Aventureiros, viajantes e exploradores
Gago Coutinho - (Lisboa, 17/02/1869 - Lisboa, 18/02/1959 - Carlos Viegas Gago Coutinho) - Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, tendo atingido a patente de Almirante a título honorífico e geógrafo. Homem multifacetado, foi um dos mais insignes do seu tempo, tendo sido não só historiador, como também navegador aéreo e, principalmente, geógrafo, onde atingiu reputação internacional. Natural de Lisboa, após ter completado os estudos liceais, ingressa na Escola Naval, saindo de lá como Guarda-Marinha, em 1888.
No ano seguinte vai para Moçambique, comandando a lancha-canhoeira "Pungoé", no litoral Norte. Combateu em Tungue (Moçambique), em 1891 e em Timor em 1912. A partir de 1898 inicia a sua actividade de geógrafo e cartografa as fronteiras ultramarinas de Timor (1898) onde efectua levantamentos topográficos de cerca de 3.000 quilómetros quadrados, para além de efectuar reconhecimentos na costa. Em 1900 regressa a Moçambique e demarca 300 quilómetros de fronteira entre Vila Coutinho e o rio Chire, juntamente com elementos da companhia majestática britância British Central Africa, bem como procede a reconhecimentos topográficos na Zambézia. De regresso a Lisboa, em 1901, vai a Angola delimitar a fronteira do Congo. No ano seguinte, em Lisboa, elabora a carta topográfica dos trabalhos que efectuara em Moçambique. Em 1904 volta a esta colónia, delimitando a fronteira do Distrito de Tete, entre o rio Luía e o Zumbo, numa extensão de 420 quilómetros. No ano seguinte demarca mais 340 quilómetros entre o Zumbo e Mazoé tornando-se, nesta última demarcação, pioneiro na determinação de longitudes no mato, através da recepção de sinais horários que recebia, via telégrafo, do Observatório da cidade do Cabo. Cumprida a missão explora o rio Zambeze, de Tete até Chicova, numa arriscada viagem em que terá sido, até à data, um dos raros europeus que atravessou Cabora-Bassa, vindo posteriormente a escrever um trabalho sobre tal odisseia.
Em 1907 é criada a Missão Geodésica da África Oriental, entregando-se a chefia da mesma a Gago Coutinho que trava conhecimento com Sacadura Cabral, seu grande companheiro de ciência e de aventura, na que virá a tornar-se na dupla de aventureiros mais famosas de Portugal. Juntos, no triénio seguinte, reconhecem, estudam e cartografam a costa moçambicana desde a Ponta do Ouro até ao Bazaruto, cobrindo uma área total de mais de 30.000 quilómetros quadrados. Em 1911 Gago Coutinho está em Lisboa, a elaborar os mapas dos estudos feitos quando lhe é ordenado efectuar o reconhecimento da fronteira entre Angola e a Rodésia (fronteira do Barotze) passando antes por Timor onde efectua reconhecimentos hidrográficos. Reunindo-se a Sacadura Cabral em Angola, e depois de terem efectuado o levantamento topográfico da fronteira acabam por atravessar a Rodésia até Victória Falls e daí flectem para Bulavaio, Joanesburgo chegando, finalmente, a Lourenço Marques. Depois dum ligeiro descanso na capital moçambicana, Gago Coutinho e Sacadura Cabral seguem para a Beira, onde efectuam novos trabalhos cartográficos e, daqui, atravessam o centro de Moçambique onde implantam novos marcos geodésicos (Gorongosa e Vila Paiva de Andrada) e daí seguem para Elisabeteville, no Congo, onde terminam o trabalho de demarcação da fronteira do Barotze, juntamente com as delegações belga e britânica.
No biénio 1916/18 encontra-se em São Tomé e Príncipe e, em 1921, já com a patente de Capitão de Mar e Guerra, efectua a travessia aérea Lisboa-Funchal, na companhia de Sacadura Cabral e, no ano seguinte, de novo esta dupla realiza a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, num voo entre Portugal e Brasil. Publicou diversos trabalhos de índole científica e histórica relacionados com os descobrimentos portugueses. Como Presidente da Comissão Cartográfica de Portugal percorreu grande parte de África, devendo-se-lhe a ele a introdução do curso de engenheiro geógrafo em Portugal, bem como a invenção do sextante.
Condecorado por diversos países, membro das mais diversas instituições científicas, era possuidor da Torre e Espada. Peregrino incansável do sertão africano, no particular e das sete partidas do Mundo, no geral, senhor da aventura e da cultura, puro Príncipe da Renascença, preparou o seu encontro com a História, lembrando que: "O caixão de pinho será pobre, para caber no jazigo onde está o meu nome. Vestir-me-ão os calções e o casaco de caqui, como atravessei África. Tudo pobre como nasci. Aliás nunca fui Almirante a valer, mas autêntico geógrafo do campo."
No ano seguinte vai para Moçambique, comandando a lancha-canhoeira "Pungoé", no litoral Norte. Combateu em Tungue (Moçambique), em 1891 e em Timor em 1912. A partir de 1898 inicia a sua actividade de geógrafo e cartografa as fronteiras ultramarinas de Timor (1898) onde efectua levantamentos topográficos de cerca de 3.000 quilómetros quadrados, para além de efectuar reconhecimentos na costa. Em 1900 regressa a Moçambique e demarca 300 quilómetros de fronteira entre Vila Coutinho e o rio Chire, juntamente com elementos da companhia majestática britância British Central Africa, bem como procede a reconhecimentos topográficos na Zambézia. De regresso a Lisboa, em 1901, vai a Angola delimitar a fronteira do Congo. No ano seguinte, em Lisboa, elabora a carta topográfica dos trabalhos que efectuara em Moçambique. Em 1904 volta a esta colónia, delimitando a fronteira do Distrito de Tete, entre o rio Luía e o Zumbo, numa extensão de 420 quilómetros. No ano seguinte demarca mais 340 quilómetros entre o Zumbo e Mazoé tornando-se, nesta última demarcação, pioneiro na determinação de longitudes no mato, através da recepção de sinais horários que recebia, via telégrafo, do Observatório da cidade do Cabo. Cumprida a missão explora o rio Zambeze, de Tete até Chicova, numa arriscada viagem em que terá sido, até à data, um dos raros europeus que atravessou Cabora-Bassa, vindo posteriormente a escrever um trabalho sobre tal odisseia.
Em 1907 é criada a Missão Geodésica da África Oriental, entregando-se a chefia da mesma a Gago Coutinho que trava conhecimento com Sacadura Cabral, seu grande companheiro de ciência e de aventura, na que virá a tornar-se na dupla de aventureiros mais famosas de Portugal. Juntos, no triénio seguinte, reconhecem, estudam e cartografam a costa moçambicana desde a Ponta do Ouro até ao Bazaruto, cobrindo uma área total de mais de 30.000 quilómetros quadrados. Em 1911 Gago Coutinho está em Lisboa, a elaborar os mapas dos estudos feitos quando lhe é ordenado efectuar o reconhecimento da fronteira entre Angola e a Rodésia (fronteira do Barotze) passando antes por Timor onde efectua reconhecimentos hidrográficos. Reunindo-se a Sacadura Cabral em Angola, e depois de terem efectuado o levantamento topográfico da fronteira acabam por atravessar a Rodésia até Victória Falls e daí flectem para Bulavaio, Joanesburgo chegando, finalmente, a Lourenço Marques. Depois dum ligeiro descanso na capital moçambicana, Gago Coutinho e Sacadura Cabral seguem para a Beira, onde efectuam novos trabalhos cartográficos e, daqui, atravessam o centro de Moçambique onde implantam novos marcos geodésicos (Gorongosa e Vila Paiva de Andrada) e daí seguem para Elisabeteville, no Congo, onde terminam o trabalho de demarcação da fronteira do Barotze, juntamente com as delegações belga e britânica.
