VIAJANTES, AVENTUREIROS E
EXPLORADORES
António
Tenreiro – O séc. XV foi a época de ouro dos descobrimentos
portugueses, que colocou este País no topo do concerto das Nações de então. A
par dos avanços das diversas áreas das ciências de então (astronomia,
cartografia, construção de navios, medicina e farmacologia, para apenas nomear
algumas) sobressaíram do anonimato homens que, pelos seus actos, “se libertaram da lei da morte”, pelo versejar camoniano. Alguns – os fazedores da História –
passaram a figurar nos compêndios como figuras de proa (Vasco da Gama, Pedro
Álvares Cabral, Pêro da Covilhã, por exemplo); outros – os que viveram a
História – nem tanto mas algum rastro dos mesmos ficou, quer por escritos quer
por este ou aquele acto heróico ou participação nalgum feito memorável (Pêro
Escobar (1), por exemplo) e, finalmente, há toda uma legião incomensurável
daqueles que participaram inconscientemente, não tendo tido a noção do
gigantismo que estavam a construir. E, destes últimos, não reza a História.
No segundo grupo de pessoas – se é que é
possível linear ligeiramente as pessoas por actos – abordo uma figura da gesta
lusa dos descobrimentos, muito pouco conhecida nos tempos actuais: António
Tenreiro, cuja memória vivencial apenas subsiste graças ao seu legado escrito que
teve o bom senso de manuscrever.
Muito pouco se sabe sobre a vida deste
aventureiro português que viveu no auge da época dos descobrimentos e expansão
portuguesa, incluindo as suas datas de chegada e partida deste Mundo e bem como
dos locais desses eventos. No entanto, pela leitura do livro que nos deixou,
admite-se que fosse natural de Coimbra e os factos começam a deixar de serem
nebulosos a partir de 1523, quando ele afirma estar em Ormuz.
Governava então a Índia D. Duarte de Menezes
(2) que decide enviar uma embaixada ao Xá (3) da Pérsia (actual Irão), tendo
encarregue Baltazar Teles de liderar esse incursão diplomática (1524). E é
nesta embaixada, composta por cerca de dezoito pessoas, que se integra António
Tenreiro, não havendo certezas das razões do porquê da sua integração na mesma.
Segundo uns foi para fugir dum poderoso ormuzino com quem se travara de brigas,
segundo ele refere foi incumbido por D.João III de integrar a embaixada com a
missão de espiar e recolher todas as informações possíveis sobre aquele
território.
Não foi fácil nem a viagem (doenças,
guerras locais, subornos a chefias, clima violento) nem a localização da corte
do Xá, pois esta era nómada. Finalmente localizam-na perto de Tabriz (4) onde
conseguem ser recebidos pelo Xá. Este mostra-se pouco interessado na delegação
portuguesa bem como nas prendas que lhe ofertaram, mas não fica indiferente às
armas que António Tenreiro levava nem às suas manoplas (5) o que levou o Monarca a dar mais atenção a este do que ao próprio
Baltazar Teles.
Com a morte do Xá, a embaixada
portuguesa mantém-se na corte persa aguardando a ascensão do seu sucessor,
mantendo-se afastada de todas as quezílias que uma sucessão dinástica ocorriam,
com mais ou menos violência, naqueles conturbados tempos. Data dessa altura o
abandono de António Tenreiro da embaixada, por razões desconhecidas e decide
retornar ao Reino de Portugal. Talvez a impaciência, que era timbre da sua personalidade.
Junta-se a um grupo de cristãos arménios
e com eles viaja até Jerusalém, jornada esta que descreverá com entusiasmo,
nomeadamente a sua passagem pelo monte Ararat (actual Turquia) onde, supostamente,
terá aportado a Arca de Noé mas que ele confessou não ter logrado descobrir.
Separa-se deste grupo de cristãos, mais uma vez devido à sua impaciência pela
vagarosidade com que o grupo se deslocava e, imprudentemente, junta-se a outros
grupos de viajantes mais ousados. E, desviando-se do atingir a sua meta de
Jerusalém, envereda por caminhos arábicos pouco ou nada frequentado por
europeus cristãos. Tomado por espião, acaba preso e remetido a ferros para o
Cairo, onde é sujeito a torturas.
