"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Richard Burton

Aventureiros, viajantes e exploradores

Richard Francis Burton - (Torquay (Inglaterra), 19/03/1821 - Trieste (Itália), 20/10/1890) - Oficial do Exército Britânico e explorador, bem como geógrafo, escritor (escreveu mais de 40 obras), tradutor, diplomata, etnologista e linguista (falava mais de 20 línguas) e, talvez a melhor profissão que o defina, seja a de aventureiro de primeira água. Na realidade, esta personalidade ímpar do século XIX, conjuntamente com David Livingstone e Henry Morton Stanley, formou uma trindade suprema no desbravamento dos desconhecidos e inóspitos sertões africanos, por europeus. Richard Burton, no decurso da sua infância e adolescência acompanha a sua família pela Europa onde, dotado duma capacidade espantosa para aprender línguas, acaba por dominar o francês, o italiano e o latim, para além do romani, fruto dos amores que terá tido com uma rapariga desta etnia e de se ter lançado a estudar o árabe, língua que também virá a dominar e que, mais tarde, tão útil lhe irá ser, para além de se ter tornado num hábil praticante de esgrima. Em 1842, depois duma atribulada vida estudantil, onde foi expulso de vários colégios devido ao seu espírito contestatário e irrequieto, vai para a Índia, onde se alista no Exército Britânico daquela colónia. Aqui, aproveitando o seu dom para línguas, acaba por dominar o guzerate, o marate, o persa e aprofunda os conhecimentos de árabe, tornando-se um estudioso e apaixonado pelas filosofias e religiões orientais absorvendo, na sua pele, o modo de viver indiano. No primeiro trimestre de 1849 retorna a Londres e percorre a Europa, indo a Bolonha onde retoma as suas aulas de esgrima. Em 1853, rentabilizando os seus conhecimentos do modo de ser e pensar oriental, fruto da sua estadia na Índia vai, disfarçado de muçulmano, em peregrinação a Meca, disfarçado de árabe. Esta viagem arriscada, já que era uma deslocação proibida a europeus, punida com a pena capital caso fosse descoberto, guinda-o para a fama nos salões londrinos. De Meca segue para o Cairo e daí desloca-se, de novo, para a Índia onde se reúne ao seu antigo Batalhão. Colocado em Adén, no Golfo Pérsico, é aproveitado pela Real Sociedade de Geografia de Londres para integrar uma expedição à Somália e tentar obter mais informes sobre os Grandes Lagos Africanos, de que já tinha ouvido falar e, em Setembro de 1854, trava conhecimento com John Specke, outro membro da expedição e cujo inter-relacionamento de amor-ódio irá acompanhá-los até ao fim da vida deste último. Na primeira parte desta expedição, Richard Burton desloca-se, sozinho, pela Somália, disfarçado de muçulmano e onde se demora cerca de três meses, entrando na capital, Harar, um dos centros difusores do islamismo puro e onde qualquer cristão era morto. Consegue chegar à fala com o Emir local e recolhe toda a informação pretendida, sem ninguém desconfiar da sua falsa identidade, o que lhe valeria a tortura e decapitação e efectua a viagem de retorno, reunindo-se depois ao grupo que irá partir para a viagem. Este grupo era composto por Richard Burton e mais três oficiais britânicos, os Tenentes Jonh Specke, G. Herme e William Stornay, para além da habitual coluna de nativos africanos com as mais diversas funções, tais como a de carregadores, pisteiros, caçadores e criados. Atacados por tribos somalis hostis, a missão redunda num fracasso, acabando Jonh Specke ferido por atravessamento de várias setas e lanças no seu corpo, depois de ter sido preso pelos atacantes e Richard Burton é ferido por uma seta que lhe trespassa o maxilar. Os outros dois oficiais são mortos e, miraculosamente, os dois sobreviventes conseguem fugir, em direcção ao mar, onde acabam recolhidos na praia por um barco que ia a passar ao largo. Transportavam, nos seus corpos, as lanças e setas que os tinham trespassado. Em 1855 participa na Guerra da Crimeia, onde volta a ter problemas disciplinares com os seus superiores militares. Dois anos mais tarde a Real Sociedade de Geografia de Londres financia uma nova expedição ao interior africano, na tentativa de se descobrir as míticas nascentes do misterioso rio Nilo, expedição esta que é  entregue a Richard Burton e a Jonh Specke. A 27 de Junho de 1857 partem de Zanzibar com destino ao interior desconhecido, tendo sido contratado Sidi Mubarak Bombay. Numa tormentosa e épica viagem, pura descida aos infernos, os dois exploradores atingem o lago Tanganica, em 1858, tornando-se nos primeiros europeus a lá terem chegado. Tendo recolhido informações sobre a existência doutro lago, onde eventualmente o rio Nilo nasceria, Jonh Specke prossegue a viagem sozinho, ficando Richard Burton retido nas margens do lago Tanganica, por doença e refém dos caprichos dum chefe local. Jonh Specke acaba por atingir o outro grande lago, que baptiza de lago Vitória, sendo o primeiro europeu a lá ter chegado e, depois de o mapear parcialmente e tirar algumas medições topográficas rudimentares, por só ter um termómetro na sua posse, apressa-se a regressar a Londres a fim de comunicar a sua descoberta e declarar o lago como a nascente do rio Nilo, registando-a só para si e desprezando a participação de Richard Burton. Era o fim dum casamento de interesses aventureiros. A polémica estalou entre os dois exploradores, com Richard Burton a pôr em causa a idoneidade desta afirmação atendendo a que, tendo-se perdido bastante material de medição científica na viagem, as medições topográficas feitas por Jonh Specke eram duvidosas, enquanto não se realizassem outras. Após uma nova viagem de Jonh Specke à zona dos lagos, desta vez acompanhado por James Grant, em 1863, este volta a confirmar que o lago Vitória era a nascente do rio Nilo. Abraçando a carreira diplomática, Richard Burton é colocado, como Cônsul, em diversos pontos do planeta, tais como na ilha Fernando Pó (Guiné Equatorial), onde aproveita para efectuar novas expedições na África Ocidental nomeadamente numa perigosa viagem secreta ao reino do Daomé e, de seguida, em Santos (Brasil). Aqui, a sua veia exploratória volta a latejar e desce o rio São Francisco, desde a sua nascente até às quedas de Paulo Afonso, em canoa. Em 1869 assume o consulado de Damasco (Síria) e, em 1871, é colocado em Trieste (Império Austro-Hungaro, actual Itália), onde virá a falecer. Deixou várias obras escritas, para cima de 40 livros, entre romances e traduções, tais como "Goa e as montanhas azuis" (1850),"África Oriental" (1856), "Os lagos da África Equatorial" (1860), "O Kama Sutra de Vatsyayana" (1883), "O livro das mil e uma noites" (1885), "O jardim perfumado de Saykh Nefzawi" (1886), "As noites suplementares das Mil e Uma Noites" (1886/1898 em dezasseis volumes), "O Kasidah" (1886); para além de ter feito uma tradução do épico camoniano "Os Lusíadas" (1880) e uma biografia sobre Luís de Camões (1881). Postumamente (1898) foi publicada uma outra controversa obra sua: "O judeu, o cigano e o Islão". Nada escapou aos seus escritos, numa época onde imperava a moral vitoriana, desde sexo, incluindo o homossexualismo, castração, canibalismo, droga, poligamia, rituais religiosos e análise de diversas religiões. Professou diversas religiões, tendo sido sufista, islamita, budista, entre muitas outras, tendo falecido agnóstico. Mulherengo, alcoólico, opiómano, foi acusado de homossexualismo e pederastia. Para além dos livros deixou inúmeros escritos em jornais, fundou a Sociedade Antropológica de Londres (1863) e foi agraciado como Cavaleiro do Império (1886) pela Rainha Vitória. A sua vida lendária de 40 anos de viagens, a que um ataque cardíaco pôs termo, deu origem a inúmeros livros, filmes e documentários. De espírito aberto, avançado no seu tempo, controverso, polémico, sedutor, irascível, oportunista, ou mesmo megalómano, a Richard Burton, puro cometa das Sete Partidas do Mundo, não se lhe pode negar que foi um aventureiro com "A" grande e um dos maiores exploradores do século XIX.

