Nota: Estou de férias até meados de Setembro. Hoje, só para não adiar mais, limito-me a colocar o final do relatório de George Stucky na Campanha do Niassa, na História de Moçambique Colonial; a análise sucinta de dois livros que li; dois pequenos vídeos sobre o bailado dos estorninhos e dois pequenos comentários sobre outras tantas notícias que li. E chega de computador. A partir de Setembro, este blogue será actualizado quinzenalmente.
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL
Relatório da Campanha do Mataca, de George Stucky (Parte IV)
1 de Novembro:
Descanso. Um irmão do Mataca manda também uma ponta de marfim e umas 50
espingardas. Pequena chuva de manhã; bom tempo de tarde. Devíamos partir amanhã
mas há contra-ordem. 2 de Novembro: Esperamos, parece, o irmão do
Mataca: o tal que enviou ontem o marfim e as armas – mas se faz como o seu
sénior? Pelas 11 horas sei indirectamente (pois não vou mais ao quartel) que o
Zarafi fugiu! Consequência imediata: razia de todos os habitantes das
povoações. Pelo meio-dia, uma pequena força de soldados, acompanhada de
sipaios, sai do acampamento. Os sipaios regressam de tarde com uma coluna
considerável de presos: homens, mulheres e crianças que os seguem docilmente,
sem a mínima observação. Não tiveram custo nenhum os sipaios para apanhar tanta
gente, que se encontrava tranquilamente assentada diante das palhotas, e que
não fez a menor resistência. Ainda mais, não mostram o mínimo medo. Mas que
vamos fazer com tanta gente – que será naturalmente necessário nutrir durante o
caminho? Às 8,30 horas da tarde sabemos que o regresso está fixado para amanhã.
Começávamos a desesperar. 3 de Novembro: Saída às 6 horas. Os
prisioneiros (?) de ontem oferecem uma ocasião única de curiosos instantâneos.
Ai de mim! Não tenho nenhum aparelho fotográfico. Não se pode imaginar nada de
mais estranho, de mais singular – e ao mesmo tempo – de mais triste, que o
desfile desta massa humana. A contar de hoje, não estou mais na vanguarda:
assim o decidiu o Major. Estou na retaguarda – posto de honra – e encarregado
do comboio (vigilância). Poderia tirar orgulho de ter sido escolhido para este
perigoso posto, mas tenho na ideia que não é precisamente para a honra o perigo
para que eu fui designado, mas para livrar-se da minha presença. Será talvez
engano meu? É facto que a vigilância do comboio ma obrigará a ficar a uns 2/3
quilómetros da coluna europeia. Pois bem, confesso que esta mudança, apesar do
perigo ainda possível, trabalho e a responsabilidade suplementar que me dará,
não é para desagradar-me, pois vou estar completamente livre dos meus
movimentos, e quase desobrigado de relações de serviço directos com S. Exa. Um
imenso alívio moral dum lado, compensado, do outro, por mais perigos, mas é
preciso imaginar-se que me sairei a bem desta nova missão. Tenho, felizmente,
para me ajudar o capitão Mateus e posso contar absolutamente com ele para
vigiar, repreender, ajudar se for preciso os retardatários e defendê-los se
fosse necessário. O Bastos, apesar de muito abatido, sempre me ajudará na
medida do possível e em caso de emergência perigosa, sei que posso ter o mais
dedicado dos amigos. A sua dedicação por mim participa tanto de amizade
sincera, como do mais puro patriotismo. Tenho que me louvar de tê-lo guardado
no nosso regresso do Kouemba, em vez de o mandar acompanhar os carregadores a
Milange e Namacurra. Não fui encarregado – felizmente – da condução dos
prisioneiros. Boa maçada a menos… Marcha de 24 quilómetros… Almoçámos às 2,30
