"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)
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domingo, 17 de junho de 2012

Diocleciano Fernandes das Neves


VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES



Diocleciano Fernandes das Neves - (Figueira da Foz, 09/07/1829 - Sauíne, 24/02/1883) - Explorador, aventureiro e comerciante. Houve dois homens que, a Sul do Save moçambicano e à escala portuguesa, foram viajantes gigantes na aventura pura e dura da exploração do sertão. De um já falámos - João Albasini e do outro abordo hoje: o lendário Diocleciano Fernandes das Neves.


Filho de um advogado liberal (Lucas Fernandes das Neves) este teve que se esconder das perseguições absolutistas e, quando Diocleciano das Neves nasceu, a família estava escondida numa quinta perto da Figueira da Foz. Tal como o seu nascimento, o seu baptizado também foi na penumbra da clandestinidade, um mês depois. A perseguição política naqueles tempos difíceis, no entanto, mantém-se e a clandestinidade em que viviam acaba quando o seu pai é preso. Só em 1834, com o triunfo do liberalismo, é que o advogado é solto e, retornando à Figueira da Foz, reabre o seu escritório, onde virá a advocatar até à sua morte (1854).


Diocleciano Fernandes das Neves, entretanto, efectua os seus estudos na sua terra natal e em Coimbra. Após a morte do seu pai resolve emigrar para Moçambique, onde chega a 05 de Julho de 1855, para assumir o cargo de Director da Alfândega de Lourenço Marques


A localidade desgosta-o e o cargo directivo traz-lhe dissabores. A localidade, nas suas palavras, "está situada em um estreito cabeço de areia. Por ocasião das marés.........É composta (a praia) de pouca areia e muito lodo; de quinze em quinze dias é toda coberta, seis das elas marés grandes, ficando nove em seco....... As emanações pestilenciais, que os infelizes habitantes dali absorvem, envenena-lhes rapidamente os pulmões. Num  espaço de três anos sucumbem  duas terças partes dos europeus que para lá vão; e o resto fica por tal modo com a sua vida detiorada, que não pode ser útil nem a si nem ao seu país." A sua postura incorrupta, adversária dos actos arbitrários e prepotentes dos governantes do Presídio e sendo, também, opositor declarado do tráfico de escravos incompatibiliza-o com os poderes do Presídio, ficando isolado.

Em 1857 vai à ilha de Moçambique, na altura capital do território, onde apresenta a sua demissão a Augusto de Castilho**, Governador-Geral. Na viagem de regresso a Lourenço Marques o barco onde viajava naufraga nas costas de Inhambane e Diocleciano Fernandes das Neves, um dos sobreviventes, enceta um viagem a pé para Sul, de cerca de quinhentos quilómetros, em direcção ao Presídio laurentino.


É nesta sua viagem  pedestre que trava conhecimento com Muzila**, filho de Manicusse**, com quem se trava de amizades até a morte os separar. Na altura do encontro de ambos em terras de Gaza, Manicusse ainda era o todo-poderoso fundador do Reino de Gaza** e Muzila um dos seus inúmeros filhos. Dele (Muzila), nessa altura, Diocleciano Fernandes dirá: "Estive em casa do Muzila, que me tratou muito bem mostrando-se meu amigo porque dizia ele que eu era o primeiro branco que ele tinha visto." A amizade que aí nasceu entre os dois será profícua no futuro para ambos.

Chegado a Lourenço Marques Diocleciano Fernandes das Neves parte para o interior desconhecido e vai dedicar-se à lucrativa actividade da caça do elefante e respectivo comércio do marfim. À época em que arranca para esta nova fase da sua vida (1858) um acontecimento ocorre que vai voltar a cruzar os dois amigos: a morte de Manicusse. Da luta que se trava entre as forças dos pretendentes ao trono angune, depois de mortos os de menor destaque (Modanissa, Couce, Chuóne e Sipanjoa) destacam-se dois: Maueva** e Muzila. Maueva leva  a melhor inicialmente e assume a liderança do Reino. Muzila vê-se obrigado a refugiar-se no Transval para salvar a vida. Duros tempos aqueles.

Foi nestes tempos de conflitos dinásticos angunes que Diocleciano Fernandes das Neves resolveu começar a sua actividade de caça ao elefante e comérico de marfim, contratando um grupo de caçadores, pisteiros, carregadores e partindo para o sertão desconhecido onde raros brancos entravam. O rio Limpopo era a sua estrada orientadora. Vai, no entanto, na sua primeira caçada para Norte, até Gaza, entre Fevereiro e Março de 1860, onde trava conhecimento com Maueva que ali reinava e de quem ficará com péssimas impressões. Deste encontro escreverá: "Estive em casa deste malvado, tendo visto como ele era cobarde. No acto de lhe falar o cafre denunciava, mau grado seu, um certo receio que a minha presença lhe impunha. Agitava-se ao mais leve movimento que eu fazia e não tinha coragem de me encarar abertamente."


 
Depois dos prejuízos financeiros que lhe advém desta expedição resolve abandonar a ideia de voltar ao Norte e opta por ir para Oeste, para a zona do Transval, então acabado de se formar como República bóer. Expediciona uma caçada entre Setembro de 1860 e Julho de 1861 e, em Zoutpansberg, volta a encontrar Muzila, então ali exilado. Da conversa havida entre os dois e de combinação com João Albasini, fica acertado o apoio destes dois aventureiros portugueses a Muzila junto das autoridades portuguesas de Lourenço Marques.