Nota: os nomes sublinhados reportam-se a biografados anteriormente.

Livro

"Histórias rocambolescas da História de Portugal", de João Ferreira (Esfera dos Livros, Lisboa, 2010, 335 págs.). Acabei de ler este livro que bastante prazer me deu. Didáctico e rigoroso nos factos, divertido e escrito com suavidade, conta-nos diversos episódios da nossa História num correr de caneta divididos em 13 temas, que abordam desde os primórdios da nossa nacionalidade até aos tempos abrilinos, num total de 68 histórias. E, no fim, ficou-me um desejo de pedir ao João Ferreira (apesar de não o conhecer) que escreva um segundo volume. 

Exposição

"Cuerpos de Dolor - A imagem do sagrado na cultura espanhola 1500/1570", no Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), até 25 de Março de 2012. Exposição que aborda a escultura sacra sobre virgens, mártires e crucifixos entre outras peças (cerca duma trintena), esculpidas por escultores "nuestros hermanos". Para além duma visita ao Museu em si, que vale sempre a pena.

Filme

"As montanhas da Lua" (135 minutos). Em meados do século XIX iniciou-se a exploração geográfica (e não só) do interior do continente africano, por parte de potências europeias, interior este que era do quase total desconhecimento dos europeus. Na zona dos Grandes Lagos Africanos existiam grandes manchas em branco no mapeamento deste continente e sabia-se, por recolha de informações junto dos nativos, da existência de grandes montanhas e às quais, iniciaticamente, se deram o nome de "Montanhas da Lua", precisamente por serem longínquas e, até então, ainda inantigíveis. Essa zona das "Montanhas da Lua" abrangia o que são hoje o Congo Oriental, o Ruanda, o Burundi, o Uganda e a parte interior da Tanzânia. Diversos exploradores iniciaram a conquista geográfica destes territórios estando, entre eles, o acima biografado Richard Burton. E é sobre uma parte da vida deste explorador que recomendo o filme "As montanhas da Lua", que se reporta principalmente na viagem que, em 1854, ele e Jonh Specke encetaram à descoberta das nascentes do rio Nilo, tendo atingido os lagos Tanganica e Vitória. Realizado por Bob Rafelson e com os papéis dos dois exploradores entregues a Patrick Bergin (Richard Burton) e Ian Glen (Jonh Specke) o filme, para além de descrever esta portentosa viagem aventureira, retrata uma outra anterior que ambos tinham efectuado à Somália e da qual só miraculosamente é que escaparam com vida e também a disputa que ambos travaram em Londres, quer sobre a legitimidade da descoberta do lago Vitória como nascente do rio Nilo quer sobre a veracidade científica da mesma, disputa essa travada na Real Sociedade de Geografia de Londres e que, na época, apaixonou a opinião quer dos peritos quer pública. Um filme magistral. 

Lamento

A polícia alemã descobriu, num quarto de hotel, na cidade de Colónia, uma centena de serpentes, 70 tartarugas e 20 rãs, tendo detido dois japoneses e um chinês, por suspeita de tráfico de animais de espécies raras (DN Globo). Não lamento a captura dos animais pela Polícia e a sua entrega ao Jardim Zoológoco local, um mal menor para suprir um mal maior. O que eu lamento é que os ditos suspeitos tenham sido soltos após o pagamento duma caução. E, também, que nenhum deles tenha sido mordido por uma serpente venenosa (os traficantes, não os polícias).

Associação

Hoje reporto-me ao Centro de Recuperação do Lobo Ibérico, que fica na Quinta da Murta - Picão, na freguesia de Gradil - Mafra. Este Centro luta pela preservação do lobo enquanto animal livre. O Centro pode ser visitado (já o fiz) e... já agora apoiado. Uma pequena ajuda monetária da nossa parte não custa nada. Por isso aqui fica a sugestão: tirar o rabo do sofá, desligar a televisão e dar um passeio até este Centro, fazer por lá um lanche ao ar livre (levado de casa), ver os lobos e... adoptar um, através duma pequena contribuição que será sempre uma grande ajuda para os mesmos. Este Natal dê uma prenda aos lobos ibéricos. Eles merecem.

Imbecilidades

Bom, agora a moda é o "retrossexual", que é o indivíduo que "rejeita a ditadura de uma imagem perfeita e reclama o regresso de um homem simples e real" (DN Pessoas). Então... temos o heterossexual, o homossexual, o transssexual, o bissexual, o metrossexual e, agora, o retrossexual. Aguardo, expectante, a próxima imbecilidade. Estou a pensar propôr o "humanóide normalóide". 

Uma pergunta

A Conferência da ONU sobre as alterações climáticas, realizada em Durban, foi uma fantochada. Enojo-me com estes políticos que organizam eventos à  escala planetária, onde se gastam milhões e... nada decidem de conclusivo, adiando tudo para a próxima cimeira. Nesta, então, tiveram que prolongar a mesma mais 24 horas para conseguirem um acordo que lhes permitisse salvar a face. Quito, Rio de Janeiro, Cancun, Copenhaga, agora Durban , enfim, um périplo mundial onde os nossos ilustres e sacrificados representantes viajam em grande estilo, hospedam-se em cinco estrelas, comem caviar, bebem do fino e depois duns paleios amorfos, cheios de floreados e de boas intenções... marcam outra cimeira. E porque não vamos todos esperá-los aos aeroportos, quando aterram de palito na boca e barriga cheia e não lhes atiramos às trombas o produto das nossas evacuações previamente guardadas em sacos de papel?

Aconteceu

O Prémio Nobel da Paz foi atribuído a três mulheres: Ellen Johnson Sirleaf, Presidente da Libéria; Leymah Gbowee, activista liberiana dos Direitos Humanos e Tawakkol Karman, jornalista iemenita.

