VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES
Dian Fossey - (São Francisco (EUA), 16/01/1932 - Montes Virunga (Ruanda), 26/12/1985) - Zoóloga. Integrada numa família disfuncional desde muito jovem a sua relação com o mundo animal era a sua grande paixão, talvez como válvula de escape de encontrar a afectividade que não encontrava no ambiente familiar. Em adolescente a morte dum peixe de estimação leva-a, mais tarde, a dizer: "Chorei durante uma semana quando o encontrei, flutuando de barriga para cima, no aquário do meu quarto. Os meus pais acharam que até tinha sido bom e ...." Depois de completados os estudos secundários inscreve-se para Medicina Pré-Veterinária na Universidade da Califórnia, mas reprova no segundo ano. Acaba por se tranferir para o San Jose State College, licenciando-se em Terapêutica Ocupacional, em 1954. Emprega-se no Hospital Infantil Korsair, em Luoisville - Kentucky, onde lidera o departamento da Terapêutica Ocupacional e arranja uma casa numa quinta em Glenmary. Destes tempos dirá: "Nunca vi sítio tão belo como este agora no Outono. Em Glenmary os ribeiros estão cheios de folhas douradas, vermelhas, verdes e de castanhas das florestas. ...... Quando acordo de manhã corro de janela em janela e fico cega com esta beleza." A paixão pelos animais é constante: "Muitas vezes vejo um guaxinim ou um opossum a correr, .......... Quando volto do trabalho levo cerca de vinte minutos a dar de comer a uma multidão de gatos rafeiros e ao grande cão-pastor......juntamente com os cães da quinta... que me adoptaram completamente." São os calmos e felizes dias que Dian Fossey desfruta, na pujança dos seus vinte e dois anos.
Diane Fossey
Pujança essa que se reflecte na sua vida amorosa e que, indirectamente, a leva a aproximar-se de África. Conhece Franz Forrester, um rodesiano cujas famílias tinham propriedades na Rodésia do Sul (1) mas recusa o convite deste para o acompanhar. O casamento não estava nos seus planos. Envolve-se na intimidade com um frade trapista, o Padre Raymond, que a leva a optar, ainda que fugazmente, pela religião católica, o que escandaliza a sua família. Conhece um jornalista que trabalhava no "Courier Journal" de Louisville o qual, tendo feito uma viajem ao continente africano, lhe relatava com entusiasmo essa experiência fascinante que fora para ele. A ideia de viajar até África cimenta-se pois: "A ideia de estar num sítio em que os animais não foram ainda encurralados em pequenos recantos atrai-me imenso. Se ele voltar a África, como espera, vou atrás dele." Desta vez não recusaria como o fizera com Franz Forrester, mas o jornalista viajou foi para a Florida e saiu da vida de Diane Fossey, para sempre. Mas ele soubera-lhe, também, transmitir a sua paixão por África.
Em 1960 uma sua amiga, Mary White, efectua um safari a África e Dian Fossey não a acompanha por não ter dinheiro para custear a sua viagem. É então que toma a decisão que iria àquele continente, custasse o que custasse. Em 1963 hipoteca os seus vencimentos dos próximos três anos a troco dum empréstimo financeiro para ir a um safari no Quénia. Contava resgatar a dívida com fotografias e reportagens que fizesse na sua viagem de quatro semanas. Lê tudo sobre África e fica com a a sua atenção presa num livro que lhe irá mudar o rumo da sua vida: "O ano do gorila" da autoria do zoólogo George Schaller, onde este descrevia o seu estudo pioneiro nos raros gorilas-da-montanha que efectuara no Congo Belga. Decidindo-se a fazer uma reportagem sobre este tema, Dian Fossey amplia a sua viagem para seis semanas, de modo a visitar os montes Virunga, na África Central, e tentar ver os gorilas-da-montanha.
A 26 de Setembro de 1963 Dian Fossey inicia a sua grande aventura, partindo para África com trinta quilos de excesso de bagagem. No seu itinerário contava passar por Quénia, Tanganica (2), Uganda, Congo Belga e Rodésia do Sul, onde se iria encontrar com o seu antigo amado Franz Forrester. No Quénia é conduzida por um guia-caçador branco que contratara, John Alexander, que a leva ao Serengueti, a Tsavo e à cratera de Ngorongoro. Dian Fossey fotografa incansavelmente a fauna e a paisagem, cada vez mais deslumbrada com estes do que com as gentes com quem se vai cruzando.
Uma semana depois decide tentar encontrar um homem cuja obra o tornara mundialmente famoso, o Dr. Luis Leakey, paleontologista que desde os anos trinta se dedicava, na zona da garganta do Olduvai, a descobrir fósseis de hominídeos. Tem a sorte de o localizar no seu acampamento base do Olduvai e este encontro é um marco histórico na vida da Dian Fossey, pois o cientista, para além de a ter recebido com todas as honras, aconselha-a a deslocar-se ao encontro dos gorilas-da-montanha.