E, na realidade, os relatórios destes dois sertanejos portugueses a apoiarem as pretensões de Muzila farão com que as autoridades laurentinas lhe facilitem a vida ao incitarem os régulos que, estando avassalados aos portugueses, se colocassem ao serviço de Muzila, o que veio a pôr sob seu comando milhares de guerreiros, bem como o fornecimento de armas e munições.

A 01 de Dezembro de 1861 Muzila comparece perante o Governador de Lourenço Marques, Onofre Lourenço de Andrade, sob protecção de Diocleciano Fernandes das Neves e roga-lhe apoio para a sua causa, o que consegue. A 16 de Dezembro de 1861 as forças de Muzila que congregavam milhares de guerreiros de vários regulados do Sul moçambicano e que também englobavam caçadores de Diocleciano Fernandes das Neves e membros do exército privado de João Albasini, acabam por derrotar as do seu irmão Maueva.

 

No entanto a vitória de Muzila foi Sol de pouca dura, pois Maueva voltou ao combate, agora reforçado com forças do seu sogro a Rei Mussuate (ou Msuatzi) da Suazilândia, voltando a invadir Gaza. Novo confronto entre os dois irmãos trava-se em Cunenvecujana**, voltando a armas a sorrirem a Muzila.

Diocleciano Fernando das Neves apercebe-se que o futuro de Muzila continua incerto, bem como dos portugueses. Com o apoio das forças do seu sogro, o Rei Msuatzi da Suazilândia, Maueva não desistiria da coroa angune que já usara e, caso acabasse por derrotar Muzila de vez em próxima batalha, a sua ira contra os portugueses seria certa, por estes terem apoiado o seu adversário. E aí a influência portuguesa no imenso território do Reino de Gaza (localizado entre os rios Save e Limpopo) acabaria.

Amigo pessoal que era do Rei Msuatzi, Diocleciano Fernandes das Neves envia-lhe uma embaixada com um grande saguate pedindo-lhe que não apoiasse mais o seu genro. Msuatzi compreendendo que também não lhe interessava estar em conflito com os brancos, pois se isso sucedesse mais cedo ou mais tarde acabaria por perder face ao poderio do fogo europeu, acedeu desde que Muzila assim lho pedisse. Novamente Diocleciano Fernandes das Neves intercede junto de Muzila e convence-o e este, liderando uma embaixada enorme com um valiosa carga de marfim como saguate, visita Msuatzi e fica estabelecido um acordo de paz duradouro. Maueva saía de cena definitivamente. Era o triunfo definitivo de Muzila graças, em grande parte, às movimentações diplomáticas de Diocleciano Fernandes das Neves quer junto das autoridades portuguesas quer junto do Rei Msuatzi. 

Com a ascensão do seu amigo ao trono e da protecção que recebe do mesmo, Diocleciano Fernandes da Neves volta à sua actividade predatória de caça ao elefante e negócio do marfim,  agora até Sofala, que floresce. São os seus gloriosos tempos em que enriquece e que mais tarde dirá: "E quereis saber porque eles me estimavam tanto e me respeitavam ao mesmo tempo? Era porque eu os estimava também. Mostrava-me sempre benigno para com eles. Falava ao preto grande  e ao pequeno com a atenção igual àquela que eu prestava às pessoas da minha raça. Brincava e ria com eles." Do rir com  eles ganhará o nome de "Mafambatchéca" que significa "Aquele  que caminha rindo", cognome este que sempre acarinhará para sua vaidade pessoal.

 
Em 1869 vem a Lisboa, através do recém-inaugurado Canal de Suez. Fica uns seis meses e retorna a Moçambique para encerrar os seus negócios, pois pretendia fixar-se definitivamente na Figueira da Foz. Em 1872, depois de deixar uns representantes dos seus negócios em Lourenço Marques, retorna à sua terra natal. Mas a vida aqui não lhe corre de feição. Doenças mal tratadas em África levam-no à quase surdez, negócios ruinosos que encetou na Figueira da Foz e o aproveitamento da sua ausência em Lourenço Marques pelos seus representantes pouco escrupulosos, atiram-no para a pobreza.

Volta a embarcar para Lourenço Marques (14 de Agosto de 1878), após apresentar um projecto ao Ministério da Marinha que assentava na criação de uma grande empório agrícola nas margens do rio Limpopo, em terras do Reino de Gaza, ainda governado pelo seu amigo Muzila e onde as autoridades criariam uma alfândega, como forma de arranque iniciático da instalação de portugueses naquelas terras desertificadas de europeus e como forma  de contrabalançar a perigosa influência britânica.