Mas a sorte acaba por bafejá-lo e acaba
liberto graças à intervenção dum judeu, ex-cristão novo, protegido que fora de
Afonso de Albuquerque e que vivera algum tempo em Portugal. Livre, abandona o
projecto de atingir Jerusalém e decide ir para a Índia. Nesta sua rota
peregrina por Baçorá (actual Iraque) e, desistindo de ir para a Índia, retorna
a Ormuz.
Em princípios de 1528, Cristóvão de
Mendonça, Capitão da fortaleza de Ormuz, obtém a informação que os turcos,
eternos inimigos dos lusitanos, não atacariam a Índia, como se temia e para
onde se pensava enviar forças militares que falta faziam noutros locais do
Império. Havia que passar essa informação preciosa a Lisboa e o modo mais
rápido, mas também mais perigosos, era por via terrestre. A escolha sobre
António Tenreiro foi a mais lógica, não só pela sua vivência anterior em
deambulações erráticas por terras inimigas, como também pelo facto de linguar
árabe e ser conhecedor de hábitos da religiosidade muçulmana.
Partindo de Ormuz atinge Baçorá, sobe o
bíblico rio Eufrates, cruza o deserto mesopotâmico (7) numa arriscada viagem
apenas acompanhado dum guia, prescindindo de se integrar numa caravana, que lhe
daria mais segurança mas certamente uma maior perca de tempo, atinge Alepo,
passa por Tripoli e, finalmente, entra na relativa segurança insular de Chipre.
Daqui, mais confortável, passa por Itália e atinge Portugal, onde chega à corte
lisboeta e à fala com D.João III.
Demorara três meses, apenas, a ligar
Ormuz a Lisboa. Um tempo fabulosamente rápido, para aqueles tempos
fabulosamente lentos.
Dessa memorável viagem, e doutras que
antes fizera, deixa-nos um relato escrito, que titula (simplificadamente) de
“Itinerário”, onde nos maravilha com as suas descrições de cidades e terras que
viu e onde viveu, as lendas, os mitos as histórias, os costumes, as viagens que
fez.
António Tenreiro foi um dos muitos
milhares de portugueses que, tendo tido a felicidade de ter vivido numa época
em que Portugal era sinónimo de Aventura, saborearam esta no seu pleno. Pagou
esse prazer com a fome, a prisão, a tortura, a doença, a inclemência climática,
entre outros. Mas… viu Mundo, sentiu Mundo, viveu Mundo.
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(1) – Pêro Escobar – Já por mim
biografado, ao de leve, numa mensagem anterior.
(2) – D. Duarte de Menezes (1488/1539) –
Ilustre militar que batalhou nas praças marroquinas. Em 1507 era capitão de
Tânger. Governou a Índia entre 1522 e 1524. O seu neto seria Vice-Rei da Índia,
sessenta anos mais tarde.
(3) – Xá (de “shah”) – Imperador, Rei.
Título real, quer da Pérsia quer do Afeganistão. O último Xá da Pérsia foi
Rheza Palevi, deposto em 1979, dando-se por finda à longa e milenar monarquia
persa, originando a actual República Islâmica do Irão. O último Xá afegão foi
Mohamed Zahir (1914/2007), deposto em 1973 por um golpe de estado.
(4) – Tabriz – Capital da actual
Província do Azerbeijão Oriental, no Irão, com mais de um milhão de habitantes.
As suas primeiras referências reportam-se há cerca de 4.000 anos. Nas primeiras
quatro décadas do século XV (no período da deslocação da embaixada portuguesa)
foi a capital do Reino Persa.
(5) – Manoplas – Luvas de ferro ou de
cabedal, que protegiam as mãos no decurso dos combates.
(6) – Cristóvão de Mendonça – (Mourão,
1475 – Ormuz, 1532). Eventualmente poderá estar ligado à descoberta casual da
Austrália (1521/1524), território este cuja descoberta ainda hoje não está
totalmente esclarecida.
(7) – Mesopotâmia – Traduzida significa,
literalmente, “terra entre dois rios” (Tigre e Eufrates), correspondendo ao
actual Iraque. Um dos berços da civilização humana, onde nasceram as míticas
cidades de Ur e Kush, entre outras, largamente referidas em textos religiosos.
