"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

domingo, 5 de agosto de 2012

Conclusão do Relatório George Stucky



Nota: Estou de férias até meados de Setembro. Hoje, só para não adiar mais, limito-me a colocar o final do relatório de George Stucky na Campanha do Niassa, na História de Moçambique Colonial; a análise sucinta de dois livros que li; dois pequenos vídeos sobre o bailado dos estorninhos e dois pequenos comentários sobre outras tantas notícias que li. E chega de computador. A partir de Setembro, este blogue será actualizado quinzenalmente.
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL






Relatório da Campanha do Mataca, de George Stucky (Parte IV)


1 de Novembro: Descanso. Um irmão do Mataca manda também uma ponta de marfim e umas 50 espingardas. Pequena chuva de manhã; bom tempo de tarde. Devíamos partir amanhã mas há contra-ordem. 2 de Novembro: Esperamos, parece, o irmão do Mataca: o tal que enviou ontem o marfim e as armas – mas se faz como o seu sénior? Pelas 11 horas sei indirectamente (pois não vou mais ao quartel) que o Zarafi fugiu! Consequência imediata: razia de todos os habitantes das povoações. Pelo meio-dia, uma pequena força de soldados, acompanhada de sipaios, sai do acampamento. Os sipaios regressam de tarde com uma coluna considerável de presos: homens, mulheres e crianças que os seguem docilmente, sem a mínima observação. Não tiveram custo nenhum os sipaios para apanhar tanta gente, que se encontrava tranquilamente assentada diante das palhotas, e que não fez a menor resistência. Ainda mais, não mostram o mínimo medo. Mas que vamos fazer com tanta gente – que será naturalmente necessário nutrir durante o caminho? Às 8,30 horas da tarde sabemos que o regresso está fixado para amanhã. Começávamos a desesperar. 3 de Novembro: Saída às 6 horas. Os prisioneiros (?) de ontem oferecem uma ocasião única de curiosos instantâneos. Ai de mim! Não tenho nenhum aparelho fotográfico. Não se pode imaginar nada de mais estranho, de mais singular – e ao mesmo tempo – de mais triste, que o desfile desta massa humana. A contar de hoje, não estou mais na vanguarda: assim o decidiu o Major. Estou na retaguarda – posto de honra – e encarregado do comboio (vigilância). Poderia tirar orgulho de ter sido escolhido para este perigoso posto, mas tenho na ideia que não é precisamente para a honra o perigo para que eu fui designado, mas para livrar-se da minha presença. Será talvez engano meu? É facto que a vigilância do comboio ma obrigará a ficar a uns 2/3 quilómetros da coluna europeia. Pois bem, confesso que esta mudança, apesar do perigo ainda possível, trabalho e a responsabilidade suplementar que me dará, não é para desagradar-me, pois vou estar completamente livre dos meus movimentos, e quase desobrigado de relações de serviço directos com S. Exa. Um imenso alívio moral dum lado, compensado, do outro, por mais perigos, mas é preciso imaginar-se que me sairei a bem desta nova missão. Tenho, felizmente, para me ajudar o capitão Mateus e posso contar absolutamente com ele para vigiar, repreender, ajudar se for preciso os retardatários e defendê-los se fosse necessário. O Bastos, apesar de muito abatido, sempre me ajudará na medida do possível e em caso de emergência perigosa, sei que posso ter o mais dedicado dos amigos. A sua dedicação por mim participa tanto de amizade sincera, como do mais puro patriotismo. Tenho que me louvar de tê-lo guardado no nosso regresso do Kouemba, em vez de o mandar acompanhar os carregadores a Milange e Namacurra. Não fui encarregado – felizmente – da condução dos prisioneiros. Boa maçada a menos… Marcha de 24 quilómetros… Almoçámos às 2,30 horas um punhado de arroz com 3 sardinhas assadas. De tarde, um pobre soldado morre de disenteria crónica – por falta de medicamentos – sem falar dos cuidados que era de todo impossível proporcionar-lhe em campanha. É o quinto, creio, que falece na coluna. 