horas um punhado de arroz com 3 sardinhas assadas. De tarde, um pobre soldado
morre de disenteria crónica – por falta de medicamentos – sem falar dos
cuidados que era de todo impossível proporcionar-lhe em campanha. É o quinto,
creio, que falece na coluna. 2 em Napulu e 2 à chegada a Zomba. Que tristeza,
ver esta mocidade sucumbir aos insultos do clima, às fadigas tremendas da
campanha e a tantas privações. Não sou convidado às exéquias deste infeliz
companheiro de luta – e do meu livre arbítrio, não quis assistir, a fim de
evitar mais um conflito; mas darei parte ao Governador-Geral, desta falta de
cortesia. Que Deus tenha a alma deste coitado e que descanse em paz. 4 e 5
de Novembro: Sem incidentes: etapas de 28 e 24 quilómetros. 6 de
Novembro: A coluna parece completamente desorganizada. Cada um faz o que
quer. O Major vai adiante, mergulhado nos seus pensamentos. Deixou o cavalo e
vai de machila, o que é mais cómodo e rápido. Está muito enfraquecido, muito
abatido. Como todos, envelheceu muito e mete pena. Marcha agora em primeiro e
sem se preocupar de nada. Os soldados marcham como querem. Uns puderam arranjar
machilas de ocasião (um pau armado em bambu e uma rede como maca e, assim, vão
arrastados por carregadores armados em machileiros) outros nuns burros que
vieram de Napulu e os mais robustos a pé. Param, tagarelam, fumam de vez em
quando e deixar-se-iam ficar para trás – atrás de mim, se não insistisse com
gentileza, mas com firmeza. É preciso dizer também a favor deles, que estas
marchas são simplesmente excessivas, rápidas demais, quase as de machileiros e
sem descanso nenhum desde a manhã, 6 horas, até à chegada ao campo pelo meio-dia
e às vezes mais tarde. Isto é uma andadura para pretos ou caçadores bem
treinados, mas nunca para soldados europeus enfraquecidos e desanimados.
Aqueles que por qualquer razão pararem, que deixarem durante algum tempo a
coluna, não podem mais reunir e tornam-se retardatários forçados. O almoço fica
sempre pronto demasiado tarde: 21 e 23 horas. Hoje, S. Exa. parou às 11 horas
debaixo da sombra, sem dúvida para deixar respirar os machileiros. Como não
desse ordem nenhuma, a coluna continuou naturalmente a marcha, excepto o
cozinheiro que, retido pelo Major, com ele demorou. Pela 1 hora de tarde, os
oficiais mandaram parar a marcha e deram ordem de acampar. Depois, esperaram: -
esperaram 1 hora, depois 2 horas e enfim 3 horas sem notícias do Major, nem,
bem entendido, do “mestre”. Às 4,30 horas manda S. Exa. o seu ajudante exprimir
o seu descontentamento, queixar-se da falta de consideração para com a sua
pessoa, ajuntando que, quem quisesse almoçar (e naturalmente jantar) deveria
vir encontrá-lo, pois não mandaria aí o “mestre”. Os oficiais estão, pois,
obrigados ou a privarem-se do almoço/jantar ou a fazer uns 4 quilómetros de
marcha – e a noite está quase fechada – para comer. Compadeço-me muito de quem
for obrigado a submeter-se a estas obrigações. Enquanto a mim, prefiro mascar
um pau de mandioca e uma bolacha, do que aturar uma tal brincadeira. Estamos
apenas no 4º dia de marcha e já faltam o vinho e o açúcar. Isto é o menos, pois
temos água boa dos mucurros e não necessitamos de açúcar (excepto os doentes). 7
de Novembro: Mais uma etapa medonha. Há uma quantidade de retardatários.
Por excepção almoçámos às 2 horas (algum bacalhau com uma pequena porção de
arroz e 3 sardinhas assadas). Temos mesmo um pouco de café. É fraco, muito
fraco este pobre café, mas estamos muito felizes por bebê-lo, mesmo sob esta
forma tão diluída. 8 de Novembro: Boa marcha de 26 quilómetros.