A 15 de Outubro 1963 Dian Fossey e o seu guia, John Alexander, atingem a aldeia de Kisoro, junto à fronteira do Uganda/Congo/Ruanda, e obtém a informação que o casal Alan e Joan Root (3) encontram-se no sector congolês dos montes Virunga a filmarem os gorilas-da-montanha, no monte Mikeno. Entram no Congo, sobem o monte Mikeno e instalam-se num acampamento, no cimo do mesmo. Durante uns dias tentam avistar gorilas mas nada conseguem. Por fim o casal Root convidam Dian Fossey a acompanhá-los numa surtida fotográfica aos gorilas. Deles e desta incursão dirá: "Uns dias mais tarde, Alan Root e a mulher, que estavam a viver numa tosca cabana ali perto e haviam levado a mal a nossa invasão, tiveram pena de mim e perguntaram-me se queria ir com eles. ......... É óbvio que tem confiança nas sua fotografias e sabe que é um dos melhores do mundo. E a mulher, Joan, parece feita à sua imagem. Palmilhavam aquele terreno como profissionais enquanto eu ofegava atrás deles. ...... Alan fez-me sinal e rastejei até ao lado dele, ficando ambos acocorados. Ele apontou e espreitei através da abertura. Lá estavam eles: os demónios das histórias nativas; a fonte do mito King Kong; os últimos Reis das Montanhas de África. Um grupo de seis gorilas olhava apreensivamente para nós......... Deixei o monte Mikeno no dia seguinte, sem duvidar por um momento que voltaria para aprender mais acerca dos gorilas dos Virunga." Retorna a Louisville, reassumindo de novo o seu emprego no Hospital e tenta, com muito pouco êxito, vender fotografias e reportagens sobre os gorilas a diversos jornais.
Mas em Março de 1966, surge-lhe a oportunidade da sua vida quando o Dr. Louis Leakey, que se encontrava nos Estados Unidos, vai a Louisville dar uma conferência. Dian Fossey assiste à mesma e no final aborda-o, acabando reconhecida pelo orador, o qual não se esquecera da sua ida ao Olduvai, três anos antes. Com base no interesse de Louis Leakey em que fosse para África estudar os gorilas, este consegue financiamento para tal projecto, por parte da National Geographic e, assim, a 15 de Dezembro de 1966 Dian Fossey, aos trinta e quatro anos, arranca de novo para África. Ia começar a sua aventura, mas agora não como turista, mas como cientista. Sete dias depois aterrava em Nairobi, para se pôr às ordens de Louis Leakey, o seu mentor do projecto dos gorilas-da-montanha. Reencontra Joan Root e passa o Natal com Jane Goodall e o seu marido, Hugo van Lawick, que trabalhavam num projecto de estudos de comportamento de chimpanzés.
Em Janeiro de 1967, acompanhada por Alan Root que se recusava a que ela, inexperiente e sózinha, se aventurasse a ir para o Congo, então já com conturbações políticas e com guerras internas, Dian Fossey atinge o monte Mikeno, onde monta o seu acampamento-base a mil e duzentos metros de altitude, na área de Kabara. Quando Alan Root volta para o Quénia (15 de Janeiro de 1967), depois de a ter ajudado a montar o acampamento, Dian Fossey relata: "Jamais conseguirei esquecer o pânico total que senti ao vê-lo partir. Ele era o meu último elo de ligação à civilização que eu conhecia. Dei por mim agarrada à estaca da tenda, simplesmente para evitar correr atrás dele." Quatro dias depois surge no acampamento Sanweke, o lendário batedor congolês que tinha trabalhado com Carl Akeley, George Schaller e com o casal Root. Um rosto conhecido, pois estivera com Dian Fossey quando esta, três anos antes, ali estivera com os Root e vira, pela primeira vez, gorilas. Tinha sido Swaneke quem, à catana, lhe abrira caminho na montanha para tal visão.
Nesse mesmo dia de 19 de Janeiro de 1967, acompanhada de Swaneke, Dian Fossey avista um gorila. "Eram 11H10" escreverá ela no seu diário. Com este aparecerão outros, nessa mesma ocasião. Começava a nascer a lenda de Dian Fossey.
Face à guerra civil que se instala no Congo, Dian Fossey muda-se para o lado ruandês. Levará anos de observação paciente até começar a conquistar a confiança dos gorilas. Mas quando o conseguiu, Dian Fossey começou a interagir e a conviver socialmente com os mesmos. Anotou tudo, fotografou-os, atribuiu-lhes nomes, aprendeu a emitir os seus sons e ... quase que se tornou numa gorila. Em 1976 ingressa na Universidade de Cambridge e obtém uma licenciatura em zoologia. Em 1983, encontrando-se nos Estados Unidos, publica a sua obra "Gorila in the mist" e, após o que regressa ao Ruanda para prosseguir as suas pesquisas. Não conseguia viver longe da sua "tribo". Virá a perder aqui a sua batalha em defesa dos gorilas contra os caçadores furtivos. Não só esta batalha bem como alguns amigos que se afastam dela, por desaprovarem os seus métodos de combater a caça furtiva, como também perderá o seu bem supremo:a vida.