2 em Napulu e 2 à chegada a Zomba. Que tristeza, ver esta mocidade sucumbir aos insultos do clima, às fadigas tremendas da campanha e a tantas privações. Não sou convidado às exéquias deste infeliz companheiro de luta – e do meu livre arbítrio, não quis assistir, a fim de evitar mais um conflito; mas darei parte ao Governador-Geral, desta falta de cortesia. Que Deus tenha a alma deste coitado e que descanse em paz. 4 e 5 de Novembro: Sem incidentes: etapas de 28 e 24 quilómetros. 6 de Novembro: A coluna parece completamente desorganizada. Cada um faz o que quer. O Major vai adiante, mergulhado nos seus pensamentos. Deixou o cavalo e vai de machila, o que é mais cómodo e rápido. Está muito enfraquecido, muito abatido. Como todos, envelheceu muito e mete pena. Marcha agora em primeiro e sem se preocupar de nada. Os soldados marcham como querem. Uns puderam arranjar machilas de ocasião (um pau armado em bambu e uma rede como maca e, assim, vão arrastados por carregadores armados em machileiros) outros nuns burros que vieram de Napulu e os mais robustos a pé. Param, tagarelam, fumam de vez em quando e deixar-se-iam ficar para trás – atrás de mim, se não insistisse com gentileza, mas com firmeza. É preciso dizer também a favor deles, que estas marchas são simplesmente excessivas, rápidas demais, quase as de machileiros e sem descanso nenhum desde a manhã, 6 horas, até à chegada ao campo pelo meio-dia e às vezes mais tarde. Isto é uma andadura para pretos ou caçadores bem treinados, mas nunca para soldados europeus enfraquecidos e desanimados. Aqueles que por qualquer razão pararem, que deixarem durante algum tempo a coluna, não podem mais reunir e tornam-se retardatários forçados. O almoço fica sempre pronto demasiado tarde: 21 e 23 horas. Hoje, S. Exa. parou às 11 horas debaixo da sombra, sem dúvida para deixar respirar os machileiros. Como não desse ordem nenhuma, a coluna continuou naturalmente a marcha, excepto o cozinheiro que, retido pelo Major, com ele demorou. Pela 1 hora de tarde, os oficiais mandaram parar a marcha e deram ordem de acampar. Depois, esperaram: - esperaram 1 hora, depois 2 horas e enfim 3 horas sem notícias do Major, nem, bem entendido, do “mestre”. Às 4,30 horas manda S. Exa. o seu ajudante exprimir o seu descontentamento, queixar-se da falta de consideração para com a sua pessoa, ajuntando que, quem quisesse almoçar (e naturalmente jantar) deveria vir encontrá-lo, pois não mandaria aí o “mestre”. Os oficiais estão, pois, obrigados ou a privarem-se do almoço/jantar ou a fazer uns 4 quilómetros de marcha – e a noite está quase fechada – para comer. Compadeço-me muito de quem for obrigado a submeter-se a estas obrigações. Enquanto a mim, prefiro mascar um pau de mandioca e uma bolacha, do que aturar uma tal brincadeira. Estamos apenas no 4º dia de marcha e já faltam o vinho e o açúcar. Isto é o menos, pois temos água boa dos mucurros e não necessitamos de açúcar (excepto os doentes). 7 de Novembro: Mais uma etapa medonha. Há uma quantidade de retardatários. Por excepção almoçámos às 2 horas (algum bacalhau com uma pequena porção de arroz e 3 sardinhas assadas). Temos mesmo um pouco de café. É fraco, muito fraco este pobre café, mas estamos muito felizes por bebê-lo, mesmo sob esta forma tão diluída. 8 de Novembro: Boa marcha de 26 quilómetros. Estaremos amanhã em Napulu. Chuva miúda de manhã. 