"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

domingo, 8 de julho de 2012

Isabella Bird



VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES


Isabella Lucy Bird - (Boroughbridge (Inglaterra), 15/10/1831 - Edimburgo, 07/10/1904) - Viajante e escritora de literatura de viagens. Talvez seja mais fácil referir dos locais que esta mulher não percorreu dos que apontar aqueles que foi, tal foi a sua fome de viajante à escala planetária. Filha dum pastor religioso passou grande parte da sua infância e adolescência a acompanhar a família de paróquia em paróquia, no seu País natal.





Desde muito jovem Isabella Bird queixava-se, principalmente, de enxaquecas e de dores da coluna, se bem que haja quem lhe atribuísse esses males a factores mais psicológicos que físicos pois, testemunhos contemporâneos dela, referem que quando ela fazia o que queria, nunca se queixava de nada. Discutível. Aos vinte e três anos realiza a sua primeira viagem, aos Estados Unidos e Canadá (na zona dos Grandes Lagos), depois do seu pai lhe ter financiado a mesma. Nesta viagem, realizada em 1854, viaja pelo rio Mississípi, Nova Escócia, sobe o rio St. Lawrence, percorre os Grandes Lagos e vai até Chicago. "... Percorremos três milhas no vapor e atracámos numa clareira onde se situava a pequena colónia de Daenport. Tínhamos descido o Mississípi, o mais poderoso dos rios, meia milha de largura e dezassete mil milhas desde a nascente e estávamos no Oeste distante. Vagões com toldos brancos, bois com peles grossas e jugos pesados, corcéis enérgicos com selas altas e pontiagudas, presos a troncos de árvores, a enxotar as moscas com as caudas; emigrantes em carroças azuis a perguntarem a si mesmos se este era o El Dorado dos seus sonhos; armas, equipamento e bagagem rodeavam a casa ou abrigo onde íamos tomar o pequeno-almoço. A maior parte dos nossos companheiros iam para o Nebraska, Oregão e Utah, os distritos mais distantes onde dificilmente chegariam, com os seus animais lentos, antes de qautro meses; entretanto estavam expostos aos ataques dos sioux, dos comanches ou dos blakfeet. ..." Fixará as suas impressões no livro "Uma inglesa na América" (1856).

Durante as duas décadas seguintes não efectua viagens para fora da Grã-Bretanha até que, em 1872, liberta-se da claustrofobia ilhéu e, aproveitando um conselho médico para combater as suas dores de coluna e outros males físicos que pioravam, viaja até à Austrália. Os médicos não acertavam com o tratamento ou a cura das suas maleitas, que a faziam ser dona dum humor muito inconstante. Ora lhe receitavam tisanas ora havia outros que lhe aconselhavam a usar armações de metal para lhe manterem a coluna direita. Isabelle Bird tinha alturas em que mal podia andar meia dúzia de metros e a neurastenia acentuava-se com o avançar da idade. Juntamente com a sua irmã Henrietta, fixa-se em Tobermory e ambas vêem os dias a passarem, sem nenhum objectivo, sem nenhuma prospectiva de vida.



Até ao dia em que um médico lhe receita, invulgarmente, uma viagem pelo mar e que dormisse sempre no chão duro do navio. Era um receituário fora do vulgar, mas que Isabelle Bird tomou à letra e foi avante com a mesma. E até ao fim da sua vida aviou sempre esta receita fazendo do Mundo a sua farmácia. A romper nos quarenta anos de idade embarca para a Nova Zelândia (1872) a bordo dum navio, demorando seis meses na viagem. Numa carta que envia para a sua irmã Henrietta, que se deixara ficar na segurança de Tobermory, relata a sua lista de moléstias que sofria "nevralgias, dores de ossos que me trespassam os membros como agulhas, inflamação dos olhos, ...", amaldiçoa o médico que lhe aconselhara tal viagem e queixa-se de que "Sinto-me toda a tremer e oprimida por um terror indefenido...". Mas, apesar de tudo: "...as minhas costas estão melhores mas a minha cabeça está tão pesada que nunca me apetece falar".


Em Auckland embarca num desconjuntado e velho vapor a pás, o "Nevada", com destino a São Francisco. A viagem é extremamente penosa, violenta e perigosa, pois o velho barco fura as tempestades e as ondas do mar com muita dificuldade. Pela primeira vez Isabelle Bird sente a vida em perigo, mas essa sensação adrenalideira dar-lhe-á um prazer até aí desconhecido. Dois dias após o início da odisseia marítima uma tempestade abate-se sobre o frágil navio. O mesmo não é estanque e os poucos passageiros e os tripulantes sentem o navio a estalar a cada turbilhão de ondas que o engole. Desta sensação de medo e terror escreverá: "Os estalidos, os rugidos, os gemidos mal se ouviam, ou melhor estavam cobertos por um som que, treze meses de experiências marítimas de toda a espécie, nunca mais voltarei a ouvir e que espero não voltar a ouvir nunca mais, a não ser dentro dum barco muito bom........ Não era o assobiar do vento através do cordame mas sim o ruído que o ar fazia ao girar, carregado de partículas de água. O mar em si não estava agitado: o ciclone tinha-o literalmente acamado. De facto durantes estas horas difíceis foi mesmo impossível ver o mar, tão ameaçadora estava a sua superfície, como que levantada para o céu." Durante a viagem trata dum rapaz tuberculoso que viaja com a sua mãe. A sua vida começa a fazer sentido. Os perigos que ia vencendo, as viagens que vai efectuando o sentir-se útil a tratar de alguém que sofre tanto ou mais do que ela, tudo se conjuga para Isabelle Bird começar a dar um novo sentido à vida. E a paixão pelo enfermo vai-se avolumando.


Em Janeiro de 1873 o velho vapor "Nevada" aporta em Honolulu no arquipélago do Hawai, então conhecida como Ilhas Sandwich (1), o que para os passageiros torna-se uma benção, depois do Inferno que haviam passado, na atribulada travessia do Pacífico que fora tudo menos pacífica. O jovem tuberculoso piora o seu estado de saúde e é obrigado a ficar em Honolulu a tratar-se pelo que Isabelle Bird resolve também interromper a viagem. Durante setes meses saboreia a alegria de viver num paraíso terreno. É cortejada, pedida em casamento que recusa, trava amizades com colonos e redescobre a equitação, que se  torna numa paixão, servindo não só como desporto como também de lenitivo para as suas dores. O facto de poder cavalgar em sela mexicana vestindo umas calças cobertas por uma saia rodada, escondendo a ditas calças que, na altura, eram impróprias para uma senhora usar, dão-lhe uma sensação de liberdade.