Estaremos amanhã em Napulu. Chuva miúda de manhã. 9 de Novembro: Aqui
estamos em Napulu, antes do meio-dia. Vamos poder-nos restaurar-nos, pois
sabemos que temos víveres frescos. Era tempo que o nosso regime monacal
parasse. Restava-nos só uma vitela de leite, e em qual estado pode imaginar-se,
depois de tantos quilómetros percorridos. Uma sombra de vitela. Tenho o prazer
de tomar conhecimento com o novo comandante do forte D. Carlos. É um oficial de
marinha muito distinto, que me oferece logo de tudo que possa dispor. Uma jóia
de camarada. Quanto estou comovido por tanta generosidade, depois do que tenho
sofrido, algures! Mau tempo. Forte chuva de tarde. Contanto que a gente não se
demore aqui. 10 e 11 de Novembro: Descanso. O rancho é melhor e há vinho
à refeição. Que banquete! 12 de Novembro: Saída às 5,30 horas. O Major
decide que todas as praças europeias irão montadas a cavalo, burro, machila, a
fim de ganhar tempo na marcha e de evitar-lhes as fadigas que não poderiam mais
aguentar. Manda-se fazer machilas com fibras tecidas que para alguns dias
sempre servirão. Cerca de 800 sipaios estão afectados aos transportes das
praças e recebem só 5 dias de poço, que não me parece chegar para atingir
Milange, mas o Major conta sobre umas compras que deve fazer o Sinderam. Mas
onde o bom do Sinderam poderá comprar alguma coisa? Só em território inglês,
pois toda a região entre o Chirua e Kouemba é completamente raziada. E depois,
mesmo se comprar, terá que transportar os volumes, tarefa não fácil. Mas
verdade é que o homem é muito esperto e tem imensa prática com os pretos.
Marcha enorme de 30 quilómetros. Apesar de andar de machila, uma boa metade das
praças fica para trás, e os portadores, quer cansados, quer com má vontade, têm
a culpa disto. Mas também deve dizer-se que a maior parte dos tais portadores
nunca foram machileiros, o que é a sua desculpa. Não há almoço, porque os
carregadores não chegaram. 13 de Novembro: Marcha das 6 até às 10 horas.
Alto em Tamboué para almoço. Segunda etapa de tarde das 6 à 1,30 horas da
manhã! 14 de Novembro: Pelas 7 horas da manhã a maior parte das praças
ainda não chegou e os senhores carregadores armados em machileiros chegam só
pelas 8/9 horas. Preferiram ontem, acampar à meia-noite e põem-se de novo a
caminho pela manhã cedo. Fazem o que querem. 15 de Novembro: Boa marcha
de mais de 25 quilómetros. O Chirua está à vista às 8 horas. Os montes de Zomba
estão apenas visíveis. Aí, muito longe, ao Sul, perdidos nas nuvens, os picos
de Milange. Fico um grande momento a contemplar a beleza da paisagem que se
depara aos nossos olhos. Acampamos ao pé do monte Comoni. 16 de Novembro:
Devíamos parar aqui (acordo Major/Sinderam) para receber o poço dos sipaios mas
o Major, já não pensa mais no contrato feito e continuamos o caminho sem levar
os volumes que o Sinderam pôde reunir. O Major, certamente doente e preocupado
por não sei qual sonho, anda, anda sem parar; não parece interessar-se por
coisa alguma… senão pela marcha. Marcha enorme de 37-38 quilómetros. Os
soldados mesmo têm dó dos seus portadores: uma boa parte prefere andar a pé, do
que estafar por completo e impor fadigas impossíveis à gente esfomeada e cujos
ombros estão esfolados já desde há dias e os pés inchadíssimos. A coluna chega
só pelas 5 horas. 17 de Novembro: O Major percebeu – enfim – que se
devia deixar descansar os carregadores. Sinderam – bom rapaz – faz seguir as
cargas que ele pode arranjar (alguma mapira, algum milho). Os sipaios recebem
só litro e meio em vez dos 5 litros que deveriam ter. Campo levantado às 5
horas da tarde para irmos acampar ao Sambani, às 8,30 horas. Temperatura
realmente admirável para viajar de noite – que é uma boa ideia. 18 de Novembro:
Acampamento junto à serra Maosi. 19 de Novembro: Chuva durante toda a
noite e até ao acampamento às 2,30 horas, perto do Toundo. Caminhos horríveis.