A atleta portuguesa Ana Dulce Félix conquistou a medalha individual de prata de seniores femininos nos Campeonatos Europeus de Crosse. E, em Selecções, neste mesmo certame, Portugal arrecadou, em feminino as medalhas de prata nas classes de Séniores e Sub-23.

Vai acontecer

Lançamento do livro "Elementos da cultura militar - glossário de termos linguísticos e estudo introdutório sobre organização e simbólica castrense", de João Freire (Edições Colibri). Dia 12 de Dezembro, às 18H00, na Associação 25 de Abril (Lisboa).  

Tertúlia "Finis Imperii", sobre o Ciclo Olhares Sobre a Índia: "Sirius", de Marques da Silva. No dia 14 de Dezembro, na SHIP - Sociedade Histórica de Independência de Portugal (Lisboa). Entrada livre.

Memória da semana

09/12/1706 - Falecimento, em Lisboa, de D.Pedro II, Rei de Portugal.
09/12/1843 - Surgem, em Inglaterra, os primeiros postais de Natal, criados por Henry Cole e John Horsley.
09/12/1907 - São colocados à venda, em Delawere, os primeiros selos norte-americanos alusivos ao Natal. A receita revertia para a luta anti-tuberculose.

10/12/1901 - São atribuídos, pela primeira vez, os Prémios Nobel.

11/12/1842 - Nascimento de Robert Koch,médico bactereologista, fundador da microbiologia e descobridor do "bacilo de Koch" (1882) entre outros. Foi contemplado com o Prémio Nobel da Medicina (1905).
11/12/1908 - Nascimento, no Porto, de Manoel de Oliveira, realizador cinematográfico.
11/12/1972 - Alunagem da nave espacial norte-americana "Apolo 17". Foi a última viagem espacial tripulada à Lua, tendo sido a que mais tempo ali permaneceu (três dias).

Foi dito

"Antes ter como símbolo um par de corvos do que um par de cornos" - (Boca a Boca, de Pedro Bandeira Freire).
"Roma não paga a traidores" - General romano Cipião quando se recusou pagar o prometido a Audaz, Ditalco e Minuro, os três assassinos de Viriato quando estes compareceram a reclamar a recompensa por tal acto. (Histórias rocambolescas... de João Ferreira, livro acima citado).



quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Henry Morton Stanley

Aventureiros, viajantes e exploradores
Henry Morton Stanley - (Denbig (País de Gales), 28/01/1841 - Londres, 10/05/1904) - Jornalista e explorador. Depois de uma infância atribulada de fome e privações, sem saber dos seus familiares e passada, grande parte dela, num internato para pobres até aos 15 anos de idade, em 1859 emigra para os Estados Unidos da América, onde acaba por participar na Guerra Civil que varreu aquele País, primeiro no Exército Confederado (sulista) e, depois, desertando para o Exército Federal (nortista), onde presta serviço na Marinha de Guerra de onde acaba, também, por desertar. Abraçando o jornalismo, realiza diversas reportagens que começam a torná-lo conhecido até que organiza uma incursão ao Império Otomano (turco), onde é feito prisioneiro. Depois de liberto, sob pesado resgate, acaba contratado, em 1869, como jornalista correspondente do "New York Herald", na altura liderado por James Bennet. Fruto do misterioso desaparecimento de David Livingstone, algures na África Central  e, depois de goradas algumas tentativas britânicas de o encontrar, James Bennet ordena a Henry Morton Stanley que o tente localizar, pelo que este organiza uma imponente expedição que, em 1871, sai de Zanzibar para o interior africano levando, na sua equipa, Sidi Mubarak Bombay. A 10 de Novembro de 1871 (há quem atribua a data de 28 de Outubro), depois de percorridos cerca de mil e quinhentos quilómetros numa violenta viagem pedestre, em duzentos e trinta e seis dias, Henry Morton Stranley atinge Udjiji, na Rodésia do Norte (actual Zâmbia) e localiza, aí, David Livingstone. Ficou célebre, para a História, a sua primeira frase inquiridora, quando o avistou: "Dr. Livingstone, I presume?" . Esta simples frase, na época, representou a consagração africana de Henry Morton Stanley e, verídica ou não, a verdade é que ainda hoje ela circula nos anais, sendo repetida até à exaustão e acabando por simbolizar o atingir um objectivo final depois de muitas dificuldades, à semelhança da frase "Levar a carta a Garcia." Fica com David Livingstone algum tempo, aproveitando para explorarem o lago Tanganica, após o que se separa do missionário e regressa à Europa. Os seus caminhos não mais voltarão a cruzar-se por falecimento de David Livingstone. Em 1874, de novo ao serviço do jornal "New York Herald" e em parceria com o britânico "Daily Telegraph" realiza uma portentosa viagem que vai unir o Oceano Índico ao Atlântico, ao tentar determinar, ao certo, o curso do rio Congo, um dos últimos grandes mistérios da geografia africana. Saído de Zanzibar, em Novembro de 1874, leva consigo três europeus - Frederik Baker e os irmãos Edward e Frank Pocoke - e cerca de trezentos nativos africanos, com a função principal de carregadores; e um barco, o "Lady Alice", este dividido em três secções para mais fácil transporte, principalmente em locais onde fosse necessário transpôr cataratas. Depois de 999 dias duma viagem, que foi outra descida aos infernos, tamanhas e tais as dificuldades que ele e os que findaram a mesma tiveram de enfrentar (fome, frio, calor tórrido, combates com gentios hostis, doenças, traições, deserções de carregadores e de equipamento, toda a espécie de animais, principalmente os venenosos) a 09 de Agosto de 1877, Henry Morton Stanley atinge Boma, um posto situado no (então) Congo português. Tinha conseguido levar ao fim o seu propósito, mas deixando no caminho, por terem falecido, os outros europeus que consigo tinham iniciado a viagem, bem como mais de dois terços dos nativos, na maior parte por deserção ou morte. No decurso da mesma provara que o lago Tanganica não era a nascente do rio Nilo e determinara que, daí, partia o rio Lukuga, afluente do rio Lualaba e que este era, afinal, o mítico rio Congo; bem com tinha circum-navegado o o lago Tanganica e descoberto o rio Shimeeyou. Estava resolvido o mistério do rio Congo, desde a sua nascente à foz e a ciência geográfica africana conquistava mais pontos. (Sobre esta viagem existe uma reconstituição recente feita pelo jornalista Tim Butcher, a que já aludi anteriormente, e que deu origem ao livro "Rio de sangue", da sua autoria). De Boma regressa a Zanzibar, agora via marítima e, daí, retorna a Londres, onde é recebido com as honras apenas devidas a heróis nacionais. De seguida, em 1879, presta os seus serviços ao Rei Leopoldo II, da Bélgica, um dos maiores predadores de terras africanas que há memória, criador do Estado Livre do Congo (futuro Congo Belga e actual República Democrática do Congo), território imenso este que não passava da coutada real africana.  Ainda ao serviço deste Rei belga, Henry Morton Stanley organiza, em 1886, uma expedição de socorro ao Emir Pascha, Governador sudanês e, no regresso desta expedição, descobre o lago Edward (1888), pertencente à cadeia dos Grandes Lagos Africanos. Esta expedição trouxe inúmeros amargos de boca para este explorador pois, para além da mesma não ter atingido, no pleno, os seus objectivos também, se bem que eventualmente à sua revelia (nunca se apurou ao certo) no regresso da expedição foi comprada, por europeus que a integravam, uma rapariga com cerca de 12 anos de idade e entregue a mesma a canibais, que a cozeram e a comeram, tendo tal acto sido documentado pelos europeus, para verem como os canibais se comportavam neste acto antropófago. Nos seus últimos anos de vida, passados em Londres, ainda exerceu funções de deputado, no Parlamento, tendo sido condecorado como "Cavaleiro da Ordem do Banho" (1899). Publicou diversos livros, entre os quais "As minhas primeiras viagens", "Aventuras na América e na Ásia", "Como eu encontrei Livingstone" e "Viagens, aventuras e descobertas na África Central", este último já por mim referido anteriormente. Passou à História como um dos mais importantes exploradores do continente africano (e foi-o sem dúvida alguma), a par dum David Livingstone ou Richard Burton (entre outros).  No entanto, fruto dos tempos que atravessou, da mentalidade vitoriana e das dificuldades que viveu, era cruel, despótico e não olhando a meios para atingir os seus fins, escravizando os negros em trabalhos forçados e fazendo jus ao seu cognome africano, o "Bula  Matari" (traduzido:"o que parte pedras"), do qual tinha bastante orgulho e que foi colocado na sua lápide.

