"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)
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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pêro da Covilhã

Aventureiros, viajantes e exploradores

Pêro da Covilhã - (Covilhã, 1450?- Etiópia, 1530?) - Aventureiro e explorador de craveira excepcional. Terá sido o primeiro europeu a chegar às terras de Sofala (Moçambique), em missão de espionagem para o Rei D.João II, em busca de informações sobre a rota do ouro monomotapiano e, também, sobre a rota marítima que ligaria a África Meridional à Índia. Nasceu entre 1450 e 1455, provavelmente na Covilhã (donde o seu nome) e, por dominar a língua árabe, o Rei D.João II encarrega-o, juntamente com Afonso de Paiva, de partir para o Oriente, para recolher informações que melhor orientassem os portugueses nas viagens marítimas para a Índia, cujo caminho marítimo ainda estavam a tentar descobrir. Antes disso, ambos já tinham desempenhado missões de espionagem no Norte de África, com êxito, a mercadejarem e onde tinham aprendido a dominarem a língua árabe, tendo sido essa a razão porque o monarca os escolheu para tão delicada missão, para além de serem homens da sua confiança pessoal. A Afonso de Paiva, D.João II encarregou-o de descobrir e contactar o Reino do Prestes João e a Pêro da Covilhã encarregou-o de ir até à Índia e recolher todos os dados possíveis deste território. Assim, em Maio de 1487, depois de se terem reunido uma última vez com D.João II, em Santarém, vêem para Lisboa e rumam para Valência e, depois, para Barcelona. Aqui embarcam para Nápoles, seguem para a ilha de Rodes e continuam para Alexandria, no Egipto, onde terão chegado em princípios de Julho desse mesmo ano, disfarçados de mercadores. Depois duma estadia atribulada nesta última cidade vão para o Cairo e juntam-se a uns mercadores árabes e embarcam para Adem, navegando pelo Mar Vermelho, na altura referido por Mar Roxo. Aqui chegados os dois aventureiros separam-se. Afonso de Paiva interna-se em África, na busca da localização do Reino do Prestes João (actual Etiópia) e Pêro da Covilhã segue para Cananor e, depois, para Calecute, seu objectivo final. Afonso de Paiva não conseguirá cumprir a sua missão, por ter falecido, desconhecendo-se as causas de tal, presumivelmente de doença. Pêro da Covilhã, em finais de 1488 ou princípios de 1489, sai de Calecute e, em Fevereiro desse mesmo ano, encontra-se em Goa. Após ter recolhido todas as informações sobre a Índia, segue para Ormuz onde fica algum tempo sempre a colher elementos e, depois, vai cumprir a segunda parte da sua missão, que versa sobre a costa litoral africana. Desce o continente africano, integrando-se em tripulações de veleiros mercantis e, em 1489, terá estado em Sofala (Moçambique), espionando rotas marítimas e tráfico do ouro vindo do interior do sertão, do Reino do Monomotapa. Retorna Índico acima e regressa ao Cairo, onde acordara encontrar-se com Afonso de Paiva mas, através de dois enviados especiais do Rei D.João II, os judeus Josef, sapateiro de Lamego e o Rabi Abraham, de Beja, vem a tomar conhecimento da morte do seu companheiro. Entrega aos dois enviados reais o relatório das observações que fizera quer na viagem da Índia quer na do Oceano Índico e Sofala e onde se poderiam constar informações sobre as ilhas Comores e Madagáscar (então ilha da Lua), mas a existência deste relatório é um facto controverso no seio dos historiadores, não havendo consenso sobre este tema. Há quem defenda que o mesmo poder-se-á ter perdido ou sido destruído a mando de D.João II, fruto da sua política de secretismo, a fim de que segredos de Estado importantes não caíssem em mãos inimigas, nomeadamente espanholas. Regressa a Ormuz, desta vez acompanhado pelo Rabi Abraham, a fim de lhe confirmar parte das suas observações. Depois, quando o Rabi retorna ao Reino de Portugal (o sapateiro Josef já tinha regressado ao Reino, a fim de viajarem separados e não correrem o risco de perecerem juntos e perderem-se as informações), Pêro da Covilhã ruma para o continente africano a fim de completar a missão do seu malogrado companheiro. Em 1492, desembarcando em Jidah (actual Arábia Saudita), resolve ir em peregrinação a Meca, decisão ousada pois, sendo tal interdito a infiéis, caso fosse descoberto seria, inapelavelmente, condenado à morte. Integrando uma caravana, disfarçado de peregrino iemenita, atravessa o deserto arábico e mistura-se na multidão tornando-se, muito certamente, no primeiro europeu a ter aí chegado. De Meca segue para Medina, cumprindo a rota religiosa muçulmana e daqui, englobado numa caravana que seguia para Damasco, abandona esta no Monte Sinai e acolhe-se no Mosteiro bizantino de Santa Catarina. Depois ruma para África e, finalmente, em 1493, atinge o almejado Reino do Prestes João, tendo sido o primeiro europeu a conseguir tal facto. Conseguindo chegar ao arraial do monarca abexim, o Négus Eskender, entrega-lhe as credenciais a as cartas do Rei D.João II. Serve o Rei etíope com lealdade, com conselheiro, bem como os seus sucessores, sendo cumulado de riquezas e honrarias, mas nunca lhe tendo sido concedido sair do Reino, apesar dalgumas vezes ter solicitado tal autorização. O Négus (título real abexim) Eskender morreu  no ano seguinte, em combate, mas honrou-o sempre, tal como os seus sucessores, mas nunca nenhum deles o deixou regressar a Portugal. Pêro da Covilhã acabou por se integrar na sociedade abissínia, ficou rico e deixou descendência. Já na recta final da sua vida teve a felicidade de ver portugueses a chegarem à Abissínia e contacta com os mesmos, servindo de elo de ligação entre as duas culturas. A história da sua vida não se perde porque ele relata-a ao Padre Francisco Álvares que depois a reproduz numa obra que escreveu, a "Verdadeira informação do Reino do Prestes João". É com a chegada desta leva de portugueses que Pêro da Covilhã toma conhecimento de novas do Reino português, entre as quais a morte do soberano D.João II. Morre entre 1525/30 com uma idade avançada, quer não só para a época em que viveu quer para o tipo de vida desgastante que levou. Pêro da Covilhã foi um fabuloso rasgador de caminhos, deixando um legado vivencial espantoso, pura encarnação viva do espírito aventureiro sem fronteiras que norteava na época.


