"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Alexander Selkirk



VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES


Alexander Selkirk (baptizado Selcraig) – (Lower Largo (Escócia), 1676 / costa ocidental africana, 13/12/1721) – Marinheiro britânico. Na sua juventude este escocês deu largas ao seu temperamento irascível e violento e, por diversas vezes, envolveu-se em dissabores por conflitos que provocava e descambavam em lutas. Aos 13 anos de idade conflituou com o pároco da sua localidade, por este não ter distribuído as esmolas que colectara para aos pobres. “No Domingo passado, o sacerdote, impedido de cumprir os seus deveres, viu-lhe ser barrada a entrada da igreja por uma grande multidão, chefiada por Jonh e Alexander Selcraig”, conforme registos nas actas da paróquia. Reza a história que depois deste incidente o pároco foi distribuir as esmolas a quem de direito. Aos 19 anos de idade, intimado a comparecer em audiência judicial, por desacatos provocados numa igreja local, opta por fugir e torna-se embarcadiço, optando por mudar o seu apelido para Selkirk, com que irá passar à História.
 
 
 
 Estátua erigida em homenagem a
Alexander Selkirk em Lower Largo
 

Durante seis anos navega pelos mares, aprendendo o rude ofício de marinheiro, até que regressa ao solo natal em 1701, instalando-se na casa paterna. Mas o seu temperamento irascível mantiver a-se e, nesse mesmo ano, numa violenta briga familiar por causa dum copo de água, agride os seus irmãos e o próprio pai que tentava aplacar a briga e apanhou por tabela, o que leva as autoridades locais a intervirem desta vez, não lhe dando oportunidades de fuga. Segundo as actas eclesiásticas de 29/11/1701: “Alexander Selcraig, cuja conduta causou escândalo ao brigar e entrar em discórdia com os irmãos, foi convocado, compareceu e, quando interrogado acerca do tumulto ocorrido em sua casa, de que se dizia ter sido ele o instigador, confessou que, tendo bebido um gole de água salgada e tendo o irmão Andrew rido dele por esse motivo, lhe batera por duas vezes com um bordão. Confessou também que proferira palavras muito soezas acerca do irmão Jonh e, em particular, desafiara-o para um combate de punhos….”.

Quando desponta a Primavera do ano seguinte Alexander Selkirk volta à sua actividade de marinheiro mas, desta vez, num outro grau: o de bucaneiro (1) e, em 1703, serve sob as ordens do corsário William Dampier (2). No ano seguinte, depois de várias peripécias nas viagens marítimas que efectua ao longo da costa sul-americana, conflitua com Thomas Strading, o comandante do navio “Cinq Ports” que dava apoio ao navio comandado por William Dampier. Quando o navio atinge a ilha de Más a Tierra (3), em Outubro de 1704, onde fica a descansar durante cerca de um mês, Alexandre Selkirk ao proceder a inspecções de reparação do mesmo apercebe-se que o madeirame do navio está apodrecido  e que carecia duma longa e exaustiva reparação em todo o seu cavername. Alerta o comandante do navio para tal facto, mas este recusa-se a ficar muito mais tempo naquela ilha e resolve levantar âncora.

Decidido a não arriscar a vida numa viagem marítima que quase de certeza levaria ao naufrágio do navio, arrisca-se a ficar sozinho na ilha pelo que pede ao Capitão Thomas Strading permissão para ficar em terra. Satisfeito por se ver livre deste marinheiro conflituoso, e que já por algumas vezes lhe causara dissabores este acede de bom grado. Deixam-lhe alguns bens pessoais, tais como uma arma de fogo e pólvora, uma faca, um machado pequeno, uma Bíblia e outros livros religiosos, bem como algumas ferramentas. Posteriormente o “Cinq Ports” viria a naufragar e a maior parte dos seus tripulantes morreria nesse naufrágio.

Alexander Selkirk irá passar os próximos quatro anos e quatro meses seguintes completamente sozinho nesta ilha, no que iria dar origem à lenda do Robinson Crusué. A solidão é o seu pior inimigo e quase o leva à loucura: “Sentia-se abatido, lânguido e melancólico, e só a custo reprimia o impulso de se agredir a si próprio até que aos poucos, graças à força da razão, è leitura frequente das Escrituras e ao estudo aturado da navegação em que se concentrou conseguiu, ao fim de dezoito meses, resignar-se à sua sorte”, conforme relatará o jornalista Richard Steele, que entrevistou anos mais tarde Alexander Selkirk.