No biénio 1916/18 encontra-se em São Tomé e Príncipe e, em 1921, já com a patente de Capitão de Mar e Guerra, efectua a travessia aérea Lisboa-Funchal, na companhia de Sacadura Cabral e, no ano seguinte, de novo esta dupla realiza a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, num voo entre Portugal e Brasil. Publicou diversos trabalhos de índole científica e histórica relacionados com os descobrimentos portugueses. Como Presidente da Comissão Cartográfica de Portugal percorreu grande parte de África, devendo-se-lhe a ele a introdução do curso de engenheiro geógrafo em Portugal, bem como a invenção do sextante.
Condecorado por diversos países, membro das mais diversas instituições científicas, era possuidor da Torre e Espada. Peregrino incansável do sertão africano, no particular e das sete partidas do Mundo, no geral, senhor da aventura e da cultura, puro Príncipe da Renascença, preparou o seu encontro com a História, lembrando que: "O caixão de pinho será pobre, para caber no jazigo onde está o meu nome. Vestir-me-ão os calções e o casaco de caqui, como atravessei África. Tudo pobre como nasci. Aliás nunca fui Almirante a valer, mas autêntico geógrafo do campo."
Sacadura Cabral - (Celorico da Beira, 23/05/1881 - Mar do Norte, 15/11/1924 - Artur Sacadura Freire Cabral) - Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa e geógrafo. Ingressa, aos dezasseis anos, na Escola Naval, concluindo os seus estudos em 1900, sendo promovido a Guarda-Marinha. Neste mesmo ano é colocado em Moçambique, na Divisão Naval do Índico e três anos depois é promovido a Segundo-Tenente. Efectua trabalhos de sonda nas baías de Angoche e de Lourenço Marques e de rectificação geográfica nas fronteiras do Transval.
Em 1907, com a criação da Missão Geodésica da África Oriental, trava conhecimento com Gago Coutinho, seu companheiro profissional com quem irá partilhar inúmeras aventuras nos sertões africanos nos diversos trabalhos de delimitações fronteiriços e de reconhecimentos topográficos do interior moçambicano. Em 1911 encontra-se em Angola, como Sub-Director dos Serviços de Agrimensura e efectua o reconhecimento cartográfico da fronteira da Lunda, quando se reúne de novo a Gago Coutinho, para estudarem e delimitarem a fronteira do Barotze, juntamente com as missões britânica e belga. Entre o início e o findar deste trabalho, esta dupla longitudina África até Lourenço Marques e, flectindo depois para a Beira, retornam a Elisabeteville. no Congo, onde se reúnem com as outra delegações estrangeiras e concluem os trabalhos.
Tira o brevet de piloto de avião (1915) e, de novo com Gago Coutinho, efectuam a ligação aérea Lisboa - Funchal (1921), como balão de ensaio da próxima viagem, que foi a ligação Portugal - Brasil, na primeira viagem aérea que se realizou no Atlântico Sul (1922).
Em 1924, Sacadura Cabral, aos comandos dum avião é apanhado por um denso nevoeiro, quando sobrevoava o Mar do Norte, cruzando-se de vez com a morte desaparecendo, deste modo, um brilhante explorador e geógrafo do sertão africano. O seu corpo nunca foi encontrado.
Em 1907, com a criação da Missão Geodésica da África Oriental, trava conhecimento com Gago Coutinho, seu companheiro profissional com quem irá partilhar inúmeras aventuras nos sertões africanos nos diversos trabalhos de delimitações fronteiriços e de reconhecimentos topográficos do interior moçambicano. Em 1911 encontra-se em Angola, como Sub-Director dos Serviços de Agrimensura e efectua o reconhecimento cartográfico da fronteira da Lunda, quando se reúne de novo a Gago Coutinho, para estudarem e delimitarem a fronteira do Barotze, juntamente com as missões britânica e belga. Entre o início e o findar deste trabalho, esta dupla longitudina África até Lourenço Marques e, flectindo depois para a Beira, retornam a Elisabeteville. no Congo, onde se reúnem com as outra delegações estrangeiras e concluem os trabalhos.
Tira o brevet de piloto de avião (1915) e, de novo com Gago Coutinho, efectuam a ligação aérea Lisboa - Funchal (1921), como balão de ensaio da próxima viagem, que foi a ligação Portugal - Brasil, na primeira viagem aérea que se realizou no Atlântico Sul (1922).
Em 1924, Sacadura Cabral, aos comandos dum avião é apanhado por um denso nevoeiro, quando sobrevoava o Mar do Norte, cruzando-se de vez com a morte desaparecendo, deste modo, um brilhante explorador e geógrafo do sertão africano. O seu corpo nunca foi encontrado.
Historiando Moçambique Colonial
Parte III - O conturbado século XIX
O século XIX irá fazer rebentar, pelas costuras, a fraca administração colonial portuguesa, em Moçambique. Dominando apenas alguns pontos do litoral e com uma faixa de penetração para o interior, de Quelimane a Tete, os portugueses irão sofrer, amargamente, a partir de meados do século XIX, a turbulência do "scramble for Africa"*, que a gula europeia irá fazer incidir nesse continente. Será, assim, neste século, que os portugueses serão obrigados a virarem-se para o seu Terceiro Império. O Primeiro Império fora a Índia e, após a queda económica desta que ficou reduzida a um pequeno espaço geográfico na planície industânica, os portugueses volveram as atenções para o Brasil, o seu Segundo Império, até à data da independência deste, ocorrida em 1822.
Os descobrimentos marítimos colocaram Portugal como primeira potência mundial, no século XV e mesmo parte do século XVI, ao comerciar especiarias com a Índia, através da exploração da rota marítima da costa africana. No entanto, a dinâmica da História arrastou outros países europeus para a corrida planetária e, do século XVI em diante, já Portugal - que entretanto tinha perdido e recuperado a sua independência (1580/1640) e perdido e jamais recuperado a sua marinha de guerra que, integrada na Armada Invencível espanhola que procurava invadir a Inglaterra, foi varrida das águas em 1588 - estava a ser ultrapassado pelos espanhóis, franceses, ingleses e holandeses, cujas marinhas, quer de guerra quer mercantes peregrinavam, incansavelmente, o planeta criando colónias, avassalando estados e monopolizando, leoninamente, as mais variadas riquezas do globo. Portugal, sempre com falta de dinheiro e de homens, após a recuperação da sua independência (1640) teve que consolidá-la, envolvendo-se em guerra com Espanha (Guerra da Restauração, 1640/1668).
Ou seja, entre 1580 e 1688 - perca de independência e reconsolidação definitiva da mesma - os portugueses são obrigados a canalizarem energias humanas e financeiras para os seus problemas internos, com reflexos directos, no campo negativo, na consolidação definitiva das suas posições no Oriente.
Com a perca dos territórios no Oriente (século XVI) os portugueses exploram, desenfreadamente, o Brasil e, em 1808, a corte portuguesa, englobando a própria família real, muda-se para lá, a fim de evitar cair prisioneira dos franceses que, entretanto, invadiram Portugal - invasões napoleónicas - só regressando a Lisboa em 1820. Dois anos mais tarde o Brasil soltava o grito do Ipiranga com o seu "Independência ou Morte", cortando as amarras políticas com Portugal, que acaba por aceitar a consumação do facto em 1825. Morria, aí, o Segundo Império português e só lhes restava África.
Por sua vez outros países europeus também viravam as suas atenções para o continente africano. A temática do combate à escravatura, tão acarinhada pela Inglaterra que, em nome duma preocupação humanitária nascida dos ideais da Revolução Francesa, mais não fazia do que justificar a sua intervenção em zonas dominadas por outros países; o acordar do espírito aventureiro; a independência de diversos territórios do continente americano com a consequente castração de extensíssimas áreas de grandes riquezas exploratórias; a procura de novas matérias-primas para produtos que as novas manufacturas e indústrias europeias começavam a exigir; entre outras causas, foram as molas que fizeram saltar a expansão colonial europeia pelo sertão africano.