Uma personalidade para a eternidade


Steve Jobs. Não vale a pena estar aqui a debitar dados biográficos deste cometa cerebral criativo. A sua morte, ainda recente, foi sentida em todo o mundo e a sua vida foi mais do que dissecada até à exaustão. Seria apenas chover no molhado. Apenas pretendo, como simples utilizador dum computador, basista informático que sou, não querer iniciar este novo ano, que será o primeiro do resto das nossas vidas, sem prestar a minha homenagem a este Leonardo da Vinci contemporâneo. Poucas, mas mesmo de muito poucas pessoas, se poderá dizer que elas mudaram, irreversivelmente, o futuro da Humanidade. Steve Jobs pertence ao núcleo duro deste restrito clube de deuses.

Historiando Moçambique Colonial

Parte II - A instalação dos portugueses em Moçambique

Os portugueses nunca seguiram uma política de descoberta, conquista, colonização e fixação territorial. Poucas vezes isso esteve nos seus planos, o que diferencia de sobremaneira da colonização espanhola a qual, no Novo Mundo (América do Sul), começou logo por fixar colonos e a explorar os gentios locais.
Os portugueses quase sempre optaram por uma visão mercantilístico-marítima, pelo que nunca lhes interessou, salvo casos pontuais, a penetração territorial. O mar era o seu domínio e, através da sua marinha, estabeleciam feitorias ao longo das costas afro-asiáticas, desempenhando o duplo papel de polícias do mar e intermediários do comércio local. Ou seja, as populações do interior traziam os seus produtos para a costa onde, estabelecidas as feitorias lusitanas, estas intercambiavam os produtos trazidos doutras áreas, tentando suplantar a actividade asiática, esta já implementada no terreno há séculos.
Assim, e porque as nossas atenções centram-se no actual território moçambicano afloraremos, muito ao de leve, a história do império marítimo português na Índia e isto porque, até à reforma administrativa de 1752, levada a cabo pelo Marquês de Pombal, Moçambique ficou totalmente subordinado à tutela do governo do Vice-Rei da Índia portuguesa.
Como já ses sabe, os portugueses apenas se interessaram, primordialmente, pela Índia e resto do Oriente, de cujas rotas marítimas foram pioneiros europeus e, secundariamente, pela costa oriental africana. Esta servia para os navegantes portugueses abastecerem os navios nalguns portos até chegarem à Índia e, também, para comerciarem e permutarem produtos, bem como servia para quebrarem a hegemonia secular do comércio árabe e swahili.
É nesta política de lucros rápidos e sem grandes fixações de colonos, que só absorviam gentes e finanças necessárias para a manutenção dos barcos, que os portugueses escolheram pontos estratégicos ao longo da costa oriental africana. E, mesmo nesta costa, só de Sofala para Norte tendo, durante alguns séculos, o actual Sul de Moçambique, estado em quase completo abandono.
Tendo atingido e fixado-se em alguns portos indianos, os portugueses criaram o cargo de Vice-Rei, Governador-Geral ou Governador (consoante a amplitude de competências) à entidade suprema que governava toda aquela área que abrangia, inicialmente, toda a costa oriental africana até ao estremo Oriente asiático. O poder ficava centralizado em Goa, obedecendo as feitorias moçambicanas, integralmente, ao governo da Índia, o qual criava feitorias ou capitanias (consoante a actividade fosse comercial ou militar) em toda a costa.
Inicialmente, no território moçambicano, os portugueses centraram as suas atenções em duas feitorias: Sofala e ilha de Moçambique. Em Sofala, o primeiro europeu a lá ter estado terá sido o português Pêro da Covilhã, notável explorador e espião solitário ao serviço do rei D.João II, em 1489, nove anos antes dos navios de Vasco da Gama terem chegado à ilha de Moçambique. Em missão de recolha e transmissão de informações para o Reino, Pêro da Covilhã ter-se-á desempenhado bem nas suas funções de espionagem e, daí, o admitir-se ser já do conhecimento dos portugueses, aquando das suas viagens marítimas, da existência do Reino do Monomotapa, sobre o qual circulavam mirabolantes histórias de fabulosas minas de ouro e prata, com as quais os portugueses sonhavam avidamente.
Terá sido essa a razão da criação da feitoria de Sofala: arranjar um ponto de apoio, na costa, que permitisse aos portugueses penetrarem, posteriormente, no interior africano em busca e conquista do ouro e do Reino do Monomotapa, ou então negociarem com os gentios esse mesmo ouro. A feitoria da ilha de Moçambique terá sido criada atendendo à sua posição estratégica no Oceano Índico, tornando-a escala indispensável dos barcos que demandavam e vinham da Índia, jogando com os ventos das monções e, por ser ilha, facilmente defensável. Aliás, é nesta ilha que os portugueses, posteriormente, virão a construir a imponente fortaleza de São Sebastião, uma das principais construções militares portuguesas de toda a costa oriental do continente africano.