 Sobrevive nesta ilha deserta onde o alimento abundava quer a nível de frutas e de vegetais, quer a nível de carne, pois na mesma habitavam, entre outras espécies, cabras selvagens ali introduzidas por antigos colonos espanhóis, bem como leões-marinhos e focas, para além do marisco que apanhava no vazamento das marés. A Bíblia e outros livros religiosos que trouxera ajudam-no a não perder o domínio da língua materna, para além de lhe amaciarem o espírito rebelde. O isolamento forçado convida-o à reflexão filosófica sobre o sentido da vida. A profissão de sapateiro e curtidor de peles que aprendera com o seu pai, na sua juventude, era-lhe agora extremamente útil no arranjo da pelaria que arrancava das cabras selvagens que caçava. Alexander Selkirk, depois de dezoito meses de estar na ilha, abandona a segurança litoral e começa a penetrar e a explorar a mesma. E descobre um Paraíso terreno com florestas, regatos de água fresca, ervas aromáticas e medicinais, diversos tipos de árvores de fruto entre as quais ameixoeiras que lhe forneciam ameixas na época e passas para o resto do ano, enfim toda uma panóplia de cheiros e uma palete de cores a seus pés. Acaba por construir uma cabana para se albergar, abandonando a gruta em que inicialmente se acoitara. A praga dos ratos que o atormentavam, chegando mesmo a mordê-lo resolveu combatendo-os com vários gatos selvagens que domesticou, descendentes dos que ali tinham sido abandonados por barcos anteriores. Cera vez logrou encontrar na praia arcos de ferro de barricas, abandonados por algum barco anterior à sua estadia. Com o ferro assim obtido fabricou facas e mesmo uma espécie de catana, tendo o lâmina meio metro de comprido e o punho feito de corno de cabra.

Por diversas vezes avistou navios ao longe, no mar, mas só dois deles aportaram à ilha. Por serem espanhóis escondeu-se deles. Duma das vezes ainda teve que fugir dalguns espanhóis desembarcados que o avistaram e perseguiram a tiro, mas acabaram por desistir. “Tratando-se duma presa tão insignificante é pouco provável que eles achassem que valia a pena despender muitos esforços na captura. Se fossem franceses eu ter-me-ia deixado apanhar, mas preferi correr o risco de morrer na ilha do que cair nas mãos dos espanhóis nestas paragens, pois temia que eles me assassinassem ou me enviassem como escravo para as minas”, conforme ele relatará mais tarde.

Finalmente a 01 de Fevereiro de 1709 acaba resgatado pelo navio corsário “Duke” comandado por Woodes Rogers (4) e pilotado, coincidentemente, por William Dampier que vara (5) naquela ilha. Um grupo de marinheiros saiu a terra e logrou cruzar-se com Alexander Selkirk que se dirigiu ao seu encontro ao aperceber-se que eram compatriotas. O seu aspecto selvagem, desgrenhado, vestindo peles de cabras, falando um linguajar meio estranho espantou os marinheiros que o levaram para o navio. “Parecia mais selvagem do que os anteriores proprietários das ditas peles. Da primeira vez que subiu a bordo, estava de tal forma esquecido da sua língua materna que mal o conseguíamos entender, pois dir-se-ia que devorava metade das palavras”, conforme escreverá Woodes Rogers no diário de bordo. Alexander Selkirk virá a tornar-se extremamente útil a Rogers, pelo seu profundo conhecimento da ilha. A sua reintegração no seio duma comunidade fechada como o era a dum navio fez-se a custo. O seu isolamento total durante quatro anos levara-o a tornar-se taciturno e muito reservado, pouco ou nada convivendo. O facto de ter deixado de comer sal, levou-o a durante muito tempo restringir a sua alimentação a bolachas e água, pois o seu organismo rejeitava carnes saladas, o mesmo se passando com bebidas alcoólicas. Levou também algum tempo a adaptar-se a calçar de novo sapatos, tanto tempo que andara descalço na ilha.

Integrado agora como oficial de bordo do comandante Woodes Rogers, Alexander Silkirk retoma a sua actividade corsária e vários são os navios mercantes que, ao percorrerem a costa sul-americana entre o Panamá ao Chile, são assaltados e saqueados pela flotilha de Rogers. A uma pequena embarcação capturada é rebaptizada de “Increase” e o comando da mesma é entregue a Alexander Silkirk que, ao capturar do navio “Assuncion”, acaba por tomar conhecimento pela tripulação aprisionada que o seu antigo navio “Cinque Ports” do qual ele se recusara a continuar a viajar e por isso ficara isolado na ilha de Más a Tierra, naufragara ao largo da Colômbia ao colidir contra recifes não assinalados nas cartas de marear. Desse desastre morreram 51 membros da tripulação apenas tendo escapado com vida o comandante Thomas Strading e mais seis marinheiros que acabaram capturados pelos espanhóis. À data em que Alexander Silkirk tomou conhecimento destes factos os sobreviventes do naufrágio ainda se encontravam presos em condições miseráveis, nos cárceres espanhóis. A actividade corsa continuou, sob o comando de Woodes Rogers e Alexander Silkirk participa activamente na tomada da cidade de Guayaquil, localizada na actual República do Equador e, mais tarde, depois de terem rumado para a área do México, na captura do galeão “Nuestra Senora de la Encarnación Y el Desengano” com um carregamento valioso de tecidos e de pedras preciosas.
 