Chegado a Lourenço Marques Diocleciano Fernandes das Neves envia uma embaixada a Muzila e pede: "...permissão para me estabelecer no rio Bembe (1) ou Inhampura (1) e uma porção de terreno para diversas cultivações e plantações, na margem que eu escolhesse e que chegasse desde a foz até à parte do rio onde a água doce na preia-mar das marés grandes, devendo ser quadrada a distância que se encontrar..." Calculava que a área teria  cerca de 160.000 hectares tendo Muzila anuído a esse pedido. Satisfeito, escreveria ao Governador de Lourenço Marques, o seu amigo Augusto de Castilho: "... a aquisição da foz do rio Bembe vai em breve ser um acontecimento extraordinário para a Província de Moçambique e para a Metrópole. Posso asseverar a V.Exa. que, em menos de cinco anos, a  alfândega daquele porto há-de render muito mais do que nenhuma outra da Província. Desde o momento em que o porto se abrir ao comércio, as plantações de cana-de-açúcar e de tabaco, hão-de concerteza atingir proporções grandiosas." A lentidão lusitana levaria a perceber, quase um século mais tarde, que este homem tinha toda a razão, muito antes do tempo.


De Muzila Diocleciano Fernandes das Neves recebeu todo o apoio para se instalar na sua concessão que aquele Rei lhe dera, instalando a sua base perto de Sauíne, um povoado angune, nas margens do Limpopo. Das autoridades portuguesas em Lourenço Marques recebeu pedras, tudo lhe dificultando  a vida. Quando, em Janeiro de 1882, recebeu uma intimação do Governador de Lourenço Marques,  Chaves de Aguiar, para pagar os impostos devidos da  exploração da concessão bem como legalizar a mesma, respondeu altivamente que a concessão fora-lhe dada por Muzila e não por nenhuma autoridade do Governo Português, pelo que se recusava a legalizá-la em Lourenço Marques: "Com respeito à segunda parte do seu ofício em que me previne que é necessário que eu legalize a concessão que o Governo me fez dos terrenos que estou de posse.... tenho a dizer... que o Governo português não me fez concessão nenhuma de terrenos neste país,porque não podia conceder-me coisa alguma que não possuía.O senhor do território em que estou estabelecido era o Rei Muzila e nunca o Governo contestou o direito, nem a ele nem aos seus antepassados...."


Desgastado pelos longos anos africanos, sem estar devidamente tratado de doenças tropicais que foi colecionando, morre em Sauíne, minado por uma desinteria que já se arrastava há bastante tempo. Assistiu à sua morte Magobosa, o seu fiel criado. Alertado Muzila, este mandou avisar Lourenço Marques do evento. Entretanto a casa de Diocleciano Fernandes Neves, com ele no seu interior, ficou sob guarda vátua, para que nada faltasse quando os portugueses ali chegassem. A 08 de Março, vindo de Lourenço Marques chega uma curta expedição portuguesa a Sauíne e promovem o enterro de Diocleciano Fernandes das Neves, já em adiantado estado de putrefacção. Arrolam o seus bens e retornam a Lourenço Marques sem serem minimamente incomodados pelas gentes de Muzila.


Reza a lenda que Muzila ordenou o envio de duas impis homenagear a campa de Diocleciano Fernandes das Neves com os seus gritos de "Bayete". Lenda? Talvez não, pois em 1979 (já após a independência) um grupo de estudantes da Universidade Eduardo Mondlane esteve em Sauíne e ali efectuou o reconhecimento da sepultura de Diocleciano Fernandes das Neves e recolheu testemunhos orais que ainda ecoavam nas gentes daquele povoado sobre o lendário Mafambatchéca.



Cruz que assinala a campa de
Diocleciano Fernandes das Neves (2)


Termino quase como iniciei este texto: Houve dois homens que, a Sul do Save moçambicano e à escala  portuguesa, foram viajantes gigantes na aventura pura e dura da exploração do sertão: João Albasini e Diocleciano Fernandes Neves.



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(1) - Outros nomes do rio Limpopo.
(2) - A cruz ergue-se na margem sul do rio Limpopo, a poucos quilómetros da foz.
** - A abrir ficha.



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Savane - Um dos caçadores de maior confiança que estavam ao serviço de Diocleciano Fernandes das Neves chamava-se Savane. Deste caçador ronga há o relato da seguinte história: em 1864, por ordem de Diocleciano Fernandes das Neves, Savane a alguns guerreiros escoltaram a expedição do caçador inglês John Chambers, onde se integravam os seus familiares (mulher, Diane Fourie e quatro filhos), o cunhado Daniel Fourie e a família de Jakobus Lottering entre outros os quais, fugidos do Transval, dirigiam-se para Sofala, a fim de apanharem um navio que os levasse para Inglaterra. Durante o percurso, a expedição foi vitimada por doenças, ataques de animais e de gentios locais, acabando a mesma desmembrada pelo falecimento dos quatro filhos do casal Chambers, de Daniel Fourie devorado por um crocodilo no rio Save e da mulher e do filho de Jacobus Lopttering, de febres, acabando este por retornar ao Transval. O casal Chambers atinge Sofala, mas John Chambers, numa última caçada aos elefantes, para arranjar proventos que financiassem a viagem de retorno a Inglaterra, acaba, ele também, por morrer de febres em 1865.

Savane, honrando a sua palavra, recusa-se a abandonar a viúva Diane Fourie, completamente entregue a si mesma. Inicia a viagem de retorno para Ohrigstad, no Transval, escoltando-a no meio de inúmeros perigos e acabando por entregá-la, sã e salva, aos familiares da mesma. De seguida, regressa a Lourenço Marques apresentando o relato da sua odisseia a Diocleciano Fernandes das Neves.