Nos mapas europeus do século XIX, o interior de África era um enorme vazio. Com efeito, contrastando com a sua costa, que começou a ser cartografada desde o início da epopeia marítima portuguesa, os espaços interiores estavam entregues aos seus ancestrais proprietários, os gentios, sendo também palmilhados por toda uma casta de aventureiros e mercadores, mas sem obedecer a nenhum plano sistémico governamental.
A sistematização da penetração, conquista e consolidação da presença europeia em África desponta, assim, no século XIX com a criação, em diversos países, de Sociedades de Geografia, instituições de carácter científico, que seriam as pontas de lança da colonização europeia.
É neste século XIX que, financiados pelas diversas Sociedades de Geografia - que, por sua vez, eram acarinhadas pelos governos dos seus países por os interesses políticos, económicos e científicos convergirem - irá aparecer toda uma plêiade de exploradores - Richard Francis Burton**, John Hanning Specke**, James August Grant**, Samuel White Baker, Henry Morton Stanley**, Verney Lovett Cameron**, Cecil Rhodes**, David Livingstone**, entre tantos outros - que escreverão, para a posteridade, todas as páginas, ainda em branco, do livro da descoberta do interior africano.
Os portugueses, na sua sonolência habitual, apanhados por todo este turbilhão europeu, sonhadores do século XV, pensavam que a simples descoberta lhes dava o direito de posse. Mas os tempos eram outros. Tinha chegado o tempo da penetração, conquista e fixação ao solo, tal como os espanhóis tinham feito no continente americano, logo no decurso da primeira viagem de Cristóvão Colombo.
Os descobrimentos marítimos colocaram Portugal como primeira potência mundial, no século XV e mesmo parte do século XVI, ao comerciar especiarias com a Índia, através da exploração da rota marítima da costa africana. No entanto, a dinâmica da História arrastou outros países europeus para a corrida planetária e, do século XVI em diante, já Portugal - que entretanto tinha perdido e recuperado a sua independência (1580/1640) e perdido e jamais recuperado a sua marinha de guerra que, integrada na Armada Invencível espanhola que procurava invadir a Inglaterra, foi varrida das águas em 1588 - estava a ser ultrapassado pelos espanhóis, franceses, ingleses e holandeses, cujas marinhas, quer de guerra quer mercantes peregrinavam, incansavelmente, o planeta criando colónias, avassalando estados e monopolizando, leoninamente, as mais variadas riquezas do globo. Portugal, sempre com falta de dinheiro e de homens, após a recuperação da sua independência (1640) teve que consolidá-la, envolvendo-se em guerra com Espanha (Guerra da Restauração, 1640/1668).
Ou seja, entre 1580 e 1688 - perca de independência e reconsolidação definitiva da mesma - os portugueses são obrigados a canalizarem energias humanas e financeiras para os seus problemas internos, com reflexos directos, no campo negativo, na consolidação definitiva das suas posições no Oriente.
Com a perca dos territórios no Oriente (século XVI) os portugueses exploram, desenfreadamente, o Brasil e, em 1808, a corte portuguesa, englobando a própria família real, muda-se para lá, a fim de evitar cair prisioneira dos franceses que, entretanto, invadiram Portugal - invasões napoleónicas - só regressando a Lisboa em 1820. Dois anos mais tarde o Brasil soltava o grito do Ipiranga com o seu "Independência ou Morte", cortando as amarras políticas com Portugal, que acaba por aceitar a consumação do facto em 1825. Morria, aí, o Segundo Império português e só lhes restava África.
Por sua vez outros países europeus também viravam as suas atenções para o continente africano. A temática do combate à escravatura, tão acarinhada pela Inglaterra que, em nome duma preocupação humanitária nascida dos ideais da Revolução Francesa, mais não fazia do que justificar a sua intervenção em zonas dominadas por outros países; o acordar do espírito aventureiro; a independência de diversos territórios do continente americano com a consequente castração de extensíssimas áreas de grandes riquezas exploratórias; a procura de novas matérias-primas para produtos que as novas manufacturas e indústrias europeias começavam a exigir; entre outras causas, foram as molas que fizeram saltar a expansão colonial europeia pelo sertão africano.
Nos mapas europeus do século XIX, o interior de África era um enorme vazio. Com efeito, contrastando com a sua costa, que começou a ser cartografada desde o início da epopeia marítima portuguesa, os espaços interiores estavam entregues aos seus ancestrais proprietários, os gentios, sendo também palmilhados por toda uma casta de aventureiros e mercadores, mas sem obedecer a nenhum plano sistémico governamental.
A sistematização da penetração, conquista e consolidação da presença europeia em África desponta, assim, no século XIX com a criação, em diversos países, de Sociedades de Geografia, instituições de carácter científico, que seriam as pontas de lança da colonização europeia.
É neste século XIX que, financiados pelas diversas Sociedades de Geografia - que, por sua vez, eram acarinhadas pelos governos dos seus países por os interesses políticos, económicos e científicos convergirem - irá aparecer toda uma plêiade de exploradores - Richard Francis Burton**, John Hanning Specke**, James August Grant**, Samuel White Baker, Henry Morton Stanley**, Verney Lovett Cameron**, Cecil Rhodes**, David Livingstone**, entre tantos outros - que escreverão, para a posteridade, todas as páginas, ainda em branco, do livro da descoberta do interior africano.
Os portugueses, na sua sonolência habitual, apanhados por todo este turbilhão europeu, sonhadores do século XV, pensavam que a simples descoberta lhes dava o direito de posse. Mas os tempos eram outros. Tinha chegado o tempo da penetração, conquista e fixação ao solo, tal como os espanhóis tinham feito no continente americano, logo no decurso da primeira viagem de Cristóvão Colombo.
No xadrez moçambicano, os portugueses jogam uma partida simultânea com as apetências inglesas e com a resistência dos povos locais.
A par da penetração portuguesa, que vê surgir todo um escol de exploradores sertanejos - Serpa Pinto, Brito Capelo, Roberto Ivens, Augusto Cardoso, António Maria Cardoso, Paiva de Andrada, Diocleciano Fernandes das Neves, João Albasini, Eduardo Valadim, entre outros - os ingleses, sonhando com a ligação "do Cabo ao Cairo"; consubstanciada na ideia de que um súbdito de Sua Majestade (britânica) poderia atravessar todo o continente africano de Sul a Norte sempre em território sob administração britânica; começam a sua ascenção para o Norte vindos da Colónia do Cabo e envolvem Moçambique que tentam, através do seu homem de mão - Cecil Rhodes - conquistar os acessos ao mar. Cecil Rhodes, um dos maiores predadores de terras africanas, ao criar a British South Africa Company (BSAC) e o seu antecessor, o missionário David Livingstone, da Sociedade de Missões de Londres, grande predador das almas africanas, serão os britânicos que mais espinhos atravessarão na garganta dos portugueses, mostrando por estes tão pouca complacência e tão grande desprezo que não olharão a meios para varrerem, dos sertões, a sua presença.
Após a realização da Conferência de Bruxelas (1876) e na qual Portugal nem foi convidado a participar e da Conferência de Berlim(1885), já com a presença portuguesa, internacionalizam-se e partilham-se áreas de influência europeia em África, ganhando foros de Direito Internacional a titularidade de terras desde que a potência colonizadora a conquistasse, a submetesse e a administrasse, ou seja, teria que haver ocupação efectiva das terras. É a partir daí que o mapa político de África começa a ganhar contornos, iniciando-se jogos de guerra, quer no terreno quer nas mesas de negociações.
Na corrida contra-relógio que Portugal teve que se sujeitar para não ser definitivamente ultrapassado, vai encontrar feroz resistência nos povos gentios do actual território moçambicano. Em Moçambique existiam dois grandes reinos: o do Monomotapa e o de Gaza.