Nota: Os nomes sublinhados reportam-se a pessoas já por mim biografadas anteriormente. 

Livro

Agostinho da Silva (1906/1994), poeta, ensaísta, professor e filósofo, foi um homem multifacetado, que viajou por várias partes do mundo, mas a sua principal formação deveu-se às escolas que frequentou em Portugal, na França e no Brasil, sendo este último País o da sua eleição, onde ele dizia que o "brasileiro era o português à solta". Pedagogo de primeira água, na década de 40 editou, por sua iniciativa e em Lisboa, os "Cadernos de Informação Cultural", quinzenário popular onde, numa escrita simples e acessível a qualquer leitor de formação escolar primária, divulgava todo um saber polivalente duma enciclopédia em pequenos cadernos a custo reduzido. É sobre estes cadernos que, não em livro mas mais em jeito de sebenta, que falo sobre a publicação de dois trabalhos biográficos saídos da pena deste mestre, que são: "As viagens de Livingstone" (Edição do Autor, Lisboa, 1944, 32 págs.), no qual aborda a saga de David Livingstone por África e "As viagens de Stanley" (Edição do Autor, Lisboa, 1942, 20 págs.), referentes a Henry Morton Stanley, acima referido. Não sendo duas obras de referência para historiadores de peso não deixa, no entanto, de ser interessante a sua leitura, até para nos apercebermos como se aprendia na quela altura.

Disco

Adoro ouvir músicas da autoria de Hans Zimmer (1957), compositor alemão que tem feito a banda sonora de inúmeros filmes (contei uma quinzena). Destaco aqui a banda sonora dos filmes "Tears of the Sun" e "Mother Africa - the power of one", metragens estas que se reportam à temática africana. Em audição permanente no Youtube, a qualquer hora do dia ou da noite, num computador perto de si. 

Filme

Nestes dias frios que, felizmente, se vão instalando nas nossas terras, nada como avassalar-me à bendita preguiça e prazenteirar-me, semi-deitado no sofá, saboreando um café quente e revendo um bom velho filme como, por exemplo, o "Dr. Jivago". É um dos filmes da minha vida. Acho mesmo que já não se fazem filmes como este (lá vem a conversa de velho). Bom, mas o "Dr. Jivago" é um filme que dá gosto rever. Baseado na obra de Boris Pasternak e realizado pelo Mestre David Lean e com os principais papéis magistralmente desempenhados por Omar Sharif (que saudades) e Julie Christie (que sonho), com uma banda sonora fabulosa composta por Maurice Jarre, retratando uma história de amor em tempo de revoluções e guerras, são 190 minutos de puro e orgásmico prazer.

Gostei

Manoel de Oliveira completa a bonita idade de 103 (isso mesmo - 103) anos no próximo Domingo (11 de Dezembro) e tenciona, no ano que se avizinha, rodar mais um documentário e uma longa-metragem. Lembro-me de, meio a a sério meio a a  brincar, há muitos anos dizer aos meus filhos: "se não comerem a sopa ponho-vos a ver um filme do Manoel de Oliveira" e eles, no gozo, engolirem-na a todo o vapor. Independentemente de gostarmos ou não dos seus filmes, a verdade é  que a assiduidade laboral deste decano mundial dos realizadores cinematográficos é um exemplo para todos os nós. Porque parar é morrer. Parabéns e obrigado, Manoel de Oliveira. Domingo, haja sopa ou não, vou ver "Non, ou a vã  glória de mandar".   

Lembro-me de, em rapaz, haver uma piada bacoca que se lançava às raparigas magras que passavam na rua e sobre as quais se comentava "Aquela não passava por Guimarães". Durante o meu tempo de rapazola nunca percebi o sentido desta frase até que, mais tarde (daaaahhhh) vim a saber que a cidade-berço era famosa pelas suas múltiplas fábricas de cutelaria e que, no antigamente (e ainda hoje) os cabos dos talhares eram feitos a partir de ossos. Daí a piada(?) à magreza das mulheres, de apenas terem pele e osso.  Era o tempo da "chicha pura, que gordura é formusura". Leio hoje (DN Globo) que talhares vimaranenses estão a ser exportados para todo o mundo, fruto do aperfeiçoamento de novas tecnologias, desenho e materiais. Fico satisfeito. E também por ver que as mulheres magras continuam a passar nas ruas. Afinal, foi  mais um mito da minha adolescência que feneceu. Antes isso que as magras.

Lamento

Toda a história rocambolesca do dito "Estripador de Lisboa", vinda a lume ultimamente. Nada mais há a acrescentar para além do que já foi escrito, por exemplo, por José Pacheco Pereira na sua crónica titulada "A miserável história falsa do estripador" (Sábado, nº 397), com a qual concordo na íntegra. Foi tudo lamentável: o pai mitómano, o filho feito bufo de pacotilha na vã glória duns minutos "andywharolianos", a jornalista de ar intelectualóide feita numa "expert de serial killers" (foi mesmo "loira"), o jornal a parangonar o que as autoridades não tinham descoberto em vinte anos, as televisões a comerem-se na abertura dos noticiários, pondo os pivots a pavonearem-se e, no final de toda esta linha de montagem de tristes figuras... todos aqueles parvos anónimos que, sedentos de histórias macabras que metam sangue e sexo, ficam ávidos a verem as notícias e dando palpites morais e judiciais. Sem perceberem nada do assunto.