Esta história, muito pouco (ou quase mesmo) desconhecida da maioria das pessoas, é reveladora da postura vertical de Savane e dos seus homens que demonstraram uma elevada estatura moral e um apurado sentido de honra, tão escasso naquelas épocas conturbadas invertendo, por um breve lapso de tempo, a inexorável lei da supremacia totalitária do mais forte sobre o mais fraco.

Porque, por um breve lapso de tempo, Savane e os seus homens mantiveram acesa a chama humana da Ética e  da Honra.



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Livro: Diocleciano Fernandes das Neves escreveu o livro "Itinerário de uma viagem à caça de elefantes" quando veio a Lisboa, o qual se reporta a sua expedição de caça elefantina ao Transval, e onde reencontrou Muzila, nos tempos do exílio deste. Trata-se de um livro de memórias e onde o autor disserta sobre os povos negros com quem se vai cruzando nas suas diversas vertentes que os qualificam e da sua infantilidade nas suas crenças; sobre a escravatura; sobre os bóeres (os holandeses africanos)  e a sua formação como comunidades independentes; sobre os diversos animais da fauna africana, sobre João Albasini, algumas guerras, enfim um repositório memorialista agradabilíssimo de ler.





 
Integrado na coleção Memória Portuguesa, a Dom Quixote editou neste livro, anotado, comentado e bem documentado por Ilídio Rocha, com o título "Das terras do império vátua às praças da República Boer" (1987, 208 págs.). Um livro que vale a pena ter, que retrata a visão dum colonial sobre um mundo acabado de formar (bóer) e outro em pleno estado de consolidação (vátua). E que ambos pereceriam quase em simultâneo no findar desse século.



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Ainda sobre Diocleciano Fernandes das Neves e a caça aos elefantes, recomendo a leitura da curta mensagem colocada em 20 de Junho de 2011 do blogue "tempocaminhado.blogspot.pt" subordinada ao título "Os elefantes de Nick Brandt também choram". 



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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL


 



Colonato – Área onde se fixavam colonos vindos da metrópole. Devido à fraca densidade populacional europeia e ao incremento da guerra nacionalista, as autoridades portuguesas começaram a criar condições para fixar, no território, pessoal europeu. Assim, com o desenvolvimento de uma política agrícola, tencionava-se fixar no colonato do vale do Limpopo cerca de um milhão de europeus e, mais tarde, com o arranque das obras da barragem de Cabora-Bassa* também se pretendia fixar colonos brancos em Tete. Outro colonato criado foi o de Nova Madeira, perto de Vila Cabral*. Como medidas incentivadoras à fixação de brancos e respectivas famílias nos colonatos, era-lhes entregue terras para cultivo, material agrícola a baixo custo bem como financiamentos bancários a juros favoráveis e garantias de aquisição dos bens cultivados. Outra das medidas tendentes à fixação de brancos no território era efectuada aos militares desmobilizados, que podiam ficar no território durante um período de dois anos sem perderem as regalias de retorno à metrópole, que adquiriam no acto da desmobilização.