O do Monomotapa, com o centro geográfico no actual Zimbabwé e estendendo-se, em Moçambique, até ao Zambeze e território de Manica, foi o que levou os portugueses a criarem a feitoria de Sofala, no início do século XVI e a penetrarem, no interior, até Tete, para o envolverem, na busca das minas de ouro e prata. Este Reino, gangrenado por lutas intestinas vem a morrer, praticamente caduco, por volta de 1700, com os monomotapas (título real) a serem autênticos fantoches no jogo interesseiro dos portugueses.
O de Gaza é criado no princípio do século XIX, por Sochangane (também referido por Manicusse), um chefe militar fugido de Shaka Zulu, o lendário "Napoleão Negro", que acaba por se fixar na actual Província de Gaza e estendendo a sua soberania desde o Limpopo até Manica. Este Reino vem a claudicar em 1895, por inoperância do seu neto Gungunhana que se rendeu à investida portuguesa, deixando-se prender por Mouzinho de Albuquerque. Só no reinado de Sochangane e do seu sucessor. Maueva, é que os portugueses foram incomodados. Após a queda de Maueva, fomentada pelo portugueses que auxiliaram a entronização do seu meio-irmão Muzila, a morte deste Reino consumou-se num conjunto de três combates - Marracuene, Coolela e Magul, no tempo de Gungunhana, filho de Muzila, em 1895. Neste último reinado há a registar o nome de Maguiguana, induna (chefe militar) que se recusou sempre a pactuar com os portugueses. Macontene foi o seu dobre de finados.
Se o Reino de gaza impedia a consolidação portuguesa a Sul de Moçambique, no centro perfilavam-se, na linha de combate permanente, uma legião de opositores extremamente violentos, autênticos senhores da guerra indomáveis - os reinos secundários (de Kanyemba, Massangano, Macanja, Massingire, Carazimanba, entre tantos outros) - de vários prazeiros que se opunham à lenta instalação do capitalismo das grandes companhias majestáticas e, também, o Reino do Barué, e que só foi definitivamente batido na segunda década do século XX.
Fruto da política da instalação de prazos, na Zambézia e em Tete, iniciada no princípio do século XVII, como forma de expansão da Coroa Portuguesa, no envolvimento do Reino do Monomotapa, a africanização geracional dos senhores dos prazos levou estes a afastarem-se dos interesses dos portugueses gerando, no decorrer do século XIX e princípios do século XX, violentos conflitos que pariram, de parte a parte, lendas humanas que ainda hoje são escalpelizadas pelos historiadores e fazem a delícia dos amantes de histórias aventureiras, pois as biografias de homens como Hanga, Bonga, Manuel António de Sousa, Mataquenha, entre tantos outros, com todo o seu estilo de vida despótico e cruel, são autênticas referências dos actos de heroísmo e também de desprezo pela vida e pelos valores humanos.
A Norte os portugueses tiveram que se defrontar com a feroz resistência suaíli, macua, maconde e jaua. Até o próprio Mouzinho de Albuquerque, figura mítica da historiografia portuguesa, redentor da Nação que, com a prisão de Gungunhana, salvou a honra nacional que tinha sido humilhada pelo Ultimato e que se julgava imbatível pelos negros, não conseguiu levar de vencida a resistência dos mesmos na Campanha dos Namarrais.
Até conseguirem chegar ao lago Niassa, os portugueses tiveram que levar de vencida, por via das armas ou do dinheiro, sultanatos e regulados aguerridos, onde pontificavam guerreiros como Mussa-Quanto, Farelay, Ibrahimo, Guarnea, Cobula e Bonomali, entre tantos outros.
A escravatura e o sub-sequente tráfico, que tanto aproveitou quer aos portugueses como aos senhores dos potentados locais, só virá a morrer no princípio do século XX, apesar de Portugal ter legislado a abolição do mesmo umas décadas antes - 1869, em definitivo - pela pena do Marquês Sá da Bandeira; iniciada, primariamente, por outro político, também de craveira excepcional, o Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII.
"Comprando brancos e vendendo negros", como soía dizer-se na época, os senhores negreiros locais não tiveram relutância em interligarem-se aos seus sócios brancos e guerrearem a administração portuguesa quando, por imposição do advento do capitalismo - e não por acção humanitária, salvo honrosas excepções - esta entrou pelas matas adentro a hastear a bandeira real.
A própria administração pública - na qual a maioria dos funcionários também mergulhavam as mãos no caldeirão do ouro que o comércio negreiro rendia - ao abolir a escravatura criou a figura do "libre engagé", que não passou de um eufemismo travestido da escravatura, para lhe dar uma roupagem humanitária.
No início do século XX as fronteiras terrestres moçambicanas ainda não estão totalmente definidas e Portugal ainda vai, durante a Primeira Guerra Mundial, combater em Moçambique contra as forças alemãs lideradas pelo General Paul von Lettow-Worbeck, tendo este invadido o território moçambicano, entrando pelo Norte e ido até à Zambézia, rasiando tudo à sua passagem e nunca tendo sido derrotado. O findar da Primeira Guerra Mundial (1918), com a consequente saída das tropas alemãs, vai deixar os portugueses respirarem aliviados e sentarem-se à mesa dos vencedores, permitindo-lhes manterem os seus territórios ultramarinos.
Com a sentença arbitral do Presidente francês Mac-Mahon, em 24 de Julho de 1875, a reconhecer a soberania portuguesa na região de Lourenço Marques - contra os interesses britânicos - o acerto das fronteiras a Oeste, também com os britânicos (após a crise do Ultimato) e delimitado o território, a Norte, pelo rio Rovuma, após resolvido o conflito de Zanzibar sobre a posse da baía de Tungue e tendo-se perfilado no lado dos vencedores, após a Primeira Guerra Mundial, Portugal, em relação a Moçambique, fixou, fisicamente o território nos limites actuais, no findar da segunda década do século XX.
Deixou-se para o fim, propositadamente, a questão do Ultimato britânico, documento maldito que amputou, no imaginário popular e fantasioso português, as terras interiores de África, que ligavam Angola a Moçambique e a que se achavam com direito. Tal como é a partir da chegada dos portugueses à Guiné, na época dos Descobrimentos, que estes começam a pensar em atingirem a Índia, via marítima, é também a partir da instalação em Tete que, esporadicamente, se começa a pensar em unir Angola a Moçambique, via terrestre.
No século XIX decorre a primeira travessia terrestre que liga Angola a Moçambique, tendo sido levada a cabo não por portugueses mas por dois pombeiros - Amaro José e Pedro João Baptista - viagem esta que gastaram nove anos a concretizarem (1802/1811). Posteriormente Serpa Pinto e depois a dupla Brito Capelo com Roberto Ivens, também realizou esta travessia, rasgando novos caminhos que ligavam as duas colónias portuguesas.
Com a chegada do colonialismo a África pela mão doutras potências europeias, os portugueses, através da Sociedade de Geografia de Lisboa, elaboraram um mapa pintado de cor-de-rosa (daí o seu nome), no qual apresentavam, como área de influência portuguesa, os territórios que ligavam Angola a Moçambique, correspondendo actualmente ao Malawi, Zâmbia e Zimbabwé, apelidando toda esta faixa territorial de costa a costa de Província Angolo-Moçambicana.
Aceite este mapa pela França e pela Alemanha, pois eram áreas que não colidiam com os interesses económicos destes países, nem com a sua expansão territorial, tal mapa cortava, cerce, os interesses britânicos naquela parte da África Central.
Cecil Rhodes, autêntico potentado colonial, através da sua BSAC*, lança-se à conquista de terras que ligam o actual Zimbabwé até às margens do lago Niassa e os portugueses, apressadamente, criam o Distrito do Zumbo, englobando territórios da esfera britânica.