Diane Fossey
Os gorilas eram chacinados por caçadores furtivos que aproveitavam as suas mãos para fazerem cinzeiros que depois eram comercializados nas cidades e povoações ruandesas. Desde sempre Dian Fossey foi uma opositora tenaz contra os caçadores furtivos, mas após a morte violenta do seu gorila favorito, "Digit", ela radicalizou ainda mais a sua acção, chegando a chicoteá-los quando os mesmos eram apanhados pelos seus homens. Para além de ter arranjado inimigos no meio dos caçadores furtivos, Dian Fossey também entrou em conflito com as autoridades ruandesas pois pretendendo estas abrir aos turistas caminhos para eles verem os gorilas, sendo isto uma fonte de receita para os cofres do Estado, Dian Fossey opôs-se, ameaçando abrir fogo contra qualquer pessoa que se aproximasse da sua área de pesquisa.
Na manhã de 27 de Dezembro de 1985 o cadáver de Dian Fossey foi encontrado por um seu colaborador nativo, que viu a porta da sua cabana aberta e julgou que ela já se tinha levantado. Ao entrar viu o seu cadáver no chão da sala, com a cabeça toda aberta. Tinha sido morta à catanada, no dia anterior. Para alguns que tinham contactado com ela e que desaprovavam abertamente os seus métodos de defender os gorilas, tivera a morte que merecera, pois: ".....Ela inventou tantas conjuras e inimigos....... Não foi morta porque estava a salvar gorilas. Foi morta porque se comportava como Dian Fossey... Maltratava toda a gente à sua volta e finalmente acabaram com ela." (Bill Webber) ou: "Dian não prestava como cientista.... Considerava-se um guerreiro lutando contra o inimigo que a queria apanhar. Foi um final perfeito, teve o que queria......." (Kelly Stewart).
Lápide tumular de Dian Fossey, no cemitério dos gorilas
As autoridades ruandesas acabam por prender Emmanuel Rwelenka, um batedor ruandês que trabalhara para Dian Fossey mas que esta o despedira uns meses antes. Conjuntamente com ele também foi acusado do crime um norte-americano, Wayne McGuire. A acusação, formalizada a 21 de Agosto de 1986, levou a que Wayne McGuire fugisse do Ruanda, com cumplicidade da sua Embaixada, e acabasse julgado à revelia com pena de morte por fuzilamento. Emmanuel Rwelenka acabou por se suicidar, por enforcamento, na sua cela, algumas semanas depois da acusação segundo as autoridades. A 09 de Junho de 2001, Protrais Zigirianiyrazo, ex-Governador da Província de Ruengheri - Ruanda, foi acusado de ser o mandante do assassinato de Dian Fossey, por esta ter descoberto que ele era o cérebro duma organização de caça clandestina e quem dominava o circuito comercial dos artefactos fabricado com as mãos dos gorilas e que pretendia denunciá-lo.
No entanto o legado de Dian Fossey perdura até aos nossos dias e, ainda nos tempos que correm, os gorilas da montanha, apesar das várias vicissitudes que aquelas regiões atravessaram (como por exemplo o genocídio ruandês de 1994), existem e podem ser apreciados por quem lá passe. Em cada grito de gorila é a sua voz que ecoa como que a lembrar-nos que, se hoje podemos apreciar estes nobres animais, temos a obrigação de dar continuidade à sua obra. Precisamente com este fim e para honrar a sua memória existe o "The Dian Fossey Gorilla Fund International" que pode ser consultado na "rede".
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Livro: Sobre Diane Fossey foi publicado, em Portugal, o livro "Mulher na Bruma: A história de Dian Fossey e dos gorilas-de-montanha de África.", de Farley Mowat, editado pela Círculo de Leitores, 433 págs., em 1990.
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Filme - Também em DVD existe, legendado em português, o filme "Gorilas na bruma: a história de Diane Fossey" (124 minutos), realizado por Michael Apted e cujo principal papel foi entregue a Sigourney Weaver.
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(1) - Actual República do Zimbabué.
(2) - Actual República da Tanzânia.
(3) - Sobre Joan Root já se efectuou um trabalho sobre a mesma.
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL
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Nota: Os Direitos de Autor e de Propriedade Intelectual dos textos encontram-se protegidos a nível internacional. O Autor prescinde dos mesmos desde que informado da sua utilização, carecendo da sua expressa autorização.
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Capitão-Mor - Foi um título desenvolvido no século XVI e que era atribuído, em Moçambique, a algumas autoridades de certas áreas que tivessem funções de comando militar ou administrativo, pelo que lhe competia, a nível local, a defesa do território e o recrutamento de homens para campanhas e a manutenção da ténue ideia da soberania portuguesa nos territórios por eles conquistados. Este título também se aplicava aos comandantes das armadas.
A regulamentação dos capitães-mor sofreu um incremento através da Provisão Régia de 25 de Março de 1589. Bastas vezes os capitães-mor emergiam dentre os mais poderosos ou mozungos, à revelia dos interesses da Coroa Portuguesa que, sem administração e exército forte, limitava-se a caucionar os nomes, conferindo-lhes autoridade oficial.