Percorre outras ilhas do arquipélago e, por fim, decide escalar o Mauna Loa (2) acompanhada pelo vulcanólogo britânico William Green e dois guias. Partem de madrugada para subir o vulcão, cavalgando mulas. Demoram dois dias a atingir o objectivo. À  medida que se aproxima da boca da cratera sente o solo a vibrar e um som como se fosse a Terra a falar: "Cavalgámos até uma  brecha repleta de neve gelada, bordejada por uma plataforma. Depois desmontámos das nossas ulas, saltámos por cima da fissura. A oitocentos pés abaixo de nós abria-se a sombra inacessível e terrível da cratera."  Será uma das noites mais excitantes da sua vida, essa que em que dorme no bordo da cratera. Adormece a ouvir a Terra a "falar" e a respirar. De madrugada levanta-se e volta a olhar para o enorme caldeirão em efervescência no interior da garganta. "A Estrela Polar tremia friorenta por cima do cume gelado e uma Lua azul, quase cheia esvaía-se lentamente no espaço infinito. O Cruzeiro do Sul tinha-se deitado. Dois picos, sob a Estrela Polar, nitidamente desenhados no céu, eram os únicos sinais a provar a existência dum mundo para além do fogo e do mistério. Havia a luz, uma luz intensa, viva. O próprio Sol teria parecido pálido a seu lado. Que luz!....... As telas da tenda tinham ficado cor-de-rosa; as paredes da cratera e as arestas cinzentas que a rodeavam estavam encarnadas." Desta estadia escrevará o livro "Seis meses nas ilhas Sandwich".


Do paradisíaco Hawai segue para o território continental estadunidense, por lhe terem informado que no Colorado o clima seria favorável à amenização das suas dores, onde chega em  Agosto de 1873. Mas também porque lhe tinham falado da rudeza da vida selvagem no Colorado, então ainda na turbulência das corridas ao ouro, massacres de índios, tentativas europeias de criarem um estado autónomo de tudo e todos (Território de Jefferson), localidades com apenas meia dúzia de casas abarracadas mas onde não faltava o saloon com o bordel e a mesa de jogo, ausência de estradas e de autoridade, onde a lei da pistola imperava aos interesses das gentes sem escrúpulos e uma governação com pouco pulso, pois ainda era apenas um Território e não um Estado (3). No Colorado Isabelle Bird viverá um dos períodos mais felizes e aventurosos da sua vida. A sua paixão pela equitação agudiza-se pois, segundo dizia, o andar a cavalo cansava-a tanto que a fazia dormir bem e alivia-lhe o sofrimento.


Em Fort Collins, nos contrafortes das Rochosas busca atingir Estes Park, um território  quase virgem, com apenas meia dúzia de ranchos e onde quase ninguém conhece o caminho certo para lá se chegar. Por fim depois de semanas de espera, arranja dois companheiros e consegue atinge Estes Park (Setembro 1873), nome este que proviera dum caçador (Joel Estes) que ali vivera. À sua chegada avista um ser humano que descreve como:  "alertado pelo rosnar do cão o proprietário veio para fora: era um homem atarracado, de estatura mediana, com um barrete velho, um velho colete de caça quase incapaz de ser usado um lenço de mineiro atado á volta da cintura, um punhal enfiado no cinto e um "amigo íntimo", um revólver, saindo da algibeira do colete. Os pés, que eram muito pequenos estavam nus, ou quase, dentro de mocassins rasgados de pele de cavalo. O milagre era as suas roupas manterem-se agarradas a ele apesar de tido. Um milagre que, sem dúvida, se devia unicamente ao lenço atado à volta da cintura." Nesta zona trava conhecimento com um seu compatriota aí residente e dono dum rancho, Griffith Evans e, tendo-lhe perguntado quem era a estranha personagem que vira ao chegar logo lhe informaram que se tratava de James (Jim) Nugent (4), também conhecido por "Rocky Mountain". 


Apaixonar-se-á por Jim "Rocky Mountain" Nugent, nas Montanhas Rochosas e com ele viverá um dos períodos mais ardentes e emotivos da sua vida (entre Setembro 1873 e Dezembro de 1873). Jim Nugent, propenso para os extremos da violência e da poesia, será por ela classificado como "um homem que poderia amar qualquer mulher, mas que nenhuma mulher de perfeito juízo se casaria com ele". Com  ele escalou Long Peak (4.346 metros de altitude), que se situa no Rocky Mountain National Park.


"A minha casa nas Montanhas Rochosas"



No Colorado Isabelle Bird cavalgará sozinha durante um mês, percorrendo um milhar de quilómetros sem destino certo. Só pela fome de conhecer terras a saborear as suas belezas antes do homem aí se instalar. Por vezes cruza-se com famílias que, instaladas nas típicas carroças de toldo branco, buscam chegar ao oceano Pacífico. É a lenta e inexorável marcha aventurosa dos sem nada que ligará o País do Atlântico ao Pacífico, umas vezes em caravana outras sozinhos e que farão parte da lenda do faroeste. Desses encontros na pradaria relatará um deles: "Os proprietários duma dessas carroças convidaram-me para almoçar. Eu forneci o chá (que não provavam havia quatro anos) e eles bolachas de milho. Vêem do Ilinois e há quatro meses que se encontram a caminho...... Estão bastante desencorajados, Dado o seu isolamento e a monotonia da viagem perderam toda a consciência dos acontecimentos e parecem vir doutro planeta." Ainda nesta sua viagem pelo Colorado vai colhendo outras impressões pitorescas, tal como descreve Denver City: "O número de saloons é impressionante....... É aí que personagens como Comanche Bill, Búfalo Bill, Wild Bill e Mountain Jim vão fazer farras e encontrar o tipo de celebridade que procuram." Cruza-se com Comanche Bill e  fica fascinada por ele, tal como estivera com Jim Nuggent. De Comanche Bill dirá: "Um dos mais célebres "desperados" das Montanhas Rochosas e o maior exterminador de índios na fronteira; um homem cujo pai e toda a família foram mortos num massacre em Spirit Lake pela mão dos índios, que levaram com eles a sua irmã de onze anos. Desde aí a sua vida tem-se dedicado à procura da criança e ao extermínio do povo índio onde quer que se encontre." (5). Cerca de meio ano depois de Isabella Bird ter partido das Montanhas Rochosas, Jim "Rocky Mountain" Nugent acabaria abatido a tiro. Desta sua passagem pelo Colorado, ela escreverá o livro "A vida de uma senhora nas Montanhas Rochosas." (1879).


Regressa à Grã-Bretanha onde as dores da coluna voltam a acentuar-se. Resolve partir de novo e ei-la a percorrer o Oriente: chega ao Japão na Primavera de 1878 onde, após uma visita a algumas cidades dirige-se para o Norte e vai viver durante cerca de um mês com os Ainus "selvagens dotados de um corpo suficientemente vigoroso para alimentar as mais atrozes intenções e que adquirem, assim que falam, a doçura de uma mulher, uma doçura inesquecível." Desta sua estadia no Japão escreverá o livro "Pelos caminhos desconhecidos do Japão", onde, entre outras páginas relata a peripécia dum almoço desagradável que teve na cidade de Yusowa e onde foi vista como um animal no zoológico, opois nunca tinham visto uma europeia: "Yusowa é um lugar sem encanto nenhum. Almocei uma refeição miserável, composta por uma coalhada sem gosto feita de feijões à qual fora acrescentado um pouco de leite condensado, num pátio e as pessoas amontoadas às centenas no portão e as que estavam atrás, como era incapazes de me ver, foram buscar escadas e treparam para os telhados adjacentes, onde ficaram até um dos telhados ceder com estrondo e precipitar cerca de cinquenta homens mulheres e crianças no quarto de baixo. ......" Do Japão segue para a Malásia onde se cruza com uma paisagem exuberante e luxuriante, de floresta virgem, rios galeria. Excursiona em elefantes e conhece personalidades excêntricas. Deste périplo malasiano escreverá o livro "O queroseno de ouro" (6). 