O mais pequeno riacho torna-se rio. Oficiais e soldados chegam num estado
lastimável, molhados até aos ossos. Obrigados a fazer algumas fogueiras para
secarem-se. Nas somos ainda muito felizes de encontrar algumas velhas palhotas
par abrigar-nos da chuva que não cessa. As praças têm as suas tendas – por
assim dizer impermeáveis – mas a chuva é tão forte que não leva tempo nenhum
para atravessá-las completamente. Outrossim, se encontra palha alguma para
guarnecer o solo e os soldados, coitados, deverão dormir sobre a terra molhada.
Inútil mesmo sonhar em utilizar os capotes e os cobertores, completamente encharcados.
Quantas bronquites amanhã! Felizmente que Milange está à vista. Felizmente
ainda que tivemos bom tempo durante toda a campanha: senão, não sei como
teríamos chegado ao Mataca. Os pântanos da planície encheram-se de água de tal
maneira que muitos machileiros tinham água até ao peito, alguns até ao pescoço.
Como teriam passado as praças se não fossem os pretinhos? 20 de Novembro:
Chegamos ao forte às horas do almoço. O comandante informa-me logo que o
Governador de Quelimane tem dado ordens para que os nossos sipaios sejam
desarmados aqui mesmo e sejam reenviados imediatamente, com o poço necessário,
para os prazos. Isto é uma boa novidade. S. Exa. percebeu ou adivinhou as
nossas atribulações… graças lhe sejam dadas. Estamos, pois, desligados, Bívar e
eu, de todas as nossas obrigações militares e livres. Vejo na decisão do
Governador uma resposta indirecta ao pedido que tínhamos feito, Bívar e eu, em
Zarafi. Bívar, sobretudo, exultava. Apenas foi informado da decisão do
Governador, foi falar com o Major e preveni-lo que não receberia mais ordens; é
provável que lhe dissesse algo mais… Isto para quem conhece o seu carácter
vivo, mas, se tal sucedesse, o Major não o teria um pouco merecido? A coluna
partirá amanhã, os sipaios da Companhia da Zambézia a acompanharão até ao
Chilomo. Os sipaios do Boror, Maganja e Marral estão livres de partir quando
quiserem. 21 de Novembro: Ordem de saída às 6,30 horas, mas é só pelas 9
horas que a coluna põe-se em marcha para Chilomo. Não é sem uma certa emoção
que me despeço de todos os meus camaradas, não sem estar profundamente comovido
que me separei do Bívar e do Terry, os meus fieis companheiros de lutas e
misérias, tão modestos heróis às horas do perigo (e disso tive muitas provas)
como dedicados e sinceros na sua inalterável amizade. Quão terna foi a sua
camaradagem e quão vivas “saudades” guardarei de sua memória, se a vida não nos
permitir de mais nos encontrarmos… um dia. Durante estes cinco meses de
campanha, havia-se criado entre nós – e diria mesmo entre todos os oficiais que
conheci – uma sorte de comunhão de ideais, de sentimentos verdadeiramente
atraentes. Esta comunhão, inspirada pela maior das virtudes: o amor da Pátria,
é certamente inerente a todos os que participam durante tanto tempo nos mesmos
perigos, nos mesmos sofrimentos. Amanhã, por minha vez, tomarei o caminho do
regresso, que não é o dos meus lares, mas o da liberdade, do rude trabalho que
me resta cumprir na Zambézia, até à extinção das minhas forças, enquanto estas
forças poderem ainda “servir” no interesse supremo da País. Quando vi
desaparecer a uma curva do caminho, lá ao longe, na orla da floresta, a última