Inicialmente europeus, com a sua rápida miscenização fruto do casamento com as nativas, os capitães-mor, autênticos senhores da guerra e donos de potentados, cedo se rebelaram contra a autoridade lusitana, mantendo com estas um ténue laço de conveniência. João de Azevedo Coutinho** referia-se a eles como: "... as únicas autoridades a quem, durante séculos, esteve cometido o encargo de representar a nossa soberania na África Oriental." Sobreviveram até finais do século XIX, acabando engolidos (tais como os prazos e os prazeiros) na voragem da instalação das companhias majestáticas** e na consolidação definitiva da soberania portuguesa.
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Capitão de Feira - Cargo criado pelos comerciantes zambezianos, no qual o eleito tinha a função de promover e regular a realização de feiras.
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Mozungo - Prazeiro; senhor. Eventualmente derivado da palavra chissena "kuzungo", que significa "passear", acabou por se aplicar mais tarde, em exclusivo, aos portugueses brancos ou seus descendentes pois, inicialmente, aplicava-se a todos os que, fruto das suas capacidades, adquiriam património que lhes permitisse levar uma vida mais folgada, vida de "passear".
Figura típica da sociedade zambeziana desde os primórdios da colonização de Rios de Sena, os mozungos eram os senhores que, em roda livre, instalavam-se no sertão e criavam os seus próprios domínios senhoriais sendo, por isso, a génese dos prazeiros*. Partindo, muitos deles, para o interior, a mando dos seus senhores brancos e outros por conta própria, na busca de riquezas , muitos destes aventureiros acabavam por mandar às urtigas as instruções dos seus superiores e, à revelia de tudo e de todos, instalavam-se em qualquer parcela territorial por desbravar e criavam o seu próprio domínio. Astutos, corajosos, sem código de conduta e de honra (quem os tinha nessa época?) obedecendo apenas a si mesmos, estes homens saboreavam o fruto do poder que conquistavam e se recusavam a partilhar com outros.
Senhores do sertão, aventureiros sem bandeira, casando-se com as filhas das chefaturas locais e adquirindo, deste modo, o poder, como também pela força das armas, os mozungos constituíram parte do estrato social que moldou a lenda zambeziana.
Senhores do sertão, aventureiros sem bandeira, casando-se com as filhas das chefaturas locais e adquirindo, deste modo, o poder, como também pela força das armas, os mozungos constituíram parte do estrato social que moldou a lenda zambeziana.
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Dona - Título honorífico, sem regulamentação legal, mas que entrou no vocabulário zambeziano, a partir da criação dos prazos* e que se destinava a referir-se às senhoras dos prazos; ou esposas ou viúvas de um senhor e que mantinham, com maior ou menor grau, fidelidade à Coroa Portuguesa. Poderão ter tido origem no século XVII quando, do Reino de Portugal, enviaram-se para a Zambézia vários oficiais de diversas profissões e oito órfãs, todas com dote, para se casarem com portugueses e aí se fixarem.
Essas oito mulheres que, em 1677, partiram para Rios de Sena*, eram oriundas da Casa Pia de Lisboa e chamavam-se: Ana Maria Coutinho; Antónia Maria Leca; Helena Margarida de Alencastre;
Isabel Madalena Távora; Isabel Maria Teles; Leonor Maria Castelo Branco; Maria Micaela de Noronha e Mariana Teresa Mascarenhas. Com o decorrer do anos e com a implementação da política dos prazos, as donas ascendem na hierarquia social, tornando-se proprietárias de extensas terras, por morte dos maridos ou por heranças, o que as torna extremamente apetecíveis para os predadores matrimoniais que buscavam, através deste, o domínio de extensas áreas territoriais, escravos e posses financeiras.
No entanto este título não se aplicava às mulheres negras, mas sim às brancas ou mestiças com sangue português. Cônscias do poder que a fortuna lhes dava, atingem o seu zénite no decorrer do século XVIII, e muitas donas entraram na lenda zambeziana devido, não só, à vida faustosa que levavam como também devido à sua participação activa no influir dos acontecimentos políticos ou militares. Muitas delas eram proprietárias de terras de extensão infindável e de centenas, ou mesmo milhares, de escravos, que tutelavam directamente.
Nunca se tendo alcandorado no primeiro plano político, que era um feudo dos homens, estas mulheres entraram no imaginário zambeziano que perdurou muito para além do seu ocaso social, que começou através das mutações sociais no decorrer do século XIX, através da lenta destruição dos prazos, no fundo a sua razão de existência.
O incremento do tráfico esclavagista, as convulsões bélicas e a irresistível instalação das companhias majestáticas** foram o canto do cisne da sua razão de ser. Tal como aos mozungos, aos prazeiros, às sinharas, aos capitães-mor e aos achikundas, entre outros. No dealbar do século XX, às donas, restava-lhes um punhado de recordações e muita, muita nostalgia.