A morte da sua irmã (1880) fá-la retornar à Pátria, acabando por se casar com um médico, John Bishop, no ano seguinte. O casamento, insípido, dura uns parcos cinco anos. Cinco anos que Isabelle Bird não saiu da Grã-Bretanha. Mas, após o luto, emala os pertences e em Janeiro de 1889 parte para a Índia, como missionária, ponto iniciático da sua odisseia de viajante insaciável pelo Oriente. Da Índia salta para o Tibete (da experiência tibetana escreverá o livro "Entre os Tibetanos") e daqui para a Pérsia, Curdistão, Irão e Turquia. Cavalga iaques, camelos, cavalos, elefantes, vacas, para galgar quilómetros, suporta neves do Tibete montanhoso e uma tempestade de neve no Curdistão, calores diurnos e frios desérticos, suporta a sede e a fome, resiste às doenças traiçoeiramente transmitidas por mosquitos e inundações nos rios, onde parte uma costela no Tibete. Para uma sexagenária era um feito épico.




Isabelle Bird no Tibete



Em 1892 a Real Sociedade de Geografia de Londres convidou-a a discursar. Isabelle Bird aceitou desde que as mulheres também pudessem participar naquela Associação, que era exclusiva dos homens. Do impasse surgido por esta tomada de posição pública, ainda por cima vinda duma mulher que percorrera o mundo "com a mesma valentia como se fosse um homem", acabou por levar a Real Sociedade de Geografia de Londres quebrar a sua regra de exclusividade masculina, abrindo as portas às mulheres e convidando Isabella Bird para sua "Fellow", tendo sido a primeira mulher a obter tal galardão.


Na Coreia acaba expulsa pelas autoridades, é apanhada pelo conflito sino-japonês de 1896, donde escreverá o livro "A Coreia e os seus vizinhos" (1898). Na Pérsia deixou-se envolver numa missão secreta ao acompanhar um oficial britânico, o Tenente-Coronel Herbert Sawyer, numa fictícia missão geográfica que os levou a Bassorá, Bagdad e Teerão (1890). A sua presença, como senhora idosa, era a ideal para acompanhar o militar, pois ela não levantava suspeitas. Numa mistura de aventura e paixão, entre os dois terá nascido um romance, facilmente compreensível. Apesar disso considera a "viagem horrível" e, separando-se em Teerão, retorna à Grã-Bretanha percorrendo o Curdistão, visitando o Mar Negro, Constantinopla e Paris. Desta viagem resultará o livro "Jornada na Pérsia e no Curdistão" (1891)



Isabelle Bird e o Tenente-Coronel Sawyer, na Pérsia



Em 1896 percorre a China e a Coreia. Corre risco de vida quando a xenofobia se apodera da comunidade chinesa da cidade de Lian-shan-Hsien e tentam matá-la, acusando-a de canibalizar crianças. Dessa experiência, onde sentiu o medo da morte, relatará: "Balouçavam a minha cadeira com paus, atiravam lama e outros projéteis com uma destreza tal que raramente falhavam o alvo. .... Era uma multidão chinesa enraivecida." Consegue escapar para o interior dum celeiro e, empunhando o revólver senta-se disposta a abrir fogo aos primeiros que entrassem. "Trouxeram traves para arrombar a porta a cada golpe sempre acompanhado de berros. Esperava ver tudo desfazer-se. Finalmente um gonzo cedeu e a parte superior da porta abriu-se ligeiramente. Redobraram os esforços e a porta estava quase a cair. Mas, bruscamente, as traves foram abandonadas e num súbito silêncio, houve um ruído, como a queda das folhas de Outono, de inúmeros pés em fuga. Em poucos minutos o páteo ficou deserto e os soldados ocuparam-no." Tinha sido salva, em extremo. Mas não desiste de continuar a visitar a China, pelo que sobe o rio Yang Tsé. Na Manchúria parte um braço quando a carroça que a transportava se virou. Escreve o livro "O vale do Yang Tsé" (1899) e "Fotos da China" (1900), pois apaixonara-se pela fotografia e tornara-se uma fotógrafa de viagens.


Em 1900, com setenta anos, vai finalmente ao Norte de África, continente onde nunca se tinha deslocado por estar convicta que o clima seria violento demais para conseguir suportar. Mas fica-se por Marrocos durante seis meses e, uma das suas imagens típicas, era uma escada que usava para montar um enorme cavalo que lhe fora ofertado pelo Sultão. Cavalga de Marraquexe a Tânger e desta vivência sairá o livro "Notas sobre Marrocos" (1901).


Em 1901 está de regresso à Grã-Bretanha, com intenção de voltar a partir para uma nova viagem à China. Não desiste apesar do avanço da idade e da doença. Mas esta (a doença) não lhe dará tréguas, acabando por levar a melhor prostrando-a na cama com uma trombose e um tumor. Durante cerca de dezoitos meses Isabelle Bird agonizará num leito, o corpo aí preso mas o  espírito a vogar e a sonhar como um pássaro desde o cume vulcânico de Mauna Loa havaiano aos do Tibete, passando pelo de Long Peak no Colorado, raziando pelos desertos do Médio Oriente, os rios orientais com o gigante Yang Tsé à cabeça, as florestas malasianas e indianas, as guerras que assistiu. A multidão de pessoas que conheceu e aqueles que amou, a quantidade de animais que cavalgou (um dos seus maiores prazeres), as peripécias de toda uma vida que a fizeram rir e chorar, os medos que sofreu e venceu, todo este turbilhão vivencial durante dezoito meses terão atormentado aquele espírito ainda lúcido mas preso a uma cama.



Para uma mulher do seu gabarito foi uma tormentosa punição demasiado forte.  Que só findou a 07 de  Outubro de 1904.  

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(1) - O nome de ilhas Sandwich foi atribuído pela célebre comandante James Cook, da Marinha Britânica, ao tê-las descoberto em Janeiro de 1878, como forma de homenagear o Conde de Sandwich que era Primeiro Lord do Almirantado Britânico. Em finais do século XIX o termo Sandwich foi absorvido por Hawai, uma forma de cortar com resíduos coloniais. Na altura, Hawai (nome actual do conjunto das ilhas) era apenas o nome da maior ilha do arquipélago. Desde 1859 que o arquipélago aderiu à confederação norte-americana, tornando-se no seu quinquagésimo Estado. A sua capital é Honululu e o arquipélago, mundialmente famoso pela doçura do clima e gentileza das gentes, sendo composto por oito principais ilhas, é um dos paraísos mundiais do turismo e dos desportos marítimos, nomeadamente o surf.


(2) Mauna Loa - O maior dos cinco vulcões do arquipélago, com 4.170 metros de altitude. Localiza-se na ilha Hawai.