Recomendo

A leitura (e não só mas também a aquisição) da revista mensal "National Geographic Portugal", da qual sou leitor assíduo há muito tempo. Um espectáculo de revista, com informação rigorosa, fotografias fabulosas, escrita num português fluente, sem gralhas e com uma apresentação muito cuidada, a começar pela capa. Através desta revista, que reputo do melhor que há em Portugal, viajo pelo Mundo sem erros de navegação. Custa o mesmo que um maço de tabaco e não prejudica a saúde. Pelo contrário.

Nota: Esta recomendação é puramente opinativa, não sendo subjacente à mesma qualquer intuito publicitário remunerado, pelo que a mesma não pode ser usada  para outros fins.

Associação

Não sendo uma associação não deixo de falar no gatil/canil da Câmara Municipal de Lisboa. Lembro-me de, há muitos anos, ter visitado o mesmo que, se não me falha a memória, ficava para os lados do Campo Grande. Lembro-me dos animais estarem em péssimas condições de "sub-sobrevivência" e de falar-se de passarem fome. Não havia verbas ou havia falta de sensibilidade dos responsáveis de então. Visitei as instalações actuais, em Monsanto e... saí de lá com dois rafeirolas que vieram aumentar o meu agregado tribal. Pelo que reparei, os animais estavam tratados e, dentro do possível, em condições sanitárias e de espaço aceitáveis, imperando a higiene. Não sendo um especialista em ambiente animal, esta mudança de localização e novas instalações, para o que era é, para mim, um exemplo de grande avanço civilizacional (como está na moda agora dizer-se). Pode-se adoptar gratuitamente animais, dentro de certas regas e a Câmara oferece a identificação electrónica (chip), bem com o a desparazitação e esterelização. Que Diabo, para quê comprar um animal quando se pode ter um de borla?  E há-os para todos gostos e feitios. Mas é bom lembrarmo-nos que um animal adoptado é... para toda a vida. Dele ou nossa. Porque há duas coisas na vida que nunca devemos trair: o nosso animal de estimação e o nosso clube desportivo. Tudo o mais... logo se vê.

Imbecilidades

Não acreditei e tive que reler. O Presidente da Coreia do Sul, o sr. Lee Myung-Back, vai usar cuecas térmicas no Inverno, como forma de contribuir para a poupança de energia do País (???) e até já comentou que o uso das mesmas lhe causou um desconforto inicial (Sábado, nº 397). Mas... isto de usar cuecas dá direito a comentários presidenciais? Será que não acontece nada de importante naquele País? Não sei porquê, lembrei-me do nosso Venerando Chefe de Estado a comentar o olhar meigo das vacas, numa visita que fez aos  Açores. Pois eu, à boa maneira "tuga", também vou dar o meu contributo "cuecal" para a poupança de energia no meu País. Tenho uma solução magistral. Não, não vou usar as ditas térmicas - que são mais caras (nem as encontro "marteladas" na Feira do Relógio ou de Carcavelos) e produzem um aumento de emissões de carbono (é bonito dizer isto, não é?). E qual é a solução? Simples: peido-me. É ecológico, calorento e biodegradável. E, num esforço nacional, a todos clamo, plagiando  distorcidamente uma frase comunista: "Portugueses de todo o Mundo, peidai-vos." 

"Um alemão quer multar Bento XVI por não usar cinto no papamóvel." (Sábado, nº 397). Só pode ser mesmo por gozo. Porque senão... voto nele para "Imbecil 2011".

Uma pergunta

Leio (DN Economia) que o calçado português está na moda, respira saúde e exporta-se bem e que até mulheres como Michele Obama e Paris Hilton usam-no. Da Michele Obama não tenho dúvias mas... uma pergunta: será que a Paris Hilton sabe para que servem os sapatos? Não correrá o risco de confundir o salto com um vibrador manual e o corpo do sapato com um copo? 

Aconteceu

A Gulbenkien e o Centro Nacional de Cultura homenagearam, no passado dia 06 de Dezembro, Gonçalo Ribeiro Teles, 89 anos duma vida cheia. Mais que justa a homenagem a este arquitecto paisagista, professor, político, pensador e pedagogo mas, acima de tudo, um ecologista defensor intransigente do equilíbrio entre o Homem e a Natureza. A ele devemos a existência de reservas agrícolas e ecológicas, os jardins da Gulbenkian e de Amália Rodrigues (ambos em Lisboa), entre muitas outras coisas. Mas, acima de tudo, todos nós lhe devemos a pedagogia de nos ter ensinado a coragem duma postura vertical na defesa de princípios e valores importantes. Que falta nos fazem Homens deste quilate.

Está a acontecer

A vila de Óbidos volta a recriar a Vila Natal, à semelhança do ano passado. O evento durará de hoje (08 de Dezembro) a 03 de Janeiro próximo. Uma excelente oportunidade de voltarmos aos nossos tempos em que a inocência ainda não estava perdida.

Vai acontecer

Entre os dias 11 e 18 de Dezembro corrente o Bairro Alto, em Lisboa, comemora com diversos eventos os seus 498 anos de existência oficial. Nasceu a 15 de Dezembro de 1513.

Três arquitectos - Siza Vieira, Souto  Moura e Alcino Soutinho - recebem um doutoramento "honoris causa" pela Universidade de Aveiro, no próximo dia 15 de Dezembro. Para os mais distraídos: são três consagrados arquitectos a nível mundial. Novamente para os mais distraídos: são portugueses.

Memória da semana

06/12/1185 - Morre, em Coimbra, D. Afonso Henriques, o "Pai da Pátria".

07/12/1924 - Nasce, em Lisboa, Mário Soares. Opositor, desde a década de 40, do Estado Novo, após a instauração da democracia, exerceu os cargos de Ministro, Primeiro-Ministro e Presidente da República, para além de ter sido parlamentar nacional e europeu. Figura incontornável da História de Portugal na segunda metade do século XX, ainda hoje exerce, no pleno, o seu direito de cidadania. A ele se deve, fundamentalmente, o ter contribuído para evitar que o País resvalasse para uma nova ditadura, no decurso do PREC, responsabilidades na descolonização e a entrada de Portugal na CEE (actual União Europeia).

08/12/1720 - É fundada, por D. João V, a Academia Real de História, em Lisboa (actual Academia de Ciências de Lisboa).
08/12/1894 - Nasce, em Vila Viçosa, a poetisa Florbela Espanca. Tendo-se voluntariado na morte aos 36 anos, depois duma vida atribulada e de sofrimento, toda a sua obra poética foi compilada por Guido Batelli num volume que titulou de "Sonetos completos", quatro anos após o seu passamento. Das várias homenagens que lhe têm sido efectuadas ao longo dos tempos, destaco a dos "Trovante", que musicaram um poema seu: "Ser poeta".

Foi dito

"Os que morreram antes de Cristo nunca o souberam." (anónimo).