Em 1505 o Estado português decreta o monopólio da comercialização do ouro em Sofala, o que veio ferir os interesses dos árabes, ali estabelecidos e que serviam de intermediários entre os portugueses e os gentios do interior. Neste mesmo ano determinou-se a construção da fortaleza de Sofala, iniciada pelo seu Capitão Pêro de Anaia e, no ano seguinte, os asiáticos, descontentes pela perca e quebra do negócio do ouro, activam revoltas contra os portugueses, acabando aqueles por serem derrotados e estes por adquirirem o direito de monopólio de exploração da feitoria, não só por terem autorização da concessão do terreno, feita pelos chefes locais. como também o reforçaram pelas armas.
Em 1506 é ordenada a construção da feitoria da ilha de Moçambique, subordinada a Sofala, pelo que a ligação marítima entre as duas localidades passa-se a fazer com regularidade.
O Régulo de Sofala, Maulide, em 1511, descontente com a actuação dos portugueses e, em somatório, acicatado pelos asiáticos, desencadeia hostilidades contra os lusitanos, obrigando estes a uma intervenção militar, que culmina coma morte do Régulo.
A ligação entre Portugal e a Índia era feita pela chamada Carreira das Índias. Como já vimos, os navios desta carreira abasteciam-se, ao longo da viagem, em postos costeiros e a ilha de Moçambique funcionava, primordialmente, como fonte de abastecimento dos barcos e, secundariamente, como porto comercial, contrariamente a Sofala, cuja função principal era o comércio do ouro e a recolha de dados do Reino do Monomotapa.
No então, o diminuto espaço físico da ilha de Moçambique, estava pendente dos abastecimentos continentais, o que era o seu "calcanhar de Aquiles". abastecimentos estes que eram manuseados pelos gentios avassalados ao Sultanato de Angoche, uma feitoria islamizada. Estes, descontentes com a intromissão dos portugueses na sua secular esfera de negócios, desencadearam guerras, o que obrigou os lusos a atacarem Angoche, em 1510, como retaliação.
Fruto disso, os portugueses resolveram criar mais uma feitoria e, em 1544, montam a de Quelimane, que arranca com uma tripla função: 1) interligar Sofala à ilha de Moçambique e explorar o interior; 2) aumentar a presença portuguesa na costa oriental; 3) abrir mais uma frente comercial.
Por esta altura Sofala e o seu interior já eram terras razoavelmente conhecidas por portugueses aventureiros destacando-se, entre eles, António Fernandes, que chegou à corte do Monomotapa e o trato do marfim começou a suplantar o do ouro.
Devido à péssima administração colonial portuguesa (um mal crónico), Sofala dava mais prejuízos que lucros, fruto também da burocracia, avidez dos colonos e a sempre minagem dos asiáticos, provocando acumulação de produtos na feitoria sem serem devidamente escoados.
Não se afastando da área da feitoria, eram poucos os portugueses que se metiam para o interior, o qual ficava entregue não só aos naturais, como o comércio voltava a cair nas mãos dos arabizados, estes sim, secularmente lá instalados e, no fim, contando com o apoio da população quer por simpatias religiosas, quer por laços familiares estabelecidos por meio de casamentos.
A partir dos anos 30 do século XVI os franceses começaram a navegar na costa oriental africana e a enfrentarem os portugueses, roubando-lhes espaço de manobra, pelo que estes, concluindo que só o mar e o suborno das chefaturas gentias - primeiro por saguates e depois por tenças - já não lhes bastavam para segurarem o comércio do ouro, marfim e escravos, começaram por criar feitorias no interior do sertão africano, até porque esse mesmo interior já começava a ser palmilhado por todo um grupo heterogéneo de aventureiros de todas as estirpes e nacionalidades. É nesta época que o Capitão de Sofala, Vicente Pegado, cria as feitorias interiores de Sena e Tete, fixando alguns portugueses com o propósito de, para além de melhorarem o conhecimento do terreno, rodearem o Monomotapa e combaterem a actividade mercantil árabe.
No princípio da segunda metade deste século XVI os portugueses apontam para Sul e enviam o explorador Lourenço Marques a sondar a baía da Boa Morte (também depois renomeada de Delagoa; Espírito Santo e actual Maputo), sendo depois secundado por António Caldeira, em 1552. Desde esta data até ao início do século XIX, os portugueses nunca se conseguiram fixar no Sul tendo, durante largas dezenas de anos, aquelas paragens estado em completo abandono.
A queda comercial de Sofala começa a acelerar-se, com uma manutenção cronicamente deficitária, contribuindo para tal a corrupção da administração colonial, o contrabando, falta de policiamento do interior e a actividade opositora dos árabes, entre outros factores.
Em 1560 expediciona-se ao Reino do Monomotapa, entregando-se o comando da expedição aos Jesuítas. Liderado por D.Gonçalo da Silveira, a expedição conseguiu chegar à corte africana mas redundou num fracasso total, culminando com a morte deste religioso que, assim, ganhou o trágico direito de se transformar no primeiro mártir jesuíta daquele Reino.