Prosseguindo a sua viagem corsa, rumaram para Java (actual Indonésia), daqui para o Oceano Índico, dobraram o Cabo da Boa Esperança e atingem a Grã-Bretanha, aportando a Londres em Outubro de 1711, concluindo Woodes Rogers a sua terceira circum-navegação planetária e Alexander Silkirk a sua primeira e única. Cabia-lhe, do direito de saque, 800 libras (cerca de 80.000 euros actuais)

De regresso a solo pátrio tem os seus quinze minutos de glória. É uma personalidade célebre, concede entrevistas e inspira escritores de aventuras, depois de Woodes Rogers ter publicado o seu livro “A cruising voyage rouns the world”, onde relatava o seu encontro com Alexander Silkirk em Mas de Tierra.. Vai à sua terra natal e por lá fica uns meses e por lá deambula uns meses mas sem se adaptar. Retorna a Londres acompanhado duma mulher, Sophie, por quem se apaixonara e casa. Enviúva em 1718 e volta a casar com uma mulher chamada Frances Gandis e pouco mais se sabe deste período da sua vida. Depois das efémeras luzes da ribalta que se acenderam à sua chegada a Londres, vindo da actividade corsária, as mesmas apagaram-se.

No entanto acaba por voltar à condição de embarcadiço e, em 1720, integra a Marinha de Guerra como oficial navegador a bordo do navio Weymouth. Ruma para a África Ocidental, com a missão de reprimir o tráfico negreiro. Virá a falecer a bordo deste navio, vitimado por febre-amarela (6), quando este navegava na costa ocidental africana. Como marinheiro que sempre foi, acabou sepulto no mar, na nobre tradição da marinharia, envolto numa lona.
 
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Nota: A fonte de pesquisa principal para este trabalho foi o livro “Náufragos no Paraíso” de James C. Simmons, editado pela Antígona em 2007.

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(1) Bucaneiro – Pirata caribenho (da zona do Caribe). Distinguiam-se dos corsários e dos flibusteiros por assentarem as suas bases em fortes que defendiam intransigentemente. Os corsários navegavam pelos mares fora e bastas vezes estavam ao serviço duma potência marítima e assentavam a sua base no próprio navio e os flibusteiros eram caracterizados por fazerem uma pirataria mais costeira, mais litoral. No entanto, toda esta estirpe de aventureiros da pirataria tinha, na sua essência geográfica, o seu principal raio de acção na zona caribenha e, bastas vezes, eram derivados da rivalidade entre espanhóis e ingleses.

(2) William Dampier – (East Cocker (Inglaterra), 05/09/1651 – Londres, 08/03/1715) – Um dos maiores exploradores e corsários britânicos, tendo circum-navegado o planeta por três vezes no espaço temporal de quinze anos, no que é considerado o primeiro a efectuar tal proeza. Depois de ter tentado a actividade comercial em duas viagens que efectua à Terra Nova (actual Canadá) e ilha de Java (actual Indonésia) acaba por ingressar na Marinha de Guerra, em 1673 e, nesse mesmo ano, trava combates navais na guerra franco-holandesa (a Inglaterra era aliada dos franceses), onde sofre derrotas.

 
 
 William Dampier


Posteriormente suspende a actividade marítima e tenta negócios no México e na Jamaica, mas que, de novo, não lhe correm de feição. Arruinado, adere à vida corsária a partir de 1679 e serve sob o comando de alguns dos mais famosos da época. Efectuou três viagens de circum-navegação planetária 1690, 1699 e 1708. Foi nesta última expedição que acabou por resgatar do isolamento Alexander Selkirk. Foi, para além dum navegador excepcional, um homem que efectuou investigações sobre fauna e flora, quer na costa caribenha quer na costa australiana que vieram a influenciar cientistas como Charles Darwin, Alexander Humboldt e Joseph Banks, bem como a sua vida inspirou escritores como Daniel Defoe, Jonatham Swift e poetas como Samuel Taylor Coleridge. Também escreveu livros de marinharia extremamente valiosos para capitães de navios, havendo a realçar, por exemplo, a sua carta dos ventos do Pacífico.