Estava lançada a pólvora do conflito e o rastilho da mesma foi aceso pelo explorador Serpa Pinto que, a pretexto de mandar arrear a bandeira britânica que viu hasteada no vale do Chire e de ser atacado pelos macololos, povo daquela zona, combate e vence as forças africanas.
A 11 de Janeiro de 1890 o Governo Britânico apresentou um Ultimato ao Governo Português, exigindo a sua retirada daquele território, sob pena de sofrer sanções diplomáticas. Portugal acabaria por ceder em toda a linha.
O Ultimato, explorado pelos políticos portugueses até às últimas consequências, traumatizou a Nação e esteve na génese da criação do Partido Republicano que viria, duas décadas depois, a derrubar a quase milenária monarquia lusitana.
Mas, após toda esta agitação, que durou até final da segunda década do século XX, a bonança assentou arraiais em Moçambique, o que permitiu aos portugueses instalar a sua paz lusitana.
Que, no entanto, só durou quatro décadas.
A par da penetração portuguesa, que vê surgir todo um escol de exploradores sertanejos - Serpa Pinto, Brito Capelo, Roberto Ivens, Augusto Cardoso, António Maria Cardoso, Paiva de Andrada, Diocleciano Fernandes das Neves, João Albasini, Eduardo Valadim, entre outros - os ingleses, sonhando com a ligação "do Cabo ao Cairo"; consubstanciada na ideia de que um súbdito de Sua Majestade (britânica) poderia atravessar todo o continente africano de Sul a Norte sempre em território sob administração britânica; começam a sua ascenção para o Norte vindos da Colónia do Cabo e envolvem Moçambique que tentam, através do seu homem de mão - Cecil Rhodes - conquistar os acessos ao mar. Cecil Rhodes, um dos maiores predadores de terras africanas, ao criar a British South Africa Company (BSAC) e o seu antecessor, o missionário David Livingstone, da Sociedade de Missões de Londres, grande predador das almas africanas, serão os britânicos que mais espinhos atravessarão na garganta dos portugueses, mostrando por estes tão pouca complacência e tão grande desprezo que não olharão a meios para varrerem, dos sertões, a sua presença.
Após a realização da Conferência de Bruxelas (1876) e na qual Portugal nem foi convidado a participar e da Conferência de Berlim(1885), já com a presença portuguesa, internacionalizam-se e partilham-se áreas de influência europeia em África, ganhando foros de Direito Internacional a titularidade de terras desde que a potência colonizadora a conquistasse, a submetesse e a administrasse, ou seja, teria que haver ocupação efectiva das terras. É a partir daí que o mapa político de África começa a ganhar contornos, iniciando-se jogos de guerra, quer no terreno quer nas mesas de negociações.
Na corrida contra-relógio que Portugal teve que se sujeitar para não ser definitivamente ultrapassado, vai encontrar feroz resistência nos povos gentios do actual território moçambicano. Em Moçambique existiam dois grandes reinos: o do Monomotapa e o de Gaza.
O do Monomotapa, com o centro geográfico no actual Zimbabwé e estendendo-se, em Moçambique, até ao Zambeze e território de Manica, foi o que levou os portugueses a criarem a feitoria de Sofala, no início do século XVI e a penetrarem, no interior, até Tete, para o envolverem, na busca das minas de ouro e prata. Este Reino, gangrenado por lutas intestinas vem a morrer, praticamente caduco, por volta de 1700, com os monomotapas (título real) a serem autênticos fantoches no jogo interesseiro dos portugueses.
O de Gaza é criado no princípio do século XIX, por Sochangane (também referido por Manicusse), um chefe militar fugido de Shaka Zulu, o lendário "Napoleão Negro", que acaba por se fixar na actual Província de Gaza e estendendo a sua soberania desde o Limpopo até Manica. Este Reino vem a claudicar em 1895, por inoperância do seu neto Gungunhana que se rendeu à investida portuguesa, deixando-se prender por Mouzinho de Albuquerque. Só no reinado de Sochangane e do seu sucessor. Maueva, é que os portugueses foram incomodados. Após a queda de Maueva, fomentada pelo portugueses que auxiliaram a entronização do seu meio-irmão Muzila, a morte deste Reino consumou-se num conjunto de três combates - Marracuene, Coolela e Magul, no tempo de Gungunhana, filho de Muzila, em 1895. Neste último reinado há a registar o nome de Maguiguana, induna (chefe militar) que se recusou sempre a pactuar com os portugueses. Macontene foi o seu dobre de finados.
Se o Reino de gaza impedia a consolidação portuguesa a Sul de Moçambique, no centro perfilavam-se, na linha de combate permanente, uma legião de opositores extremamente violentos, autênticos senhores da guerra indomáveis - os reinos secundários (de Kanyemba, Massangano, Macanja, Massingire, Carazimanba, entre tantos outros) - de vários prazeiros que se opunham à lenta instalação do capitalismo das grandes companhias majestáticas e, também, o Reino do Barué, e que só foi definitivamente batido na segunda década do século XX.
Fruto da política da instalação de prazos, na Zambézia e em Tete, iniciada no princípio do século XVII, como forma de expansão da Coroa Portuguesa, no envolvimento do Reino do Monomotapa, a africanização geracional dos senhores dos prazos levou estes a afastarem-se dos interesses dos portugueses gerando, no decorrer do século XIX e princípios do século XX, violentos conflitos que pariram, de parte a parte, lendas humanas que ainda hoje são escalpelizadas pelos historiadores e fazem a delícia dos amantes de histórias aventureiras, pois as biografias de homens como Hanga, Bonga, Manuel António de Sousa, Mataquenha, entre tantos outros, com todo o seu estilo de vida despótico e cruel, são autênticas referências dos actos de heroísmo e também de desprezo pela vida e pelos valores humanos.
A Norte os portugueses tiveram que se defrontar com a feroz resistência suaíli, macua, maconde e jaua. Até o próprio Mouzinho de Albuquerque, figura mítica da historiografia portuguesa, redentor da Nação que, com a prisão de Gungunhana, salvou a honra nacional que tinha sido humilhada pelo Ultimato e que se julgava imbatível pelos negros, não conseguiu levar de vencida a resistência dos mesmos na Campanha dos Namarrais.
Até conseguirem chegar ao lago Niassa, os portugueses tiveram que levar de vencida, por via das armas ou do dinheiro, sultanatos e regulados aguerridos, onde pontificavam guerreiros como Mussa-Quanto, Farelay, Ibrahimo, Guarnea, Cobula e Bonomali, entre tantos outros.
A escravatura e o sub-sequente tráfico, que tanto aproveitou quer aos portugueses como aos senhores dos potentados locais, só virá a morrer no princípio do século XX, apesar de Portugal ter legislado a abolição do mesmo umas décadas antes - 1869, em definitivo - pela pena do Marquês Sá da Bandeira; iniciada, primariamente, por outro político, também de craveira excepcional, o Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII.
"Comprando brancos e vendendo negros", como soía dizer-se na época, os senhores negreiros locais não tiveram relutância em interligarem-se aos seus sócios brancos e guerrearem a administração portuguesa quando, por imposição do advento do capitalismo - e não por acção humanitária, salvo honrosas excepções - esta entrou pelas matas adentro a hastear a bandeira real.
A própria administração pública - na qual a maioria dos funcionários também mergulhavam as mãos no caldeirão do ouro que o comércio negreiro rendia - ao abolir a escravatura criou a figura do "libre engagé", que não passou de um eufemismo travestido da escravatura, para lhe dar uma roupagem humanitária.
No início do século XX as fronteiras terrestres moçambicanas ainda não estão totalmente definidas e Portugal ainda vai, durante a Primeira Guerra Mundial, combater em Moçambique contra as forças alemãs lideradas pelo General Paul von Lettow-Worbeck, tendo este invadido o território moçambicano, entrando pelo Norte e ido até à Zambézia, rasiando tudo à sua passagem e nunca tendo sido derrotado. O findar da Primeira Guerra Mundial (1918), com a consequente saída das tropas alemãs, vai deixar os portugueses respirarem aliviados e sentarem-se à mesa dos vencedores, permitindo-lhes manterem os seus territórios ultramarinos.