(3) - O Estado do Colorado, localizado no coração dos Estados Unidos, teve nos espanhóis os seus primeiros exploradores europeus (séc. XVI), que lhe deram o seu actual nome (Colorado que significa "de cor vermelha" atendendo à cor predominante na paisagem agreste). O território esteve mais ou menos ao abandono das pretensões europeias, salvo algumas escaramuça entre espanhóis e franceses, até que no princípio do século XIX os  norte-americanos começam a expedicionar para aquela zona, como forma de expandirem o seu território. Escassamente habitado por europeus, a partir de meados desse século (1858) a descoberta de minas de ouro despoleta uma corrida desenfreada até que, em 1861 o governo federal criou o Território do Colorado. Nas duas décadas seguintes seguem-se os habituais conflitos típicos do faroeste, conjuntamente com o massacre de tribos índias. Só em 1876 é que o Colorado se tornou no 38º Estado norte-americano.


(4) Jim Nugent, foi uma das personagens típicas da aventura do oeste americano, à medida que as fronteiras iam ruindo umas atrás doutras e o País se formava. Oriundo do Canadá, fora caçador para abastecer de carne os trabalhadores da Companhia da Baía de Hudson, batedor do Exército, matador de índios e bisontes, pistoleiro a solda de alguém e de ninguém. Tornara-se, por força das circunstâncias, num "desperado", nome que se davam aos fora-da-lei que abraçaram esse caminho mais por desespero do que por gosto). Vivia solitário nas Montanhas Rochosas e era propenso para o álcool, escrevia poemas e escrita burlesca. Tinha ficado cego duma vista ao lutar contra um urso (06/07/1869) em Middle Park. A luta surda por posse de terras nas Montanhas Rochosas entre os novos senhores capitalistas que chegavam e os velhos colonos que já ali se encontravam há muito (entre eles Jim Nugent), acabou por descambar, num dos episódios trágicos daquelas paragens, com a morte de Jim Nugent (Verão de 1874), durante uma briga contra Griff Evans, este a soldo dos novos senhores, em Estes Park. O seu estado alcoólico também não o ajudou a precaver-se. Típico nas histórias do faroeste.





 

Deste livro, cuja biografia de James Nugent é, em parte basedo nas memórias de Isabella Bird, não conheço nenhuma edição em português.


(5) Existirá alguma discrepância no que Isabella Bird conta sobre a saga familiar de Comanche Bill. O massacre de Spirit Lake ocorreu entre 08 e 12 de Março de 1858, na zona fronteiriça entre o Iowa e o Minesota,  perpretado por índios sioux desesperados, que mataram 35 a 40 colonos e raptaram quatro mulheres: uma jovem de 14 anos (Abbie Gardner Sharp) e três senhoras casadas. Destas reféns duas foram mortas (do grupo das casadas) e diligências efectuadas pelas forças americanas levaram à libertação das outras duas. Abbie Sharp muito mais tarde viria a escrever as memórias deste seu cativeiro, que durou uns meses.


Comanche Bill, de verdadeiro nome William Mankin, foi um homem típico de fronteira, onde a única companheira fiel era a sua arma (e ele usava várias). Foi um dos muitos "desperados" que ajudaram a construir a lenda do Oeste americano. Batedor do Exército, pistoleiro, assassino a soldo, xerife em Hunnewell (Kansas), acabou a ser julgado por homicídio em Fort Smith (1880) desconhecendo outros pormenores sobre a vida desta personagem. Dele Isabella Bird escreveu, também: "Era uma personagem pitoresca que montava um cavalo muito bom. Trazia um grande chapéu mole do qual se escapavam uma grande quantidade de belos caracóis, que lhe caíam quase até aos rins. A barba dele era bela, os olhos azuis a tez colorida. Não tinha nada de sinistro na expressão..."




"Comanche Bill", segundo uma pesquisa
que a família Mankin está a reunir


Eventualmente o seu ódio ao nativos poderá ter resultado duma outra história sobre aquele que se presume ter sido seu pai, John Mankin, que foi esfolado vivo por um grupo de índios comanches, em 1853, como forma de punição por ele ter assassinado, a sangue-frio e sem nenhuma razão a não pelo prazer, uma mulher (sqwan) daquela tribo, ao passarem por uma reserva índia, num acto em que foi criticado pelos seus próprios companheiros de caravana que temiam a retaliação, o que veio a acontecer. Jonh Mankin tinha-se juntado a uma pequena coluna de emigrantes que, partindo do Arkansas buscavam chegar a  Califórnia. Tendo os guerreiros índios cercado a coluna dos colonos exigiram  a entrega do culpado de tal crime, sob pena de matarem toda a gente da coluna, incluindo mulheres e crianças. Acabaram por lhes entregar John Mankin ao qual, do pescoço aos pés, foi-lhe retirada a pele, estando ele vivo e perante a assistência passiva dos seus outros companheiros de viagem. Esta história foi confirmada pelo Capitão confederado AS Wood quase quatro décadas após os factos, quando ele residia na zona, ao comentar uma notícia que fora publicada (em 1859) no jornal novaiorquino "Brother Jonatham" onde se relatava esta acontecimento.



(6) Queroseno enquanto sinónimo de Península. Assim era conhecida a Malásia, como a Península de Ouro.


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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL








Gaspar Bocarro - (?/?) - Explorador. Em Março de 1616, partiu de Tete, a mando de Diogo Simões Madeira*. Depois de ter atravessado a região dos maraves, onde estabeleceu contactos com o Karonga Muzura, rastreou as minas de prata de Chicova*, flectiu para a região do Niassa, onde terá atingido o lago do mesmo nome e, daí, atravessando o rio Rovuma, dirigiu-se para Quíloa, totalizando um percurso de cerca de 2.000 quilómetros. É considerado, indubitavelmente, um dos maiores exploradores sertanejos do seu tempo.



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Joaquim Pereira Marinho - (1782 - 1854) - Oficial do Exército Português (Brigadeiro). Natural do Porto, após ter efectuado os seus estudos universitários em Coimbra, ingressou no Exécito. Esteve na Índia e em cabo Verde, tendo exercido funções governativas nesta última colónia. Em 1840 vem para Moçambique, como Governador-Geral, cargo que apenas exerceu durante dois anos. Na sua actividade governativa tentou desenvolver o comércio e a incipiente indústria. Distinguiu-se no combate aos traficantes de escravos, tendo ficado conhecido pela alcunha de "Azourrague dos Negreiros". Provocando um descontentamento sem precedentes no poderosos grupo de pressão que eram os traficantes humanos, estes conseguiram que o mesmo fosse destituído do cargo e preso. Desterrado para Goa, em sede de julgamento, acabou absolvido. 

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Os maraves - Admite-se que os maraves tenham deixado o Sul do Congo, onde habitavam e se tivessem fixado no Norte do actual Malawi, entre 1200 e 1400 DC, sob o comando de um chefe com o título dinástico de Karonga. Devido, talvez, ao esgotamento de recursos naturais, os maraves, agora sob o comando de Karonga II efectuaram nova migração, tendo-se fixado na actual zona da Marávia, na cordilheira Dzaramanha, onde submeteram a população local, e para quem a referida cordilheira era uma área espiritualmente sagrada, de intervenção divina.


Neste local os maraves vieram encontrar um outro povo, também originário do Sul do actual Congo, os Nsenga. Os maraves dividiram-se em dois grandes clãs, os Piri, com estrutura política e militar e os Banda, com estrutura agrícola. O Karonga teria que casar obrigatoriamente com uma mulher Piri, atribuindo-lhe o título de "Muali" e só esta podia tocar o tambor sagrado do povo e invocar o Ser Supremo.

