"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Heinrich Barth


VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES




Heinrich Barth - (Hamburgo, 16/02/1821 - Berlim, 25/11/1865) - Arqueólogo, historiador, geógrafo e explorador da África sub-sahariana. Depois de ter completado os seus estudos universitários em Berlim (1844), onde teve como mestres uma plêiade de professores notáveis, quer nas áreas das matemáticas, filosofia, jurisprudência e ciências geográfico-naturais, e que assentavam os seus ideais nas teses do Iluminismo, efectua uma viagem pela península itálica. Dominava o francês, espanhol, italiano, inglês e árabe.




Muito influenciado pelo  modelo de pesquisa exploratória britânica, desloca-se para Londres onde efectua estudos da língua e civilizações árabes, enquanto planeia uma viagem por terras da bacia mediterrânica. Em 1845 inicia este périplo e, partindo de Tânger,  ruma pela costa norte-africana até atingir o Egipto. Daqui mergulha pelo Nilo abaixo até ao norte sudanês, atingindo o lago núbio onde se localiza Wadi Halfa. Estreia-se a sério nas travessias desérticas até atingir a portuária cidade ptolomaica de Berenice, no Mar Vermelho. No  caminho foi assaltado, espancado e ferido por ladroagem. Mas, de rija têmpera, sobreviveu.


Cruza a península desértica do Sinai e prossegue a sua jornada, visitando a Síria, a Turquia e a Grécia até que, dois anos após a sua partida, retorna a Berlim. Nesta viagem, como nas subsequentes que virá a realizar, teve o cuidado de estudar, nas suas diversas formas, os costumes dos povos com que se cruzou, tudo anotando para um futuro livro.


Estando a Alemanha (1)  interessada em possuir colónias africanas (e não só mas também noutras zonas planetárias) começa a desenvolver interesses em expedições a este continente. Assim, e também ao serviço da causa alemã, em 1850 Heinrich Barth integra o triúnviro duma expedição liderada por James Richardson  e completada por Adolf Overweg. Partindo de Tripoli, em Maio de 1850 atingem Marzuk (sudoeste da actual Líbia, no Sahara Central), onde estacionam. Daqui seguem para Ghates onde Heinrich Barth resolve escalar, solitário, o monte Idinem. No regresso, devido à inclemência do clima desértico, esgota a sua provisão de água. Para sobreviver corta uma veia e vai bebendo o seu próprio nectar sanguíneo até que a sorte dos Deuses o acompanha e acaba recolhido por um tuaregue que o leva de volta ao acampamento.   


Depois de recuperado dirigem-se para Tassili N'Ajjer, no sudoeste da actual Argélia e perto das actuais fronteiras com o Níger e a Líbia, onde Heinrich Barth observa umas pinturas rupestres pré-históricas(2). Deslocam-se para Agadez (actualmente una região da Níger) que desilude os nossos exploradores, pois já tinha perdido o seu esplendor doutrora. Heinrich Barth descreve-a como "uma cidade abandonada" que havia perdido milhares de habitantes. Pelos caminhos do deserto sahariano tiveram, por vezes, que abrir caminho ou a tiro ou a subornos, perante tribos tuaregues hostis. As ameaças de morte aos infiéis a Alá "ao findar do dia" (quando o Sol se pusesse) eram substituídas por prebendas pois, mais que o ferver religioso, o que fazia mover aquelas gentes de instintos básicos eram as ofertas. Os bens materiais superavam os bens espirituais. Estes apenas serviam para justificar o esportulamento daqueles.

O triúnviro de exploradores separa-se em Agadez, seguindo James Richardson directamente para o lago Chade e os dois companheiros alemães prosseguem a sua viagem para explorarem outras rotas lacustres. Acertam a cidade de Kukawa, no Reino de Bornu (actual Nigéria) para se voltarem a reunir. Aqui vem a morrer James Richerdson poucas semanas antes de Heinrich Barth chegar. Após quinze meses a pesquisarem o lago Chade, Adolf Overweg também virá a falecer, de malária.



Mapa do percurso de Heinrich Barth



Sozinho, Heinrich Barth prossegue a jornada. Depois de ter percorrido o lago Chade e o Sultanato de Barguimi (que se integra na actual República do Chade), flecte para Oeste e é o primeiro europeu a atingir a região de Adamawa  (que hoje em dia se espartilha entre os Camarões e a Nigéria). Em Novembro de 1852 abandona Bornu, decidido a ir até Tombuctu, apesar dos vários problemas que ia tendo durante a sua odisseia derivadas de doenças (desinteria, febres, malária), ou por sede e sub-nutrição, ou por ser constantemente alvo de ataques dos locais por onde passava, pois um branco solitário era uma presa apetecida.