"Antes morrer livres que em paz sujeitos." .Frase que, sendo presentemente o lema oficial da região Autónoma dos Açores, foi escrita por Ciprião de Figueiredo, corregedor daquele arquipélago, numa carta que, em 1582, endereçou ao Rei Filipe II de Espanha (I de Portugal) recusando, deste modo, submeter-se à soberania castelhana.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sidi Mubarak Bombay

Aventureiros, viajantes e exploradores:
Sidi Mubarak Bombay - (Lago Niassa, 1820 (?) - Zanzibar, 12/10/1885) - Explorador. Jaua de nascimento, que terá ocorrido na zona fronteira lacustre entre o Tanganica (actual Tanzânia) e Moçambique, aos doze anos de idade é raptado e escravizado por mercadores arabizados, prática habitual naqueles tempos.  Levado para Zanzibar, acaba vendido num leilão humano em Quíloa e, embarcado num dhow* vai para trabalhos forçados, como escravo que era, nas plantações coloniais índicas, até que acaba resgatado pela Marinha Britânica e levado para Bombaim, onde se torna "african-bombay". Anos mais tarde retorna a Zanzibar, já liberto e presta serviço como soldado do Sultão daquele Estado suaíli. Posteriormente, em 1857, num acaso da sorte que a vida dá, integra-se na expedição que Richard Burton e John Specke dirigem, na busca das míticas nascentes do todo-poderoso rio Nilo, acompanhando-os nesta épica viagem, que culminará nas descobertas, pelos europeus, dos lagos Tanganica e Vitória. Em 1863 acompanha, de novo, John Specke na sua segunda expedição ao lago Vitória, na consubstanciação da certeza que este lago era a nascente nilótica e terminando a sua viagem em Cartum. Em 1871 acaba contratado por Henry Morton Stranley e segue-o na célebre viagem da busca do perdido David Livingstone, terminando-a em Udjiji (na actual Zâmbia) e onde reencontra James Chuma e Abdullah Susi, fiéis companheiros do missionário aí localizado e, tal como ele, "african-bombays".  Em 1873, finalmente, ao serviço do explorador Verney Cameron, longitudina África, do Índico ao Atlântico e faz a viagem de retorno, noutra famosa travessia continental, tendo sido condecorado, em 1876, pela Real Sociedade de Geografia de Londres, com a medalha de prata. De baixa estatura, mas dotado duma resistência física e mental espantosas que lhe permitiram vencer doenças, fome e lutas, famoso pelos seus dentes afilados, foi uma personagem africana lendária, que participou em quatro das mais famosas viagens exploratórias do continente africano no século XIX e que o cruzou nos pontos cardeais principais, palmilhando uma permanente peregrinação de milhares de milhas. Morreu em Zanzibar, esquecido por todos.

* Dhow - Embarcação índica, movida a vela geralmente latina, misto de passageiros e mercadorias, de um ou dois mastros, muito usada no Oceano Índico, por povos indianos, árabes ou suaílis. 

Livro:
Cristina Morató (1961) é uma catalã que abraçou a carreira do jornalismo escrito e televisivo, da fotografia e da escrita. Apaixonada por viagens percorreu partes da América Latina, África e Ásia tendo, também, sido uma das fundadoras da Sociedade de Geografia Espanhola e sua Vice-Presidente. Li dois livros fascinantes que esta predadora de quilómetros lançou no mercado. O primeiro que li foi "Cativa na Arábia - a extraordinária história da Condessa Marga d´Andurain, espia e aventureira do Oriente"  (Esfera dos Livros, Lisboa, 2010, 359 págs.). Trata-se do registo biográfico duma mulher ousada - Mangrete Donne de Ranne (1898/1948), a Condessa Marga d´ Andurain, livro este que é suportado por uma extensa bibliografia e também baseado no testemunho directo dum filho da Condessa. Foi uma aventureira nata que, nascida no seio duma família basca do ramo francês foi, voluntariamente, transgressora dos costumes da sua época. Percorreu todo o Norte de África, do Cairo a Tânger, foi espia britânica, terá sido a primeira ocidental a entrar em Meca tendo, para isso, se convertido ao islamismo após se casar, em segundas núpcias com um beduíno. Esteve presa na Arábia Saudita, onde teve o corpo preso num harém e, depois, na prisão de Yidda. Mas não o espírito. Narcotraficou ópio na Paris ocupada pelos nazis e acabou assassinada em Tânger, aquela que ficou conhecida, entre outras referências, como a "Mata Hari do deserto". O segundo livro que li de Cristina Morató salta do deserto norte-africano para o coração deste continente. Trata-se de "Memórias de África - cem anos de mulheres viajantes e exploradoras do continente africano" (Gótica, Lisboa, 2004, 333 págs.). O livro biografa onze mulheres que viveram África em cada poro das suas peles, quer no esplendor quer na miséria, num tempo que mediou entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX, desde missionárias a aventureiras e passando por conservacionistas. Habituados que estamos, no geral, a atribuir as aventuras e o desbravamento dos sertões africanos aos homens (e, na realidade, terão sido a maioria) o certo é que mulheres houveram que ousaram. E este belo livro, que nos leva a percorrer diversas partes de África em diversas épocas, é a prova de tal.

Filme:
Em 24 de Novembro passado sugeri uma visita à exposição "Frida Khalo - as suas fotografias", que ainda está a decorrer no Museu da Cidade (Lisboa). Sobre a vida atribulada desta pintora vi o filme (em DVD, 118 minutos) titulado "Frida", realizado por Julie Taymor e cujo papel principal coube a Salma Hayek. Para complemento à ida da exposição nada melhor que ver-se esta longa metragem.

Lamento:
Marcelo Caetano, o fascista, deu-me o subsídio de Natal. Vasco Gonçalves, o comunista, deu-me o subsídio de férias. Pedro Passos Coelho, o democrata, tirou-me ambos. Lamento.

Leio, de relance, as "gordas" duma notícia: "Morreu Sócrates". Depois, com mais calma, verifico que o óbito se reporta a um excelente futebolista que integrou a Selecção Brasileira. Bolas... afinal não era quem eu pensava. O meu duplo lamento. Por ter sido o Sócrates que foi e não o Sócrates que podia ter sido.

A Lista Vermelha da Europa informa que 44% dos moluscos e 37% dos peixes de água doce, 23% dos anfíbios, 15% dos mamíferos e 13% de aves estão ameaçados de extinção (Público/Ecoesfera). Pois... e humanóides? Não, não estão em risco. Lamento. Há muitos deles que não fazem cá falta.

Gastronomia:
E, por falar na eleição do fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade, atrasámo-nos no ano passado (2010), ao não nos termos juntado à Espanha, Itália, Grécia e Marrocos que apresentaram, em conjunto, a candidatura da Dieta Mediterrânica à UNESCO, tendo a comissão deste organismo eleito também esta fonte alimentar como património universal. Foi em Nairóbi (Quénia) onde, pela primeira vez, a cozinha entrou na liça. A UNESCO considerou que "a dieta mediterrânica não compreende apenas a alimentação, já que é um elemento cultural que propicia a interação cultural." Andávamos a dormir? É que esta dieta também faz parte do nosso acervo gastronómico.

Recomendo:
A Wikipédia anda a pedir aos seus leitores uma contribuição monetária para fazerem face às despesas que têm que suportar. Acho que sim. Pelo menos é um sítio que faz muito em prol do conhecimento.