Em finais do século XV terá estalado um conflito no seio dos Piri, pelo que o Karonga reinante ordenou a prova do maubvi* aos chefes suspeitos. Tendo alguns deles recusado foram obrigados e fugirem para Sul e Oeste partindo-se, deste modo, a unidade clânica. Os chefes Piris submeteram ainda o povo Cafula e encontraram, no Baixo Chire, um outro povo, os Chipeta, que também já tinham submetido os Cafula. Terá sido dos Cafula que os Maraves herdaram e interiorizaram dois rituais: o "nhau" (irmandade masculina) e o culto dos territórios divinos.


Em meados do século XVI, depois de terem sido derrotados pelos portugueses, aliam-se a estes e ao Monomotapa*, chegando a auxiliar Gatsi Ruserere com milhares de homens, por intervenção pessoal de Diogo Simões Madeira*. O apogeu militar dos maraves denota-se no decurso do século XVII. Por volta de 1617 os maraves, chefiados pelo Karonga Muzura, atacam o Reino do Monomotapa* e, em 1622, derrotam um seu rival. De seguida intervêm na disputa de da sucessão de Gatsi Ruserere retirando-se, depois, para os seus domínios. Mudando a sua capital para perto do lago Niassa, acabam por impôr o seu domínio até ao litoral Norte moçambicano, conseguindo estabelecer uma plataforma comercial entre o Zambeze e a ilha de Moçambique* que rodava, principalmente, à  volta das armas e fogo  e munições, marfim, ouro e panos. Em finais do século XVII decresce a importância desta rota comercial marave, por influência dos jáuas**  que, em conjunto com mercadores árabes, criaram percursos alternativos. (1)


Foram um dos povos africanos a serem acusados, pelos portugueses, da prática regular do canibalismo, prática esta que lhes facilitava as conquistas territoriais, não só pela resolução do problema da falta de carne animal para se alimentarem durante as suas incursões, como também pelo terror psicológico lançado nas populações que tentavam fazer-lhes frente.



Por volta de 1730 já  os maraves tinham perdido o monopólio do marfim em detrimento dos jáuas e, no decorrer desse século, serão absorvidos pela política da instalação dos prazos*, restando aos Karongas um poder mais teórico que prático.



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(1) - É com base na extensão deste dito império marave (mais comercial que político-militar, diga-se de passagem) que, já em pleno século XX, alguns sectores da sociedade  malaviana pretendiam justificar a anexação, para o seu País, dos territórios nortenhos de Moçambique. Após a independência de Moçambique, agudizaram-se as tensões entre os governantes moçambicanos e malavianos, por terem visões políticas diferentes. Se bem que ambas ditatoriais, a liderança moçambicana de Samora Machel era revolucionária, anti-apartheid e contra o neo-colonialismo e a liderança malaviana de Hastings Banda, era conservadora e amiga dos regimes rácicos quer da Rodésia quer da África do Sul. Assim, no seio desta tensão, cresceram alguns adeptos da restauração do antigo império marave e, à junção do território malaviano aos do norte de Moçambique, chamar-se-ia "Rombézia". A "Rombézia" nunca passou duma utopia, fomentada por sectores mais conservacionistas da sociedade malaviana e que se dissolveram após o baixar das tensões fronteiriças entre os dois países, depois de instaurada, em ambos, a democracia. Presentemente, o que se disputa é o nome do lago Niassa, que as autoridades malavianas persistem em quererem que, internacionalmente, seja referido por lago Malawi.



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Manilha - Argola de adorno para ambos os sexos que, podendo ser de metal, marfim ou madeira, é usada nos nos membros superiores ou inferiores.



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Massambaz - Corruptela portuguesa do termo marave "va-sambadzi" e que se reportava ao escravo comerciante, negro ou mulato, da confiança pessoal do mercador branco, que se embrenhava nos circuitos comerciais do interior, interditos ao seu patrão, assumindo a chefia das caravanas e mercadejando toda uma panóplia de artigos tais como ouro, marfim*, panos*, sal, abadas*, bem como também escravos. Correspondia ao pombeiro angolano. 


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República da Maganja da Costa - Com uma superfície de cerca de 800 mil hectares a República da Maganja da Costa tinha um território compreendido entre os rios Moniga, a Norte; Liango e Lugela, a Sul; o oceano Índico a Este e, a Oeste, uma linha imaginária que ligaria a nascente do Moniga à confluência dos rios rios Lujo e Lugela.

Em 1857, João Bonifácio Alves da Silva** aprazou a Maganja da Costa, que não estava aforada e, em 1861, invade as terras do Sultanato de Angoche*, como medida retaliativa duma incursão de Mussa Quanto**, comandante das forças daquele sultanato, fizera anteriormente (cinco anos antes) à Zambézia, onde arrasara todos os povoados que encontrara, estando muitos destes povoados localizados nos seus prazos.

Para a invasão do Sultanato de Angoche, João Bonifácio Alves da Silva preparou um excelente exército de achikundas* maganjas, de boas e ancestrais tradições guerreiras. Acabada a invasão, que culminou com a derrota de Mussa Quanto** e a morte de João Bonifácio Alves da Silva, os seus achikundas retiraram-se para a Maganja da Costa e instalaram a sua capital em Aringa sendo, assim, conhecidos pelos "nha-aringues".

Esta República de escravos teve uma existência efémera, entre 1862 e 1898 mas, durante a sua existência, montou uma estrutura política e militar única nos anais moçambicanos. O chefe supremo era o Umcumbe (Capitão-Geral), sendo secundado pelo Bazo e a seguir pelo Canhongo. As ensacas eram comandadas pelos Cazembes e enquadradas por Sachecundas e Mucatas.


Assente num sistema de pirâmide hierárquica, os Sachecundas e os Mucatas elegiam os Cazembes e estes os Umcumbes. Para além da estrutura militar haviam os civis (colonos e escravos) que podiam desempenhar qualquer trabalho, excepto a caça e a guerra (idêntico aos prazos*). O primeiro Umcumbe foi Mateus que, como Lugar-Tenente de João Bonifácio Alves da Silva, colaborou no comando da invasão do sultanato de Angoche. Foi sucedido por Mateus (filho), que é derrubado por Alexandre. Em 1897 Alexandre morre e  sucede-lhe Namurera, que se torna no último Umcumbe, já que, em 1898, João de Azevedo Coutinho**, no cumprimento duma nova política colonial que não permitia zonas autónomas, invade a República, coadjudado pelo ex-Umcumbe Mateus (filho), pondo fim à única república com estrutura eminentemente militar que existiu em Moçambique.


De realçar que os maganjas actuaram junto das forças portuguesas na repressão da revolta de Massingir, em 1884; com Manuel  António de Sousa*; nas lutas contra os macololos**, em 1889, com Serpa Pinto** e contra o Reino do Barué*, em 1891, com João de Azevedo Coutinho.


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Bazo - Comandante duma ensaca, sendo figura importante na hierarquia militar.