Entra na já não mítica Tombuctu em Setembro de 1853, então liderada pelo Sultão Elk-Bakay. Vinte e cinco anos depois de René  Caillé (já aqui biografado) esta cidade também a ele provocará desilusões, onde sentir-se-á em perigo constante e será, também aí, esportulado dos seus haveres onde, para se salvar, relatará: "Na manhã do dia 08 de Setembro, a primeira notícia que ouvi foi que Hammadi, o rival e inimigo de El Bakay, tinha informado o fulbe ou fullan de que um cristão tinha entrado na cidade e que, em consequência disso,  tinham tomado a decisão de o matar. Porém estes rumores não me provocaram grande alarme, pois tinha a falsa esperança de que poderia confiar na pessoa que, por enquanto, tinha chamado a si a tarefa de me proteger, mas a minha sensação de segurança foi rapidamente destruída, pois este homem tornou-se no meu maior carrasco. Eu tinha destinado para ele um presente muito bonito.........". Mas o sultão não se sentiu satisfeito com as ofertas que se compunham de vestuários, dinheiro e uma pistola com munições pelo que:"... enquanto me impunha esta pesada contribuição e para retirar o carácter vexatório ao seu acto, o meu anfitrião declarou que como a casa deles e todo o estabelecimento deles estavam à minha disposição, a minha propriedade devia de estar à disposição deles." Pelo que, depois de se ter sentido saqueado, desabafou: "Assim se passou o meu primeiro dia em Tombuctu, a preparar-me para muitos problemas e ansiedades que teria que suporertar. Até mesmo daqueles que se afirmavam meus amigos e me tratavam com tão pouca consideração." Realmente há casos que nunca mudam, que param no tempo, ou então tendem a agravar-se, ficando-se com a impressão que a evolução humana parou naquelas zonas. Como ainda hoje ali acontece, Tombuctu parece (infelizmente) uma cidade irreversivelmente perdida (3).


Casa onde residiu Heinrich Barth em Tombuctu
(foto de 1908)

Em princípios de 1854 abandona a triste Tombuctu e acaba por se cruzar com uma missão europeia que buscava notícias suas e que era liderada por um seu compatriota, Eduard Vogel, que o informa que já era dado como morto, na Europa. Separa-se de Eduard Vogel e decide regressar a Tripoli, em Maio de 1855.


Quando regressa a Tripoli, cinco anos após a sua partida dali, havia percorrido uns vinte mil quilómetros. Para aqueles duros tempos foi obra, muito mais para um europeu solitário. Retorna à Alemanha, via Grã-Bretanha (onde chega em Setembro de 1855) e, em 1858, viaja pela Ásia Menor e, quatro anos mais tarde, vai à Turquia e Grécia, onde sobe ao Monte Olimpo(4), sendo considerado o primeiro europeu a tê-lo conseguido. Em 1863 ingressa como professor de Geografia na Universidade de Berlim, cargo que desempenha até ao seu falecimento, apesar de ser irregular quer no número de aulas quer na remuneração. Foi pouco incompreendido pela sociedade científica de então pois, apesar de o terem eleito para presidir a Sociedade de Geografia Alemã, vetaram o seu nome para entrar na Academia Prussiana das Ciências.


Heinrich Barth foi um explorador excepcional que se diferenciava de muitos outros companheiros europeus de então, pois possuía formação académica superior. Essa formação, que lhe fora moldada pela docência dos magníficos professores que tivera, fizeram-no ter uma visão mais humanista dos povos com que se foi cruzando, denotando um especial cuidado em registar os seus usos e costumes, bem como em desenhar e  tentar preservar artefactos. Como alemão deu o seu contributo para que o seu País se tornasse também numa potência colonial europeia(5).

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Após o seu regresso do périplo africano publicou, entre outros, a monumental obra "Viagens e descobertas na África do Norte e Central", em cinco volumes (da qual desconheço alguma edição em língua portuguesa). O rigor científico histórico, linguístico, antropológico e sociológico, quer dos mapas quer dos gentios com quem se cruzava, fizeram dos seus escritos uma bíblia confiável e, ainda hoje, são um manancial interessante de informações de como se vivia e morria naquelas épocas.



Épocas em que, muitas vezes, o fio curvo do punhal ou a lâmina da cimitarra substituía a malária, ou o veneno do escorpião. Só aos mais sagazes e ousados é que o Destino sorria. Heinrich Barth foi um dos contemplados com este sorriso. Mas não na sua Pátria, onde a verdadeira compreensão dos seus feitos tardou a chegar. Só muito depois da sua morte é que a comunidade se apercebeu da mais valia que perdera. Talvez porque "Santos de casa não fazem milagres".






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(1) - Alemanha - O termo Alemanha foi aqui utilizado para simplificar o texto. Na realidade a formação geo-política da actual República Federal Alemã sofreu várias alterações ao longo dos séculos. Resumidamente, tendo-se iniciado nos primórdios do século VIII como Sacro Império Romano-Germânico (que teve como antecessora o Reino da Germânia) durou até princípios do século XIX, no que terá sido considerado como o Primeiro Reich.  Neste século XIX o território sofre várias convulsões. Fruto da actividade napoleónica, que reuniu diversos Estados (16), teve uma incipente Confederação do Reno (1806/1813) passou, depois da derrota napoleónica nas tundras russas, para uma Confederação Germânica (1813/1866); génese da Confederação da Alemanha do Norte (1866/1871). Em 1871 um dos grandes líderes alemães de todos os tempos, o prussiano Otto von Bismark, o Chaceler de Ferro, promove a unificação alemã e dá origem ao II Reich que durará até à derrota germânica no primeiro conflito mundial (1918). No decurso do século XX, a Alemanha verá nascer e morrer o que era para ser o milenário III Reich mas que só durou seis anos (1939/1945), quando o nazismo baqueia no findar da II Guerra Mundial. Por dissenções políticas dos Aliados de então, a Alemanha parte-se em duas (1945) nascendo a República Federal Alemã, de inspiração social-democrata e burguesa e a República Democrática Alemã, de inspiração comunista e totalitária. Com a queda do Muro de Berlim (1989) as duas Alemanhas voltaram a reunir-se, sob o impulso de Helmut Kholl, o Touro da Baviera, situação que se mantém até à presente data.