9 de Novembro: Aqui estamos em Napulu, antes do meio-dia. Vamos poder-nos restaurar-nos, pois sabemos que temos víveres frescos. Era tempo que o nosso regime monacal parasse. Restava-nos só uma vitela de leite, e em qual estado pode imaginar-se, depois de tantos quilómetros percorridos. Uma sombra de vitela. Tenho o prazer de tomar conhecimento com o novo comandante do forte D. Carlos. É um oficial de marinha muito distinto, que me oferece logo de tudo que possa dispor. Uma jóia de camarada. Quanto estou comovido por tanta generosidade, depois do que tenho sofrido, algures! Mau tempo. Forte chuva de tarde. Contanto que a gente não se demore aqui. 10 e 11 de Novembro: Descanso. O rancho é melhor e há vinho à refeição. Que banquete! 12 de Novembro: Saída às 5,30 horas. O Major decide que todas as praças europeias irão montadas a cavalo, burro, machila, a fim de ganhar tempo na marcha e de evitar-lhes as fadigas que não poderiam mais aguentar. Manda-se fazer machilas com fibras tecidas que para alguns dias sempre servirão. Cerca de 800 sipaios estão afectados aos transportes das praças e recebem só 5 dias de poço, que não me parece chegar para atingir Milange, mas o Major conta sobre umas compras que deve fazer o Sinderam. Mas onde o bom do Sinderam poderá comprar alguma coisa? Só em território inglês, pois toda a região entre o Chirua e Kouemba é completamente raziada. E depois, mesmo se comprar, terá que transportar os volumes, tarefa não fácil. Mas verdade é que o homem é muito esperto e tem imensa prática com os pretos. Marcha enorme de 30 quilómetros. Apesar de andar de machila, uma boa metade das praças fica para trás, e os portadores, quer cansados, quer com má vontade, têm a culpa disto. Mas também deve dizer-se que a maior parte dos tais portadores nunca foram machileiros, o que é a sua desculpa. Não há almoço, porque os carregadores não chegaram. 13 de Novembro: Marcha das 6 até às 10 horas. Alto em Tamboué para almoço. Segunda etapa de tarde das 6 à 1,30 horas da manhã! 14 de Novembro: Pelas 7 horas da manhã a maior parte das praças ainda não chegou e os senhores carregadores armados em machileiros chegam só pelas 8/9 horas. Preferiram ontem, acampar à meia-noite e põem-se de novo a caminho pela manhã cedo. Fazem o que querem. 15 de Novembro: Boa marcha de mais de 25 quilómetros. O Chirua está à vista às 8 horas. Os montes de Zomba estão apenas visíveis. Aí, muito longe, ao Sul, perdidos nas nuvens, os picos de Milange. Fico um grande momento a contemplar a beleza da paisagem que se depara aos nossos olhos. Acampamos ao pé do monte Comoni. 16 de Novembro: Devíamos parar aqui (acordo Major/Sinderam) para receber o poço dos sipaios mas o Major, já não pensa mais no contrato feito e continuamos o caminho sem levar os volumes que o Sinderam pôde reunir. O Major, certamente doente e preocupado por não sei qual sonho, anda, anda sem parar; não parece interessar-se por coisa alguma… senão pela marcha. Marcha enorme de 37-38 quilómetros. Os soldados mesmo têm dó dos seus portadores: uma boa parte prefere andar a pé, do que estafar por completo e impor fadigas impossíveis à gente esfomeada e cujos ombros estão esfolados já desde há dias e os pés inchadíssimos. A coluna chega só pelas 5 horas. 17 de Novembro: O Major percebeu – enfim – que se devia deixar descansar os carregadores. Sinderam – bom rapaz – faz seguir as cargas que ele pode arranjar (alguma mapira, algum milho). Os sipaios recebem só litro e meio em vez dos 5 litros que deveriam ter. Campo levantado às 5 horas da tarde para irmos acampar ao Sambani, às 8,30 horas. Temperatura realmente admirável para viajar de noite – que é uma boa ideia. 18 de Novembro: Acampamento junto à serra Maosi. 