Canhongo - Velho achikunda, intocável e com funções de adivinho. Tinha várias funções sociais, como a de incitar os guerreiros ao combate e desempenhava, também, o papel de bobo da corte. Na hierarquia militar tinha um posto de prestígio.


Cazembe - Comandante de ensaca; chefe de escravos, responsável pelas aldeias dos mesmos e que era sempre um achikunda.


Ensaca - Corrupção fonética da palavra "ntsaka", que significa grupo ou bando de pessoas, pelo que, em linguagem militar, se pode referir como um grupo de combate, sem definição certa de número de homens.


Mucata - Militarmente seria um Cabo duma ensaca.

Sachecunda - Escravo com funções de chefia subalterna numa ensaca.


Umcumbe - Chefe máximo da República da Maganja da Costa.


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Mateus - (?-?) - Nasceu no Namarral, sendo mestiço de sangue afro-indiano, este Cazembe de João Bonifácio Alves da Silva. Tendo como cognome de guerra "Gobelina", liderou a força achikunda que invadiu o Sultanato de Angoche em 1861. No regresso à Zambézia, após a morte do seu amo, funda e organiza a República da Maganja da Costa, tendo sido o seu primeiro Umcumbe.


Mateus (filho) - (?-?) - Também por vezes referido como Mateus da Costa, era filho de Mateus, o fundador da República da Maganja da Costa, tendo-lhe sucedido como Umcumbe. Colaborou na invasão do Sultanato de Angoche, em 1861. Em 1897 auxilia os portugueses, de quem foi sempre um fiel servidor, na invasão dessa mesma República que liderara, até ter sido deposto. Comandou em 1899, os sipaios* do prazo* do Boror**, na incursão contra o Sultão Mataca**, no Niassa.


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Brasão de armas da vila de Manica - Fundo vermelho com elefante de ouro orlado a negro e armado de prata, rodeado por oito besantes de ouro. Tem a coroa mural de prata com quatro torres e listel branco com gravação a negro de: "Vila de Manica"



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Brasão de armas da cidade da Beira - Em fundo de ouro um navio antigo de três mastros, em negro com realce a prata, mastreado e encordado de negro e vestido de vermelho. No cimo do mastro principal tem uma bandeira azul com cinco besantes de prata. O mar tem cinco faixas de verde e prata e a coroa mural, também de prata, apresenta cinco torres. O listel é branco com a inscrição a  negro de: "Cidade da Beira".




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* - Já aberta ficha
** - A abrir ficha

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LEITURAS


No continente africano, onde a escrita era desconhecida, a oralidade era um marco fundamental na transmissão dos saberes, para transitarem geracionalmente. Aliás, um dos provérbios africanos por causa da oralidade africana é precisamente "Em África cada velho que morre é uma biblioteca que se perde." Uma das imagens que nos salta, quando falamos de África, é precisamente um grupo de pessoas sentados sob uma árvore (se de dia) ou em redor duma fogueira (se de  noite) onde um velho conta histórias ancestrais de leões ferinos enganados por palancas ladinas, ou de espíritos malignos vindos das trevas das montanhas, batalhas de armas abertas e outras de amores escondidos, tudo num entrosamento místico e mítico, mas quase sempre contendo uma moral.

E é nessa saudosa África perdida que eu, doente assumido do síndrome de Peter Pan que sou (um dos raros luxos a quem ainda me posso dar) e me recuso a perder, apesar de espartilhado na civilização do consumismo rápido do digere e deita fora das grandes urbes. Mas, volta não volta, nesta urbe imperial do cimento e do alcatrão, qual criança que por vezes descortina uma flor a lutar para sobreviver no meio das pedras calcáreas dos passeios, consigo descobrir uma flor literária a lutar para sobreviver no meio dos calhaus calcáreos em que nos transformaram.

E, desta vez foram duas as flores literárias que encontrei, plantadas pelo mesmo jardineiro, que dá pelo nome de Fernando Fonseca Santos. Ao deambular por uma exposição de livros comprei, deste Autor angolano, os romances fabulísticos "A lenda dos Homens do Vento: Oma-Handa Ekwamine, o clã do Leão" (Volume I, Quetzal Editores, Lisboa, 1997, 349 págs.) e "A lenda dos Homens do Vento: O tempo do Meio" (Vol. II, Quetzal Editores, Lisboa, 1998, 330 págs.).

Na badana do primeiro livro leio uma frase que o Autor escreveu noutra obra sua ("Os caminhos da Terra", que eu não conheço) "Os europeus escrevem nos livros e os africanos na alma". É daquelas frases que, na sua simplicidade, encerram, sintetizam e arrumam todos os grandes discursos que pudéssemos ler sobre literatura africana.


Nos dois livros em causa lêem-se com bastante agrado as fábulas onde se entrecruzam homens e bichos, lendas e mistérios, lutas fraticidas de povos que facilitam a lenta penetração da colonização portuguesa no Sul de Angola, mortes honrosas e amores perfeitamente imperfeitos. 

Nestas duas obras as fogueiras da minha adolescência, que estavam letargicamente em borralho comatoso, voltaram a crepitar com uma sonoridade calorenta como já há muito não sentia.


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A propósito da conquista do Oeste americano, que se abordou ligeiramente na biografia de Isabelle Bird, quando se falou sobre a suas estadia nas Montanhas Rochosas e sobre Jim Nugent e Comanche Bill, li um livro fabuloso sobre essa epopeia americana. Trata-se de "O Pequeno Grande Homem", (Cavalo de Ferro, Lisboa, 2008, 556 págs.) da autoria de Thomas Berger.


Trata-se dum romance épico sobre a conquista do Oeste americano que cobre a segunda metade do século XIX. Tendo como personagem central Jack Crabb que, já muito velho (centenário com 111 anos) é procurado por um jornalista/escritor e começa a relatar a este a sua vida errante desde que, emigrando com a família para Oeste numa das famosas "escunas da pradaria" (carroças de toldo branco) foram assaltados por índios cheyenes, tendo ele e uma irmã sido raptados pelos mesmos.




Ao longo das 550 págs. do romance passam vários acontecimentos e personalidades que ficaram na História do Oeste americano - a batalha de Litle Bighorn, o duelo do OK Corral em Tombstone, Wayt Earp, General George Armstrog Custer, Wild Bill Hickok, Calamity Jane, a Union Pacific e a construção ferroviária, a cavalaria americana, a chegada ao Pacífico, e uma descrição circunstanciada sobre o modo de vida índio, nomeadamente os cheyenes - os tsistsistas ou Seres Humanos - por se considerarem superiores aos outros. Para além de relatar as peripécias de Jack Crabb e da sua irmã, que se vão cruzando e separando ao correr dos tempos, o livro é um libelo acusatório à forma como a Nação Índia foi destruída sem apelo nem agravo.

Um romance de aventuras muito bem estruturado, irónico, documentado fotograficamente e baseado em personagens e factos que existiram e  aconteceram, e cuja leitura, no remanso do nosso lar, nos faz montar num cavalo imaginário e sonharmos que somos um qualquer Jack Crabb. Vivamente recomendo a leitura deste livro, principalmente para os apaixonados pelo romance de aventuras no geral e do Oeste americano, no particular.