Colonialismo – O colonialismo é uma realidade política que teve o seu arranque definitivo a partir dos anos 70 do século XIX. Tratou-se duma concepção política que significava, no seu contexto geral e simplista, na exploração económica e dominação política de extensas regiões fora do espaço europeu, pelo que se tratava do caucionamento da expansão europeia iniciada no século XV. Tratava-se de justificar todas as correntes de pensamento europeu que pretendiam o domínio sobre outros povos mais atrasados. Sendo uma pretensão comum a todos os países europeus acabou por ter nos seus principais mentores, a Grã-Bretanha e a França, em primeira linha. O colonialismo confunde-se com imperialismo, sendo que a concepção de Império é de origem romana (Império Romano) e baseava o seu domínio sobre outros povos com base na força militar. Já no colonialismo/imperialismo do século XIX a força bélica não era condição suprema para o seu exercício permanente, mas apenas para anexação dos territórios que permitisse a instalação da autoridade política europeia que, depois, instalava as ramificações económica, religiosa, social, etc. O colonialismo moderno deve a sua génese expansionista quando a indústria europeia, na segunda metade do século XIX, atingiu um elevado nível de especialização, fruto da revolução industrial, o que acabou por provocar a procura de novos mercados para colocação desses produtos, matérias primas mais abundantes e áreas geográficas onde pudesse rentabilizar os lucros excedentes. Fruto da rivalidade dos países europeus entre si, com forte cunho nacionalista (longe vinham os tempos da União Europeia) as vantagens atrás referidas apenas se poderiam concretizar em territórios longínquos, tecnologicamente atrasados, sem consciência nacional e sem conhecimentos técnicos que permitisse suster a invasão europeia. O colonialismo europeu (no qual Portugal se enquadrou como potência europeia) apresentou diversas formas mas, em comum, pode-se considerar a sua coluna vertebral assente nos seguintes vectores: A) - domínio de uma minoria europeia assente num pensamento filosófico de superioridade racial e cultural sobre uma maioria autóctone em desvantagem material; B) - entrechoque de duas civilizações diametralmente diferentes: a europeia com base religiosa judaico-cristã, economicamente forte e tecnologicamente avançada e a autóctone carente de tecnologia, sendo uma sociedade rural de agricultura basista de subsistência e com um relógio biológico lento; C) - Na súmula das duas premissas anteriores a potência europeia, mais avançada tecnologicamente, acaba por impor a sua supremacia à cultura nativa, transplantando para essas sociedades e impondo nas mesmas a sua orgânica político-administrativa. Foram as independências dos territórios do continente americano, ocorridas na primeira metade do século XIX, que acabou por virar as atenções europeias para os continentes africano e asiático. E para melhor se aperceber da fulgurante expansão europeia em África basta atentarmos que em 1875 apenas cerca de dez por cento do território africano era dominado por países europeus e, num espaço de vinte e cinco anos, no dealbar de 1900, esse domínio territorial contabilizava-se em noventa por cento. Portugal não fugiu à regra. A independência do Brasil (o seu Segundo Império), ocorrida em 1822, mas só reconhecida três anos mais tarde cortou-lhe, cerce, o manancial sul-americano. Fruto da instabilidade política que o País atravessou, com lutas intestinas no decorrer do século XIX, em que teve uma guerra civil, só na recta final desse mesmo século é que virou as suas atenções para os seus territórios ultramarinos como forma de se afirmar, externamente, como potência europeia igual às suas congéneres e, internamente, como forma de tentar promover o seu desenvolvimento económico. Sendo, no entanto, uma País pobre e de fracos recursos financeiros, materiais e humanos tardou na reacção de impor a sua soberania colonial nos territórios ultramarinos. Em Moçambique, só após a queda do Reino de Gaza*, ocorrida em 1895, é que Portugal começou a sua lenta ascensão colonial neste território que, no entanto, só terminaria, em definitivo, após o findar da Primeira Guerra Mundial*. O colonialismo, que teve expansão à escala planetária, teve também os seus opositores que utilizaram os palcos internacionais para fazerem ouvir as suas vozes. Nos antecedentes históricos de povos ou países que lutaram pela autonomia ou libertação do jugo colonial pode-se começar por anotar a Conferência de Nagasaki (Japão), realizada em 1926 onde, no decurso dos trabalhos, se aprecia favoravelmente o findar do sultanato na Turquia, fruto da acção golpista do “Jovens Turcos” liderados por Kemal Ataturk, o pai da Turquia moderna bem como Reza Khan, chefe militar persa denuncia os tratados impostos, em 1919, pela Grã-Bretanha ao seu País. No ano seguinte (1927) realiza-se em Bruxelas (Bélgica) o Primeiro Congresso dos Povos Coloniais Oprimidos, onde participam cento e trinta e seis organizações de regiões situadas na América Latina, África e Ásia bem como alguns representantes de partidos políticos europeus, casos do Partido Trabalhista Britânico e do Partido Comunista Soviético e intelectuais europeus tais como Romain Rolland e Albert Einstein. Também neste Congresso participam ilustres desconhecidos na altura, tais como Jawaharal Nehru (futuro líder indiano), Ho Chi Min (futuro líder vietnamita) Leopold Sédar Senghor (futuro líder senegalês) e a viúva de Sun-Yat Sen, um dos fundadores da República da China em 1911. No entanto, apesar destas posturas anti-coloniais, na década de trinta observa-se um avanço físico de cunho imperial dalgumas nações, sendo o caso da invasão italiana na Etiópia e do Japão na China. A guerra civil espanhola (1936/39) e o deflagrar da Segunda Guerra Mundial (1939/45) vêm desviar as atenções do mundo para os problemas coloniais. Mas logo após o findar do conflito alguns países libertam-se do jugo colonial e tornam-se independentes, casos da Índia, em 1947, Birmânia (actual Myammar) em 1948 e Indonésia,  em 1949. Logo no ano da sua independência, a Índia realiza em Nova Deli uma reunião de vários países com interesses em África e na Ásia. Havia conflitos a dirimir tais como os da França que reivindicava o seu direito a permanecer na Indochina, a Holanda queria manter parte do seu antigo império na Indonésia, na China mantinha-se as clivagens entre a facção comunista liderada por Mao-Tsé-Tung e a nacionalista liderada por Chang-Kai-Chek e, na Europa, começava a desenvolver-se a “guerra fria” que opunha os blocos comunista e