machila, o último carregador da coluna senti em mim mesmo como uma espécie de
grande falta, como se perdesse de repente um ente caro – e muito custo tive
para reter diante dos meus sipaios as lágrimas que estavam para jorrar dos meus
olhos entristecidos. /// Seria um ingrato se, no momento de fechar estas notas,
não dirigisse aos meus colaboradores os agradecimentos e os louvores que merecem:
ao Bastos, em primeiro lugar, pela dedicação que deu tantas provas: homem
calmo, pontual, reservado, sempre pronto para tudo, valente sem jactância, como
se fosse uma coisa natural. Ao capitão Mateus (antigo regula da Maganja da
Costa – nota do Autor: consultar ficha de Mateus (filho)) comandante dos
sipaios da Companhia: modelo de chefe indígena, duma superioridade
incontestável, grande táctico, caçador de grande classe, dedicado, valente,
hábil, de sangue frio – vi-o fumar muito sossegadamente quando as balas lhe
sibilavam por todos os lados – com golpe de vista infalível no terreno. Enfim,
a todos os sipaios e carregadores, que têm cumprido com tanta abnegação e bom
humor, e com a devida coragem nos combates – aoponto de verem-se citados na
ordem do dia mais de uma vez, isto sem contar com as privações que sofreram com
uma santa resignação, digna de toda a nossa admiração. Quanto aos pobres
carregadores não morreram de doença e de esfalfamento nos ásperos caminhos do
Kouemba. É preciso reconhecer ao preto da Zambézia a homenagem e o
reconhecimento que lhe são devidos, pois sem as suas qualidades de disciplina,
de confiança absoluta, de respeito que eles têm pelos Brancos – qualidades
inculcadas desde pequenos pelos arrendatários dos prazos – jamais Europeus
teriam podido conseguir o “tour de force” de chegar ao Mataca. E quando foi do
regresso, quando estes Europeus, já extenuados, desmoralizados, doentes, quase
todos, quando a MORTE já girava em roda deles, foram ainda os bons sipaios,
armados em machileiros, que os têm salvado. E os têm salvado por caminhos
impossíveis, por montes e vales, com machilas improvisadas – verdadeiros
instrumentos de suplício para os seus ombros emagrecidos – a barriga vazia, os
pés doloridos e feridos, sem que jamais um murmúrio lhes venha aos lábios, como
se fossem plenamente conscientes da grandeza do papel que a Pátria lhes pedia
para cumprir. Não só lhes haviam facilitado o caminho da vitória, como ainda os
acompanhavam ao caminho definitivo da Pátria, com a mesma dedicação e o mesmo
espírito de sacrifício. – George Stucky”.
Em 1900 fez-se a ocupação militar da metade oeste da região, entre os rios
Lúrio e Rovuma criando-se alguns postos
militares fixos no terreno, tais como o de D. Luís Filipe e Mululuca nas terras
do régulo de Metarica, Mandimba
na serra Tambadala e Luângua, Metangula e Cobué nas margens do lago. Em 1907 o
engenheiro hidrógrafo Eduardo Neuparth efectua estudos geológicos no lago
Niassa. Por incapacidade de gestão, o Governo de Lisboa já tinha entregue a
exploração deste território à Companhia do Niassa, mas a administração
territorial desta companhia majestática era extremamente deficitária.
Finalmente em Setembro de 1912, parte uma coluna militarizada, comandada pelo
Capitão Potier de Lima para desmantelar de vez o poder do Mataca.