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Já o mesmo não digo do filme que fizeram, inspirado neste livro. Tendo a película o mesmo nome, e como actores principais Dustin Hoffman e Faye Dunway, o filme é uma seca tremenda. Mesmo tendo a consciência que é muito difícil um filme rivalizar com a obra escrita, atendendo a que um realizador está espartilhado no tempo da filmagem ao passo que o escritor pode-se "estender" à vontade, mesmo assim acho o filme muito fraco, em que as sequências são despejadas umas em cima das outras e sofrendo cortes abruptos nas ligações entre as diversas histórias.




Já estando fora dos circuitos comerciais, mesmo assim pode-se adquirir o filme, que está legendado em português, mandado vir através de empresas especializadas. No entanto, para mim, foi dinheiro deitado fora.


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POESIA


Manuel Alegre - Tenho uma admiração incondiconal pela poesia deste homem. Considero-o um dos dois poetas geniais do século XX português (o outro foi Fernando Pessoa) e um dos que integro no Olimpo da poesia portuguesa de todos os tempos, que são, entre outros, Luís de Camões (como não podia deixar de ser), Manuel Maria Barbosa du Bocage e Antero de Quental (1).



Manuel Alegre


Já muito se escreveu sobre este político que faz poesia ou poeta que se dedica à política (não sei bem definir) e que, felizmente, ainda luta entre nós. Se politicamente tenho discordado de ideias suas (mas não me esqueço que ele contribuiu para que eu vivesse num País onde pudesse discordar dele e isso lho devo) já a nível poético estou completamente rendido (aliás, sempre estive).


E como declamador... não conheço outro igual. Acho-o fabuloso a declamar. O álbum discográfico "É preciso um País" (que eu já escrevi anteriormente), em que ele declama 21 poemas seus, acompanhado à guitarra por Carlos Paredes, é uma obra-prima da declamação poética. Que vale a pena adquirir. E ouvir.



"Trazias de Lisboa"
Voz: Manuel Alegre
Guitarra: Carlos Paredes


Grande parte da sua obra poética foi reunida num livro titulado "Manuel Alegre: 30 anos de poesia" (Círculo de Leitores, Lisboa, 1996, 709 págs.) (2) que, como não podia deixar de ser, eu tinha que adquirir. Mas não só a adquiri como fui lendo a mesma, aos poucos e poucos, como quem degusta um prato de gastronomia altamente saborosa. 



Tendo prestado serviço militar em Angola, no decurso da guerra independentista de 1961/1974,  passou por Nambuangongo. Muito mais tarde, já após a independência do território, visitou aquela localidade, onde leu poesia por si lavrada sobre as memórias do seu tempo militar. Um dos seus poemas - "Nambuangongo meu amor" - foi magistralmente cantado por um grande intérprete e compositor musical da nossa praça, Paulo de Carvalho. Não resisto a colocar esse registo musical.




"Nambuangongo" meu amor
Intérprete: Paulo de Carvalho


Dessa sua visão da guerra em Angola legou-nos o seu primeiro romance "Jornada de África", onde narra a história dum militar português - Sebastião - para ali destacado e que, tal os outros combatentes daquela época, irá calcorrear os trilhos da guerra e, no meio deste caos, irá descobrir a violência da vivência colonial. Este romance inspira-se, metaforicamente, na narrativa memorial "Jornada de Africa" de Jeronymo de Mendoça (3) (Escriptorio, Lisboa, 1904, 2 volumes). A similaritude de ambas as jornadas africanas são paralelas, pois se Alcácer-Quibir foi o prenúncio da queda da Casa e da Coroa Real Portuguesa e consequente perca da independência nacional, Angola foi o prenúncio da queda da ditadura portuguesa e consequente perca do comatoso Império  Colonial Português. Ambas as jornadas africanas conduziram-nos a fracturas políticas que, fazendo-nos claudicar perante a realidade nua e crua transversal a todo um País, mudaram o rumo da nossa História colectiva.

Há muitas facetas da sua longa e atribulada vida, quer como poeta, romancista, militar, combatente do fascismo, militante socialista (para mim uma das raras cauções do verdadeiro PS ainda vivo), locutor  da Rádio Portugal Livre, em Argel, político na democracia portuguesa mas, acima de tudo, portador duma postura coerente, diplomática e elegante ao longo da vida. Mas há um poema que ficará na História da resistência à ditadura portuguesa (ou a qualquer outra ditadura), um poema transversal no tempo e no espaço da sociedade portuguesa, que cruzou, cruza e cruzará gerações. A admirável "Trova do vento que passa", já declamada e cantada por tanta gente. 



"Trova do vento que passa"
Voz: Manuel Alegre
Guitarra: Carlos Paredes



A sua obra é um puro monumento à poesia. Não sei quando voltaremos a ter outro Manuel Alegre. Desconfio que nem tão depressa, apesar da fama que o nosso País tem de ser uma terra de poetas. Só que... vates como este...hum, hum. E, por isso, antes que ele parta a declamar a sua poesia pelas galáxias fora, quero aqui expressar publicamente o meu "Obrigado Manuel Alegre".



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(1) - Não assinalo aqui o Rei Dom Dinis, por (ainda) não ter conhecimento exaustivo da sua obra trovadoresca que, presentemente, ando a pesquisar. Dom Dinis, no seu longo reinado de 46 anos foi um Rei excepcional e culto, que não só sabia escrever e ler como compreendia o que lia*. Fundou a Universidade, fixou o Português como língua oficial do Reino, implementou a consciência da identidade nacional enquanto Estado-Nação e redefiniu as nossas fronteiras quando assinou o Tratado de Alcanizes, legislou abundantemente para cortar abusos sobre o povo e centralizou o poder, entre muitos outros aspectos positivos (e outros negativos) que se lhe podiam apontar. Pouco conhecido entre os portugueses que identificam-no mais como tendo mandado plantar o pinhal de Leiria. Sobre o arroteamento deste pinhal Fernando Pessoa apelidá-lo-ia, magistralmente, de "plantador de naus a haver", pois naus e caravelas envolvidas nos descobrimentos que houveram mais tarde tiveram o madeirame que as formou e formoseou daqui.


* - Contrariamente a muitos políticos actuais da nossa praça, que apenas sabem ler extractos de conta bancária e escreverem ordens de pagamento para "off-shores". 



(2) Há uma outra edição deste mesmo livro das Publicações Dom Quixote.



(3) Jeronymo de Mendonça foi um portuense que combateu em Alcácer-Quibir ao lado do  Rei Dom Sebastião. Após a derrota foi feito prisioneiro, até que conseguiu comprar a sua liberdade. Regressou ao Reino tendo escrito o livro "Jornada de África", que teve a primeira edição em 1607, onde relata esta odisseia que acabou por se tornar fatídica para Portugal. A segunda edição deste livro foi em 1785 e a terceira em 1904, sendo um livro muito pouco conhecido na generalidade dos portugueses. No entanto é considerada uma narrativa verídica, tendo a mesma sido escrita por quem foi lá, combateu, ficou aprisionado e conseguiu pagar o resgate e regressar para contar a história. Possuo os dois volumes desta terceira edição (1904) e, tendo-os lido, percebi muito melhor o romance de Manuel Alegre.