capitalista, com crescentes receios no desembocar dum terceiro conflito mundial. Assim, começa a fermentar nesta reunião a ideia de constituir-se um terceiro bloco afro-asiático que, liberto do jugo colonial não aderisse nem ao bloco comunista, onde liderava a União Soviética, nem ao bloco capitalista, onde lideravam os Estados Unidos da América. A neutralidade deste terceiro bloco de países aderentes ao mesmo não seria, no entanto, passiva, mas activa, com peso para incidir nas decisões das grandes potências hegemónicas. Tal amadurecimento político vem a incrementar-se dois anos mais tarde (1949) quando Nova Deli promove nova Conferência Governamental, com a participação de dezanove países. Nesta reunião, Nehru propõe aos estados participantes que recusem ingressar em qualquer dos blocos antagónicos (comunista ou capitalista) “sem que ela suponha uma posição anti-europeia, anti-norte-americana ou anti-ocidental” como afirmou na altura, aproveitando ainda para criticar as características de funcionamento da ONU, que se comportava como um “Clube de Brancos”. Em Abril de 1954 os governantes executivos da Índia, Indonésia, Birmânia (actual Myammar), Paquistão e Ceilão (actual Sri Lanka) pedem à França colonial, que fora derrotada em Dien-Bien-Phu, que reconheça a independência da Indochina, que acaba por ser negociada na Conferência de Genebra. No entanto, ao arrepio do que fica acordado na Suíça, os Estados Unidos entram na liça e acabam por se envolver no Vietname (bem como no Cambodja e Laos) com as trágicas consequências que só vêm a terminar em 1975. Com o incrementar da “guerra fria” as potências coloniais não simpatizam com neutralismos ou com tomadas de posição opostas aos seus interesses económicos ou estratégicos e tomam iniciativas golpistas, militares ou económicas contra os interesses dos povos que tentam seguir o seu próprio rumo. Para além da Paz de Genebra que os Estados Unidos não reconhecem, na Pérsia (actual Irão) derruba-se o governo de Mohamed Mossadegh (1954), o mesmo se passando na Guatemala (1954), entre outros exemplos. Ainda neste mesmo ano uma ofensiva económica das potência coloniais leva ao nascimento da SEATO –South East Ásia Trethy Organization (Tratado da Organização do Sudoeste Asiático) que englobam potências coloniais e imperiais (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Austrália, Nova Zelândia) e países subdesenvolvidos (Paquistão, Filipinas e Tailândia). Era uma reacção das potências coloniais, que impunham a subordinação  de alguns países colonizados, à crescente bola de neve a que se ia assistindo por todo o mundo e que era o fenómeno das guerras de libertação nas diversas colónias. Como reacção a esta ofensiva colonial, a Indonésia, a Índia, a Birmânia (actual Myammar), o Ceilão (actual Sri Lanka) e  o Paquistão realizam, entre 18 e 24 de Abril de 1955, em Bandung (Indonésia) uma conferência de países afro-asiáticos. Esta conferência é considerada como um marco histórico na luta dos países ex-colonizados como sendo não alinhados com qualquer dos blocos das potências hegemónicas e um farol de esperança para todos os povos que ainda se encontravam colonizados.  Foram fixados dez princípios que norteariam, daí em diante, as posturas dos países aderentes a saber: 1) Respeito pelos direitos fundamentais de acordo com o determinado na Carta das Nações Unidas; 2) Respeito pela soberania e integridade territorial de todas as nações; 3) Reconhecimento da igualdade de todas as raças e de todas as nações: 4) Não intervenção e não ingerência nos assuntos internos doutro país; 5) Respeito pelo direito de cada nação a defender-se individual e colectivamente de acordo com a Carta das Nações Unidas; 6) Recusa na participação dos preparativos de defesa colectiva destinados a servir os interesses particulares das grandes potências; 7) Abstenção de todo acto ou ameaça de agressão ou do emprego da força contra a integridade territorial ou a independência política doutro país; 8) Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos, tais como negociações e conciliações, arbitragens ou acordos perante tribunais, assim como qualquer outro meio pacífico que possam adoptar os países interessados de acordo com a Carta das Nações Unidas; 9) Estímulo dos interesses mútuos e cooperação; 10) Respeito pelo justiça e obrigações internacionais. Bandung acabou por simbolizar o acelerar das lutas contra o colonialismo e a recusa de qualquer país alinhar por qualquer bloco das grandes potências. A neutralidade tornava-se regra de ouro, pensamento esse consubstanciado por Nehru que, discursando em Bandung, afirmou: “Estamos, os países da Ásia e da África, desprovidos de posição, excepto quando somos pró ou anti-comunistas? Chegámos ao ponto em que não nos resta outro remédio senão apontar para este ou outro tipo de grupo, apoiar este ou outros partidos que proponham desejos que nos são alheios? Isto é muito degradante e humilhante para qualquer povo ou nação que se respeite. Um pensamento intolerável para mim é o de que os grandes países da Ásia e da África saiam da escravidão unicamente para se degradar deste modo. Vou perder a minha liberdade e a minha individualidade para me converter num seguidor doutros? Não tenho, em absoluto,  a intenção de fazer tal coisa.” Esta tomada de consciência pela neutralidade virá a dar origem ao movimentos dos países não-alinhados. Em 1956, Gamal Abdel Nasser (Egipto), Jawarahlal Nehru (Índia) e Joseph Broz Tito (Jugoslávia) reúnem-se ma ilha de Brioni (Jugoslávia) e fundamentam os princípios do neutralismo. O colonialismo entrava na sua parte final (se bem que em muitos casos desse lugar ao neo-colonialismo) e, em 1960, com o nascimento de muitos países africanos e na qual África fica quase toda independente, torna-se necessário  realizar-se uma conferência de países neutrais. Entre 01 e 06 de Setembro de 1961 realiza-se a Conferência de Belgrado (Jugoslávia) que vem dar seguimento ao ideário de Bandung, nascendo o Movimento dos Países Não-Alinhados. Congregando inicialmente 25 países de pleno direito o movimento cresceu no panorama político mundial com a adesão de novos membros efectuando, ciclicamente, em diversas partes do mundo conferências e tornando-se num arauto da luta contra o colonialismo e todas as outras formas opressoras do ser humano. Com a queda do muro de Berlim, na última década do século XX e com todas as consequências que daí advieram, este movimento deixou de ter justificação de existência.  O colonialismo já tinha passado à História, tal como a “guerra fria” que era sustentada pelo confronto capitalismo/comunismo.