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Sinhara - Mulher de cor, amantizada com um indivíduo de raça branca ou mestiço. Na escala social da Zambézia, no decurso dos séculos XVII a XIX, a sinhara estava abaixo das donas, quer por factores económicos, pois não tinham bens materiais próprios para oferecerem; quer por factores de linhagem, pois não tinham no sangue ascendência portuguesa; quer por factores sociais pois, quase sempre, não se casavam com o homem com quem viviam.
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Feira de Massapa - Era a principal feira portuguesa em terras do Monomotapa* e ficava a cerca de oitenta quilómetros de Tete*. Fortificada por Dom Estevão de Athaíde*, por volta de 1607, ficava perto das ricas jazidas de Cirungo, Chironga e Nhanha, o que permitia aos portugueses efectuarem bons negócios. O Capitão desta feira era o principal Capitão de Portas de todas as feitas em território mocaranga.
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Paulo Mariano (I) Vaz dos Anjos - (Goa, ? - Massingire, 1825?) - Prazeiro. Vindo de Goa instalou-se em Moçambique em finais do século XVIII. Negreiro poderosamente rico, foi surpreendido pela Marinha Britânica na sua actividade esclavagista, em 1823, na zona de Marero. Fundou a dinastia dos "Mataquenha", do prazo de Massingire.
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Paulo Mariano II - (Massingire, ? - Chire, 1863) - Prazeiro (prazo de Massingire). Filho de Paulo Mariano Vaz dos Anjos, teve o cognome de "Mataquenha I" bem como a fama (com proveito) de ter sido um homem cruel. David Livingstone* relatou que ele, num só dia matou, pessoalmente, quarenta homens com zagaias, por pura diversão. Dedicou-se, também, ao tráfico negreiro e à anexação do territórios na zona de Sena, tornando-se num potentado inimigo dos portugueses e da família Cruz* de Massangano.
É preso no ano de 1857, quando se encontrava em Quelimane mas, tendo sido julgado em 1860 na ilha de Moçambique, acaba absolvido e solto, por falta de provas. No espaço de tempo que mediou a sua prisão os portugueses tentaram destruir o seu prazo*, tendo efectuado duas campanhas, ambas em 1858, até que conquistaram a sua aringa* principal, Chamo. No entanto nunca conseguiram prender o seu irmão Bonga (que nada tem a ver com o Bonga, da família Cruz* de Massangano), seu Lugar-Tenente e que era o comandante das suas forças, o qual continuou sempre a guerrilhar os portugueses.
Após a sua libertação reassume a chefia do prazo e instala-se na serra de Morrumbala, acabando os portugueses por actuarem de novo contra as suas terras, numa expedição liderada por Tito de Sicard, em 1861, onde acaba desalojado. No ano seguinte instala-se nas confluências dos rios Ruo e Chire e, montando o seu novo poderio a ferro e fogo sobre as populações locais, aí residirá até à sua morte.
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Paulo Mariano III - (? - 1884) - Prazeiro. Filho de Paulo Mariano II. Teve o cognome de "Mataquenha II". Negreiro, na linha da tradição familiar, rebelou-se sempre contra os portugueses. A sua morte, por suspeição de assassinato, deu origem à revolta de Massingire.
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Revolta de Massingire - Após a morte de Paulo Mariano III (1884), havendo suspeitas de assassinato, a fim de se evitar a prática do "maubvi" que elementos do prazo queriam aplicar em suspeitos, os portugueses prenderam alguns chefes de Massingire e mandaram-nos para Quelimane. No percurso os mesmos fugiram e sublevaram as populações pelo que, entre Julho e Outubro de 1884, de Massingire a Mopeia, os revoltosos puseram tudo a ferro e fogo, só tendo sido parados pelos achikundas* de Manuel António de Sousa*, que os derrotou após violentos combates.
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Maubvi - Prova de veneno, a fim de determinar a culpabilidade de alguém. Se a pessoa que ingerisse veneno sobrevivesse era considerada inocente da acusação que sobre ela pendia.
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* - Já fichado.
** - A abrir ficha.
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LEITURAS
António Lobo Antunes - Ando a reler as "Crónicas" de António Lobo Antunes. E não me canso. Admiro o fabuloso mundo literário deste Príncipe da Palavra. Logo no seu primeiro livro que li "Os cus de Judas" fiquei apaixonado pelo seu estilo literário. E essa admiração mantém-se até aos dias de hoje. Nunca me cansei de ler os seus romances e as suas crónicas. Recomendo vivamente: quem já o leu que o releia, quem nunca o leu que mergulhe no fantástico mundo da sua caneta.
António Lobo Antunes
É uma honra para um País ter um escritor desta estirpe nas suas fileiras. E, com toda a franqueza, nunca percebi porque é que é que a este homem ainda não lhe foi atribuído o Prémio Nobel. Devem estar à espera como a Jorge Amado: depois de ter falecido todos se lamentaram dele nunca ter ganho tal galardão, do qual era mais que merecedor.
Será que os nossos governos, associações de editoras, centros de cultura e afins não têm feito correctamente os "tpc" para porem a mexer os lóbies da Academia sueca? E para mais ele, que é detentor de vários prémios literários, quer internos quer no estrangeiro.