(2) -  O Parque Arqueológico de Tassili N´Ajjer comporta cerca de 15.000 desenhos de arte rupestre pré-histórica, onde relata a vida humana nas suas diversas vertentes desde 6.000 AC. Considerado um dos mais importantes do Mundo, foi considerado Património da Humanidade em 1982. Quatro anos mais tarde o Planalto de Tassili (onde se engloba o Parque Arqueológico)  ficou com uma área de oito milhões de hectares quando a UNESCO lhe outorgou a classificação de Reserva da Biosfera Planetária.

(3) - A cidade maliana de Tombuctu tem, no seu espólio urbano, as grandes mesquitas de Djingareyber, Sankoré e Sidi Yhaia, para além de diversos cemitérios, mausoléus e um espólio literário que são considerados Património da Humanidade, pela UNESCO. Face à instabilidade política que se regista naquela zona, com focos de rebelião armada e correndo a República do Mali o risco potencial de se cindir, este património tende a correr o risco de se desagregar e desaparecer, por falta de cuidado especiais, atendendo ao tipo de material que foi utilizado na sua construção.


Mesquita de Djingareyber



Post-scriptum - Já depois de publicada esta mensagem acabo de ler, na edição do Público de  01/07/2012, que alguns dos mausoléus de Tombuctu já começaram a ser destruídos por uma das facções muçulmanas mais radicais. E, assim, mais umas peças do Património Mundial, vão desaparecer. Perante a passividade do Mundo, que apenas faz uns comunicados a lamentar tal situação. Alguém ainda se lembra das estátuas de Buda, no  Afeganistão, que também eram Património da Humanidade e que foram destruídas pelos talibãs? Alguém foi responsabilizado? 


(4) - Monte Olimpo - Com 2917 metros de altitude é considerada a mais alta montanha grega. O seu nome é de etimologia desconhecida e a sua fama provém de, na mitologia helénica,  ser a casa dos doze principais deuses - Zeus, Hera, Poseídon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, Artemis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dionísio - que aí viviam alimentando-se de ambrósia e bebendo néctares.



(5) -  Após a Conferência de Berlim (1878), que foi considerada como a partilha de África, nasceu a Associação Colonial Alemã (1862), com o fim de estabelecer colonatos germânicos. As colónias alemãs em África foram: Camarões, Togo, Benim, Namíbia (Sudoeste Africano Alemão, antiga Damaralândia), Ruanda e Burundi, Tanganica (parte continental da actual Tanzânia). Com a derrota germânica após a Primeira Guerra Mundial, estes territórios passaram para a administração colonial das potências vencedoras, terminando assim o II Reich germânico.



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James Richardson - (Boston (Inglaterra), 03/11/1809 - Kakawa (Bornu/actual Nigéria), 04/03/1851). Explorador britânico. Em 1845 expediciona de Tripoli para Ghadamés (a actual "Pérola do Sahara" líbio) onde recolhe informações sobre os tuaregues durante cerca de um ano, após o que retorna a Tripoli. Desta experiência passa a livro publicado em 1849 e, no ano seguinte, lidera uma nova expedição sahariana, onde se integram os germânicos Heinrich Barth e Adolf Overweg com destino a Ghadamés e explorar a região chadiana.


James Richardson

Não conseguirá completar a missão pois vem a falecer, doente e solitário, em Kakawa. Da sua lavra foram publicados, postumamente, dois livros: "Viagens em Marrocos" e "Viagem à África Central".

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Adolf Overweg -  (Hamburgo, 24/07/1822 - Lago Chade, 27/09/1852) - Astrónomo e explorador. Integra a expedição de James Richardson à África Central, partindo de Tripoli em 1850 juntamente com o seu compatriota Heinrich Barth. Explora com este o lago Chade, sendo os primeiros europeus a efectuarem tal trabalho. Não completa  missão por falecer vitimado pela malária, perto do lago que explorou.




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Eduard Vogel - (Krefeld (Alemanha) 07/03/1829 - Wara (Reino de Ouaddai, 02/1856) - Astrónomo e explorador. Depois de findar os seus estudos universitários  de botânica e astronomia, acaba a trabalhar em Londres, num observatório astronómico.