Em 1697 publicou “A new voyage around the World”.  A sua memória encontra-se eternizada em nomenclaturas de um porto e de um arquipélago australianos, território onde descobriu a Nova Bretanha e uma miríade de ilhas de pequena dimensão.

(3) Ilha de Más a Tierra – Presentemente esta ilha, com cerca de 100 kms2 de superfície e escassamente habitada, denomina-se de Robinson Crusué, desde 1966. Integra o arquipélago chileno de Juan Fernandez, no Oceano Pacífico. Traduzido “Más a Tierra” significaria, na expressão dos navegantes de então, como sendo a ilha que estava mais próxima da terra continental. Era extremamente apreciada pelos navegadores que ali aportavam a repousar as tripulações do escorbuto*.

 


* Escorbuto – Doença originada por alimentação deficiente e que se inicia por provocar hemorragias nas gengivas. Os marinheiros, passando longas temporadas no mar, onde só ingeriam bolachas e carne salgada sofriam de avitaminoses. Deste modo o escorbuto implantava-se no seio da tripulação e era uma doença que se podia considerar mortal pois provocavam perca dos dentes, inflamações nas gengivas, impedindo os tripulantes de comerem. Só muito mais tarde é que se apurou que a ingestão de verduras e frutas era o melhor remédio para combater este mal, pois fornecia ao organismo as doses de vitamina C essenciais. O escorbuto liquidou mais marinheiros das diversas nações europeias do que todas as guerras travadas entre estas.

 
 
 
(4) Woodes Rogers – (1679/1732) - Lendário marinheiro britânico, de actividade corsa. A sua espantosa vida aventureira será alvo duma análise brevemente aqui no blogue.

 (5) Vara (de varar) – Acto de aportar um navio nalgum local para abastecer o mesmo de alimentos e água, restabelecer a tripulação doente e efectuar reparações no navio

(6) Febre-amarela – Doença infecciosa (mas não contagiosa) transmitida por picada de mosquito, com especial predominância territorial nos continentes africano e americano (Central e Sul). Apesar de mortal quando não tratada, existe vacinação e tratamento. O cuidado principal a ter na erradicação desta doença consiste no cuidado com as águas, evitando a sua estagnação.
 

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Literatura:

A vida isolacionista de Alexander Selkirk, enquanto hóspede insular em Mas a Tierra inspirou diversos livros, entre os quais o mais célebre terá sido “Robinson Crusué” do escritor londrino Daniel Defoe (1660-1731). Editado inicialmente em 1719, é um romance de aventuras ficcionado sobre um náufrago que, durante quase uma trintena de anos, viveu numa ilha tropical onde tropeçou com as mais fantasiosas personagens, até ter sido resgatado.

 
 
Uma das muitas edições desta obra


Existem diversas edições em português pelo que não aponto nenhuma em especial. Posteriormente o mesmo o Daniel Defoe publicou a continuação desta saga aventureira e que relata o regresso de Robinson Crusué à ilha onde vivera as aventuras descritas no primeiro volume. As aventuras de “Robinson Crusué” foram editadas em todo o mundo, em todas as línguas e é um dos livros mais vendidos e lidos de todos os tempos.

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Filmes

À semelhança da literatura já se efectuaram diversas versões fílmicas e séries de televisão subordinadas às aventuras de “Robinson Crusué”. Todas elas fantasiosas, à semelhança do livro que serve de base para os guiões, do que visionei nada me prendeu a atenção.


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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL

 





Marquês Sá da Bandeira – (Santarém, 26/09/1795 – Lisboa, 06/01/1876 - Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo) - Oficial do Exército Português (Tenente-General) e político abolicionista que desempenhou altos cargos da nação. Como oficial atingiu a patente de Tenente-General, Ajudante de Campo do Rei Dom Luís I e Director da Escola do Exército e, como político, foi Conselheiro de Estado, Ministro da Marinha e do Ultramar, Presidente do Conselho de Ministros e Par do Reino, entre outros.
 