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Sobre a obra memorial que António
Tenreiro escreveu sobre as suas odisseias podem-se consultar os seguintes
livros:
Título: Itinerário
Autor: António Tenreiro
Editora: Estampa Ano: 1980 Págs.:
142 Género: Descobrimentos
portugueses / Viagens
Título: Viagens por terra da Índia a Portugal
Autor: António Tenreiro e Mestre Afonso (com introdução e notas de Neves Águas)
Editora: Publicações Europa-América Ano:
1991 Págs.: 259 Género: Descobrimentos portugueses / Viagens
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL
Fernão
Veloso – Marinheiro que se integrou na primeira armada de Vasco da Gama*,
para a Índia. Não se conhecem elementos biográficos deste aventureiro, sendo o
mesmo conhecido por uma situação rocambolesca ocorrida no decurso dessa viagem e
descrita por Álvaro Velho*, no qual se viu obrigado a fugir de nativos que
pensava serem hospitaleiros. Referido por folgazão, aventureiro e fala-barato,
terá sido ele quem deixou o seu nome na baía de Fernão Veloso, em Nacala.
Gaspar
da Veiga – Explorador. Pouco ou
nada se sabe deste português, havendo registos que, por volta de 1530, terá
navegado, em missão exploratória, no rio Zambeze.
Vice-Rei
da Índia – Devido ao afastamento
geográfico que distava Portugal da Índia e à morosidade das comunicações entre
os dois territórios, para uma melhor administração deste último, alguns
governadores exerciam este cargo com o título de Vice-Rei, que lhes era
atribuído pelo Rei de Portugal e que tinha um poder mais amplo do que o de
Governador ou Governador Geral. Com sede em Goa, o Vice-Rei tinha jurisdição
desde o sul de África até ao extremo Oriente. Com o correr dos tempos, a sua
área de intervenção directa foi-se encurtando, à medida que Lisboa autonomizava
administrativamente diversos territórios ultramarinos.
Patacho
- Embarcação média, similar à
caravela de quem era usado como auxiliar, de dois a três mastros e uma
volumetria de 100 tonéis usado, geralmente, em funções militares de
segundo plano.
Vitoria
Falls – As Vitória Falls (Quedas
de Vitória) são uma das mais belas maravilhas planetárias e, por isso mesmo,
classificadas pela UNESCO como Património Mundial. Localizadas na fronteira
entre o Zimbabwé e a Zâmbia, o seu nome nativo é “Mosewatunya” e foram
descobertas inicialmente, em termos europeus, por David Livingstone* aquando,
numa das suas numerosas viagens, efectuou a que ligou Luanda a Quelimane*,
entre 1855 e o ano seguinte e ali foi levado pelo chefe Sekeletu, do povo
kololo. O nome “Vitória” foi dado por este explorador, em homenagem à sua Rainha britânica. Gigantesca placa
aquática em queda abismal tem 1.700 metros de comprimento e cerca de 110 metros
de altura média de quedas de água, sendo alimentada pelo rio Zambeze. Do lado
zambiano existe o Parque Nacional Mosewatunya e a vila de Livingstone a
envolver as quedas e do lado zimbabwano existe o Parque Nacional Vitória Falls
e a vila de Vitória Falls a fechar o círculo protector desta obra-prima da natureza.
Antes das quedas o rio Zambeze corre em direcção a estas por vales pouco
profundos e ladeados por colinas de baixa altitude, sendo o mesmo povoado por
muitas ilhotas no meio do seu curso. A queda da água situa-se numa fractura da planície
e denomina-se de Primeira Garganta, caindo num pique variável de 60 a 120
metros. No términus da queda existem duas ilhas: Boruaka e Livingstone. A nuvem
formada pela queda da água nesta Primeira Garganta chega a atingir uns 500
metros de altura e é visível a muitos quilómetros de distância e, acompanhando
o curso do rio no seu sentido descendente, existem mais seis gargantas.
Zabra
– O mesmo que zavra.