A 20 de Fevereiro de 1853 deixa Londres para se juntar à expedição de James Richardson (entretanto falecido) na África Central. Seis meses mais tarde lidera uma caravana que sai de Tripoli e, utilizando as rotas comercais habitualmente utilizadas pelas cáfilas, atinge Kakawa, capital de Bornu, em Janeiro de 1854, a fim de se reunir com Heinrich Barth. Não encontrando este parte a explorar o rio Níger e o seu afluente Benué, rios estes cuja exploração para rentabilização comercial já tinha sido iniciada por Richard Lemon Lander (já biografado) em 1830. Explora ainda a  cordilheira das montanhas Mandara (na actual fronteira Camarões/Nigéria). Retorma a Kakwa em Dezembro de 1854, quando finalmente se cruza com Heinrich Barth.


O relacionamento entre os dois não é o melhor, o mesmo se passando com os restantes membros da expedição, fruto do mau feitio de Eduard Vogel, pelo que se separam. Este interna-se no Emirato de Bauchi (actual Nigéria) e atravessa as montanhas Murri (actual Nigéria) e, no Emirato Gombe arranja conflitos por não respeitar os costumes locais, profanando locais sagrados ao dormir nos mesmos. Retornando a Kukawa, em Dezembro de 1885, dirige-se depois para o Vale do Nilo, onde atinge o Reino sudanês de Ouaddai, a Oeste do lago Chade. Neste Reino a sua falta de tacto diplomático volta a expandir-se ao escalar o Monte Treia, que era um monte sagrado e cujo acesso estava interdito a todos, muito mais a estranhos.  No regresso dessa escalada e quando se preparava para regressar a Tripoli acabou violentamente assassinado a barras de ferro, em Wara, capital do Reino Ouaddai e a mando do Sultão local, segundo testemunhos colhidos pelo explorador Gustav Nachtigal quando por ali passou em 1874.

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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL





Estado Secundário da Gorongosa - Era uma extensa área territorial, com mais de trinta mil quilómeros quadrados, fundado por Manuel António de Sousa*. Criado por desmembramento do Reino do Quiteve*, este prazo* fazia fronteira com o Reino do Barué* e tinha a sua aringa* principal alcandorada no alto da serra da Gorongosa. Integrada neste prazo situava-se a vila Gouveia, no sopé da serra, assim chamada em homenagem ao nome de guerra de Manuel António de Sousa e que era a sede provisória do Distrito de Manica, criado no penúltimo decénio do século XIX. Governado com pulso de ferro, em puro estilo feudal era potencialmente poderoso e auto-suficiente, quer em madeiras quer em produtos agrícolas.

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Parque Nacional da Gorongosa - Um dos mais famosos parques de caça do continente africano, foi criado em 02 de Março de 1921, na região da Gorongosa, com a finalidade de preservar a rica fauna e flora moçambicanas, através da Ordem nº 4.178 da Companhia de Moçambique, que superintendia o Território de Manica e Sofala, pelo punho do seu Governador João Pery de Lind.


Tendo uma área de reserva inicial de mil quilómetros quadrados aproximados, o Parque viu a sua área ser ampliada para cerca de três mil e duzentos quilómetros quadrados, em 1935, através da publicação do Decreto nº 26.076, ficando os seus limites fixados; a Norte, pelo rio Inhandué, até à confluência com o rio Macombézi; a Este, pelos rios Macombézi e Urema, até à sua confluência com o rio Pungoé, que também o limitava a Sul e, a Oeste, era limitado pela estrada de Mutiambamba até Vila Paiva de Andrade e, daqui, para Maringué, até ao local do seu cruzamento com o rio Inhamdué.




Situado numa belíssima região, podiam-se encontrar no Parque enormes manadas herbívoras de zebras, bois-cavalos, impalas, elandes, palapalas, cudos, búfalos e elefantes entre outras. A completar a fauna encontravam-se, também nas planícies, javalis, leões, leopardos, raposas e cães do mato, entre outros animais, para além duma enorme variedade de espécies de aves. Na lagoa dos hipopótamos, situada no rio Urema, centenas destes animais emparceiravam com crocodilos. A lagoa de Inhatilde, em plena floresta, era um enorme bebedouro colectivo dos animais do Parque.


A nível de flora o Parque demonstrava toda a sua exuberância, alternando os prados com as florestas, ricas em água que corriam pelos acidentes do terreno. Procurado por personalidades famosas de todo o mundo, desde políticos a actores, passando por astronautas e banqueiros, o Parque Nacional da Gorongosa  cumpriu, no pleno, a sua dupla função de captar fontes de divisas para o território e, tão ou mais importante, de preservar a fauna e flora do território demonstrando, com décadas de antecedência, que a preservação do meio ambiente e o equilíbrio ecológico, para além da saúde planetária também podia ser uma fonte de rendimentos.




Após a independência e com o eclodir da guerra civil, que alastrou por todo o País, o Parque não escapou aos horrores da guerra e toda a sua fauna foi praticamente liquidada. Com a chegada da paz o Parque começou a sua lenta recuperação e está, de novo, a atingir os exigentes parâmetros de alta qualidade, graças a apoios internacionais, destacando-se entre estes o do multi-milionário norte-americano Gregory Carr, através da sua Fundação e do sul-africano Krueger National Park.