Com a sentença arbitral do Presidente francês Mac-Mahon, em 24 de Julho de 1875, a reconhecer a soberania portuguesa na região de Lourenço Marques - contra os interesses britânicos - o acerto das fronteiras a Oeste, também com os britânicos (após a crise do Ultimato) e delimitado o território, a Norte, pelo rio Rovuma, após resolvido o conflito de Zanzibar sobre a posse da baía de Tungue e tendo-se perfilado no lado dos vencedores, após a Primeira Guerra Mundial, Portugal, em relação a Moçambique, fixou, fisicamente o território nos limites actuais, no findar da segunda década do século XX.
Deixou-se para o fim, propositadamente, a questão do Ultimato britânico, documento maldito que amputou, no imaginário popular e fantasioso português, as terras interiores de África, que ligavam Angola a Moçambique e a que se achavam com direito. Tal como é a partir da chegada dos portugueses à Guiné, na época dos Descobrimentos, que estes começam a pensar em atingirem a Índia, via marítima, é também a partir da instalação em Tete que, esporadicamente, se começa a pensar em unir Angola a Moçambique, via terrestre.
No século XIX decorre a primeira travessia terrestre que liga Angola a Moçambique, tendo sido levada a cabo não por portugueses mas por dois pombeiros - Amaro José e Pedro João Baptista - viagem esta que gastaram nove anos a concretizarem (1802/1811). Posteriormente Serpa Pinto e depois a dupla Brito Capelo com Roberto Ivens, também realizou esta travessia, rasgando novos caminhos que ligavam as duas colónias portuguesas.
Com a chegada do colonialismo a África pela mão doutras potências europeias, os portugueses, através da Sociedade de Geografia de Lisboa, elaboraram um mapa pintado de cor-de-rosa (daí o seu nome), no qual apresentavam, como área de influência portuguesa, os territórios que ligavam Angola a Moçambique, correspondendo actualmente ao Malawi, Zâmbia e Zimbabwé, apelidando toda esta faixa territorial de costa a costa de Província Angolo-Moçambicana.
Aceite este mapa pela França e pela Alemanha, pois eram áreas que não colidiam com os interesses económicos destes países, nem com a sua expansão territorial, tal mapa cortava, cerce, os interesses britânicos naquela parte da África Central.
Cecil Rhodes, autêntico potentado colonial, através da sua BSAC*, lança-se à conquista de terras que ligam o actual Zimbabwé até às margens do lago Niassa e os portugueses, apressadamente, criam o Distrito do Zumbo, englobando territórios da esfera britânica.
Estava lançada a pólvora do conflito e o rastilho da mesma foi aceso pelo explorador Serpa Pinto que, a pretexto de mandar arrear a bandeira britânica que viu hasteada no vale do Chire e de ser atacado pelos macololos, povo daquela zona, combate e vence as forças africanas.
A 11 de Janeiro de 1890 o Governo Britânico apresentou um Ultimato ao Governo Português, exigindo a sua retirada daquele território, sob pena de sofrer sanções diplomáticas. Portugal acabaria por ceder em toda a linha.
O Ultimato, explorado pelos políticos portugueses até às últimas consequências, traumatizou a Nação e esteve na génese da criação do Partido Republicano que viria, duas décadas depois, a derrubar a quase milenária monarquia lusitana.
Mas, após toda esta agitação, que durou até final da segunda década do século XX, a bonança assentou arraiais em Moçambique, o que permitiu aos portugueses instalar a sua paz lusitana.
Que, no entanto, só durou quatro décadas.
* - Já explicitado em mensagem anterior.
** - Já biografados em mensagens anteriores.
(Continua)
Uma personalidade para a eternidade
Giordano Bruno - (Nola (Nápoles), 1548 - Roma, 17/02/1600). Filósofo, teólogo, frade dominicano e humanista. Estudioso de Aristóteles e de São Tomás de Aquino, findou os seus estudos superiores em teologia. Em 1576 abandona a ordem religiosa onde militava e, acusado de ser herético, abandona Roma e peregrina pela Europa, que o levará a Génova, onde fará uma incursão pelo calvinismo que depois renunciará, acabando excomungado por estes (1579). Percorre a França, a Suíça e a Inglaterra e, em 1585, percorre de novo a Europa Central. Em 1590 é convidado a leccionar em Veneza, por intermédio de Giovani Mocenigo, membro duma poderosa família daquela cidade-estado, o que aceita. Entrando em ruptura com o seu protector acaba denunciado à Inquisição, que o prende. Acusado de heresia, recusou abjurar, pelo que acabou por ser condenado à morte na fogueira, o que veio a suceder no Campo de Fiori, em Roma. Nem aí se calou, pelo que tiveram que lhe pôr uma tala na boca e morrendo assado vivo.
Giordano Bruno era um filósofo humanista, muito avançado para a época. Extremamente culto e viajado, convivera com grandes pensadores europeus e as suas ideias assentavam na interligação do Homem com o meio que o rodeava (panteísmo) bem como no heliocentrismo copérnico, o que contrariava as teses da Igreja Católica que colocava a Terra como centro do Universo. Discutivelmente há quem o coloque como inspirador das bases da tese do relativismo, que mais tarde Albert Einstein desenvolveria e do evolucionismo, teoria esta defendida por Charles Darwin. Giordano Bruno escreveu e publicou bastantes obras onde combateu as ideias retrógradas da Igreja, sendo aberto a inovações filosóficas, que bastas vezes escrevia em forma de diálogos, como Platão, onde expunha a tese e a antítese. Crente nas suas convicções, não temeu a sentença de morte horrível que lhe destinaram, desafiando mesmos os juízes com a famosa frase: "Talvez tenhais vós mais receio a lerem essa sentença do que eu a ouvi-la."
Foi e é, sem dúvida, uma fonte de inspiração para todos aqueles que ousaram rasgar novos horizontes do pensamento, pagando com o bem supremo da sua vida a verticalidade de nunca se ter hipotecado. Nem a nada nem a ninguém. Só à sua consciência.
Giordano Bruno era um filósofo humanista, muito avançado para a época. Extremamente culto e viajado, convivera com grandes pensadores europeus e as suas ideias assentavam na interligação do Homem com o meio que o rodeava (panteísmo) bem como no heliocentrismo copérnico, o que contrariava as teses da Igreja Católica que colocava a Terra como centro do Universo. Discutivelmente há quem o coloque como inspirador das bases da tese do relativismo, que mais tarde Albert Einstein desenvolveria e do evolucionismo, teoria esta defendida por Charles Darwin. Giordano Bruno escreveu e publicou bastantes obras onde combateu as ideias retrógradas da Igreja, sendo aberto a inovações filosóficas, que bastas vezes escrevia em forma de diálogos, como Platão, onde expunha a tese e a antítese. Crente nas suas convicções, não temeu a sentença de morte horrível que lhe destinaram, desafiando mesmos os juízes com a famosa frase: "Talvez tenhais vós mais receio a lerem essa sentença do que eu a ouvi-la."
Foi e é, sem dúvida, uma fonte de inspiração para todos aqueles que ousaram rasgar novos horizontes do pensamento, pagando com o bem supremo da sua vida a verticalidade de nunca se ter hipotecado. Nem a nada nem a ninguém. Só à sua consciência.