Colono – 1) - Habitante livre dos prazos. Era-lhe permitido exercer qualquer tipo de actividade, excepto as de guerra e caça. 2) -  Indivíduo oriundo da metrópole, que se estabelecia numa colónia, aí se fixando para trabalhar e explorar as riquezas locais.

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LEITURAS




Wangari Maathai (1940/2011) foi uma mulher queniana laureada com o Prémio Nobel da Paz (2004) e uma grande lutadora da causa ambientalista, em África. Depois de ter completado os estudos secundários no seu País natal, ganhou uma bolsa de estudo que lhe permitiu licenciar-se em Biologia, nos Estados Unidos.



Wangari Maathai


De regresso ao seu País foi uma lutadora incansável pelos Direitos Humanos e, em simultâneo, pela causa ambiental combatendo com denodo contra a desflorestação incontrolável.  Inspirou e liderou a criação do movimento "Green Belt" responsável pelo plantio de trinta milhões de árvores. O cancro impediu de atingir o seu objectivo: plantar um bilião de árvores. Como ela dizia: "Para o hemisfério Sul e especialmente África, questões ambientais não são um luxo. Impedir o aquecimento global e proteger e recuperar os nossos sistemas naturais são questões de vida ou de morte para boa parte da população mundial." Publicou o livro "The Green Belt Movement: sharing the aproch and experience" do qual não conheço nenhuma tradução portuguesa.






Para melhor conhecermos o percurso desta notável mulher, cuja vida deve servir de fonte de inspiração para todos nós, há que ler as suas memórias no livro "Indomável - uma luta pela liberdade" (Bizâncio, 2007, Lisboa, 318 págs.) a autobiografia da mulher detentora dum doce sorriso de esperança imortal.



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E já que atrás falámos de elefantes e caçadas, sugere-se aqui a leitura dum romance da autora Barbara Gowdy, denominado "Osso Branco" (Quetzal Editores, 2000, Lisboa, 317 págs.) que se reporta à saga ficcionada duma família elefantina que deambula pelos pântanos, planícies e desertos sub-sarianos. Lama, a matriarca da manada, vai conduzir o seu grupo na busca de Osso Branco, que lhes revelará o segredo da localização do Refúgio, onde lhes será permitido ficarem a salvo dos caçadores que apenas querem as suas pontas e, por isso, mutilam e  chacinam tudo e todos, subvertendo todos os valores e códigos de conduta morais até então aí prevalecentes.



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PINTURA


 
José Guimarães - Numa das edições da Feira de Antiguidades que se costumam realizar no Convento do Beato, em Lisboa, desloquei-me como habitualmente à mesma, não só para visitar a Feira em si como também por lá ter pessoas minhas amigas com expositores. Numa dessas deslocações e em amena conversa com uma das feirantes minha amiga, reparei que a mesma tinha, num dos seus sectores uma pintura, para mim infantil e comentei, em tom de brincadeira mais ou menos: "Então agora trazes desenhos do teu neto para venderes?" (Nota: ela tinha um neto com cinco anos, na altura). Ao que a mesma me respondeu que não, que aquilo não era nenhum desenho infantil, mas uma serigrafia de José Guimarães e estava a vendê-la por 350 euros. Perante a cara de parvo com que devo ter ficado, perguntou-me: "Não sabes quem é José Guimarães? Parece impossível." E logo ali fez-me um resumo da vida deste escultor e pintor, que viveu parte da sua vida em Angola (1967/1974). E, para terminar, ainda me disse: "E vais ver que ainda hei-de vender esta serigrafia antes da Feira encerrar." E, efectivamente, assim foi.


 

Serigrafia de José Guimarães


 
Nunca pensei que aquilo conseguisse ser vendido. Se aquela serigrafia valia 350 euros logo ali propus-lhe eu pintar algumas da minha autoria e ela vendê-las. "Pois, mas tu não és José Gumarães", foi a resposta que obtive. Lembrei-me duma anedota que se contava de Pablo Picasso em que este, levando um amigo seu à cave da casa onde morava, encontravam-se espalhados pelo chão centenas de desenhos do famoso pintor. Perante a admiração do seu amigo, ele acalmou-o: "Não te preocupes, estes carvões que desenhei não valem nada porque ainda não os assinei."

Posteriormente pus-me a pesquisar a obra de José Guimarães e fui de desilusão em desilusão. Não consigo compreender como é que este pintor tem obra reconhecida internacionalmente. Eu pessoalmente não gosto, ponto final. Aquelas serigrafias qualquer miúdo as faz. Não passam de desenhos infantis, santa paciência. Não têm mensagem, as cores são colocadas como que a eito... enfim.