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Sobre esta espantosa recuperação recomendo o visionamento do vídeo produzido pela National Geographic Television em 2010 e subordinada ao título "Gorongosa - um paraíso perdido em África", que são cinquenta minutos mágicos que nos impedem de tirar os olhos do écrã e já por mim aconselhado anteriormente.


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Sobre este Parque lembrei-me dum êxito interpretado pelo Conjunto Oliveira Muge que, em finais da década de 60 ou princípios de 70 (já não recordo com precisão a data), lançou um tema com o título "Gorongosa" e onde se cantava a beleza daquele Parque. Pesquisado no Youtube (bendita tecnologia) relembremos, de seguida, esse tema agora com uma roupagem mais moderna. Mas o cerne quer da música quer da letra estão aí, inalterados.








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João Pery de Lind - (Lisboa, 01/11/1861- Lisboa, 10/04/1930) - Administrador colonial. Filho do general Augusto Pery de Lind, fez os seus estudos no Colégio Militar. Em 1900, sendo funcionário das Alfândegas, foi contratado pela Companhia de Moçambique* com a finalidade de reorganizar os serviços aduaneiros no Território de Manica e Sofala. Uma década depois torna-se Governador interino desta Companhia, tomando posse definitiva em 1911, cargo que manteve ininterruptamente até 07 de Julho de 1921. Foi da sua lavra que saiu a Ordem nº 4.178, de 02.03.1921 que criou uma reserva fa Gorongosa. Detentore de diversas condecorações, foi em sua homenagem que se deu o nome de Vila Pery à localidade de Chimoio.




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Hinterland - Termo alemão para referir o interior de um  determinado território, afastado do litoral e dos grandes centros de desenvolvimento.


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Homem de chapéu - Interpretação extensiva a qualquer indivíduo, menos aos de raça negra, que se europeizava, adoptando a língua portuguesa e usando vestuário tipo europeu, derivando daqui o chapéu.


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Homem grande - Pessoa que adquiriu forte prestígio no seio da comunidade.



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Mulala - Raiz de mangal, utilizada na higiene oral.


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Mujojo - Negreiro arabizado do Índico.


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Munhal - Guerreiro pertencente às forças do Monomotapa.



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Mussaça - Abrigo provisório aberto em três lados.



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Padrão de descobrimento - Era um marco de madeira, nos primórdios das navegações marítimas e de pedra, posteriormente, em forma de coluna cilíndrica (fuste) encimada por um paralelipípedo (capitel) sobre o qual se sobrepunha uma cruz religiosa, podendo atingir vários metros de altura total, e que os navegadores portugueses, à medida que iam descobrindo novos territórios, colocavam nalguns pontos litorais para assinalarem, não só a sua passagem por ali, mas também para marcarem a posse territorial da zona para a Coroa Portuguesa.




O primeiro padrão a ser colocado na costa da África Austral foi opadrão de São Filipe, por ordem de Bartolomau Dias, na sua torna-viagem ao Reino, depois de ter descoberto o cabo das Tormentas (depois renomeado cabo da Boa Esperança). O primeiro padrão a ser erigido na costa oriental africana foi mandado coloocar por Vasco da Gama* na sua primeira viagem marítima para a Índia em 1489, no território da actual África do Sul, na Aguada de São Braz, mais tarde rebaptizada de Mossel Bay e posteriormente de Dias Bay (em homenagem a Bartolomeu Dias).


O segundo padrão a ser mandado colocar na costa oriental africana foi o de São Rafael, em Fevereiro de 1498, na continuação dessa mesma viagem para a Índia, na foz do rio dos Bons Sinais, em Quelimane: "...e aqui pusemos um padrão ao qual puseram o nome de "Padrão de São Rafael e isto..." segundo Álvaro Velho* nos descreve. O padrão seguinte foi erigido, nessa mesma viagem, numa ilhota fronteira à ilha de Moçambique , em Março seguinte e em honra a São Jorge, ficando essa dita ilhota baptizada também com o nome deste santo católico.



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Regulado do Namarral - Este regulado terá sido criado por volta de 1865, quando cerca de dez mil macuas-lomués partiram dos montes Namúli, fugindo das incursões angunes. Os namarrais estabeleceram-se na área de Itoculo, desertificada por acção dos esclavagistas. Tornando-se, por sua vez, esclavagistas, no início do último quartel do século XIX, assaltavam caravanas e exigiam tributos de passagem pelas suas terras. No biénio 1887/88 forças portuguesas não conseguem levá-los de vencida. Mouzinho de Albuquerque** desencadeia a Campanha dos Namarrais**, com relativo sucesso mas, na primeira década do século XX o régulo Nacavala, insurge-se contra o domínio português, resistência essa que perdurou até à sua derrota em meados de 1912.