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Da autoria de John Julius Norwich foi editado, pela Civilização Editora, o livro "Os Papas (a história)" (2012, 597 páginas), um interessante livro que relata, em estilo de reportagem histórica, o percurso sinuoso da história do papado, desde os primórdios de São Pedro até aos nossos dias abrangendo, assim, um historial ao de leve de 280 Papas biografados. Escalpelizando os seus comportamentos diversificados, que tanto podiam abranger o violador de viúvas e virgens como era João XII até à super estrela João Paulo II, com os violentos Bórgias e o antisemitismo de Pio XII de permeio, a título exemplificativo.
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Em formato de livro de bolso tropecei num romance de guerra da autoria do jornalista Gérard de Viliers, com o título de "Angola a ferro e fogo" (Edições Saída de Emergência, 2010, 319 págs.) que se reporta a uma ficção enquadrada no tempo da descolonização iniciada logo a seguir ao golpe militar de 25 de Abril e quando os portugueses abandonam a "jóia da Coroa", que foi aquele território, vazio humano esse que começa logo a ser preenchido por empresários sem escrúpulos, revolucionários com cursos tirados por correspondência, assassinos, diplomatas corruptos, ex-PIDES e mercenários, entre outros, num festim sangue e paixões entrecruzados e que acabou por exaurir aquele território.
Um livro cuja escrita me fez recordar o estilo literário das obras de Jean Larteguy, outro jornalista francês, do qual tenho a obra quase completa e que um dia destes abordarei.
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POESIA
Rui Manuel Correia Knopfli - (Inhambane, 10/08/1932 - Lisboa, 25/12/1997) - Poeta que, tendo residido em Moçambique até Março de 1975, veio para Portugal, por não se ter adaptado aos novos rumos da política da nova Pátria moçambicana. Mas o conceito de Pátria para ele era: "Pátria é só a língua em que me digo." (do livro: "O escriba acocorado" (1978).
Rui Knopfli
Considerado um dos "primus inter pares" da intelectualidade luso-moçambicana, repassa na sua poesia o tropicalismo vivencial que tanto o marcou e que se recusou sempre a abandonar. Poeta, jornalista, crítico literário e de cinema, na sua terra natal colaborou com vários jornais tendo, de parceria com Eugénio Lisboa, dirigindo o suplemento literário do semanário "A Voz de Moçambique" e do diário "A Tribuna", na sua primeira fase, bem como foi um dos fundadores da revista "Caliban". Deixou a sua poesia espalhada por vários livros, sendo o meu preferido a "Ilha de Próspero" (1972), com poemas e fotografias dedicadas à ilha de Moçambique.
Como ele referiu: ".../ eu trabalho dura e dificilmente / a madeira rija dos meus versos / sílaba a sílaba, palavra a palavra/..." (do livro: "Mangas verdes com sal" (1969).
ILHA DOURADA
A fortaleza mergulha no mar
os cansados flancos
e sonha com impossíveis
naves moiras.
Tudo mais são ruas prisioneiras
e casas velhas a mirar o tédio.
As gentes calam na voz
uma vontade antiga de lágrimas
e um riquexó de sono
desce a Travessa da Amizade.
Em pleno dia claro
vejo-te adormecer na distância,
Ilha de Moçambique,
e faço-te estes versos
de sal e esquecimento.
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WINDS OF CHANGE
Ninguém se apercebe de nada.
Brilha um Sol, violento como a loucura
e estalam gargalhadas na brancura
violeta do passeio.
É a África garrida dos postais,
o fato de linho, o calor obsidiante,
e a cerveja bem gelada.
Passam. Passam
e tornam a passar.
Estridem mais gargalhadas,
abrindo umas sobre as outras
como círculos concêntricos.
Os moleques algaraviam, folclóricos,
pelas sombras das esquinas
e no escuro dos portais
adolescentes namoram de mãos dadas.
De facto como é mansa e boa
a Polana
nas suas ruas, túneis de frescura
atapetados de veludo vermelho.
Tudo joga tão certo, tudo está
tão bem
como num filme tecnicolorido.
Passam. Passam
e tornam a passar.
Ninguém se apercebe de nada.
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RECORDANDO
Ventos de Mudança (1) - Aproveitando a deixa do título deste último poema de Rui Knopfli, este tema "winds of change" tem servido de mote a várias interpretações políticas. Por exemplo, em 1960, a África do Sul estava a cortar as amarras que ainda a prendiam ao Reino Unido (o que veio a suceder no ano seguinte) quando o político conservador Harold Macmilan, então na qualidade de Primeiro Ministro britânico, efectuou uma visita oficial àquele território e, no Parlamento sul-africano, a 03 de Fevereiro de 1960 em Cape Town, efectuou um discurso, que passou para a História como "Winds of change" ("Ventos de mudança") onde alertava para o caminho perigoso que o território estava a efectuar (a caminhar para o apogeu do apartheid) e onde afirmou, nesse mesmo discurso (tradução livre): "É, como eu digo, um privilégio especial estar aqui, em 1960, quando vocês estão a celebrar o que eu poderia chamar de bodas de ouro da União Sul-Africana (1). Neste momento é natural e justo que vocês devem de fazer uma pausa para fazerem um balanço da vossa actividade, ao olharem para trás no que conseguiram e a olharem em frente para o que está por vir. Nos cinquenta anos da sua existência as pessoas na União Sul-Africana construíram uma economia forte assente numa agricultura sustentável e indústrias fortes e rentáveis. Ninguém poderia deixar de ficar impressionado com o imenso progresso material que foi alcançado. Que tudo isto tenha sido conseguido em tão pouco tempo é, sem dúvida, um facto notável...................................................................................................................................................... ...................................................................................................................................................................