Associação:
Hoje elejo a Sociedade Protectora dos Animais, com sede provisória na Calçada do Monte - 12 - 1º - 1100-362 Lisboa (Telefone: 21.342.38.51). Ou então façam o favor de pesquisarem em http://www.sp-animais.pt. Se não se quiserem associar pelo menos um pequeno contributo ajuda.

Imbecilidades:
Houve um triste tempo em que o Cambodja foi governado por uma férrea ditadura dos "khmer vermelhos" que, no período em que estiveram no poder, chacinaram um quarto da sua própria população. Na negra estatística da relação proporcional tempo/mortos/população penso que terão levado a palma aos compadres Estaline, Hitler e Mao Tsé Tung ou, pelo menos, andaram lá perto. Neste momento está a ser julgado, por um Tribunal Internacional, Nuom Chea,o número dois desse regime e que foi o braço direito de Pol Pot. Afirmou o mesmo, numa audição, que: "Não quero que as próximas gerações interpretem mal a História. Não quero que entendam mal os khmer vermelhos, que teriam sido pessoas más, criminosas. Nada disso é verdade." (Público). Percebo que o homem, que estará em recta final de vida (que nunca mais acaba, caramba) tenha parado no tempo e não entenda a estupidez da sua afirmação. Mas, que Diabo, não sei quem será  mais imbecil: se ele ou nós. É que isto de andarmos todos a pagar os custos dum julgamento internacional dando a um cadáver adiado oportunidades que ele nunca deu a ninguém e ainda se vangloria, não só custa-me como também me faz sentir um imbecil à força. E isto em nome duma idílica defesa do Estado de Direito, da Carta dos Direitos Humanos e do direito que cada um tem a defender-se, mesmo no indefensável. Mas será que o dinheiro gasto neste Tribunal para acusar, defender e julgar este filho da puta não seria mais bem empregue a auxiliar a integração dos familiares das vítimas deste barão do crime político? 

Uma pergunta:
"Ministro do Trabalho do Brasil demite-se e Dilma perde o sétimo ministro num ano." (Público). E é só ministros que ela perde? Não estará também a perder a Amazónia (ela e todos nós)?

Aconteceu:
A TAP foi eleita, numa votação dum universo de 36.000 eleitores votantes da revista mensal norte-americana de turismo "Global Traveler" (tiragem mensal de 105.000 exemplares), como a melhor companhia aérea europeia. Para além desta votação externa, a revista seleccionou-a, internamente, como sendo a companhia que servia o "melhor vinho tinto servido em Classe Executiva Internacional". (Público). Os prémios são o que são, valem o que valem, muitas vezes desconhecemos como os votos dos inquéritos são contabilizados, etc. e tal mas... lenga lenga do costume à parte, a verdade é que cai bem ler estas notícias. Principalmente quando o reconhecimento é externo e, neste caso, vindo duma revista especializada em turismo. Se a notícia fosse negativa, do género da TAP ser a pior companhia europeia e só servir vinho a martelo, caía-nos a Carmo e a Trindade em cima.

Na Sociedade Portuguesa de Autores (Lisboa) foi evocada, hoje (05 de Dezembro), a memória de Maria de Lurdes Pintassilgo, integrada no ciclo "A memória no feminino". Uma justa homenagem a uma grande humanista do século XX português. 

Está a acontecer:
A Grande Feira do Livro, no Parque Mayer (Lisboa). Entre os dias 01 e 11 de Dezembro corrente. Tem conferências, lançamento de livros e sessões de autógrafos.

Vai acontecer:
Actuação dos nova-iorquinos "Harlem Gospel Choir", com as suas músicas de fundo temático religioso. Perfeitamente enquadrados com a quadra natalícia que se aproxima. Das várias actuações no nosso País, estão no Coliseu de Lisboa, no próximo dia 07 de Dezembro, às 21H30.

João Barrento fala sobre Robert Musil (1880/1942), escritor austríaco de nomeada. No dia 06 de Dezembro, pelas 18H30, na Casa Fernando Pessoa, integrado no ciclo "Livros difíceis".

Luís Machado lança "Amália - confidências em noite de Primavera"  da Âncora Editora. Na FNAC Chiado (Lisboa), no  dia 06 de Dezembro,pelas 18H30.

Efemérides da semana:
03/12/1967 - Realizou-se, no Hospital Groot-Schuur, na cidade do Cabo (África do Sul), o primeiro transplante de coração do mundo. Operação que levou cinco horas, levada a cabo por uma equipa chefiada por Christian Barnard, que transplantou o coração de Denise Farwall, falecida aos 25 anos, para o peito de Louis Waskansky, de 53 anos, tendo este resistido apenas 18 dias.
03/12/1984 - Sucedeu em Bophal (Índia) um dos piores desastres da história industrial, quando se desencadeia uma fuga altamente tóxica de isiocianato de metil, duma fábrica de pesticidas da Union Carbide, que provocou a morte de milhares de pessoas e mais de meio milhão de feridos. O Supremo Tribunal Federal indiano viria a condenar, civelmente, a Union Carbide ao pagamento de 470 milhões de US dólares.
03/12/1998 - As figuras rupestres do Vale do Côa (Portugal) são consideradas Património Mundial da Humanidade, concretizando um desígnio do Governo Português que tinha criado o Parque Arquelógico do Vale do Côa (1996) e classificado o mesmo como Monumento Nacional, no ano seguinte. A UNESCO classificou o Parque como "A arte rupestre no Paleolítico Superior do Vale do Côa é uma ilustração excepcional do desenvolvimento repentino do génio criador, na alvorada do desenvolvimento cultural humano. A arte rupestre do Vale do Côa demonstra, de forma excepcional, a vida social, económica e espiritual do primeiro antepassado da Humanidade."

04/12/1829 - As autoridades britânicas proíbem a prática do "sati", na Índia, que era um costume hindu que levava as viúvas a auto-imolarem-se, lançando-se na pira que estava a cremar o defunto e, aí, também a morrerem. No entanto é uma prática que, infelizmente, ainda hoje se pratica, se bem que em escala reduzida, apesar da proibição deste acto se ter mantido após a independência do território e da vigilância das autoridades.
04/12/1961 - Oito militantes do Partido Comunista Português arriscam uma espectacular e bem sucedida fuga da prisão política de Caxias (Portugal), no decurso da ditadura do Estado Novo. Para tal, concretizaram a mesma usando um carro que Adolfo Hitler tinha oferecido a Oliveira Salazar, e que era um Mercedes Benz, blindado, com a matrícula ME-10-32.
04/12/1976 - O Presidente Jean-Bedel Bokassa, ditador da República Centro-Africana, auto-coroa-se neste dia, como Imperador, numa cerimónia faustosa e substituindo o regime republicano pelo Império Centro-Africano. Megalómano, a sua coroação ficou orçada em 100 milhões de US dólares, tendo ordenado um cerimonial idêntico ao de Napoleão Bonaparte, mandando construir um trono de 200 quilos de ouro. "Imperou" ditatorialmente sobre um dos países economicamente mais atrasados do mundo, até à sua deposição, ocorrida em 1979.
04/12/1980 - Morre o Primeiro-Ministro português Francisco Sá Carneiro, devido à queda da aeronave onde viajava, em Camarate (Portugal). Juntamente com ele faleceram todos os ocupantes desse voo, englobando-se a sua companheira Snu Abecassis, e o Ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa. As causas do desastre (atentado ou acidente) ainda hoje geram controvérsia.