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* - Já aberta ficha.
** - A abrir ficha



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LEITURAS


Nuno Roque da Silveira - (Chibia (Angola), 1940) - Filho dum militar com alguma participação nos sectores da oposição ao regime de então, que lhe valeu a deportação quer por terras açoreanas quer por terras moçambicanas, Nuno Roque da Siveira acaba por ter que efectuar os seus estudos secundários e universitários quer na metrópole quer em Lourenço Marques. Tendo singrado na carreira da Administração Pública, da qual se encontra reformado, acabou por passar à escrita as suas vivências coloniais, quer como militar ao ter combatido em Angola no decurso da guerra independentista (1961/1974), quer como civil.



Nuno R. Silveira

E é assim que nasce, da pena deste Autor com quem  tenho o grato prazer de compartilhar a amizade, o livro "Um outro lado da guerra" (Edições Colibri, Lisboa, 2007, 349 págs.), que retrata o seu dia a dia de combatente integrado num Batalhão de Caçadores. Posteriormente, e enquanto estava a escrever o segundo volume desde memorial militar (que ainda não veio a lume), publicou "Lourenço Marques: acerto de contas com o passado" (Edições Colibri, Lisboa, 2011, 413 págs.). Presentemente, para além de estar a finalizar o seu segundo volume das memórias militares, efectua um trabalho de antropologia comercial sobre a Feira da Ladra de Lisboa.




Para que a nossa memória colectiva não se perca, homens como Nuno Roque da Silveira fazem-nos falta. Como pão para a boca.

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Laurens van der Post - (Phillipolis (Estado Livre do Orange), 13/12/1906 - Londres, 16/12/1996) - Foi um homem multifacetado, tendo sido escritor, antropologista, jornalista, agricultor, explorador, filósofo e conselheiro político, entre os vários misteres que  exerceu. Mas notabilizou-se como escritor e antropologista. Filho de africânderes, descendente de holandeses e alemães, teve familiares que combateram contra os britânicos na Segunda Guerra Anglo-Bóer.



Laurens van der Post

Em 1925 inicia a sua carreira de jornalista e combatente do apartheid, o que lhe traz alguns dissabores políticos. Depois de ter viajado até Grã-Bretanha retorna à África do Sul voltando a agitar panfletariamente as hostes defensoras do apartheid, então em meteórica ascensão, ao escrever um artigo subordinado ao título "O melting pot sul-africano".



Voluntaria-se no Exército Britânico no decurso da II Guerra Mundial e combate na Etiópia e depois na Indonésia, acabando feito prisioneiro dos japoneses. Libertado após o findar da guerra fica-se pela Indonésia em estreita colaboração entre o Exército Britânico e as forças nacionalistas javanesas, até 1947, ano em que regressa à África do Sul. Com a nova vitória eleitoral dos defensores do apartheid volta para a Grã-Bretanha e acaba contratado (1949) para efectuar um estudo económico sobre a rentabilização pecuária no Niassalândia (actual Malawi). No ano seguinte efectua idêntica missão mas para a Bechuanalândia (actual Botsuana) e deserto do Calaári. Em meados desta década é contratado pela BBC para ir em busca dos bosquímanos, fazendo uma série de seis episódios.



A defesa que Laurens van der Post faz dos bosquímanos irá influenciar a sua vida e dar-lhe novos rumos. Contribui, ainda no mandato britânico, para a criação duma área própria para este povo. O resto da sua longa vida, então já mundialmente consagrado, leva-o a privar e aconselhar com membros da família real britânica, continuando a publicar romances e, em 1996, envolve-se numa luta política para evitar a deslocalização dos bosquímanes da área que para eles fora criada no Botswana.




Laurens van der Post com um bosquímane



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Laurens van der Post escreveu inúmeros livros, maioritariamente romances e, em muitos deles, com laivos auto-biográficos. Em língua portuguesa possuo "O mundo perdido do Calaári"  (Edição Livros do Brasil, Lisboa, sem data de edição, 262 págs.) que é uma tradução do que publicou em 1958, com base na série televisiva que efectuou para a BBC nesse mesmo ano.






Trata-se do retrato  vivo dum povo já então em acentuada via de extinção, talvez o último que ainda vivia na plena liberdade dos seus cultos ancestrais, em toda a sua rudeza(1). Nele relata-nos ao pormenor as crenças, os hábitos, os rituais deste povo, remetendo-nos para as teses do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau. O livro torna-se quase que num testamento ou num memorial a um povo do qual se tem a noção que vai ser irreversivelmente cilindrado pelo rolo compressor dum novo mundo, que não se compadece com nostalgias inimigas da evolução.     




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Lembro-me de, nos anos 70, ter visto um  filme de realização sul-africana que estava traduzido para "Os deuses devem estar loucos" e que se tratava duma comédia romântica, com aventuras, revolucionários e bosquímanos tudo à mistura. O filme teve tanto êxito que, mais tarde, fizeram a continuação - Parte 2 - mas esta já muito mais fraca e que não passou simplesmente de chover no molhado.



De qualquer modo o filme original aborda um tema interessante. Nos primeiros 15 minutos do mesmo está centrado o  cerne da questão e que gira em torno duma família bosquímane que vive no Calaári em paz e em  harmonia com os Deuses. Certo dia o território é sobrevoado por uma avioneta e o piloto deita fora uma garrafa de Coca-Cola, depois de ter ingerido o conteúdo e essa garrafa acaba por  cair no seio da aldeia bosquímane.



