhecido, ao volver o olhar para
trás e ao tornar a ouvir este disco não posso deixar de sorrir com uma certa
dose de nostalgia. Foi, sem dúvidas, o álbum certo na época certa e no País
certo. Foi um momento mágico que não mais se repetiu.
Abril de 74 apanhou-os no auge da fama e
os ventos de liberdade que então sopravam no nosso País afastou-os da música.
Sofrem nessa época uma baixa de vulto na formação inicial, com a saída de Júlio
Pereira, que se veio a consagrar como um virtuoso tocador de cavaquinho. A ele
se deve, em muito, a recuperação deste fabuloso instrumento português, tão
disseminado por esse mundo fora que quase todos julgavam que o mesmo era
havaiano (ukelele). A Júlio Pereira (um dos meus instrumentistas de cordas
preferido) e ao cavaquinho reservarei para outra altura uma abordagem.
Voltando aos Petrus Castrus, estes
reciclam-se e retornam às lides musicais com o acalmar da vertigem política dos
“anos da brasa” que tinha assolado Portugal e os irmãos Castro, com novos
elementos, tornam a gravar singles a partir de 1977. Mas a paragem musical, o
afastamento dos palcos, o desviar das atenções do País para outras causas e
eventos e o surgimento de novas bandas, com um pendor roqueiro muito mais
agressivo acabou por ser, no fundo, a certidão de óbito desta banda.
Para a História da música portuguesa da
década de 70 ficará o registo do álbum “Mestre”, que eu considero o melhor álbum de rock
dessa época e um dos melhores de todos os tempos. Em 2007 a banda, que era do
tempo dos “singles” e dos “Lp´s” (long-plays), ainda veio à tona da água ao
reeditar este álbum, mas agora em CD (Compact Disc).
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FILMOTECA
Título: Uma mulher em África / Minha terra, África (White
material)
Produtor: Realizador: Claire DenisActores: Isabelle Hupert, Cristopher Lambert, Nicolas Duvenchaelle
Ano: 2009 Género: Drama Duração: 100 minutos
Rodado nos Camarões, este filme retrata
Maria, uma mulher branca que, juntamente com o seu agregado familiar, explora
uma plantação de café algures num País africano. Quando eclode a guerra civil
nesse dito País os europeus são alertados para partirem mas Maria, contra tudo
e contra todos (incluindo a própria família) recusa-se a abandonar a sua
fazenda, principalmente porque é chegada a altura da colheita do café e há uma
fortuna ali a esboroar-se varrida pelos vendaval da loucura da guerra.
Culminando o filme numa orgia de sangue
na referida plantação, previsível à medida que a história avança e a densidade
do tema acentua-se, o filme aborda a duplicidade de paixões em que a cor da
pele é passaporte para a expulsão ou morte numa terra onde se cresceu, viveu,
criou riqueza e amou e, num determinado momento fugaz da História, teve o azar
de se ter a pele errada no continente errado. Porque esse foi o drama de muitos
europeus que foram mais africanos que os próprios naturais de lá.
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PINACOTECA
João Carlos Nezó – Pintor santomense, onde nasceu em
1964. Efectuou estudos tecnológicos em Havana e de artes pictóricas nas Belas
Artes e de cerâmica na Associação de Artesãos, ambas em Lisboa.
A janela para o mundo
Efectuou diversas exposições colectivas
e individuais, quer na sua terra natal quer em Portugal, bem como em Cuba,
Espanha e Gabão.
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GASTRONOMIA
Saboreei pantagruelicamente uma “francesinha”, um
manjar que há muito tempo não comia e quase que se me varria da memória.
Nós, que temos uma gastronomia riquíssima e que nos rendemos agora, bacocamente
extasiados, às fraudes dos “chefs” da treta que nos impingem comeres
arquitectonicamente muito bem elaborados mas que me deixam esfaimado no
estômago e esmifrado na carteira, aqui deixo a receita que me foi garantida ser
a original (será?). A verdade é que a segui a mesma à risca e gostei. E, se eu
gostei, é porque é bom. A minha volumetria estomacal é símbolo de garantia de
tal.