Ao interior de Moçambique começaram a chegar gentes da Índia, reflexo directo da chegada e estabelecimento dos portugueses naquelas paragens, beneficiando os interesses lusitanos já que, sendo alguns deles seguidores da mesma religião dos árabes (muçulmanos), serviam de melhor elo de ligação entre os povos locais e os europeus. Vindos da áreas administrativas portuguesas na Índia e iniciando a sua actividade comercial em Moçambique, revelando um forte espírito de adaptação ao terreno e seguidores, também alguns deles, da religião muçulmana, os indianos cedo começaram a ocupar o lugar dos árabes.
É deste modo que vamos encontrar os caminhos interiores do centro de Moçambique palmilhados por reinóis (portugueses oriundos do Reino), canarins (indianos oriundos de Cananor e outras partes da Índia), árabes, franceses; enfim, toda uma vasta gama de aventureiros que, pela força, pela persuasão, pelo casamento ou por concluios com chefaturas gentias, foram ampliando as suas propriedades, com a consequência directa da criação de exércitos privados e leis próprias furtando-se, assim, aos interesses da Coroa Portuguesa que tinha, no início da segunda metade do século XVI as feitorias de Sena, Tete, Massapa (porta de entrada do Reino do Monomotapa), Sofala e ilha de Moçambique.
O Norte (Cabo Delgado) e o Sul (Lourenço Marques) encontravam-se ao abandono, em autêntico estado letárgico e a ilha de Moçambique começava a subir de importância, passando a ser esta feitoria quem alfandegava os artigos que circulavam de e para Sofala.
Dez anos depois da malograda expedição de D.Gonçalo da Silveira ao Monomotapa, os portugueses, invocando a morte deste religioso como justificação, promovem nova expedição militar a este Reino, cujo fim era o de atingirem as minas auríferas e descobrirem as terras do interior que permitissem a ligação para Angola mas, tal como a anterior, esta expedição também se saldou numa derrota para as hostes invasoras.
Assim, no solo moçambicano, apenas no eixo Quelimane/Tete é que os portugueses conseguiram penetração para o interior, fruto do sonho do ouro do Reino do Monomotapa e, em todo o resto do actual território, apenas se fixaram nalguns portos marítimos, situação que se manteve até meados do século XIX. 
No eixo Quelimane/Tete as terras que caem nas mãos dos portugueses são-no por actos bélicos (direito de conquista), por compra ou doação. Após este período aventureiro de livre circulação individual, a Coroa Portuguesa resolve intervir, a fim de não só disciplinar administrativamente o território como também de colher dividendos financeiros (aforando terras) e impedir a criação de estados rebeldes.
No início de 1600 o Reino do Monomotapa é sacudido por guerras intestinas e, com o fim de resolver os seus problemas internos, o Monomotapa Gatze Lutzere (ou Gusse Lucere) pede auxílio aos portugueses, a troco de lhes doar todas as suas minas o que, face ao auxílio que lhe é prestado, permite-lhe vencer os opositores.
É por esta altura que aparecem os Prazos da Coroa Portuguesa, sistema económico feudal, único na história colonial portuguesa em Moçambique. Com a criação de potentados particulares, que se auto-geriam à revelia das autoridades portuguesas e a seu bel-prazer, a Coroa Portuguesa, receosa da africanização dos portugueses lá instalados e consequente perca de soberania, aprazou estes terrenos os quais, mediante um pagamento à Coroa, esta transferia para os potentados as suas diversas funções (administração da justiça, lançamento e cobrança de impostos, policiamento das áreas, etc.).
Deste modo, na primeira metade do século XVII a situação geográfica de Portugal em Moçambique pouco se altera em relação ao século anterior; excluindo o eixo Quelimane/Tete que, fruto da política do estabelecimento dos prazos, eram os senhores dos mesmos - os prazeiros - que campeavam a seu bel-prazer, mantendo a presença da Coroa Portuguesa, a qual se limitava a sancionar os seus actos de comércio, guerra e justiça.
A actividade portuguesa foi sempre comercial, sustentada na exploração do ouro, marfim e escravos, principalmente, nunca se interessando pelo campo agrícola, limitando-se à agricultura de subsistência. Os colonos eram compostos por aventureiros analfabetos e degredados e o próprio clero católico dedicava-se a todo o tipo de comércio, incluindo o da escravatura.
A dependência administrativa do território ao governo do Vice-Rei da Índia manteve-se até à reforma do Marquês de Pombal, em 1752, altura em que se separou administrativamente, ficando ligada e dependente directamente à Metrópole (Lisboa) em definitivo, a partir de 1756.
Os holandeses, ao criarem  a Companhia Holandesa das Índias Orientais, tentaram ferir os interesses portugueses naquelas áreas, pelo que atacaram a ilha de Moçambique entre 1604 e 1608, mas foram sempre repelidos, acabando-se por se instalarem no cabo da Boa Esperança.
O Sul de Moçambique continuava ao abandono, no que se aproveitavam navios doutras nacionalidades que lá  iam comprar, aos gentios, marfim, âmbar, escravos, mel, abadas (cornos de rinoceronte) e cera, por troca de álcool, panos indianos e missangas. Os portugueses iam iam lá,algumas vezes regularmente, outras depois de grandes lapsos de tempo, acabando por encontrarem já instaladas feitoria de diversas nacionalidades (inglesa, austríaca, holandesa e francesa).