 
 
Apesar de nunca ter estado em Moçambique, a sua luta tenaz pela erradicação da escravatura acabou por trazer reflexos para este território. Lavrou avultada legislação em múltiplos domínios, ao longo da sua carreira política, quer no campo cultural, militar, económico e social, se bem que seja na luta que travou pela abolição do tráfico e da escravatura o que mais o guindou para a celebridade. Em 26 de Março de 1836 propõe, no Parlamento, uma lei para erradicar o tráfico de escravos que, no entanto, não foi aprovada mas, em 10 de Dezembro desse mesmo ano, em regime de ditadura, promulga essa lei. Em 1842, com o Marquês do Lavradio, apresenta uma proposta de lei para abolir a escravidão, que foi vetada mas, em 1845, com o mesmo tribuno, volta à carga com nova proposta que declarava livres, em todas as colónias, os filhos das mulheres escravas. Em 1848 e de novo, em 1851, como Deputado, promove legislação para abolir, gradualmente, o negócio da escravatura e, em 1854, o Visconde de Atougia, como Ministro da Marinha e do Ultramar, publica um decreto dando liberdade aos escravos pertencentes ao estado. A 27 de Abril de 1858 obtém, do Rei Dom Pedro V, a assinatura do decreto-lei que abolia, em definitivo, o estado da escravidão em todo o território português, vinte anos a contar da publicação desse decreto, período que se reduziu para 25 de Fevereiro de 1869. Publicou inúmeros trabalhos coloniais, podendo-se apontar, entre outros, O tráfico de escravatura e o bill de Lord Palmerston, Zambézia e Sofala – 1861, Cultura do algodão, A emancipação dos libertos - 1874. Na sua visão política, o destino económico de Portugal passava por “construir-se outro Brasil em África” e, nesse sentido, decretou e orientou a criação de vários organismos de cariz administrativos e económicos nas possessões africanas. Sá da Bandeira foi um dos mais brilhantes políticos que atravessou o século XIX português, dotado de uma visão de estadista. Ao findar o seu caminhar terrestre ficou sepultado em Santarém, em campa rasa, rezando o final do seu epitáfio: “... a Pátria nada lhe deve.

Banja - Reuniões da  população  de uma determinada localidade, onde se debatem os assuntos comunitários.

Dom António Barroso - (1854 - 1918 - António José Sousa Barroso) – Bispo católico. Toma as ordens de sacerdote no ano de 1879, após o que parte para Angola, onde funda a Missão de S. Salvador do Congo. Em 1892 é colocado, como Bispo, em Moçambique, onde se mantém até 1898, altura em que, após uma breve estadia na Índia, regressa à metrópole*, assumindo o Bispado do Porto, cidade onde vem a falecer. Durante a sua permanência em território moçambicano reorganizou, a fundo, a actividade missionária, atraindo a sociedade civil para auxílio das mesmas, fundando o “Instituto Rainha D. Amélia” (para raparigas) e o “Instituto João de Deus” (para rapazes) na Namaacha e dado à estampa, nesse espaço de tempo, o relatório “Padroado de Portugal em África”. Publicou ainda outros relatórios religiosos e científicos.

Bilharziose – Doença virótica que se propaga através da utilização das águas estagnadas ou pouco oxigenadas, campo propicio ao desenvolvimento do parasita causador de tal doença. O vírus entra através da pele e instala-se no intestino, após bolear-se na corrente sanguínea, acabando por promover a micção sanguínea, a destruição dos rins e podendo evoluir, nos casos mais radicais, na morte do hospedeiro.

Biliosa – Doença hepática, que provoca vómitos e febres. Pode ser fatal quando não tratada atempadamente.

Biombo – Bagagem que era transportada por um carregador*.

Bitongas (Os) – Os bitongas fazem parte do ancestral grupo de povos bantos* referidos por banto sul-oriental, que se instalaram a sul do rio Save e até ao Limpopo. Os povos originais eram utilizadores do arco e flecha e dominavam a olaria e a cordoaria. Tinham rituais de mutilação corporal, tais como a tatuagem, limagem de dentes e uso feminino de discos labiais. Sofreram, inicialmente, a influência asiática e criaram a lenda de um herói ancestral, Faro, eventualmente vindo do oriente que, juntamente com os seus companheiros, introduziram diversas plantas estranhas ao ecossistema local e casaram-se com filhas dos chefes das terras dando origem a vários clãs, contando-se entre estes o chefe Nhambi, donde deriva o nome de Inhambane. Seria com os seus descendentes que Vasco da Gama* contactou, pela primeira vez que aportou em Moçambique, na zona de Inharrime. Fruto da sua localização litoral, com a chegada dos portugueses, comerciavam com estes. A influência asiática acentuou-se após a criação da Companhia do Mazane de Diu*, tendo-se estabelecido, no povoado de Inhambane*, em 1695, quarenta comerciantes vindos da Índia. Comerciantes por natureza, os bitongas, fruto da forte influência islâmica, desenvolveram o comércio da escravatura, se bem que depois também acabassem vítimas desde mesmo comércio. 
 