Montando a sua base de operações em Oizulo, acabou por levar de vencida as
forças do régulo e, na própria capital do Mataca foi erigido um
forte ao qual foi dado o nome de Valadim, em homenagem a Eduardo Valadim
que ali fora trucidado. Em 14 de Setembro de 1929, pelo Diploma Legislativo nº
182, foram mandados reintegrar, a partir de 28 de Outubro do mesmo ano, os
territórios do Niassa que se encontravam sob administração da Companhia do
Niassa, os quais foram divididos em dois distritos administrativos: Cabo
Delgado e Niassa. Em 1931 foi criada a capital deste território, com o nome de Vila
Cabral. Em 28 de Junho de 1955 Portugal e a Grã-Bretanha estabelecem um
protocolo que altera parcialmente o tratado subscrito em 1891, sobre a
delimitação da fronteira de Moçambique na zona do lago Niassa, alteração essa
que se reportava à compartilha hidrográfica do lago, pela qual as águas se
dividiram a meio. Esta alteração veio a pôr cobro a uma situação disparatada do
acordo celebrado em 1891, na qual as águas do lago eram totalmente da área
britânica, o que significava que as águas que banhavam o território português…
eram britânicas. Entrando em letargia colonial, o Niassa fica ao semi-abandono,
e só a partir da década de sessenta do século XX é que, fruto da guerra
independentista desencadeada pela FRELIMO, que aí estabelece a sua
segunda frente, é que os portugueses promoverão um lento desenvolvimento,
baseado na instalação de colonatos europeus e na ligação ferroviária ao
litoral.
Niassalândia – Território
colonial britânico que estava integrado na Federação das Rodésias e
Niassalândia correspondendo, presentemente, à República do Malawi. O
nome de Niassalândia foi determinado pelo Governador Alfred Sharp, em
1907, em substituição de Protectorado Britânico da África Central.
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LIVROS
Título: Venturas e aventuras em África
Sub-Título: Venturas e aventuras em África: Bissau, Guiné 1969/1970; Inhambane, Moçambique 1971/1975.
Autora: Cristina Malhão-Pereira
Autora: Cristina Malhão-Pereira
Editora: Civilização Editora Ano: 2007 Págs.: 343 Género: Autobiografia
Mais um livro autobiográfico, memórias de toda uma vida que, felizmente para a Autora e o seu agregado familiar e círculo de amigos, correu sempre tudo bem. Trata-se, no fundo, de mais um livro de memórias familiares muito cor-de-rosa mas, para o público em geral, nada traz de valor acrescentado.
A Autora nasceu, cresceu, estudou, casou (e bem, segundo relata) com um Oficial da Marinha, viajou (e bem, segundo relata) por algumas partidas do Império a acompanhar o esposo onde teve oportunidade de... caçar, pescar, fazer umas regatas e outras passeatas, chás canastas, etc. e tal, e viva a Marinha de Guerra que tanta paz lhe trouxe. Agora já é avó, África ai África que eu adoro, (mas tá quieto ir viver para lá), etc. e tal., as banalidades do costume e... pronto, ficamos por aqui.
Enfim, um livro que, já que o comprei, recomendo a mim mesmo para as minhas noites de insónia. É tiro e queda. Ao segundo parágrafo já ronco.
A Autora nasceu, cresceu, estudou, casou (e bem, segundo relata) com um Oficial da Marinha, viajou (e bem, segundo relata) por algumas partidas do Império a acompanhar o esposo onde teve oportunidade de... caçar, pescar, fazer umas regatas e outras passeatas, chás canastas, etc. e tal, e viva a Marinha de Guerra que tanta paz lhe trouxe. Agora já é avó, África ai África que eu adoro, (mas tá quieto ir viver para lá), etc. e tal., as banalidades do costume e... pronto, ficamos por aqui.
Enfim, um livro que, já que o comprei, recomendo a mim mesmo para as minhas noites de insónia. É tiro e queda. Ao segundo parágrafo já ronco.
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Sub-Título: 1888, Angola. A história da busca de uma nova vida, de uma fazenda e de uma herança.