Só em 1781 é que foram lançadas, em definitivo, as bases da criação do presídio de Lourenço Marques e, em 1782, saiu da ilha de Moçambique o navio "Santíssima Trindade", com sessenta expedicionários, comandados por Joaquim de Araújo, nomeado Capitão-Mor e Governador para a "baía de Lourenço Marques e suas adjacentes" tendo, por missão, estabelecerem-se parte na ilha da Inhaca e o restante no território continental fronteiro, onde seria hasteada a Bandeira Real, para que os navios estrangeiros vissem o símbolo da soberania nacional, facto esse que vem a suceder-se em 19 de Abril de 1782.
No entanto, novas atribulações esperavam os portugueses no Sul, voltando o presídio de Lourenço marques a ser abandonado e reconquistado, em definitivo, em 1799, através duma expedição comandada pelo Tenente Luís José. Assim, só a partir de 1800 é que os portugueses se instalam, de vez, em Lourenço Marques.
Relativamente ao Norte é criada, em 1742, a Capitania-Mor de Cabo Delgado a qual, à semelhança doutras, não passavam de intenções escritas em papel com timbre real pois, como de costume, nunca havia homens e material para apetrechar as capitanias. A circulação de comerciantes doutras nacionalidades, nos portos moçambicanos, principalmente a Sul e com maior poder de compra, provoca uma inflação nos preços, o que irrita o poder em Lisboa, voltando sempre com as constantes determinações para expulsarem, dos portos, as embarcações estrangeiras.
Mas as feitorias, mal equipadas, com péssimos administradores e gestores, onde a corrupção era permanente e o distanciamento geográfico do poder em Lisboa ajudava, faziam dessas determinações letra morta, por natureza.
A escravatura e o seu tráfico tinham aumentado substancialmente e a procura de negros, para abastecerem as plantações brasileiras (na América do Sul) e francesas (nos arquipélagos índicos), tornaram-se num negócio altamente rentável.
A partir de 1730 os portugueses perdem as praças a Norte de Cabo Delgado até à zona da Índia (de quem Moçambique era, ainda na altura, dependente) e, fruto disso, é ordenado pelo Vice-rei da Índia um levantamento das feitorias estrangeiras em toda a costa moçambicana, bem como o incremento do bom relacionamento comercial com os gentios da zona de Inhambane.
O século XVIII é convulsionado por várias guerras, notando-se uma forte penetração francesa em Cabo Delgado que, conluiada com as autoridades portuguesas da área, comerciavam âmbar, tartaruga, cauril e escravos. Em 1750 o território fronteiro à ilha de Moçambique revolta-se, novamente, e uma expedição punitiva, levada a cabo pelos portugueses em 1753, é totalmente derrotada.
Motivado por correntes migratórias internas, estalam conflitos tribais em Inhambane e, em 1754, na área da Zambézia, os portugueses guerreiam o regulado do Boror e o do Marave. Nesta área zambeziana os portugueses continuam ligados ao comércio do ouro, escravos e marfim.
Depois da autonomia de 1752, é concedida a Moçambique a autonomia financeira, em 1756 e, trinta anos depois, liberalizam-se os circuitos comerciais marítimos, acabando-se com o monopólio do porto da ilha de Moçambique, como paragem única e obrigatória da navegação de longo curso, abrindo-se os outros portos a esses mesmos navios e criando-se, assim, novas alfândegas.
Em território zambeziano campeavam os senhores dos prazos, predadores de gentes e de terras que, feudalmente, mantinham uma ténue ligação à Coroa Portuguesa conseguindo, à custa de rios de sangue, suor e lágrimas, cada vez mais penetrarem para o interior e gerando autênticos estados dentro do Estado, sempre conflituosos com o poder central.
Ao entrar no século XIX Moçambique deixara, há muito, de ser um simples ponto de passagem para as naus que demandavam a Índia. Bem ou mal, os portugueses tinham assentado arraiais em terras moçambicanas. De Cabo Delgado a Lourenço Marques, ponteavam algumas capitanias marítimas - Quirimbas, ilha de Moçambique, Quelimane, Sofala, Inhambane e Lourenço Marques - e, na zona da Zambézia, graças à política dos prazos, aguçadas pelas lendárias minas do Reino do Monomotapa, os portugueses tinham conseguido penetrar até Tete.
Muito pouco para a extensão territorial do que é hoje Moçambique. Mas também é verdade que os portugueses nunca estiveram interessados em fixarem-se no interior, bem como nunca apresentaram um plano de penetração e consolidação do mesmo. Nunca estiveram interessados em desenvolver a agricultura, a pecuária, a indústria ou as minas. Tudo girava à volta do lucro fácil e, esse, provinha do negócio esclavagista - que sempre esteve na sua mira, se bem que incipiente, no início - do marfim e do ouro, principalmente, para além das colheitas das pilhagens.
É no decorrer do século XVIII que a escravatura é incrementada em toda a sua plenitude, com os mercados brasileiros e franceses a absorverem todo o tráfico possível. Foi um negócio em que comparticiparam as autoridades políticas, administrativas, militares, religiosas, prazeiros, árabes, indianos e os gentios locais, gerando fortunas incalculáveis, tendo-se mantido tal negócio até ao século XX, já muito depois de decretada a abolição do mesmo, pelo Marquês Sá da Bandeira.