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MÚSICA


Patxi Joseba Andion González é um dos meus cantautores preferidos e cuja obra musical faz parte do núcleo duro da minha discoteca. Madrileno de nascimento (1947) mas com raízes bascas, para além da música o teatro é outra das suas actividades profissionais.





"Vinte anos... palabras"



Ainda na vigência da ditadura portuguesa foi impedido pela polícia política (Direcção-Geral de Segurança) de actuar no nosso País que, face à sua assumida militância pelos valores da esquerda, expulsou-o por duas vezes do nosso País. Mas, como não há duas sem três, um mês antes do golpe de estado militar abrilino, Patxi Andion actuou no Coliseu de Lisboa (24 de Março), que estava a abarrotar e dá um concerto que foi considerado memorável. Desses tempos recordará mais tarde, numa entrevista ao Público: "Foi uma coisa incrível, na minha vida. As duas primeiras vezes que fui para cantar em Portugal, a PIDE levou-me para a fronteira. Devo ter sido o único cantor a ser expulso duas vezes. Então aquela vez era a primeira que eu tinha um concerto grande, em Lisboa. Foi uma noite inexquecível, maravilhosa." Ainda hoje tenho pena não ter assistido a esse concerto. Mas seria impossível pois não tenho o dom da ubiquidade.  Estava nos antípodas, armado em candidato a guardião do Império.



"Rogelio"



Muito jovem formou a sua primeira banda de música roqueira (Los Camperos). Depois, abandona a música e vai trabalhar num bacalhoeiro para a Terra Nova. Desses e doutros tempos lembrar-se-á  mais tarde da fome e da solidão que passou, mas que lhe ajudou a moldar o carácter. Quando regressa da aventura do bacalhau retorna à música e ruma para França, então uma das Pátrias da Liberdade na Europa. Por lá vagabundeia durante cerca de dois anos, a tocar nas ruas e no metro parisiense. De regresso a Espanha grava o seu primeiro disco, no qual alguns temas são proibidos de tocar na rádio espanhola.


Samaritana


A terminar relembro-me que, quando o meu Pai partiu para a sua Grande Grande Viagem, durante o seu funeral não me saía da  cabeça o tema musical "Padre", magistralmente composto e interpretado por este músico.





"Padre"


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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA


África do Sul - Reside e trabalha no Kingdom of the White Lion, na África do Sul, um zoólogo autodidacta, de nome Kevin Richardson que, já de si, é uma lenda na luta pela preservação das espécies felinas. Nascido em Joanesburgo, em 1974, desde cedo revelou a sua paixão por animais.




 Abandonando os estudos universitários, casualmente começou por tratar de dois jovens leões e, daí em diante, não mais parou tornando-se, presentemente, num dos maiores especialista das espécies felinas.




Depois de ter trabalhado uns anos no Lion Park mudou-se para o Kingdom of the White Lion, um outro parque natural onde ele interage com um à-vontade sem igual com os felinos (39 leões, hienas e leopardos).




A fim de reunir capital que lhe permita e às suas equipas manterem os animais, trabalha com o os felinos para anúncios comerciais, documentários e filmes, por exemplo. Existem vários vídeos de longa duração, como documentários centrados na sua pessoa e nos animais com que convive (leões, hienas e leopardos), que estão nas redes comerciais. São trabalhos em prol da defesa da fauna animal e cujas receitas revertem, em grande parte, para manter a razão de ser da sua vida. Pelo que aqui fica a minha sugestão: a aquisição dum vídeo dele será uma boa prenda para ofertar a alguém. Basta procurar na "rede".



Ferido por algumas vezes, nas brincadeiras com os felinos, estes aceitam-no como sendo um dos seus. Em todo o Mundo poucos se podem dar ao luxo de brincarem em lutas, dormirem sestas e tomarem banho com estes grandes gatos como Kevin Richardson o faz. Este conservacionista é, sem dúvida alguma, uma das reencarnações do lendário George Adamson (já aqui biografado).


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Angola - Foram localizados 600 hectares de floresta de montanha, que se desconhecia até ao presente momento, em Mamba, na zona central do País. A floresta de montanha situa-se a um nível acima dos 2.000 metros e contém uma biodiversidade riquíssima, que vem trazer novo alento a espécies ameaças ou em risco de extinção. Até agora existia apenas um floresta deste tipo com uma área de 200 hectares naquele País. Esperemos que o bom-senso prevaleça e se preserve esta nova área, recentemente descoberta graças à tecnologia do Google Earth, que actualizou mapas do Paneta.


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Portugal - Quem não revelou bom-senso foi a Assunção Cristas, Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, ao vetar a deslocação de dois cientistas portugueses à reunião anual da Comissão Baleeira Internacional, que se realiza no Panamá. Será a primeira vez que Portugal ali não irá comparecer e logo quando se vai votar uma decisão de se criar uma zona costeira na América Latina que irá interditar a caça à  baleia. Todos os votos são preciosos e o voto português era favorável a esta medida.


Falta de verbas para tal deslocação, foi a  justificação ministerial. Para pagar a viagem e estadia a dois cientistas portugueses por uns dias ao Panamá? Mas quando se realizou a  Conferência do Rio, que já se sabia que, tal como as outras, não ia dar em nada, já houve verbas para a Ministra Assunção Cristas estar presente.


Não foi lá fazer nada de relevante para o País, para o Planeta ou para o Ambiente. Mas foi lá. Para isso já houve verbas. Para passear, comer uns croquetes,  passear-se no meio da nata dos empatas, chegar calada e sair muda... houve verba. Agora para dois cientistas irem a uma reunião internacional onde se vai decidir a criação de mais um refúgio para uma espécie ameaçada e onde todos os votos são preciosos... não, não há verbas.


"Temos que fazer escolhas", disse a Ministra justificando-se. Pois. É pena ela não ter escolhido a porta de saída. Mas depois de ter tido um Portas que lhe deu a entrada... tomou-lhe o gosto.



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Não se acobardem. Acusem quem pratica a crueldade aos animais, pois estes estão indefesos. Têm muito pouca protecção legal. Participem, ligando-se a uma associação de defesa animal, florestal ou ambiental da vossa zona.


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ACONTECEU


Miguel Relvas tirou a sua licenciatura universitária de Ciência Política e Relações Internacionais em apenas um ano, na Universidade Lusófona (Lisboa). Vá lá, vá lá. Houve quem tivesse tirado a licenciatura ao Domingo.

Não sendo ilegal, esta política de créditos de cadeiras universitárias (e da qual a Universidade Lusófona é extramamente liberal) não deixa de ser uma variante sofisticada do que foram as "Novas Oportunidades" do ensino secundário. Palavras para quê? Porque será que quando me falam de políticos portugueses, em 95% dos casos tenho que ter um vomitório à mão, para não sujar o chão ou quem me circunda?






E agora tenho que fechar o computador. É que lá me veio a vontade de vomitar outra vez.


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Respeite o Ambiente. Utilize os textos do Novo Acordo Ortográfico como papel higiénico.

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As referências aos produtos acima referidos (livros, filmes, músicas, pinturas, etc.) são incompatíveis com intuitos publicitários de carácter comercial. Reflectem, apenas, a opinião do Autor.

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Todas as fotografias do presente texto foram colhidas do Google Imagens e os vídeos do Youtube.


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Hambanine



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