Desde o desmembramento do Império Romano um dos factores importantes na vida política da Europa tem sido o nascimento de nações independentes. Elas vieram a existir ao longo dos séculos sob diferentes formas, diferentes modos de governar, mas todos foram inspirados por um sentimento profundo de nacionalismo, que vem a crescer conforme o crescimento das nações. No século XX, e especialmente desde o fim da Guerra (2) os processos que deram origem aos estados nacionais da Europa têm-se repetido por todo o mundo. Vimos o despertar da consciência nacional em povos que há séculos viviam na dependência doutros poderes. Há uns quinze anos atrás este movimento espalhou-se pela Ásia. Inúmeros países, de diferentes raças e civilizações pressionam a sua reinvindicação para uma via independente. Hoje o mesmo está a acontecer em África, e mais impressionante é essa força crescente do nacionalismo africano. Varia de formas consoante os lugares, mas está a acontecer em toda a parte. Assim, os ventos da mudança estão a soprar através deste continente e, quer gostemos ou não, este crescimento da consciencialização nacional é um facto político consumado. Todos nós devemos aceitá-lo como um facto e as nossas políticas nacionais devem ter isso em linha de conta.............................................................................................
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Esta maré de consciência nacional que está a crescer em África é um facto irreversível, para que tanto vocês como nós e as outras nações do mundo ocidental são responsáveis............................................."
Foi um discurso que, como é lógico, caiu no desagrado dos defensores da apartheid, então liderado pelo Primeiro-Ministro sul-africano Hendrik Verwoerd o qual, na resposta, rejeitou liminarmente o pensamento político do seu colega britânico, dizendo: "Somos pessoas que trouxeram a civilização a África. Fazer justiça significa não apenas ser justo com os negros de África, mas também com os brancos de África."
(1) - A União Sul-Africana foi criada em 1910 e resultou da união política dos vários territórios uns de influência britânica outras de influência bóer, todos eles compondo o actual território da República da África do Sul. Os principais eram a Província do Cabo (de influência britânica) e o Transval (de influência bóer). Em 1961 cortou as amarras definitivas com o Reino Unido. O estudo da história da África do Sul (e dos restantes países da África Austral) será analisada quando terminar o "Historiando Moçambique Colonial".
(2) - O orador referia-se à Segunda Guerra Mundial.
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Ventos de Mudança (2) - Mas também na música, "Winds of change" serviu de canção política, como na balada do conjunto "Scorpion", ao efectuar una digressão pela União Soviética, então na sua fase agónica. Como a letra dizia (em tradução livre*):
Andei por Moscovo
Descendo até ao Parque Gorgy
Escutando o vento da mudança
Numa noite de verão em Agosto
Soldados a caminharem
A escutarem o vento da mudança.
O mundo está a acabar
Já pensaste?
Que poderíamos ser tão chegados, como irmãos
O futuro está no ar
Posso senti-lo em todo o lado
Soprando com o vento da mudança.
Leva-me à magia do momento
Numa noite de glória
Onde as crianças do amanhã sonhem
Com o vento da mudança.
Descendo pela rua
recordações distantes
Enterradas no passado para sempre
Andei por Moscovo
Até ao Parque Gorky
escutando o vento da mudança.
Leva-me até à magia do momento
Numa noite de glória
Onde as crianças do amanhã repartem os seus sonhos
Contigo e comigo.
Leva-me até à magia do momento
Numa noite de glória
Onde as crianças do amanhã ficam sonhando
Com o vento da mudança.
O vento da mudança sopra directamente
Na face do tempo
Como uma tempestade de vento que irá tocar
O sino da liberdade pela paz da mente
Deixa a tua balalaica cantar
O que a minha guitarra quer dizer.
Leva-me, leva-me à magia do momento
Numa noite de glória
Onde as crianças do amanhã dividem os seus sonhos
Contigo e comigo.
Leva-me, leva-me à magia do momento
Numa noite de glória
Onde as crianças do amanhã ficam sonhando
Com o vento da mudança.
* - Uma vez sem exemplo, por não ser apologista da tradução de poesia ou letras, pois entendo que devem ser lidas e sentidas na sua língua original.
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Video da música "Winds of change" do conjunto "Scorpions"
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PLANETA AZUL
"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos"
(Autor desconhecido)
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ACONTECEU
Gonçalo Ribeiro Teles - Comemorou o seu nonagésimo aniversário (ou deverei dizer o seu aniversário 90, em estilo Novas Oportunidades?). Admiro a obra, o exemplo e os actos de cidadania deste HOMEM. Ditosa Pátria que tal filho tem.