(Continua).

Uma personalidade para a eternidade


Damião de Góis - (Alenquer, 02/02/1501 - Alenquer, 30/01/1574) - Historiador, filósofo, compositor musical e humanista. Oriundo da baixa nobreza, cresceu na corte de D.Manuel I como moço de câmara. Em 1523 é colocado em Antuérpia como Secretário da Feitoria Portuguesa  e percorre a Europa em diversas missões diplomáticas. Dedicando-se ao estudo das Humanidades, abandona a carreira diplomática e trava amizade com um dos grandes pensadores europeus, Desiderius Erasmus (de Roterdão), de quem sofrerá forte influência, tal como dos italianos Pietro Bembo e Lazaro Buonamico. Em 1534 estuda na Universiade de Pádua, onde se trava de amizades com o Padre Simão Rodrigues de Azevedo que, mais tarde, será o seu principal delator (1545) no processo que sofreu na Inquisição. Entre 1534 e 1538 percorre, de novo, a Europa acabando por se fixar em Lovaina (1539), durante seis anos e onde se casa. Convive com outros grandes vultos do pensamento liberal europeu, tais como Martinho Lutero e Melancheton, que paternizaram a reforma protestante que veio abanar os alicerces da Igreja Católica Romana. Distingue-se na defesa da cidade (1542), perante a invasão francesa, acabando prisioneiro destes mas depois, por intervenção directa do Rei português D. João III e do Imperador Carlos V, do Sacro Império Romano-Germânico, acaba solto e de regresso ao Reino, onde assume funções superiores na Torre do Tombo e atinge estabilidade financeira e prestígio social. É nesta altura que se desencadeia um processo inquisitorial às sua actividades, sendo acusado de práticas hereges e de ser amigo de heréticos (1545), processo desencadeado pelo Padre Simão Rodrigues Azevedo, com quem convivera em Pádua, anos antes. O processo não teve andamento e, mais tarde, o Cardeal D. Henrique, então já Rei de Portugal, manda-o escrever a crónica do Rei D.Manuel I (na corte do qual Damião de Góis passara uma década  da sua infância), obra que completa em 1565. Titulada de "Crónica do Felicissimo Rei Dom Manuel", foi publicada no ano seguinte e esteve na génese da sua desgraça, por ter caído no desagrado de muitos membros da nobreza de então pois, tratando-se dum livro de História onde o rigor devia imperar, Damião de Góis, não ampliou fantasiosamente os feitos de diversas famílias nobres, como era comum na época. Não só não escrevinhou laudas a muitos nobres, incluindo ao próprio Cardeal D.Henrique (que também era o Inquisidor-Mor do Santo Ofício) como também teve a ousadia de relatar o massacre dos judeus ocorrido em 1506, precisamente no reinado de D.Manuel I, massacre esse que teve lugar no actual Largo de S.Domingos, em  Lisboa. Acaba preso às ordens do Tribunal do Santo Ofício, que retomou as antigas acusações de heresia que estavam arquivadas, bem como acrescentou outras, acusando-o de  práticas heréticas e de ser amigo de hereges e de difundir as suas ideias, bem como de praticar actos ofensivos aos rituais e símbolos sagrados da Igreja Católica Romana. Ouvidas diversas testemunhas acusatórias, entre as quais constavam familiares seus, Damião de Góis, dobrados os 70 anos, acaba condenado à morte na fogueira, mas vê a pena comutada em prisão perpétua  e a ser cumprida no Mosteiro da Batalha. Volvidos seis meses autorizam-no a cumprir a pena em casa, onde virá a ser encontrado morto, caído sobre a lareira e com fractura craniana, o que se leva a admitir que tenha sido assassinado. Deixou várias obras publicadas, entre as quais a acima referida, bem como a "Crónica do Príncipe Dom João" (o que viria a ser D.João III e seu grande amigo) e "Urbis olisiponis descriptio", entre outras. Damião de Góis foi um dos principais príncipes do pensamento renascentista, humanista europeu, amante estrénuo da liberdade do pensamento e da tolerância na convivência entre povos e pessoas e que, por isso mesmo, acabou vítima desses seus ideais. Foi, nos tristes tempos em que se caminhava para o claudicar da independência de Portugal (ocorrida em 1580) que quiseram acabar com a independência do seu espírito. 


Leituras

"Viagens de Pêro da Covilhã" do Conde de Ficalho (Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1988, 368 págs.) é o livro que descreve a vida deste excepcional aventureiro português.

"O espião de D.João II" de Deana Barroqueiro (Ésquilo, Lisboa, 2009, 527 págs.) é o melhor romance histórico que já li sobre a vida de Pêro da Covilhã. Assente numa abundante bibliografia, utilizando vocábulos da época em que os factos ocorreram, ricamente descritivo dos vários aspectos vivenciais da altura, com uma narrativa bem sequenciada e empolgante é, para mim, um dos livros da minha vida. Do melhor que já se escreveu sobre esta personagem lendária.

Filme

"La vie en rose", realizado por Olivier Dahan (134 minutos, 2007) é um filme que retrata a vida conturbada de Edith Piaff. Uma bela reconstituição do que foi desde criança e no que se tornou em adulta, com uma representação notável de Marion Cotillard, no papel principal.

Música

Indubitavelmente as melodias cantadas por Edith Piaff (1915-1963) são minha companhia obrigatória. Este metro e meio de corpo frágil era uma ciclope vocal. Nascida num meio miserável, crescendo entre prostitutas, proxenetas e bêbados, artista circense acompanhando o pai, cantando precocemente em cabarets e com uma maternidade prematura, vem a ser protegida por Louis Leplée, dono dum cabaret nos Campos Elíseos (Paris) que lhe ensina a mudar o seu comportamento e o estilo de cantar em palco e a forma de se vestir (de preto, que passaria a ser a sua imagem de marca). Logo no ano seguinte lança o seu primeiro trabalho discográfico "Les mômes de la cloche" (1936) e, daí em diante, foi toda uma escalada musical que a levou ao estrelato europeu e norte-americano. Não cessou a sua actividade musical durante a ocupação nazi em França, o que levou muitos patriotas franceses a considerarem-na uma traidora. Dois anos após o findar da guerra efectua os seus primeiros espectáculos nos Estados Unidos. Mulher de muitos amores, todos voláteis, todos os grandes nomes da canção francesa passaram pela sua casa e muitos deles pela sua cama, mas houve um que a marcou fundo, a paixão pelo pugilista Marcel Cerdan, falecido num acidente de aviação quando se dirigia ao seu encontro. A morfina e o álcool deram o seu contributo  decisivo para findar toda uma curta vida de 47 anos, que lhe arrasaram a saúde e as finanças. Mas a sua voz tornou-se eterna.