Xavier Botelho (Lisboa, 1768 – Lisboa, 1840 – Sebastião Xavier Botelho) – Juiz. Encontrava-se na ilha de Moçambique*, em 1825, como Juiz Desembargador, quando foi nomeado Capitão-General de Moçambique, Sofala e Rios de Cuama, cargo que desempenhou até 1829. Depois de ter regressado a Lisboa foi nomeado Embaixador em Paris e Membro Regente do Reino, no Brasil. Publicou Memória estatística sobre os domínios portugueses na África Oriental.

Bússola - Também referida por agulha de marear, é um instrumento de orientação composto por uma caixa cilíndrica que contém uma agulha magnética, a qual indica sempre o norte e que está assente numa pequena haste perpendicular ao mostrador, encontrando-se desenhado neste uma rosa dos ventos. Admite-se que os chineses a tenham inventado há mais de mil anos antes de Cristo, tendo os árabes herdado e aperfeiçoado este aparelho, fruto da sua longa experiência náutica e, posteriormente, chegado ao conhecimento dos europeus, após as Cruzadas; agulha genoisca.

Butaca – Direito sucessório que, nalguns povos, recai sobre o filho primogénito da irmã mais velha do falecido; herança, sucessão. A palavra butaca terá nascido da corrupção fonética de “unthaka” (palavra sena), que significa herança.

Butaka - Conjunto de ensacas*, podendo atingir os 250 homens.

Buque – Nativo malgaxe.
 
Burghess – O mesmo que bóer*.

Burro – 1) - O mesmo que boçal** ou caporro**; 2) - termo popular colonial para referir a cama de campanha, tipo padiola, de lona sustida por dois pares de paus cruzados. Dobrava-se com muita facilidade e era de fácil transporte, devido à sua leveza.

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* - Já aberta ficha
** - A abrir ficha

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LEITURAS EM PROSA


Título: As mãos dos pretos
Subtítulo: Antologia do conto moçambicano
Autor: Nelson Saúte (organização e prefácio)
Editora: Publicações Dom Quixote     Ano: 2000      Págs.: 523     Género: Contos

 

 

Já aqui abordei anteriormente duas antologias de contos, uma angolana e outra portuguesa. Hoje chamo a atenção para este excelente trabalho de pesquisa e recolha de 51 contos moçambicanos escritos por 34 autores, levado a cabo por Nelson Saúte.

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Título: Contos Portugueses do Ultramar (Antologia)
Subtítulo:          
Autor: Amândio César (coordenador).
Editora: Portucalense Editora     Ano:  Década de 60    Págs.:     Género: Contos

 

 

Trata-se duma antologia de contos editados no tempo do Ultramar Português. Esta antologia é composta por quatro volumes a saber: o primeiro engloba os territórios de Cabo Verde, Guiné e São Tomé e Príncipe; o segundo é sobre os contos de Angola; o terceiro sobre Índia, Macau e Timor e o quarto volume abarca Moçambique. Uma obra de referência que, hoje em dia, dificilmente se encontra no alfarrabistas mas que vale a pena adquiri-la quando localizada, pois engloba um valioso espólio literário na área do conto.

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LEITURAS EM POESIA


Título: Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial
Subtítulo:
Autora: Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchi (organização)
Editora: Edições Afrontamento     Ano:  2011     Págs.: 646    Género: Poesia
 
 
E já que estamos em maré de antologias, eis uma espectacular obra de recolha de poesia relacionada com as guerras africanas que travámos nas passadas décadas de 60 e 70. Trata-se dum brilhante acervo de memória poética, que tem por fundo a guerra nas suas diversas frentes e vertentes. Não vale a pena estar com mais delongas crítico-filosóficas sobre o livro. Trata-se duma obra fabulosa, que congrega 153 poetas, e da qual recomendo vivamente a sua aquisição e leitura. Para que a nossa memória colectiva não se perca.
 
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DISCOTECA
 

Petrus Castrus – Forma latinizada de Pedro Castro, um dos fundadores desta banda, juntamente como seu irmão José Castro foram, na minha opinião, a melhor banda de rock´n roll do panorama musical português na primeira metade da passada década de 70.

 

 Tiuanaco
 
Nascidos em 1971, influenciados por bandas anglo-saxónicas de rock sinfónico muito em voga na época (Pink Floyd e Procol Harum, entre outras), apresentando a clássica formação de rock de duas guitarras, teclas, órgão e bateria, os Petrus Castrus lançaram, em 1973, o álbum “Mestre”, aquele que considero o melhor álbum de rock (em língua portuguesa) até então editado no mercado português.