Autor: Guilherme de Ayala Monteiro
Editora: Casa das Letras / Oficina do Livro Ano: 2012 Págs.: 194 Género: Romance
Trata-se de mais um romance cuja saga se encontra perfeitamente enquadrada, no tempo, espaço e tema, no sub-título do mesmo. Saído de uma amor frustado, o jovem Pedro Costa embarca para Benguela e, palmilhando o interior do sertão africano, vê a sua vida a passar pelos anos enquanto luta, com denodo, pela concretização dos sonhos de mercador, com altos e baixos, fruto de eventos históricos que não pode controlar, tais como a revolta quilengue, a proclamação da República ou a eclosão da Primeira Guerra Mundial. E o seu sonho começa a tomar forma apenas no findar da sua vida, quando adquire uma fazenda para plantio de café e algodão. A almejada prosperidade do seu investimento, com que sempre lutou com denodo durante toda a sua vida de sertanejo, apenas se virá a concretizar após a sua morte.
Um romance suave, escrito numa linguagem diplomática, como foi parte da vida profissional do seu Autor e que, num determinado espaço de tempo, o mesmo foi contemporâneo da personagem por si criada. Por isso, fica-me até a dúvida se este romance não terá partes memoriais da vida do Pai do Autor, que "incansavelmente trabalhou pela civilização em terras angolanas, sacrificando-lhes a saúde e a vida, conservando até ao fim a honra e a fé nos destinos dos portugueses em África", e da mãe do Autor que "pelo seu espírito de família e pelo amor à terra em que nasceu, me faz conhecer Angola", como o mesmo refere na dedicatória do livro.
Um romance suave, escrito numa linguagem diplomática, como foi parte da vida profissional do seu Autor e que, num determinado espaço de tempo, o mesmo foi contemporâneo da personagem por si criada. Por isso, fica-me até a dúvida se este romance não terá partes memoriais da vida do Pai do Autor, que "incansavelmente trabalhou pela civilização em terras angolanas, sacrificando-lhes a saúde e a vida, conservando até ao fim a honra e a fé nos destinos dos portugueses em África", e da mãe do Autor que "pelo seu espírito de família e pelo amor à terra em que nasceu, me faz conhecer Angola", como o mesmo refere na dedicatória do livro.
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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA
O fabuloso bailado dos estorninhos
O bailado dos estorninhos é uma fantástica coreografia feita por dezenas de milhares destas aves que, compactamente, efectuam uma revoada gigantesca e absolutamente hipnotizante.
Os cientistas estimam que é necessário um tempo de reacção inferior a 100 milisegundos para evitarem colisões, pois basta uma para provocarem o catastrófico efeito dominó e que nem os computadores conseguem reproduzir os algoritmos complexos por detrás desta movimentação, com a mesma eficiência e harmonia.
Uns atribuem a isto como uma forma de fugirem a predadores (águias, falcões, etc.), outros à comemoração após a época do acasalamento, outros ainda a uma forma de celebração do fim duma longa jornada.
Seja como for é um hino a tudo o que de belo possamos imaginar conforme se pode verificar nestes dois vídeos que, aleatoriamente, aqui coloco.
"Starling on Otmoor"
"Murmuration on vimeo"
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NESTA QUINZENA ACONTECEU
Quénia - (DN, 08/08) O Parlamento deste País sofreu obras de renovação que orçaram, no global, em cerca de 10 milhões de euros. Cada cadeira para um parlamentar se sentar custou cerca de 2.500 euros.
Num dos países mais pobres de África, onde o nível de corrupção é dos mais elevados do mundo e onde os deputados decretaram, em 2010, um auto-aumento de 18%, passando a auferir cerca de 95.000 euros anuais, quando o rendimento da população, per capita, é de 1.400 euros anuais... vale a pena fazer algum comentário?