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Macacos de imitação - Há uns anos atrás havia um anúncio da Coca-Cola, transmitido nas televisões, o qual consistia em que diversas funcionárias duma empresa, às 16H30 (salvo erro) faziam uma pausa no trabalho e iam todas para a janela da firma extasiarem-se por verem um trabalhador da construção civil que, àquela mesma hora, subia num andaime, em tronco nu, todo musculado (até parecia eu, então não?), a beber um refrigerante desta marca. O anúncio caiu no gosto das pessoas, tanto que ainda hoje há quem diga, quando se faz uma pausa laboral, que está na "hora coca-cola".
Hoje em dia corre um anúncio nas televisões, publicitando a "Sapo Fibra" que não passa duma cópia baratucha daquele outro. Já anteriormente a SAPO projectara um anúncio televisivo que era uma cópia dum outro da marca de wiskhy "William Lawson" (onde aparece um grupo de jovens escoceses a cavalgarem e que oferecem os seus kilts a duas jovens que, ao circularem num carro descapotável e ao serem apanhadas pela chuva, ficaram ensopadas).
É uma falta de imaginação gritante. E é a copiarem ideias doutros que me querem convencer a utilizar os seus serviços? Não passam duns merdosos macacos de imitação. Com as minhas desculpas aos símios pela utilização abusiva das suas personalidades.
É uma falta de imaginação gritante. E é a copiarem ideias doutros que me querem convencer a utilizar os seus serviços? Não passam duns merdosos macacos de imitação. Com as minhas desculpas aos símios pela utilização abusiva das suas personalidades.
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Balão - Enquanto condutor estou sujeito ao teste de alcoolémia, com o qual concordo. Nunca tive conhecimento de caçadores, tipicamente serem reconhecidos por andarem com as chouriças e os "palhinhas" a reboque, para confraternização entre eles, terem alguma vez sido submetidos a este tipo de teste. E serem-lhes retiradas as armas. Porque será?
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"Pó dos Livros" - Há uns tempos atrás, tendo feito umas leituras sobre a costa ocidental africana, pretendi ler um livro escrito por Graham Greene no qual ele relatava uma viagem que efectuara, em 1935, através da Libéria e da Serra Leoa. Não o tendo localizado em alfarrabistas desloquei-me à livraria "Palavra do Viajante", inaugurada na Rua de São Bento - Lisboa e especializada em literatura de viagens e aventuras. Apenas tinham a versão inglesa do mesmo, desconhecendo edições portuguesas e não tendo mostrado nenhum interesse em pesquisar tal livro no mercado. Acabei por adquirir a versão inglesa, um pouco a contra-gosto. Passados uns dias lembrei-me de colocar essa questão na livraria "Pó dos Livros", na Avª Marquês de Tomar - Lisboa, onde esporadicamente eu ia lá comprar livros. Nem de propósito: não só conheciam o livro, como sabiam que havia uma edição da Minerva dos anos 60 do século XX e que iriam tentar localizar o livro contactando alfarrabistas. E assim foi. Passado um par de meses enviaram-me uma mensagem para o telemóvel: já tinham localizado o livro e estava guardado para mim, podendo ir levantá-lo. O que fiz nesse mesmo dia e cobraram-me preço de saldo, atendendo a que era um livro em segunda mão.
Há uns tempos atrás, depois de ter lido o último livro de poemas de Ana Paula Lavado, que apreciei imenso ("Mentes preversas ... e outras conversas"), resolvi adquirir os outros dois que aquela poetisa já tinha editado ("Vozes do vento" e "Um beijo... sem nome"). Feito estúpido, passei pela FNAC e depois, feito parvo, passei pela Bertrand, ambas no Vasco da Gama - Lisboa. Em ambas as funcionárias, com um ar entediado de entendidas informaram-me desconhecer esse nome, e que nada constava nos bancos de dados da "rede", pelo que não podiam mandar vir nenhum livro. Lá tive um lampejo de inteligência e recorri de novo à "Pó dos Livros". Moral da história: em duas semanas tinha os dois volumes na minha posse.
Faço já uma declaração de intenções: não me relaciono pessoalmente com ninguém que trabalhe na "Pó dos Livros", nem tenho qualquer interesse financeiro, ou de qualquer outro tipo, na livraria em causa. Sou apenas, e tão somente, um cliente. Anónimo como muitos outros que lá vão. É uma livraria média, de dois pisos, bem recheada de livros, com uma secção de livros em segunda mão a preços mais em conta e onde tem um pequeno bar onde se pode tomar uma bica enquanto se pesquisa algo. Mas, para mim, bate todas as FNAC, Bertrand e Palavras de Viajante. Estas... são para esquecer. E, por isso, a "Pó dos Livros" tem o meu aval e a minha recomendação: passem por lá e dêem uma vista de olhos. Principalmente se não encontrarem determinado livro que pretendam. Eles só não arranjam se não houver mesmo.
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