In memoriam


A partir do princípio desta semana, mais concretamente de 01 de Janeiro, entra em vigor o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Sou abertamente contra o mesmo mas tenho a noção e a perfeita consciência de que a nova ortografia brasileira, perdão, portuguesa, irá ser implementada rapidamente, restando a uns tantos "idioteadilistas" (como eu) a birra de quererem continuar a escrever como deve ser, sem transigir com facilitismos. Mas, com o correr do Tempo, face à lei natural da vida, iremos desaparecer e seremos apenas partículas residuais na poeira da História. Aceito. Vencido... mas não convencido. Mas deixo aqui a minha homenagem a todos os intelectualóides, políticos de pacotilha, e safardanas do lucro fácil, que não tiveram pejo em subjugar um dos símbolos identitários do nosso património cultural  aos seus instintos do "lambecuzismo" aos novos patrões da língua. Porque, como cantou Camões: "... entre os portugueses alguns traidores também houve...". E a todos esses "lambecuzistas" deixo o seguinte texto (de autoria anónima) que mão amiga me enviou há algum tempo. Trata-se duma história da nossa infância, do "Capuchinho Vermelho e do Lobo Mau", em versão de escrita e oralizada após o novo Acordo Ortográfico: 

Tás a ver uma dama com um gorro vermelho? Yah, essa cena. A pita foi obrigada pela kota dela a ir à toca da velha levar umas cenas, pq a velha tava a bater mal, tázaver? E então disse-lhe:
- "Ouve, nem te passes! Népia dessa cena de ires pelo refundido das árvores, que salta-te um meco marado dos cornos para a frente e depois tenho a bófia à cola."
Pá, a pita enfia a carapuça e vai na descontra pela estrada, mas a toca da velha era bem longe e a pita cagou na cena da kota dela e enfiou-se pelo bosque. Népia de mitra, na boca e tal, curtindo o som do iPod. É então que, ouve lá, salta um baita dog amarelo, todo chinado e bué ugly mêmo, que vira-se pa ela e grita:
- "Yoo, tás td? Dd td?"
- "Tásse... do gueto! E tu... tásse?" - disse a pita.
- "Yeah! E atão, que se faz?"
- "Seca man! Vou levar o pacote à velha que mora ao fundo da track, que tá kuma moca do camano."
- "Marado, marado! Bute ripar uma até lá?"
- "Epá, má onda, tázaver? A minha kota não curte dessas cenas e põe-me na pildra se me cata."
- " Dasse. A kota não tá qui, dama. Bute ripar até à casa da tua velha, até te dou avanço, só naquela da curtição. Sem guita ao barulho nem nada."
- "Yeah, prontes. Na boa. Vais levar um baile katé te passas."
E lá riparam. Só que o dog enfiou-se por um short no meio do mato e chegou à toca da velha na maior, com bué davanço, tázaver? Manda um toque na porta, a velha "quem é e o camano" ele "ah e tal e não sei o quê, que eu sou a pita do gorro vermelho, e nanana...". A velha abre a porta e ... pimba, o dog papa-a toda... mas mêmo toda, abre a bocarra e o camano e até chuchou os dedos.
O mano chega, vai ao móvel da velha, isca uma shirt assim mêmo à velha, que a meca tinha lá, mete uns glasses na tromba e enfia-se no VL... o gajo tava bué abichanado mêmo, mas a larica era muita e a pita era à maneira, tázaver? A pita chega, e tal e malha na porta da velha.
- "Basa aí cá pa dentro!" - grita o dog.
- "Yop, velhita, tásse?"
- "Tásse e tal, cuma moca do camano... mas na boa."
- "Toma esta cena para mamares-te toda aí..."
- "Bacano pa ver se trato esta cena toda e tal."
- "Pá, mica uma cena: pa ké esses baita olhos, man?"
- "Pá, pa micar melhor a cena, tázaver?"
- "Yeah, yeah. E os abanos, bué da bigs, pa ké?"
- "Pá, pa poder controlar melhor a cena, tázaver, né?"
- "Yesah, bacano... e essa cremalheira toda janada e bué da big? Pa qué aq cena?"
- "É pa chinar esse corpo todo. Grrrrrrr..."
E o dog amanda-se à pita, naquela mêmo dengolir, né? Só que a pita dá-lhe à brava na capoeira e saca um back-kik mesmo directo aos tomates do man e basa porta fora. Vai pela rua aos berros e tal, o dog vem atrás e dá-lhe um ganda baile, pimba, mêmo nas nalgas e quando vai pa engolir a gaja aparece um meco daqueles que corta as cenas cum serrote, saca do machado e afinfa-lhe mêmo nos cornos. O dog kinou, o mano china a belly do dog e saca de lá a velha toda cheia de nhanha.
Ina man, e a malta toda a gregoriar-se!!! E prontes, já tá.

  
Memória da semana

01/01/1788 - Sai a público o primeiro número do jornal londrino "The Times".
01/01/1804 - Independência do Haiti.
01/01/1859 - Nasce, em Vila Viçosa, Henrique Pousão. Pintor da primeira geração da corrente naturalista.
01/01/1901 - Forma-se a Comunidade Australiana, independente do Reino Unido, mas continuando membro da Commonwealth.
01/01/1914 - Os Protectorados britânicos da Nigéria do  Norte e do  Sul são unificados, dando origem à Colónia da Nigéria.
01/01/1922 - Criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, resultante da federação de várias repúblicas autónomas (Russa, Transcaucasiana, Ucrânia e Bielorússia).
01/01/1942 - Nascem as Nações Unidas, em substituição da anterior Liga das Nações quando, neste dia, os Estados Unido, a Grã-Bretanha e mais 26 países subscrevem uma carta de intenções, em Washington. Formalmente seria fundada em 24/10/1945, após o findar da II Guerra Mundial.
01/01/1949 - O porto da Beira (Moçambique) é resgatado pelo Estado Português à Companhia de Moçambique.
01/01/1956 - Independência do Sudão.
01/01/1958 - Entra em vigor o Tratado que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), antecessora da actual União Europeia (UE).
01/01/1960 - Independência dos Camarões.
01/01/1980 - Ocorre um violento sismo na cidade de Angra do Heroísmo, nos Açores.
01/01/1986 - Portugal e a Espanha ingressam na Comunidade Económica Europeia.
01/01/1993 - Na passagem da meia-noite de 31/12/1992 para este dia finda a República da Checoslováquia, dando origem a dua novas repúblicas: Checa e Eslovaca.