Francesinha
História:
As “francesinhas” têm, na sua “certidão
de nascimento”, a data da década de 60 do século XX tendo, como “pai”, Daniel
David Silva, emigrante que fora em França e “mãe” o “croque-monsieur” e o local
de nascimento registado no restaurante “A Regaleira”, sito na Rua do Bonjardim
– Porto.
Efectivamente, terá sido a partir do
“croque-monsieur” que Daniel David Silva inventou esta iguaria que, nos dias de
hoje, faz parte do património gastronómico portuense. Ajustando certos
ingredientes ao paladar e ao modo de manjar das gentes do Porto, produziu um
molho que é a marca indelével deste comer, no que o tornou numa das dez
sanduíches mais famosas do Mundo. Ir ao Porto e não provar uma “francesinha”
será o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa ou… andar a navegar na blogosfera e
não ler o meu blogue (modéstia à parte).
Hoje em dia a “francesinha” faz parte
obrigatória no roteiro gastronómico lusitano e sobre a mesma realizam-se
festivais anuais em diversas localidades nortenhas. Havendo diversas formas de
se fazer este manjar (mas mais ou menos parecidas variando essencialmente neste
ou naquele ingrediente) apresento a receita que presumo ser a original.
Ingredientes:
2 fatias de pão de forma
3 fatias de fiambre5/7 fatias de queijo
1 linguiça
2 fatias de paio
1 bife de 150/200 grs.
Molho: (4 pessoas)
1 sopa de marisco
1 sopa de rabo de boi3 cebolas médias
6 dentes de alho
2 folhas de louro
Salsa qb
Azeite qb
Sal qb
Piripiri qb
Farinha tipo Maizena para engrossar qb
2 colheres de sopa de polpa de tomate
1 cerveja
1 cálice de brandy, ou wiskhy ou aguardente
1 cálice de vinho do Porto
1 copo de vinho branco (maduro ou verde)
Segredos do molho:
Na realidade, o principal segredo da
francesinha está na confecção do molho. O doseamento quantitativo das diversas
bebidas que compõem o molho torna-o mais adocicado ou acre, pelo que será o
paladar do consumidor a definir.
Preparação
e confecção:
A) Francesinha (da base para o
topo e em fatias):
1 fatia de pão de forma
1 Fiambre + 1queijo + 1 paio
1 Bife
1 Fiambre + 1 queijo + 1 paio
1 Linguiça aberta
1 Fatia de pão de forma
3/5 Queijo
Nota:
1) Depois de colocado o queijo levar ao
forno a gratinar.
2) Preferencialmente grelhar a linguiça
e o bife.
B) Preparação e confecção:
Colocar num tacho o azeite, os alhos
picados, a cebola picada, as folhas de loureiro, sal e salsa;
Deixar refogar, acrescentando um pouco
de água e mexendo de vez em quando;Quando começar a alourar adicionar a cerveja, a polpa de tomate, o piripiri, as bebidas espirituosas, o vinho do Porto e o vinho de mesa;
Deixar ferver aproximadamente 10 minutos, mexendo de vez em quando;
Ralar tudo muito bem com a varinha mágica;
Preparar as sopas, de marisco e de rabo de boi separadamente e de forma individual (demoram cerca de 15 minutos);
Acrescentar as sopas ao molho principal (estrugido);
De forma a apurar deixar ferver 10 minutos, mexendo continuamente e servir bem quente;
Se necessário engrossar o molho com farinha tipo Maizena.
Acompanhamento:
Originalmente a francesinha era servida
de forma simples. Todavia, actualmente é, ou pode ser, servida com um ovo
estrelado a cavalo e batata frita a rodeá-la.
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O “croque-monsieur” é uma tosta francesa,
feita essencialmente com presunto e queijo, grelhados em frigideira ou no
forno, onde também se gratina queijo que encima a sandes. Nascida nos inícios
do século XIX, nos cafés parisienses, existem variantes internacionais desta
sandes (a nossa “francesinha” é uma delas), e há quem atribua a sua origem aos
soldados napoleónicos que, submetidos a marchas constantes e sem tempo para
grandes refeições, habituaram-se a pôr, entre duas fatias de pão, carnes que
houvessem misturadas com alguma charcutaria que arranjassem. Se se colocar um ovo estrelado por cima
do queijo gratinado, a sandes chamar-se-á de “croque-madame”.
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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA
Maravilhas naturais em redor do planeta
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