Assim, a posse da dita garrada torna-se um problema grave na estrutura bosquímane pois, até ali, não existia o conceito de posse individual, de propriedade privada. As desinteligências começam a surgir até que se decidem em deitar a garrafa fora. Para tal  um dos membros do clã vai com a garrafa em busca do fim do mundo para lançar a  garrafa fora e, assim, a paz voltar ao seu clã.



E são as peripécias desta caminhada do bosquímane que se vai cruzar com o mundo moderno, onde surgem golpes de estado, revolucionários em fuga, um fiscal de caça e uma jornalista que acabam por se apaixonar, um jeep Land-Rover que tem horas que não quer obedecer ao condutor (o anti-Cristo), enfim, toda uma série de aventuras mais ou menos cómicas que nos predispõem bem, durante cerca de uma hora e cinquenta minutos.



Pesquisado no Youtube logrou-se localizar este filme, mas dobrado em português. Por norma, não gosto de dobragens, mas é o que  se arranjou e, como diz o ditado: " A cavalo dado não se olha o dente". Por isso, e porque ver uma comédia romântica também nunca fez mal a ninguém, aqui fica o filme da cinematografia sul-africana em causa.






Filme: "Os deuses devem estar loucos" (Parte 1)



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(1) - Talvez, em simultâneo com os bosquímanes, os pigmeus do Baixo Congo ainda vivessem alguns grupos na floresta em plena e total liberdade. Em 1956 (portanto mais ou menos nesta altura) Fernando Laidley esteve com estes pigmeus e disse-me que, nesse tempo, ainda viviam em plena liberdade mas que não iriam durar muito. Ofereceram-lhe, na altura, uma aljava com cinco flechas (uma delas envenenada) e duas machadinhas genuinas (daquelas que não são para turista ver e comprar) e que, posteriormente, este aventureiro me ofereceu. Mantenho essas peças religiosamente guardadas, não só como lembrança do amigo que mas ofereceu como também como lembrança dum povo que, desadaptado aos novos ventos da História da Humanidade, não acompanhou a evolução do Mundo a acabou destruído.


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POESIA


Ovídio de Sousa Martins - (Mindelo, 17/08/1928 - Mindelo, 29/04/1999) - Poeta, contista e activista político. Frequentou a Faculdade de Direito em Lisboa, depois de completados os estudos secundários em Cabo Verde.

Ovídio Martins


Militante pela independência caboverdeana desde a primeira hora, acaba nas mãos da PIDE e sofre torturas que lhe agravam a surdez que já se vinha a acentuar. Da tentativa de o calarem, enquanto poeta e amante da Liberdade, dirá:

O único impossível

Modaças a um poeta?
Loucura!
E porque não
fechar na mão uma estrela
o Universo num dedal?
Era mais fácil
engolir o mar
extinguir o brilho aos astros

Mordaças a um poeta?
Absurdo!
E porque não
parar o vento
travar todo o movimento?
Era mais fácil deslocar montanhas com uma flor
desviar cursos de água com um sorriso.


Mordaças a um poeta?
Não me façam rir...
Experimentem primeiro
Deixar de respirar
ou rimar... mordaças
com Liberdade.


Exila-se na Holanda e torna-se jornalista. Após a independência de Cabo Verde fixa-se no seu País. O poema que mais o catapultou para a fama foi, sem dúvida, "Os flagelados do vento leste", publicado em 1962. Para além da publicação de livros de poesia, como "Caminhada" (Lisboa, 1962), "Titchinha" (Sá da Bandeira, 1962) e "Gritarei, berrarei, matarei / Não vou para Pasárgada" (Amesterdão, 1973) a sua poesia está inserida em diversas antologias. A sua paixão por Cabo Verde suplanta tudo e todos, inclusive os seus amores.

Adiado o tempo para amar


Desculpa meu amor
não há tempo para o amor.
Quando melhor arfar o mar
e o céu for mais azul
a lua menos leviana


Desculpa meu amor
´inda é cedo para o amor
Quando fenderem oa ares
os pássaros da liberdade

Desculpa meu amor
teremos em breve o nosso amor
Quando soluçarem os tambores
na Mãe-Terra distante
quando endoidecerem tinindo
os sinos todos de Cabo Verde.

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Sobre o seu poema mais famoso, acima referido como sendo "Os flagelados do vento leste" este foi excepcionalmente musicado e interpretado pelo cantautor Fausto. Não tendo conseguido captar no Youtube o vídeo de Fausto reproduz-se, de seguida, essa mesma versão interpretada por Né Ladeiras.




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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA



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Para quem veja este vídeo convém esclarecer que os animais selvagens são os bípedes que usam roupas e, infelizmente, têm uma forma física parecida comigo, por exemplo. Mas as parecenças acabam aí. Razão desta minha declaração de interesses.