02/01/1492 - As forças dos Reis Católicos de Espanha (Isabel e Fernando) conquistam, aos árabes, o Reino de Granada desaparecendo, assim, o último Reino não cristão da Península Ibérica.
02/01/1920 - Nasce, em Petrovich (Rússia), Isaac Asimov. Escritor de ficção científica e professor de bioquímica.

03/01/1690 - Criação da Companhia de Cabo Verde e Cacheu, com a finalidade de desenvolver o comércio do marfim, panos e escravos entre os portos de Cabo Verde e Guiné Bissau e os portos brasileiros.
03/01/1960 - Dez dirigentes do Partido Comunista Português evadem-se do Forte de Peniche, que funcionava como prisão política. Entre os fugitivos encontrava-se Álvaro Cunhal.
03/01/1967 - Morre, em Dallas, Jack Ruby. Fora o assassino de Lee Harvey Oswald, sendo este, por sua vez, o alegado assassino do Presidente norte-americano John F. Kennedy.

04/01/1643 - Nasce, em Woolsthorp (Inglaterra), Isaac Newton. Físico, matemático, astrónomo, filósofo, foi uma dos mais brilhantes cérebros da Humanidade, de todos os tempos.
04/01/1809 - Nasce, em Coupvray (França), Louis Braille. Criou um sistema de leitura para invisuais, conhecido pelo "alfabeto Braille", ainda hoje em uso.
04/01/1899 - Nasce, em Lisboa, Maria Archer. Escritora, publicou vários livros sobre temática colonial luso-africana.
04/01/1948 - Independência da Birmânia (actual Myanmar).
04/01/1960 - Morre, em Villeblevin (França), Albert Camus. Escritor, ensaísta, dramaturgo e filósofo, fora laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1957.

05/01/1876 - Nasce, em Colónia, Konrad Adenauer. Advogado e político, viria a exercer o cargo de Chanceler da República Federal Alemã.  
05/01/1919 - Criação do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores, na Alemanha. Dos fundadores iniciais viria a emergir Adolfo Hitler.
05/01/1950 - Morre, em Berlim, Jonh Rabe (Juliuus Raab). Nazi convicto, opôs-se o mais tenezmente possível contra as tropas invasoras japonesas, salvando dezenas de milhares de civis chineses, no massacre de Nanquim.

06/01/1822 - Nasce, em Neubukaow (Alemanha). Heinrich Schillmann. Linguísta, empresário, especulador financeiro e arqueólogo amador, revelou ao mundo as riquezas da civilização micénica e das ruínas de Tróia.
06/01/1876 - Morre, em Lisboa, Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo (Marquês de Sá da Bandeira). Militar e político abolicionista, foi o grande impulsionador do fim da escravatura em todo o território português de então.
06/01/1960 - O Primeiro-Ministro britânico Harold Macmillan inicia um périplo africano, que o levará aos territórios coloniais do Gana, Nigéria, Rodésia e África do Sul.
06/01/1994 - Morre, em Paris, Rudolf Nureyev. Bailarino e coreógrafo.
06/01/1995 - Angel Pui Peng, uma mulher chinesa com passaporte português, é executada em Singapura, sentenciada judicialmente por tráfico de estupefacientes.

Foi dito

"Mereceis a morte por me pordes os cornos dormindo com outrém". Infante D.João (filho de D.Pedro I e de Inês de Castro), justificando à sua mulher D.Maria Teles de Meneses porque a ia matar, o que fez de seguida (1378/9?). (Fonte: Frases que fizeram a História de Portugal/Ferreira Fernandes - João Ferreira/Esfera dos Livros/Pág.50)
"Oh senhor, eu entendo bem que vos vindes mal aconselhado, e perdoe Deus a quem vos tal conselho deu". D.Maria Teles de Meneses, reagindo à acusação que seu marido, o Infante D.João lhe fizera. Pouco momentos seria assassinada por este. (Fonte: Vidas surpreendentes Mortes insólitas da História de Portugal/Ricardo Raimundo/Esfera dos Livros/Pág.34).
Nota: ambas as frases terão sido retiradas da "Crónica do Senhor Rei Dom Fernando, nono Rei destes reinos", de Fernão Lopes.

Foi escrito

"Cuiusvis homini est erare nisi insipientis in errore perseverare" (tradução: "Errar  é próprio dos humanos e permanecer no erro é próprio dos imbecis") - "Filipicas" de Marco Túlio Cícero (106-43 AC). (Fonte: A História do Mundo em 50 frases/Helge Hesse/Casa das Letras/Pág.59).
Foi humorizado

"Um adulto é aquele que deixou de crescer na direcção vertical, mas não na direcção horizontal." - Anónimo. (Fonte: Citações para humoristas/José Manuel Veiga/Editorial Lio/Pág.11)

Curiosidades (in)úteis


Os censos da população portuguesa de 1900 contabilizaram 5.423.132 habitantes. (Fonte: Cronologia do século XX/Neville Williams-Philip Wallwe-John Rowett/Círculo dos Leitores/Pág.7)



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