 
 
Mestre

Mestre” foi um long-play perfeitamente enquadrado no espírito da época. Quem atravessou a mesma, no fulgor da sua vida, percebe perfeitamente as letras deste álbum e hoje, envelhecido, ao volver o olhar para trás e ao tornar a ouvir este disco não posso deixar de sorrir com uma certa dose de nostalgia. Foi, sem dúvidas, o álbum certo na época certa e no País certo. Foi um momento mágico que não mais se repetiu.

 

  Pasárgada

Abril de 74 apanhou-os no auge da fama e os ventos de liberdade que então sopravam no nosso País afastou-os da música. Sofrem nessa época uma baixa de vulto na formação inicial, com a saída de Júlio Pereira, que se veio a consagrar como um virtuoso tocador de cavaquinho. A ele se deve, em muito, a recuperação deste fabuloso instrumento português, tão disseminado por esse mundo fora que quase todos julgavam que o mesmo era havaiano (ukelele). A Júlio Pereira (um dos meus instrumentistas de cordas preferido) e ao cavaquinho reservarei para outra altura uma abordagem.

 

 

Voltando aos Petrus Castrus, estes reciclam-se e retornam às lides musicais com o acalmar da vertigem política dos “anos da brasa” que tinha assolado Portugal e os irmãos Castro, com novos elementos, tornam a gravar singles a partir de 1977. Mas a paragem musical, o afastamento dos palcos, o desviar das atenções do País para outras causas e eventos e o surgimento de novas bandas, com um pendor roqueiro muito mais agressivo acabou por ser, no fundo, a certidão de óbito desta banda.

Para a História da música portuguesa da década de 70 ficará o registo do álbum “Mestre”, que eu considero o melhor álbum de rock dessa época e um dos melhores de todos os tempos. Em 2007 a banda, que era do tempo dos “singles” e dos “Lp´s” (long-plays), ainda veio à tona da água ao reeditar este álbum, mas agora em CD (Compact Disc).

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FILMOTECA

Título:             Uma mulher em África / Minha terra, África (White material)
Produtor:                            Realizador: Claire Denis
Actores: Isabelle Hupert, Cristopher Lambert, Nicolas Duvenchaelle
Ano: 2009        Género: Drama          Duração: 100 minutos

 
 

Rodado nos Camarões, este filme retrata Maria, uma mulher branca que, juntamente com o seu agregado familiar, explora uma plantação de café algures num País africano. Quando eclode a guerra civil nesse dito País os europeus são alertados para partirem mas Maria, contra tudo e contra todos (incluindo a própria família) recusa-se a abandonar a sua fazenda, principalmente porque é chegada a altura da colheita do café e há uma fortuna ali a esboroar-se varrida pelos vendaval da loucura da guerra.

Culminando o filme numa orgia de sangue na referida plantação, previsível à medida que a história avança e a densidade do tema acentua-se, o filme aborda a duplicidade de paixões em que a cor da pele é passaporte para a expulsão ou morte numa terra onde se cresceu, viveu, criou riqueza e amou e, num determinado momento fugaz da História, teve o azar de se ter a pele errada no continente errado. Porque esse foi o drama de muitos europeus que foram mais africanos que os próprios naturais de lá.

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PINACOTECA

João Carlos Nezó – Pintor santomense, onde nasceu em 1964. Efectuou estudos tecnológicos em Havana e de artes pictóricas nas Belas Artes e de cerâmica na Associação de Artesãos, ambas em Lisboa.

 

A janela para o mundo
 

Efectuou diversas exposições colectivas e individuais, quer na sua terra natal quer em Portugal, bem como em Cuba, Espanha e Gabão.

 

 
"Carapinha"

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GASTRONOMIA
 

Saboreei pantagruelicamente uma “francesinha”, um manjar que há muito tempo não comia e quase que se me varria da memória. Nós, que temos uma gastronomia riquíssima e que nos rendemos agora, bacocamente extasiados, às fraudes dos “chefs” da treta que nos impingem comeres arquitectonicamente muito bem elaborados mas que me deixam esfaimado no estômago e esmifrado na carteira, aqui deixo a receita que me foi garantida ser a original (será?). A verdade é que a segui a mesma à risca e gostei. E, se eu gostei, é porque é bom. A minha volumetria estomacal é símbolo de garantia de tal.

 

 

Francesinha

História:

As “francesinhas” têm, na sua “certidão de nascimento”, a data da década de 60 do século XX tendo, como “pai”, Daniel David Silva, emigrante que fora em França e “mãe” o “croque-monsieur” e o local de nascimento registado no restaurante “A Regaleira”, sito na Rua do Bonjardim – Porto.