Serigrafia de José Guimrães

Com pintores profissionais na minha família, que tiveram no seu tempo e no seu meio alguma nomeada, e tendo também no meu círculo de amigos pintores, certa vez perguntei como é  que eles determinavam o preço duma obra sua. Sintetizo a resposta dum deles (presentemente a viver em Moçambique): "Eh pá, vai do grau de alcolémia que tenho no sangue e da cara de parvo do interessado." Elucidativo. Mas mesmo assim, nem bêbado eu daria 350 euros por uma serigrafia de José Guimarães.

Ainda por cima fiquei "piurso" quando soube, mais tarde, que uma das esculturas que estão numa praça de Lisboa e que eu sempre detestei (a escultura, não a praça) era da sua autoria. É a dedicada aos construtores da cidade e foi inaugurada, se não me falha a memória, no mandato municipal de João Soares numa das comemorações do "25 de Abril" (foto que se segue).

 



 

Não conheço José Guimarães; nunca me cruzei com o mesmo, no que lamento, pois assim talvez pudesse trocar algumas impressões com ele. Mas de certeza absoluta que não será o filho mais novo da minha mãe que num dia comprará  uma obra que seja deste pintor e escultor.


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MÚSICA

 

No decurso da guerra independentista de Moçambique (1964/1974) surgiu o "Cancioneiro do Niassa" que foi o nome com que ficou conhecido um conjunto de letras populares, adaptadas a músicas de protesto em voga na época, letras essas feita por militares portugueses que combatiam na zona do Niassa. Atribui-se a eventual paternidade do referido cancioneiro a diversos militares que integravam as companhias do Batalhão de Artilharia 2889.


As letras do referido cancioneiro reflectiam, entre várias aspectos, o pensamento do militar operacional português sobre a guerra que travava, as suas relações com os oficiais superiores, a sua interligação com o meio africano onde, por força das circunstâncias, era obrigado a estar e também a saudade da terra metropolitana.


 



No conjunto da obra pode-se considerar, na sua globalidade, como sendo um grito de revolta contra o sistema político que sustentava a guerra em Moçambique (e também em Angola e Guiné Bissau) e da separação social entre os soldados combatentes e a sociedade civil do território.


Capa do álbum "Canções Proibidas"


Posteriormente, várias dessas músicas fora editadas em disco, sob o título "Cancioneiro do Niassa - Canções Proibidas", para que as memórias daqueles duros tempos de isolamento não ficassem esquecidas. E porque a canção também foi uma arma.


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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA


Se a estupidez pagasse impostos... esta família estaria penhorada até aos cabelos.



Uma família passa férias divertidas abatendo girafas.


 
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Esta adorei. É uma forma de protesto contra o desmatamento que ocorreu na Mata do Xarêta, em Palmares - Brasil.




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Quantas vezes, face à indiferença humana, resta a amizade com um animal.



 

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ACONTECEU

 

Políticos portugueses (1) - "Lamentava-se" há uns tempos o nosso Mui Amado Querido e Adorado Líder e Venerando Chefe de Estado, da Nação, da Pátria e da República, Cavaco Silva, perante as câmaras de televisão que, face à legislação vigente que não lhe permitia acumular dois vencimentos, optara por prescindir do vencimento de Presidente da República.  Uma das suas reformas é superior e por isso optara pela mesma.


 
Leio na imprensa que a nossa Mui Charmosa, Sorridente e Nada Barbie PresidentA(?) da Assembleia Nacional Popular, perdão, da Assembleia da República, Assunção Esteves, também prescindiu de receber o competente vencimento deste cargo, optando pela sua reforma de Juíza do Constitucional.


 
Ou seja, as duas primeiras figuras da Nação (face à hierarquia constitucional) querem o cargo mas não o pecúnio que lhes compete por aquele desempenho. Lembro-me do ex-Presidente Ramalho Enes,  numa entrevista que deu não há muito à televisão, ter dito que, aquando do exercício do seu mandato presidencial, sempre optara pelo vencimeno correspondente ao cargo, mesmo tendo podido optar pelo de militar (que era) e onde ganhava mais.


Mas exemplos como estes são raros na nossa classe política.


Que falta de sentido de Estado às duas actuais primeira figuras da Nação. Que falta de sentido de darem o exemplo aos cidadãos que passam dificuldades, porque estão pagar a factura dos erros destes mesmos políticos (e doutros). 


Não sendo nenhuma ilegalidade não deixa de ser lamentável... e nojento, a falta de respeito pela dignificação do cargo. 



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Políticos portugueses (2) - O Primeiro-Ministro (PM) Passos Coelho foi ao Parlamento, para o debate quinzenal. Desgraçadamente disse desconhecer qualquer matéria sobre o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa e que não se guiava por jornais. Teve azar: a oposição mostrou-lhe o comunicado oficial do Ministério da saúde. Não sabia de tal, pelo que andou a apanhar bonés.



Mas, na continuidade deste debate, o PM também desconhecia as condições do resgate financeiro imputadas a Espanha tal como também desconhecia como se iriam desencadear as negociações sobre as rendas do sector da energia.



Mas... tanto desconhecimento? É que já não é a primeira vez que, no Parlamento, o PM é apanhado em contraciclo com discursos dos seus Ministros. Será que o PM só serve para apanhar bonés? É confrangedora a ignorância dele pertante questões tão sensíveis e importantes para o nosso futuro. Será que ainda não percebeu quais as verdadeiras funções do seu cargo?



 
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