19 de Novembro: Chuva durante toda a noite e até ao acampamento às 2,30 horas, perto do Toundo. Caminhos horríveis. O mais pequeno riacho torna-se rio. Oficiais e soldados chegam num estado lastimável, molhados até aos ossos. Obrigados a fazer algumas fogueiras para secarem-se. Nas somos ainda muito felizes de encontrar algumas velhas palhotas par abrigar-nos da chuva que não cessa. As praças têm as suas tendas – por assim dizer impermeáveis – mas a chuva é tão forte que não leva tempo nenhum para atravessá-las completamente. Outrossim, se encontra palha alguma para guarnecer o solo e os soldados, coitados, deverão dormir sobre a terra molhada. Inútil mesmo sonhar em utilizar os capotes e os cobertores, completamente encharcados. Quantas bronquites amanhã! Felizmente que Milange está à vista. Felizmente ainda que tivemos bom tempo durante toda a campanha: senão, não sei como teríamos chegado ao Mataca. Os pântanos da planície encheram-se de água de tal maneira que muitos machileiros tinham água até ao peito, alguns até ao pescoço. Como teriam passado as praças se não fossem os pretinhos? 20 de Novembro: Chegamos ao forte às horas do almoço. O comandante informa-me logo que o Governador de Quelimane tem dado ordens para que os nossos sipaios sejam desarmados aqui mesmo e sejam reenviados imediatamente, com o poço necessário, para os prazos. Isto é uma boa novidade. S. Exa. percebeu ou adivinhou as nossas atribulações… graças lhe sejam dadas. Estamos, pois, desligados, Bívar e eu, de todas as nossas obrigações militares e livres. Vejo na decisão do Governador uma resposta indirecta ao pedido que tínhamos feito, Bívar e eu, em Zarafi. Bívar, sobretudo, exultava. Apenas foi informado da decisão do Governador, foi falar com o Major e preveni-lo que não receberia mais ordens; é provável que lhe dissesse algo mais… Isto para quem conhece o seu carácter vivo, mas, se tal sucedesse, o Major não o teria um pouco merecido? A coluna partirá amanhã, os sipaios da Companhia da Zambézia a acompanharão até ao Chilomo. Os sipaios do Boror, Maganja e Marral estão livres de partir quando quiserem. 21 de Novembro: Ordem de saída às 6,30 horas, mas é só pelas 9 horas que a coluna põe-se em marcha para Chilomo. Não é sem uma certa emoção que me despeço de todos os meus camaradas, não sem estar profundamente comovido que me separei do Bívar e do Terry, os meus fieis companheiros de lutas e misérias, tão modestos heróis às horas do perigo (e disso tive muitas provas) como dedicados e sinceros na sua inalterável amizade. Quão terna foi a sua camaradagem e quão vivas “saudades” guardarei de sua memória, se a vida não nos permitir de mais nos encontrarmos… um dia. Durante estes cinco meses de campanha, havia-se criado entre nós – e diria mesmo entre todos os oficiais que conheci – uma sorte de comunhão de ideais, de sentimentos verdadeiramente atraentes. Esta comunhão, inspirada pela maior das virtudes: o amor da Pátria, é certamente inerente a todos os que participam durante tanto tempo nos mesmos perigos, nos mesmos sofrimentos. Amanhã, por minha vez, tomarei o caminho do regresso, que não é o dos meus lares, mas o da liberdade, do rude trabalho que me resta cumprir na Zambézia, até à extinção das minhas forças, enquanto estas forças poderem ainda “servir” no interesse supremo da País. Quando vi desaparecer a uma curva do caminho, lá ao longe, na orla da floresta, a última machila, o último carregador da coluna senti em mim mesmo como uma espécie de grande falta, como se perdesse de repente um ente caro – e muito custo tive para reter diante dos meus sipaios as lágrimas que estavam para jorrar dos meus olhos entristecidos. /// Seria um ingrato se, no momento de fechar estas notas, não dirigisse aos meus colaboradores os agradecimentos e os louvores que merecem: ao Bastos, em primeiro lugar, pela dedicação que deu tantas provas: homem calmo, pontual, reservado, sempre pronto para tudo, valente sem jactância, como se fosse uma coisa natural. Ao capitão Mateus (antigo regula da Maganja da Costa – nota do Autor: consultar ficha de Mateus (filho)) comandante dos sipaios da Companhia: modelo de chefe indígena, duma superioridade incontestável, grande táctico, caçador de grande classe, dedicado, valente, hábil, de sangue frio – vi-o fumar muito sossegadamente quando as