Efectivamente, terá sido a partir do “croque-monsieur” que Daniel David Silva inventou esta iguaria que, nos dias de hoje, faz parte do património gastronómico portuense. Ajustando certos ingredientes ao paladar e ao modo de manjar das gentes do Porto, produziu um molho que é a marca indelével deste comer, no que o tornou numa das dez sanduíches mais famosas do Mundo. Ir ao Porto e não provar uma “francesinha” será o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa ou… andar a navegar na blogosfera e não ler o meu blogue (modéstia à parte).

Hoje em dia a “francesinha” faz parte obrigatória no roteiro gastronómico lusitano e sobre a mesma realizam-se festivais anuais em diversas localidades nortenhas. Havendo diversas formas de se fazer este manjar (mas mais ou menos parecidas variando essencialmente neste ou naquele ingrediente) apresento a receita que presumo ser a original.

Ingredientes:

2 fatias de pão de forma
3 fatias de fiambre
5/7 fatias de queijo
1 linguiça
2 fatias de paio
1 bife de 150/200 grs. 

Molho: (4 pessoas)

1 sopa de marisco
1 sopa de rabo de boi
3 cebolas médias
6 dentes de alho
2 folhas de louro
Salsa qb
Azeite qb
Sal qb
Piripiri qb
Farinha tipo Maizena para engrossar qb
2 colheres de sopa de polpa de tomate
1 cerveja
1 cálice de brandy, ou wiskhy ou aguardente
1 cálice de vinho do Porto
1 copo de vinho branco (maduro ou verde)

Segredos do molho:

Na realidade, o principal segredo da francesinha está na confecção do molho. O doseamento quantitativo das diversas bebidas que compõem o molho torna-o mais adocicado ou acre, pelo que será o paladar do consumidor a definir.


Preparação e confecção:

 
A) Francesinha (da base para o topo e em fatias):

1 fatia de pão de forma
1 Fiambre + 1queijo + 1 paio
1 Bife
1 Fiambre + 1 queijo + 1 paio
1 Linguiça aberta
1 Fatia de pão de forma
3/5 Queijo

Nota:

1) Depois de colocado o queijo levar ao forno a gratinar.
2) Preferencialmente grelhar a linguiça e o bife.

B) Preparação e confecção:

Colocar num tacho o azeite, os alhos picados, a cebola picada, as folhas de loureiro, sal e salsa;
Deixar refogar, acrescentando um pouco de água e mexendo de vez em quando;
Quando começar a alourar adicionar a cerveja, a polpa de tomate, o piripiri, as bebidas espirituosas, o vinho do Porto e o vinho de mesa;
Deixar ferver aproximadamente 10 minutos, mexendo de vez em quando;
Ralar tudo muito bem com a varinha mágica;
Preparar as sopas, de marisco e de rabo de boi separadamente e de forma individual (demoram cerca de 15 minutos);
Acrescentar as sopas ao molho principal (estrugido);
De forma a apurar deixar ferver 10 minutos, mexendo continuamente e servir bem quente;
Se necessário engrossar o molho com farinha tipo Maizena.

Acompanhamento:

Originalmente a francesinha era servida de forma simples. Todavia, actualmente é, ou pode ser, servida com um ovo estrelado a cavalo e batata frita a rodeá-la.

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O “croque-monsieur” é uma tosta francesa, feita essencialmente com presunto e queijo, grelhados em frigideira ou no forno, onde também se gratina queijo que encima a sandes. Nascida nos inícios do século XIX, nos cafés parisienses, existem variantes internacionais desta sandes (a nossa “francesinha” é uma delas), e há quem atribua a sua origem aos soldados napoleónicos que, submetidos a marchas constantes e sem tempo para grandes refeições, habituaram-se a pôr, entre duas fatias de pão, carnes que houvessem misturadas com alguma charcutaria que arranjassem. Se se colocar um ovo estrelado por cima do queijo gratinado, a sandes chamar-se-á de “croque-madame”.


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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA

 
Maravilhas naturais em redor do planeta
 

 
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Contra a violência animal, sempre. Não se acobarde: actue, denuncie. Os animais estão indefesos contra a bestialidade de alguns ditos humanóides, que não passam de bestas à solta. O seu silêncio torna-o cúmplice.
 
 
 

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DECLARAÇÃO DE INTERESSES
 

O texto acima reproduzido foi escrito em desacordo com o Novo Acordo Ortográfico.

 

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E agora... vou dormir de novo durante uma quinzena. 
 


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