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ACONTECEU


BPN - Leio no "Negócios on line" que o Estado assumiu as dívidas de Duarte Lima e de Victor Baía. As do ex-deputado (e grande amigo do nosso Honestísimo e Venerando Chefe de Estado) ascendem a 44 milhões de euros e reporta-se a um financiamento concedido a Duarte Lima com base em valores de terrenos em Oeiras (note-se, a Oeiras do inefável Isaltino Morais) que ele deu como garantia, terrenos esses que foram muito sobrevalorizados. Agora apurou-se que valem muito pouco e é o Estado (ou seja eu e os restantes parvos que ainda pagam impostos) que vão ter que arcar com os custos de mais esta megafraude.



Já estou mais que farto da associação de malfeitores dos amigos do nosso (mais vosso que meu) Presidente desta desgraçada República em que vivemos.



A do ex-guarda-redes Victor Baía, que eu sempre admirei como desportista (e continuo a admirar como desportista) atingem o valor de 4 milhões de euros e reportam-se a dívidas de duas empresas que ele detinha.



Só que há algo que eu não entendo: eu paguei sempre as minhas dívidas. Porque carga de água eu tenho que andar a pagar créditos bancários mal parados, concedidos pelos aldrabões do BPN aos seus amigos, com base em esquemas fraudulentos? Porque não lhes congelam as contas bancárias, mesmo aquelas que eles passaram para familiares antes da bernarda estoirar? E congelar as contas não só aos devedores como também aos funcionários do BPN que assinaram os documentos que valorizavam os terrenos e também aos que assinaram as autorizações do empréstino e partilharam desta fraude.



O líder executivo desta pandilha (o cavalheiro Oliveira e Costa, outro grande amigo do nosso Venerando Chefe de Estado) separou-se judicialmente da esposa pouco antes de ter sido preso passando para ela inúmeros bens. Foi mais uma tentativa. Só que os mesmos acabaram por ficar congelados à ordem dum Tribunal Cível de Lisboa até ver onde param as modas.


Infelizmente vamos ter que conviver com as histórias do BPN. Não só com as histórias mas, com o que é  mais grave, com a dívida que se calcula acima dos cinco mil milhões de euros. Nós e os nossos filhos e, muito provavelmente, os nossos netos. Se lhes juntarmos as PPP´s (desde hospitais a auto-estradas), as dívidas das autarquias, da RA da Madeira, os Institutos Públicos, entre muitos outros tachos, não temos grandes hipóteses dum futuro decente.    


Placidamente Dias Loureiro anda por Cabo Verde a tratar dos seus negócios, depois de ter mentido no Parlamento. Eu não tenho dinheiro para ir lá passar férias. Placidamente Oliveira e Costa foi para casa com pulseira electrónica pois, coitado, estava doente e era uma questão de humanitarismo. Mas ele quando aplicou a golpada que ajudou a afundar financeiramente este País não teve humanitarismo nenhum. Placidamente Duarte Lima continua preso. Mas, interessante, só foi preso depois das autoridades brasileiras terem emitido um mandado de captura interncional por suspeita de homicídio, num outro processo. Placidamente Isaltino Morais governa Oeiras, fumando os seus charutos. De recurso em recurso até à prescrição total?


Placidamente o nosso Venerando Chefe de Estado mantém-se esfíngico no Palácio de Belém. Qual Pilatos dos tempos actuais lavou as mãos de tudo. Depois de ter lucrado com a venda de acções da SLN, a detentora do BPN. E que foram 147.500 euros, ele e 209.400 euros, a filha; tudo na mesma altura. Antes do colapso do banco, note-se. E onde pontificavam os seus amigos Dias Loureiro e Oliveira e Costa. Cansa, Exmº Senhor Presidente. É que à mulher de César não basta ser séria. É preciso parecer também.



Por isso terá que ser o o Exmº Sr. Presidente  a ter que nascer duas vezes para ser tão honesto quanto eu. Mas até lá vou ter que andar a pagar as fraudes dos amigos presidenciais. Eu e os outros parvos que ainda pagam impostos. Enquanto Vossa Senhoria, cuja reforma quase que não lhe dá para as despesas (coitado), vai mexendo nas suas parcas(?) economias.



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Seja amigo do ambiente. Use o texto do Novo Acordo Ortográfico como papel higienico.


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As referências aos produtos acima referidos (livros, filmes, músicas, etc.) são incompatíveis com intuitos publicitários de índole comercial. Reflectem, apenas, a opinião do Autor.


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Todas as fotos do presente texto foram colhidas do Google Imagens e os vídeos do Youtube.



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E agora... hambanine.




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2 comentários:

  1. Boa tarde Alexandre,
    gostaria de saber se há bibliografias sobre Heinrich Barth, de preferencia em portugues do Brasil.

    Ótimo trabalho com o blog, gostei muito.

    Att Luciana Souza

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    1. Boa tarde, Luciana Souza.
      Peço desculpas de só agora lhe responder mas sucede que eu deixei de escrever no blogue há muito tempo e só muito raramente é que venho dar uma volta nele.
      De qualquer modo mais vale tarde do que nunca e assim respondo-lhe: como referi quando escrevi a pequena biografia de Heinrich Barth (acima reproduzida) desconheço qualquer obra dele traduzida em português.
      Cumprimentos, A. Ferreira.

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