balas lhe sibilavam por todos os lados – com golpe de vista infalível no terreno. Enfim, a todos os sipaios e carregadores, que têm cumprido com tanta abnegação e bom humor, e com a devida coragem nos combates – aoponto de verem-se citados na ordem do dia mais de uma vez, isto sem contar com as privações que sofreram com uma santa resignação, digna de toda a nossa admiração. Quanto aos pobres carregadores não morreram de doença e de esfalfamento nos ásperos caminhos do Kouemba. É preciso reconhecer ao preto da Zambézia a homenagem e o reconhecimento que lhe são devidos, pois sem as suas qualidades de disciplina, de confiança absoluta, de respeito que eles têm pelos Brancos – qualidades inculcadas desde pequenos pelos arrendatários dos prazos – jamais Europeus teriam podido conseguir o “tour de force” de chegar ao Mataca. E quando foi do regresso, quando estes Europeus, já extenuados, desmoralizados, doentes, quase todos, quando a MORTE já girava em roda deles, foram ainda os bons sipaios, armados em machileiros, que os têm salvado. E os têm salvado por caminhos impossíveis, por montes e vales, com machilas improvisadas – verdadeiros instrumentos de suplício para os seus ombros emagrecidos – a barriga vazia, os pés doloridos e feridos, sem que jamais um murmúrio lhes venha aos lábios, como se fossem plenamente conscientes da grandeza do papel que a Pátria lhes pedia para cumprir. Não só lhes haviam facilitado o caminho da vitória, como ainda os acompanhavam ao caminho definitivo da Pátria, com a mesma dedicação e o mesmo espírito de sacrifício. – George Stucky”. Em 1900 fez-se a ocupação militar da metade oeste da região, entre os rios Lúrio e Rovuma criando-se  alguns postos militares fixos no terreno, tais como o de D. Luís Filipe e Mululuca nas terras do régulo de Metarica,  Mandimba na serra Tambadala e Luângua, Metangula e Cobué nas margens do lago. Em 1907 o engenheiro hidrógrafo Eduardo Neuparth efectua estudos geológicos no lago Niassa. Por incapacidade de gestão, o Governo de Lisboa já tinha entregue a exploração deste território à Companhia do Niassa, mas a administração territorial desta companhia majestática era extremamente deficitária. Finalmente em Setembro de 1912, parte uma coluna militarizada, comandada pelo Capitão Potier de Lima para desmantelar de vez o poder do Mataca. Montando a sua base de operações em Oizulo, acabou por levar de vencida as forças do régulo e, na própria capital do Mataca foi erigido um forte ao qual foi dado o nome de Valadim, em homenagem a Eduardo Valadim que ali fora trucidado. Em 14 de Setembro de 1929, pelo Diploma Legislativo nº 182, foram mandados reintegrar, a partir de 28 de Outubro do mesmo ano, os territórios do Niassa que se encontravam sob administração da Companhia do Niassa, os quais foram divididos em dois distritos administrativos: Cabo Delgado e Niassa. Em 1931 foi criada a capital deste território, com o nome de Vila Cabral. Em 28 de Junho de 1955 Portugal e a Grã-Bretanha estabelecem um protocolo que altera parcialmente o tratado subscrito em 1891, sobre a delimitação da fronteira de Moçambique na zona do lago Niassa, alteração essa que se reportava à compartilha hidrográfica do lago, pela qual as águas se dividiram a meio. Esta alteração veio a pôr cobro a uma situação disparatada do acordo celebrado em 1891, na qual as águas do lago eram totalmente da área britânica, o que significava que as águas que banhavam o território português… eram britânicas. Entrando em letargia colonial, o Niassa fica ao semi-abandono, e só a partir da década de sessenta do século XX é que, fruto da guerra independentista desencadeada pela FRELIMO, que aí estabelece a sua segunda frente, é que os portugueses promoverão um lento desenvolvimento, baseado na instalação de colonatos europeus e na ligação ferroviária ao litoral.