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Portugal - Penso que a menopausa afecta a capacidade intelectual dalgumas mulheres, turvando-lhes o raciocínio e pondo-as a dizer baquoquices. Foi o caso há uns tempos atrás de Helena Roseta, uma das inefáveis ex-viúvas política de Sá Carneiro, ter-se lembrado de contar uma história em que Miguel Relvas a tentou aliciar (a ela enquanto liderava a Ordem dos Arquitectos) para o favorecimento duma determinada empresa. Só que essa conversa acontecera apenas entre os dois (a ter havido) e passara-se há mais duma década. Fiquei com a sensação que a senhora precisava de publicidade e, como estava na moda bater no Miguel Relvas... havia que malhar no ferro enquanto estava quente. Ou seja, não havia testemunhas, os factos era longevos no tempo, e tudo não passou duma conversa privada (mais uma vez repito, a ter acontecido) entre duas pessoas. Mais valia estar calada.
Veio agora Zita Seabra, campeã olímpica do salto em comprimento político (saltou directamente do PCP para o PSD, onde lhe foi logo atribuído um tacho) dizer, sem provas note-se, que o PCP fizera espionagem em diversos departamentos do Estado através da introdução de microfones em aparelhos de ar condicionado, instalados pela FNAC que, na altura, era liderada por Alexandre Alves, conhecido por "Barão Vermelho" fruto das suas simpatias pelo PCP e pelo Benfica (o Benfica não é vermelho mas encarnado, segundo amigos meus lampiões me informam). Tal como Miguel Relvas, quando foi atacado pela Helena Roseta, estava na berlinda também agora Alexandre Alves saltou para os escaparates por causa dum problema com uma empresa sua em Abrantes, como toda a gente sabe.
E agora esta inefável ex-viúva do comunismo veio lembrar-se de tal história de espionagem, digna de Jonh le Carré. Não ponho as mãos no fogo pelo PCP e até posso admitir que isso tivesse acontecido mas... acusar sem provas fidedignas, vir a público lançar uma atoarda destas sem consubstanciar com factos (tempo, local, pessoas intervenientes, etc.) é idiotice, é dar a sensação que quer publicidade.
E se a menopausa afecta o cérebro das mulheres, a andropausa também afecta o cérebro dalguns homens. Num ápice veio a PGR (também conhecida pela Arquivadoria-Geral da República) dizer que vai averiguar se há matéria crime e agir em conformidade. Sr. Pinto Monteiro, acorde. Agora que está de saída é que lhe deu a tesão da investigação? Oh homem, isto já se passou há décadas (a ter-se passado, note-se). O seu Departamento, que chupa dos meus impostos que não é brincadeira, nem sequer conseguiu apurar nada do José Sócrates, como se viu agora num Tribunal que inocentou os arguidos e mandou reinvestigar o ex-PM. Nem sequer conseguiram ouvir o ex-PM José Sócrates. O cúmulo da desfaçatez e da pouca vergonha. Não lhe pesa a consciência quando recebe o seu vencimento?
Realmente, recomendo a estas dinossaurias da política que podiam fundar um Clube, tipo Clube das Tiazinhas Ex-Viúvas Tentadas Politicamente Falhadas, onde se juntariam aos fins de tarde e, no meio de cházinhos e bolinhos, contavam histórias da treta umas às outras, enquanto se dominavam para não fazerem batota no jogo do Monopólio. Cujo banqueiro podia ser o Pinto Monteiro.
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DECLARAÇÕES DE INTERESSES
Texto escrito em desrespeito pelas normas do novo Acordo Ortográfico.
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Todas as referências constantes na presente mensagem que se reportam a livros, fotografias, documentários, filmes, músicas; empresas comerciais, industriais ou de quaisquer outros tipos, bem como nomes de pessoas (englobando-se Autores) são incompatíveis com intuitos publicitários de carácter comercial, reflectindo a sua menção, apenas e tão-somente, a opinião do Autor.
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As fotografias e os vídeos constantes na presente mensagem foram colhidos, respectivamente,do Google Imagens e do Youtube. Assim, a sua utilização, não pressupõe a concordância dos Autores dos mesmos com as opiniões constantes nos textos onde estejam inseridos.
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