Zambeze,
Rio – Portentoso rio africano,
sendo um dos quatro maiores deste continente, a par dos rios Nilo, Níger e
Congo, sendo também um dos maiores do mundo. Possui uma bacia hidrográfica cuja
área calcula-se em 1.200.000 quilómetros quadrados e desenvolve-se nas
latitudes correspondentes a Angola e Moçambique. Nasce no monte Caomba, em
Angola, junto à fronteira da Zâmbia com o Congo, à cota de 1.600 metros
e vem desaguar, em delta, no Oceano Índico, sensivelmente a meio do território
moçambicano. Apresentando um desenvolvimento total de 2.700 quilómetros
aproximados, serpenteia, de Oeste para Este o continente, aguando diversos
países e entra em Moçambique na área do Zumbo. Em Moçambique tem uma extensão
total de 840 quilómetros e a sua bacia hidrográfica é calculada numa área aproximada
de 137.000 quilómetros quadrados. Após entrar no Zumbo percorre os seus
primeiros 240 quilómetros com pendente bastante suave até ao início dos rápidos
de Cabora-Bassa. Nas gargantas do mesmo nome e numa extensão de quarenta quilómetros
desce oitenta e cinco metros, sendo nesta zona que os portugueses construíram a
barragem de Cabora-Bassa**, a maior de África e uma das maiores a nível
mundial. Daqui até Mopeia volta a descer com inclinação quase uniforme e, a
jusante de Mopeia, entra o Zambeze decididamente no seu delta (cento e
cinquenta quilómetros) e na zona de influência de marés. É neste rio, na
delimitação da fronteira entre a Zâmbia e o Zimbabwé, que se
situam as mundialmente famosas Vitoria Falls, no que se pode considerar
a sua “ex-libris” da Mãe-Natureza.
Zavra
- Navio de segunda linha,
idêntico ao patacho, quer em funcionalidade quer em características da sua
estrutura, de cerca de 50 a 100 tonéis** e muito usado na África Oriental.
Zacoeja
– Xeque* avassalado a Quíloa que,
em 1498, governava a ilha de Moçambique*, quando a armada de Vasco da Gama* aportou
no seu território.
Zagaia
– Lança curta, flecha.
Zambuco
- Pequena embarcação de origem
indiana e que servia, essencialmente, para transporte de mercadorias.
Zoma – Batuque.
Zuarte
- Tecido de algodão, tingido de
preto ou azul.
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* - Já aberta ficha
** - A abrir ficha posteriormente
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LEITURAS EM PROSA
Título: O lobolo do magaíça
Subtítulo: Moçambique – um regresso ao passado
Autor: Orlando M. Pinto
Editora: Edição de Autor
Ano: 2004 Págs.: 218 Género:
Romance (antropológico)
Uma viagem aos anos coloniais de 50/60
do século passado, onde se retrata, dum modo muito assertivo a vivência
daqueles moçambicanos que emigravam para as minas sul-africanas, na busca
dalgum provento pecuniário que lhe permitissem ter, no futuro, uma vida melhor.
Obrigatória a sua leitura a quem quiser
ficar com uma perspectiva nua e crua da violenta realidade com que estes
explorados se confrontavam. Era pura escravatura.
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Título: As sete estradinhas de Catete
Autor: Paulo Bandeira Faria
Editora: QuidNovi Ano:
2007
Págs.: 365 Género: Romance colonial
Um retrato dos anos 70 da Angola
colonial, na pré-época que antecede o 25 de Abril de 1974, e onde se retrata a
mundivivência dos brancos e dos pretos, dos civis e dos militares, dos que
mandam e dos mandados, dos adultos e das crianças, todos girando num equilíbrio
instável assente numa paz podre que estará prestes a ruir. Mas que ninguém se
apercebe.
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FILME
Título: Além da liberdade /// The lady, um coração dividido
Produtor: Realizador: Luc Besson
Actores: Michelle Yeoh, David Thewlis
Ano: 2011 Género:
Documento social / biografia Duração:
127 minutos
Sou um admirador incondicional de Aun
San Suu Ky. A sua vida, inteiramente dedicada à instauração da democracia no
seu País (Birmânia, actual Myanmar) é um nobre exemplo de dedicação e coragem.
Igualo-a, para a Birmânia (no
particular) e para a Ásia (no geral) o que Nelson Mandela representa para a
África do Sul (no particular) e para continente africano (no geral) e ambos
para o Mundo inteiro, no global.
O presente filme que aqui aponto é uma
reconstituição da sua vida, de lutadora incansável contra a ditadura militar
que governou, durante décadas, o destino de milhões de birmaneses.
Filha de Aung Sun, herói nacional e Pai
da Nação, pois liderou a independência do País face ao colonialismo britânico,
e que foi assassinado antes da mesma ter ocorrido, e de Kinh Khi, embaixatriz
birmanesa na Índia, e casada com o escritor Michael Aris, que virá a morrer em
Londres por doença (1999), não lhe tendo sido permitido assistir ao seus
últimos momentos, nobelizada com a Paz em 1991 (entre várias distinções
internacionais) e com cerca de duas décadas de prisioneira política, esta
lendária mulher, conseguiu vergar a férrea ditadura do seu País.