Niassalândia – Território colonial britânico que estava integrado na Federação das Rodésias e Niassalândia correspondendo, presentemente, à República do Malawi. O nome de Niassalândia foi determinado pelo Governador Alfred Sharp, em 1907, em substituição de Protectorado Britânico da África Central.



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LIVROS

Título: Venturas e aventuras em África
Sub-Título: Venturas e aventuras em África: Bissau, Guiné 1969/1970; Inhambane, Moçambique 1971/1975.
Autora: Cristina Malhão-Pereira
Editora: Civilização Editora                Ano: 2007           Págs.: 343        Género: Autobiografia






Mais um livro autobiográfico, memórias de toda uma vida que, felizmente para a Autora e o seu agregado familiar e círculo de amigos, correu sempre tudo bem. Trata-se, no fundo, de mais um livro de memórias familiares muito cor-de-rosa mas, para o público em geral, nada traz de valor acrescentado.

A Autora nasceu, cresceu, estudou, casou (e bem, segundo relata) com um Oficial da Marinha, viajou (e bem, segundo relata) por algumas partidas do Império a acompanhar o esposo onde teve oportunidade de... caçar, pescar, fazer umas regatas e outras passeatas, chás canastas, etc. e tal, e viva a Marinha de Guerra que tanta paz lhe trouxe. Agora já é avó, África ai África que eu adoro, (mas tá quieto ir viver para lá), etc. e tal., as banalidades do costume e... pronto, ficamos por aqui.

Enfim, um livro que, já que o comprei, recomendo a mim mesmo para as minhas noites de insónia. É tiro e queda. Ao segundo parágrafo já ronco.



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Título: A conquista do sertão
Sub-Título: 1888, Angola. A história da busca de uma nova vida, de uma fazenda e de uma herança.
Autor: Guilherme de Ayala Monteiro 
Editora: Casa das Letras / Oficina do Livro      Ano: 2012      Págs.: 194         Género: Romance





Trata-se de mais um romance cuja saga se encontra perfeitamente enquadrada, no tempo, espaço e tema, no sub-título do mesmo. Saído de uma amor frustado, o jovem Pedro Costa embarca para Benguela e, palmilhando o interior do sertão africano, vê a sua vida a passar pelos anos enquanto luta, com denodo, pela concretização dos sonhos de mercador, com altos e baixos, fruto de eventos históricos que não pode controlar, tais como a revolta quilengue,  a proclamação da República ou a eclosão da Primeira Guerra Mundial. E o seu sonho começa a tomar forma apenas no findar da sua vida, quando adquire uma fazenda para plantio de café e algodão. A almejada prosperidade do seu investimento, com que sempre lutou com denodo durante toda a sua vida de sertanejo, apenas se virá a concretizar após a sua morte.


Um romance suave, escrito numa linguagem diplomática, como foi parte da vida profissional do seu Autor e que, num determinado espaço de tempo, o mesmo foi contemporâneo da personagem por si criada. Por isso, fica-me até a dúvida se este romance não terá partes memoriais da vida do Pai do Autor, que "incansavelmente trabalhou pela civilização em terras angolanas, sacrificando-lhes a saúde e a vida, conservando até ao fim a honra e a fé nos destinos dos portugueses em África", e da mãe do Autor que "pelo seu espírito de família e pelo amor à terra em que nasceu, me faz conhecer Angola", como o mesmo refere na dedicatória do livro.



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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA

O fabuloso bailado dos estorninhos

O bailado dos estorninhos é uma fantástica coreografia feita por dezenas de milhares destas aves que, compactamente, efectuam uma revoada gigantesca e absolutamente hipnotizante.

Os cientistas estimam que é necessário um tempo de reacção inferior a 100 milisegundos para evitarem colisões, pois basta uma para provocarem o catastrófico efeito dominó e que nem os computadores conseguem reproduzir os algoritmos complexos por detrás desta movimentação, com a mesma eficiência e harmonia.

Uns atribuem a isto como uma forma de fugirem a predadores (águias, falcões, etc.), outros à comemoração após a época do acasalamento, outros ainda a uma forma de celebração do fim duma longa jornada.

Seja como for é um hino a tudo o que de belo possamos imaginar conforme se pode verificar nestes dois vídeos que, aleatoriamente, aqui coloco.