Leituras
Um dos meus heróis da saga dos Descobrimentos Portugueses, a par de Pêro da Covilhã é, sem sombra de dúvidas, Pêro Escobar. O gigante que o primeiro foi em terra, o segundo agigantou-se no mar. Piloto de naus, serviu em três reinados consecutivos: D.Afonso V; D.João II e D.Manuel I. Terá estado no descobrimento das ilhas de São Tomé, Príncipe e Pó (1470/72), acompanhou Diogo Cão nas duas viagens que este fez até à costa angolana (1482/84 e 1485/86) tendo, nesta última viagem, o seu nome ficado gravado nas Pedras de Ielala do rio Congo; integrou a Armada de Vasco da Gama na famosa primeira viagem marítima à Índia (1497/99), como piloto da nau "Bérrio" e, finalmente integrou, como piloto da nau-capitã, a Armada de Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil e, depois, rumou para a Índia. Ou seja, Pêro Escobar esteve, desde o Golfo da Guiné até ao descobrimento do Brasil, no epicentro dos marcos das grandes descobertas portuguesas: o arquipélago de São Tomé e Príncipe; o rio Congo/Angola; Índia e Brasil. Escapou-lhe um: a dobragem do cabo da Boa Esperança com Bartolomeu Dias. No resto, ele lá esteve, sempre ao leme duma nau. É sobre esta lendária personagem, da qual existem muito poucos registos e, valha a verdade, também é pouco lembrado na historiografia oficial portuguesa (talvez por nunca ter estado na primeira linha de decisória de comando) que encontrei há tempos (e adquiri) um pequeno livro biográfico deste meu herói com o título "Pêro Escobar", de Frazão Vasconcelos (Centro de Estudos Históricos Ultramarinos - Portugal / Agência Geral do Ultramar, Lisboa, 1957, 30 págs.) livro este que só se encontrará em alfarrabistas ou em bibliotecas. Mas que vale a pena ler e imaginar que, se este homem tivesse escrito as suas memórias, que livro portentoso não teria sido. Pena foi que tal obra nunca tivesse nascido.
Numa mensagem anterior falei sobre o meu gosto em ver programas televisivos do Professor José Hermano Saraiva, que retratava o nosso País com pinceladas muito positivas e relatando, no seu modo muito peculiar, as histórias da nossa História. Há uns dias atrás encontrei, num alfarrabista, uma obra da sua autoria que é um retrato do nosso Portugal, do Minho aos Açores. Com fotografias de Jorge Barros, a obra chama-se "O tempo e a alma - itinerário português", (Círculo de Leitores; Lisboa; 1986: repartido em dois volumes), onde ele peregrina todo o seu saber e amor por esta terra. Sabemos que o País mudou desde a data da publicação desta obra e, assim, alguns aspectos retratados poderão estar ultrapassados mas, no geral, muita coisa ainda se mantém actual. E, nos tempos que correm, sabe bem ler algo que puxe positivo pelo nosso ego colectivo. Porque, se a Holanda agora está na moda e é atractiva (e quem sou eu para o negar) a verdade é que, em muitos aspectos... Portugal também apetece, sem cairmos em nacionalismos exacerbados e patriotismos bacocos.
Numa mensagem anterior falei sobre o meu gosto em ver programas televisivos do Professor José Hermano Saraiva, que retratava o nosso País com pinceladas muito positivas e relatando, no seu modo muito peculiar, as histórias da nossa História. Há uns dias atrás encontrei, num alfarrabista, uma obra da sua autoria que é um retrato do nosso Portugal, do Minho aos Açores. Com fotografias de Jorge Barros, a obra chama-se "O tempo e a alma - itinerário português", (Círculo de Leitores; Lisboa; 1986: repartido em dois volumes), onde ele peregrina todo o seu saber e amor por esta terra. Sabemos que o País mudou desde a data da publicação desta obra e, assim, alguns aspectos retratados poderão estar ultrapassados mas, no geral, muita coisa ainda se mantém actual. E, nos tempos que correm, sabe bem ler algo que puxe positivo pelo nosso ego colectivo. Porque, se a Holanda agora está na moda e é atractiva (e quem sou eu para o negar) a verdade é que, em muitos aspectos... Portugal também apetece, sem cairmos em nacionalismos exacerbados e patriotismos bacocos.
Filme
O filme "Giordano Bruno" é uma co-produção franco-italiana, realizada em 1973, produzido por Carlo Ponti e sob a direcção de Guiliano Montaldo, tendo 115 minutos de metragem. Musicado por Ennio Morricone, tem em Gian Maria Volonté o actor que desempenha o papel da personagem central. Um excelente filme que retrata o processo inquisitorial que Giordano Bruno sofreu em Roma e o seu suplício.
Imbecilidade
Há uns dias atrás acompanhei um familiar ao Hospital de Santa Maria - Lisboa e reparei que, transposto o murete separador da rua fica o heliporto. Frente ao heliporto está um pequeno pedestal de pedra, sem nada a encimá-lo e alusivo à inauguração do dito hospital, constando na sua fronte a seguinte frase: "Este edifício destinado à Faculdade de Medicina e ao Hospital Escolar foi solenemente inaugurado .................... em 27 de Abril de 1953 .....................". Foi retirado do centro da frase o nome (ou nomes) da pessoa que inaugurou o dito edifício. Como o mesmo se passou no tempo da ditadura do Estado Novo, e fruto da grandiosidade da obra, presumo que a inauguração do mesmo tivesse sido presidida por Oliveira Salazar, como Presidente do Conselho de Ministros ou por Craveiro Lopes, Presidente da República à data.
Agora o facto de terem sido figuras da ditadura a inaugurarem o edifício não dá o direito a ninguém de, posteriormente e se calhar cheio de testosterona revolucionária, ter mandado retirar o nome do dito "corta-fitas". Porque é estupidez querer apagar-se a História. Não se consegue, felizmente. No bom e no mau que fizemos, enquanto povo, devemos assumir tudo, sem complexos. O importante é não repetirmos os erros. Este acto fez-me lembrar, salvaguardando as devidas proporções, o "tio" Estaline, que mandava apagar das fotos colectivas os rostos dos camaradas que mandava eliminar.
Ainda por cima o imbecil que mandou retirar o nome do pedestal, e o que quer que fosse que encimava o mesmo, foi mesmo "loirito coitadito". Tinha mandado retirar tudo duma vez, pedestal incluído e acabava-se a história. Mas não a História.
Exposição
Movido pela publicidade que lateraliza a entrada principal do edifício sede da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, em Lisboa, fui ver uma exposição que ali decorre subordinada ao tema "Cartas Reais". Foi uma desilusão. Apenas uns cinco expositores, colocados num dos lados do salão de entrada do edifício contendo, no essencial, cartas de jogar que foram impressas por aqueles serviços, ao longo dos tempos, uma meia dúzia de documentos antigos sobre a autorização real do jogo e pouco mais. E foi para ver aquela miséria que deixei no parquímetro municipal dois euros, convencido que iria demorar mais tempo na exposição. Demorei dez minutos.
Como se não bastasse fui informado, na recepção, que o Museu Numismático, que existia naquele edifício, estava definitivamente encerrado.
Uma tristeza.
Uma pergunta
Acerca do problema que surgiu agora nas próteses mamárias da marca Poly Implant Prothèse (PIP) li, na imprensa, que o nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) iria tratar e acompanhar, com remoção de prótese, as senhoras que fizeram esses implantes desde que fossem apurados sinais de complicações para a saúde. Bom, muito bem, bato palmas, fico contente por o nosso SNS estar muito preocupado com quem se preocupou em ter mamas de plástico. Mas... uma pergunta: essas senhoras quando andaram a falsificar os peitos, suportaram a despesa do seu bolso não foi? Excluindo as senhoras que careceram de prótese por situações derivadas de saúde como o cancro da mama, por exemplo, onde tiveram que efectuar a ablação mamária, no que é extremamente compreensível, as que o fizeram por questões de estética ou para fingirem que são mais novas, porque é que não tratam elas mesmo disso e suportam do seu bolso a remoção dos implantes? É que cada operação de remoção dos implantes custa, ao SNS, 1.300 euros. Porque que é que os parcos recursos que o SNS tem (e suportados pelo nossos impostos) têm que estar ao serviço da cirurgia estética a efectuarem a senhoras que teimam em ser meninas?