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FOTOGRAFIA / FILMOGRAFIA
Norman
Desmond Bartlett – (Queensland (Austrália) 02/04/1927 – 12/09/2009) –
Fotógrafo e cineasta da vida selvagem. Recordo hoje, ao de leve, um dos mais
importantes documentaristas da vida selvagem, falecido aos 82 anos.
Com 16 anos empregou-se como bancário e,
em 1945, dedica-se por inteiro à fotografia, montando um estúdio em Brisbane
(Austrália) e, pouco depois, aceita um emprego num laboratório de filmagens, o
que lhe irá permitir iniciar a sua aprendizagem nas artes fílmicas.
Em 1952, trabalhando para Armand Denis
(já aqui biografado anteriormente), percorre a Austrália e a Nova Guiné, onde
filma os caçadores de cabeças.
Dois anos mais tarde voa para o Quénia,
chamado por Armand Denis e, ao descobrir África, apaixona-se perdidamente por
este continente. Modifica o seu ponto de vista fílmico e, em vez de captar
imagens de caça emotiva, centra-se agora na mostragem da vida familiar animal e
nas maravilhas da Mãe-Natureza. Torna-se um conservacionista convicto e um
defensor das causas ambientais. Em 1956 casa-se, em Londres com Jen Edmondson e
este casal virá a formar uma das mais famosas duplas de cineastas do continente
africano.
Com Armand Denis retirado, lança-se por
sua conta e virá a consolidar a sua já reputação dum dos melhores fotógrafos e
documentaristas da vida selvagem africana. Filma no continente americano vários
documentários onde, por exemplo faz um notável trabalho de filmagem sobre o voo
dos gansos entre a Baía de Hudson e o delta do Mississípi, em 1973, cobrindo
uma migração de 2.500 quilómetros. Nesse mesmo ano a América do Sul será o
destino de novas filmagens onde o casal ficará os próximos quatro anos.
Em 1978 o casal retorna a África e, o
que era para ser um projecto de seis meses para filmar leões namibianos,
acabará por os absorver trinta anos. Assim, os últimos trinta anos da sua vida
passará na sua Pátria adoptiva (a Namíbia), com mais de vinte filmes
documentaristas. Muitos deles ao serviço da National Geographic.
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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA
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ACONTECEU
Esteve em Lisboa, a participar no
congresso mundial da ONG Rotary International, a lendária conservacionista Jane
Goodall. Aos 79 anos, esta fabulosa mulher, ainda luta por um mundo melhor, e o
seu peregrinar permanente pelas sete partidas do mundo, na busca duma maior
sensibilização contra a indiferença dos humanos é uma violenta e bendita bofetada
de luva branca.
Primatóloga, pela mão de Louis Leakey
estabeleceu-se na Tanzânia e dedicou-se ao estudo dos chimpanzés, durante quase
três décadas, em Gombe. O seu trabalho revolucionou o modo de pensar dos
cientistas sobre estes primatas.
Oportunidade única para conhecer uma das
últimas sobreviventes daquela magnífica geração de ouro de africanistas que,
não tendo nascido em África, são (ou foram, os que já partiram) mais
africanistas que muitos africanos ali nados. Porque nas suas mãos não escorre
sangue, (nem humano nem animal), não abateram florestas nem contaminaram rios a
troco de contas bancárias em off-shores.
Curvo-me à sua passagem e espero, muito
muito tardiamente, curvar-me à sua memória. Porque Humanos como esta Mulher
fazem-nos falta.
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Nota: Aquando da
sua passagem por Lisboa pode-se ler, por exemplo, a entrevista que a mesma deu
à revista Visão nº 1061, de 04/07/2013.
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De Moçambique chega a lamentável notícia
da morte dos últimos 15 rinocerontes, pelo que esta espécie animal está extinta
naquele território. Mortos duma assentada, no Parque do Limpopo, para
aproveitamento dos chifres. Em 2002 a população rinocerontina era de 300
animais. Leio ainda que 30 guardas do Parque estão a ser investigados por
suspeita de corrupção e envolvimento nesta matança. Como me apetecia ser
ditador.
Nunca pensei escrever isto mas… às vezes
sinto saudades de Samora Machel. Pronto, já escrevi.
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Adorei tudo o que foi cá escrito!
ResponderEliminarParabéns!