"Starling on Otmoor"



"Murmuration on vimeo"


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NESTA QUINZENA ACONTECEU



Quénia(DN, 08/08) O Parlamento deste País sofreu obras de renovação que orçaram, no global, em cerca de 10 milhões de euros. Cada cadeira para um parlamentar se sentar custou cerca de 2.500 euros.

Num dos países mais pobres de África, onde o nível de corrupção é dos mais elevados do mundo e onde os deputados decretaram, em 2010, um auto-aumento de 18%, passando a  auferir cerca de 95.000 euros anuais, quando o rendimento da população, per capita, é de 1.400 euros anuais... vale a pena fazer algum comentário?



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Portugal - Penso que a menopausa afecta a capacidade intelectual dalgumas mulheres, turvando-lhes o raciocínio e pondo-as a dizer baquoquices. Foi o caso há uns tempos atrás de Helena Roseta, uma das inefáveis ex-viúvas política de Sá Carneiro, ter-se lembrado de contar uma história em que Miguel Relvas a tentou aliciar (a ela enquanto liderava a Ordem dos Arquitectos) para o favorecimento duma determinada empresa. Só que essa conversa acontecera apenas entre os dois (a ter havido) e passara-se há mais duma década. Fiquei com a sensação que a senhora precisava de publicidade e, como estava na moda bater no Miguel Relvas... havia que malhar no ferro enquanto estava quente. Ou seja, não havia testemunhas, os factos era longevos no tempo, e tudo não passou duma conversa privada (mais uma vez repito, a ter acontecido) entre duas pessoas. Mais valia estar calada.



Veio agora Zita Seabra, campeã olímpica do salto em comprimento político (saltou directamente do PCP para o PSD, onde lhe foi logo atribuído um tacho) dizer, sem provas note-se, que o PCP fizera espionagem em diversos departamentos do Estado através da introdução de microfones em aparelhos de ar condicionado, instalados pela FNAC que, na altura, era liderada por Alexandre Alves, conhecido por "Barão Vermelho" fruto das suas simpatias pelo PCP e pelo Benfica (o Benfica não é vermelho mas encarnado, segundo amigos meus lampiões me informam). Tal como Miguel Relvas, quando foi atacado pela Helena Roseta, estava na berlinda também agora Alexandre Alves saltou para os escaparates por causa dum problema com uma empresa sua em Abrantes, como toda a gente sabe.

E agora esta inefável ex-viúva do comunismo veio lembrar-se de tal história de espionagem, digna de Jonh le Carré. Não ponho as mãos no fogo pelo PCP e até posso admitir que isso tivesse acontecido mas... acusar sem provas fidedignas, vir a público lançar uma atoarda destas sem consubstanciar com factos (tempo, local, pessoas intervenientes, etc.) é idiotice, é dar a sensação que quer publicidade.


E se a menopausa afecta o cérebro das mulheres, a andropausa também afecta o cérebro dalguns homens. Num ápice veio a PGR (também conhecida pela Arquivadoria-Geral da República) dizer que vai averiguar se há matéria crime e agir em conformidade. Sr. Pinto Monteiro, acorde. Agora que está de saída é que lhe deu a tesão da investigação? Oh homem, isto já se passou há décadas (a ter-se passado, note-se). O seu Departamento, que chupa dos meus impostos que não é brincadeira, nem sequer conseguiu apurar nada do José Sócrates, como se viu agora num Tribunal que inocentou os arguidos e mandou reinvestigar o ex-PM. Nem sequer conseguiram ouvir o ex-PM José Sócrates. O cúmulo da desfaçatez e da pouca vergonha. Não lhe pesa a consciência quando recebe o seu vencimento?

Realmente, recomendo a estas dinossaurias da política que podiam fundar um Clube, tipo Clube das Tiazinhas Ex-Viúvas Tentadas Politicamente Falhadas, onde se juntariam aos fins de tarde e, no meio de cházinhos e bolinhos, contavam histórias da treta umas às outras, enquanto se dominavam para não fazerem batota no jogo do Monopólio. Cujo banqueiro podia ser o Pinto Monteiro.

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DECLARAÇÕES DE INTERESSES



Texto escrito em desrespeito pelas normas do novo Acordo Ortográfico.




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