Memória da semana
07/01/1355 - Morre, em Coimbra, Inês de Castro. Casada com o herdeiro da Coroa Portuguesa, o Infante D. Pedro, poderia pôr em perigo a independência de Portugal, atendendo ao facto de ser oriunda de famílias espanholas. A sua morte foi decidida no reinado de D.Afonso IV (pai de D.Pedro) pelo que acabou degolada, por interesses de Estado. D.Pedro, assim que subiu ao trono, perseguiu todos os conselheiros reais que tinham votado na morte da sua amada, dando morte cruel a dois deles. Reza a História que terá trincado o coração dos mesmos, após os algozes os terem retirado dos troncos dos supliciados, ainda estes vivos. Os amores de Pedro e Inês deram origem a um vasto manancial literário, quer em romance quer em poesia.
08/01/1454 - Publicação da bula papal "Romanus Pontifex", emitida pelo Papa Nicolau V, que concede ao monarca português e seus descendentes direitos de posse eterna por todas as descobertas terrestres na costa ocidental africana, bem como legitima a escravatura pois seria de "...esperar, da continuação daquele tráfico à conversão de todos aqueles povos à fé cristã".
08/01/1856 - Publicado o primeiro número do jornal holandês "Haarlems Daglabd", considerado o mais antigo jornal ainda hoje em circulação.
08/01/1976 - Falecimento, em Pequim, de Chou-En-Lai. Um dos fundadores da República Popular da China, companheiro de luta de Mao-Tsé-Tung, com quem participou na famosa "Longa marcha". Liderou a abertura da China ao mundo, abrindo as portas ao diálogo com os Estados Unidos.
08/01/1823 - Nasce, no País de Gales, Alfred Russel Wallace. Naturalista, geógrafo e biólogo, foi um dos pais da "Teoria da evolução" a par de Charles Darwin, estudos estes que apresentou em 1858 e que tanto abalou a sociedade científica e religiosa da época.
08/01/1935 - Nasce, em Tupelo, Elvis Presley.
09/01/1579 - Ocorre o massacre de Novgorod (Rússia), ordenado pelo Czar Ivan, o Terrível. Considerado um dos mais violentos de toda a história russa, durou vários dias e calcula-se terem sido chacinados, das mais diversas maneiras, cerca de 3.000 pessoas. As razões do massacre prendem-se com a falta de lucidez que o Czar sofria e do seu convencimento de que, naquela cidade, centrava-se o principal foco conspirador contra si, pelo que resolveu punir indiscriminadamente toda a população.
09/01/1833 - Nasce, em Setúbal, Luísa Todi. Cantora lírica, meia-soprano, teve uma carreira internacional que a levou aos principais palcos de toda a Europa.
09/01/1902 - Nasce, em Aragão, Josemaria Escrivá Balaguer. Fundador da "Opus Dei".
09/01/1941 - Nasce, em State Island, Joan Baez. Cantora folk.
10/01/1911 - O Governo Português decreta, como obrigatório, o descanso semanal ao Domingo.
10/01/1926 - Nasce, em Lisboa, Júlio Pomar. Pintor e escultor.
11/01/1890 - A Grã-Bretanha apresenta ao Governo de Portugal o Ultimato (ver Historiando Moçambique Colonial).
11/01/1903 - Nasce, em Pietermaritzburg, Allan Paton. Escritor sul-africano e político que lutou contra o apartheid.
Foi dito
08/01/1454 - Publicação da bula papal "Romanus Pontifex", emitida pelo Papa Nicolau V, que concede ao monarca português e seus descendentes direitos de posse eterna por todas as descobertas terrestres na costa ocidental africana, bem como legitima a escravatura pois seria de "...esperar, da continuação daquele tráfico à conversão de todos aqueles povos à fé cristã".
08/01/1856 - Publicado o primeiro número do jornal holandês "Haarlems Daglabd", considerado o mais antigo jornal ainda hoje em circulação.
08/01/1976 - Falecimento, em Pequim, de Chou-En-Lai. Um dos fundadores da República Popular da China, companheiro de luta de Mao-Tsé-Tung, com quem participou na famosa "Longa marcha". Liderou a abertura da China ao mundo, abrindo as portas ao diálogo com os Estados Unidos.
08/01/1823 - Nasce, no País de Gales, Alfred Russel Wallace. Naturalista, geógrafo e biólogo, foi um dos pais da "Teoria da evolução" a par de Charles Darwin, estudos estes que apresentou em 1858 e que tanto abalou a sociedade científica e religiosa da época.
08/01/1935 - Nasce, em Tupelo, Elvis Presley.
09/01/1579 - Ocorre o massacre de Novgorod (Rússia), ordenado pelo Czar Ivan, o Terrível. Considerado um dos mais violentos de toda a história russa, durou vários dias e calcula-se terem sido chacinados, das mais diversas maneiras, cerca de 3.000 pessoas. As razões do massacre prendem-se com a falta de lucidez que o Czar sofria e do seu convencimento de que, naquela cidade, centrava-se o principal foco conspirador contra si, pelo que resolveu punir indiscriminadamente toda a população.
09/01/1833 - Nasce, em Setúbal, Luísa Todi. Cantora lírica, meia-soprano, teve uma carreira internacional que a levou aos principais palcos de toda a Europa.
09/01/1902 - Nasce, em Aragão, Josemaria Escrivá Balaguer. Fundador da "Opus Dei".
09/01/1941 - Nasce, em State Island, Joan Baez. Cantora folk.
10/01/1911 - O Governo Português decreta, como obrigatório, o descanso semanal ao Domingo.
10/01/1926 - Nasce, em Lisboa, Júlio Pomar. Pintor e escultor.
11/01/1890 - A Grã-Bretanha apresenta ao Governo de Portugal o Ultimato (ver Historiando Moçambique Colonial).
11/01/1903 - Nasce, em Pietermaritzburg, Allan Paton. Escritor sul-africano e político que lutou contra o apartheid.
Foi dito
"Nascer entre brutos, viver entre brutos e morrer entre brutos é triste." - Rodrigo da Fonseca Magalhães (1787/1858), no leito da morte - Deputado, Ministro, Chefe de Governo, Par do Reino e Conselheiro de Estado, foi uma das grandes figuras do liberalismo português do século XIX. (Fonte: O processo 95385 / Rui Verde /Publicações Dom Quixote / 2011 / Pág.42).
"De punhos cerrados não se pode apertar a mão a ninguém" - Indira Gandhi (1917/1984) Política indiana (Fonte: www.padrejulio.net)
"Sê como a árvore de sândalo que até perfuma o machado que a corta" - Rabindranath Tagore (1861/1941) - Escritor indiano laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1913. (Fonte: www.padrejulio.net)
Foi escrito
"Dente lupus, cornu taurus petit" ("O lobo ataca com os dentes, o touro com as hastes") - Quinto Horatio Flaco (65 AC - 08 AC), em Sátiras, II,1.53. Poeta, filósofo e satírico romano. (Fonte: Locuções latinas e estrangeiras - Novo Dicionário Enciclopédico Luso-Brasileiro / Lello & Irmão Editores / Porto / 1995 / Pág.1300)
Foi humorizado
"Se eu fui um Presidente-Rei, o assassino podia ter acertado no hífen" - Sidónio Pais. (Fonte: Morrer a rir - Epitáfios apócrifos / Hilário Antas / Ulmeiro / 2009 / Pág.8)
"Na aula de educação sexual tive falta de material." - Anónimo / Anarcas - Grafiti pintado junto ao Hospital de Sta. Maria / Lisboa, no PREC.
Nota: todas as referências a instituições, marcas, firmas, livros, discos, filmes ou quaisquer outras são incompatíveis com intuitos publicitários. A sua menção reflecte apenas a minha opinião.
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