05/12/1484 - O Papa Inocêncio VIII emite uma bula contra os crimes de feitiçaria e onde ordenava que, juntamente com os mesmos, fossem queimados na fogueira os seus gatos. A título de curiosidade refira-se que terá sido a primeira pessoa, em registo escrito, a receber uma transfusão de sangue (1492), segundo relato deixado por Stefano Infessura.
05/12/1492 - O navegador genovês Cristóvão Colombo, ao serviço dos Reis Católicos de Espanha, atinge a ilha de Hispaniola (actual Haiti).
05/12/1791 - Morre, em Viena (Austria), Wolfang Amadeus Mozart, genial compositor, tendo sido enterrado numa vala comum. Legou, à Humanidade, um património musical excepcional.
05/12/19017 - Sidónio Pais lidera, em Portugal, uma revolta militar e instala um regime presidencialista. Duraria um ano a sua governação em regime de ditadura, tendo inaugurado o que apelidou de "República Nova", em contraposição à "República Velha", iniciada com a instauração do republicanismo, em 1910. O seu consulado terminaria com o seu assassinato, a 14 de Dezembro do ano seguinte.

Foi dito:
"De todas as taras sexuais não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência." (Millôr Fernandes, humorista brasileiro.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

David Livingstone

Aventureiros, viajantes e exploradores:
David Livingstone - (Blantyre (Escócia), 19/03/1813 - Chitambo (Rodésia do Norte - actual Zâmbia), 01/05/1873) - Missionário, médico e explorador africanista. Tendo feito os seus estudos em Glasgow, em Setembro de 1838 é aceite na Sociedade Missionária de Londres (London Missionary Society) e, dois anos depois, a 20 de Novembro, é ordenado missionário na Albion Saint Chapel, nesta mesma cidade. A 08 de Dezembro de 1840 embarca no navio "George" com destino a África. Após a sua chegada à cidade do Cabo ruma para Norte e, em 1842, instala-se numa missão religiosa em Matosa, a cerca de trezentos quilómetros de Kuruman, nas margens do rio Limpopo, junto do povo bechuana. Numa caçada quase que perde a vida quando um leão o ataca e lhe fractura um braço. Casa-se em 1845, com Mary Moffat, filha de Robert Moffat e que o tratara do ferimento causado pelo leão e, em 1840,  acompanha dois caçadores ingleses (William Oswell e Mungo Murray) à região do Kalaári onde, segundo relatos de nativos, existia um grande lago. A viagem foi um pesadelo, onde quase morreram de sede, para além de terem enfrentado toda a espécie de adversidades, tais como ataques de cobras, leões e elefantes. A 01 de Agosto desse mesmo ano atinge o lago Ngami, na Bechuanalândia (actual Botswana), sendo os primeiros europeus a terem atingido tal zona, pelo que acabou condecorado pela Real Sociedade de Geografia de Londres, por tal facto exploratório. Em 1851 instala-se na região dos macololos, explora a região do rio Zambeze e, pela primeira vez ouve, dos nativos, relatos da existência dumas quedas de água nesse mesmo rio, a que chamavam de "Mosewatunya". No ano seguinte regressa à cidade do Cabo, onde embarca a mulher e os quatro filhos que já tinha na altura, para Inglaterra. Entre 11 de Novembro de 1853 e 31 de Maio de 1854 David Livingstone explora e liga o interior africano até à costa oriental africana. Em 1854 é condecorado pela Sociedade de Geografia da França e a Universidade de Glasgow atribui-lhe o grau de Doutor. Inicia o seu projecto de ligar, a pé, o continente africano de costa a costa, o que vem a conseguir ligando Luanda a Quelimane e descobrindo as famosas cataratas "Mosewatunya", que rebaptiza com o nome de "Victoria Falls", em homenagem à sua Rainha Victoria, jornada esta iniciada e concluída entre 03 de Novembro de 1855 e 20 de Maio de 1856. Esta proeza leva a Real Sociedade de Geografia de Londres a condecorá-lo com a Medalha de Ouro(Patron´s Gold Medal), tornando-se no primeiro europeu a conseguir tal descoberta. Em 1856 retorna a Inglaterra, coberto de glória, reunindo-se à sua família e, em finais do ano seguinte, publica o seu livro "Missionary travels and researches in South Africa". Volta a África em 1858, agora como explorador encarregado de cartografar as vastas regiões do rio Zambeze e tentar rasgar caminhos que permitissem abrir rotas comerciais. Efectuou novas viagens, de carácter exploratório e religioso ao longo dos rios Zambeze e Chire, tendo atingido e explorado o lago Niassa (1861). No ano seguinte morre a sua mulher e, em 1864, torna a Inglaterra, onde repousa durante dois anos. Regressa a Zanzibar, financiado pela Real Sociedade de Geografia de Londres, a fim de iniciar novas explorações nas zonas dos Grandes Lagos Africanos e para tentar descobrir as misteriosas nascentes do rio Nilo, naquilo que era considerado o maior desafio do século para qualquer explorador africano. Em Abril de 1867 atinge o lago Tanganica e, no ano seguinte, a 18 de Julho, descobre o lago Bangwelo. A 14 de Março de 1869 estabelece-se em Udjiji, juntao ao lago Tanganica, na Rodésia do Norte (actual Zâmbia). Efectua novas missões exploratórias até que é dado como desaparecido no interior africano, durantes largos meses, originando a criação duma expedição financiada pelo jornal norte-americano "The New York Herald", chefiada por Henry Morton Stanley, expedição esta que vem a localizar David Livingstone em Udjiji, em 28 de Outubro de 1871. Ficou célebre esse encontro entre os dois exploradores, cujo relato correu mundo, com a  célebre pergunta: "Dr. Livingstone, I presume?".  Durante largos meses os dois exploradores percorrem as zonas adjacentes ao lago Tanganyka, até que Henry Morton Stanley regressa, deixando David Livingstone para trás, pois este não queria regressar à Europa, enquanto não encontrasse as nascentes do rio Nilo, a sua grande obsessão. Envelhecido e doente, tomado por febres, David Livingstone continua a sua busca obsessiva, sem êxito, até que a morte o colhe em Chitambo. Tornou-se, juntamente com Cecil Rhodes, num acérrimo adversário dos portugueses, se bem que por motivos diferentes e a quem os apodava de "negreiros divulgadores de sífilis" . Criticava abertamente a escravatura, que classificava como uma praga da humanidade, tendo lutado abertamente contra o tráfico negreiro o que também lhe granjeou inúmeros inimigos. Os seus restos mortais, foram mumificados e trazidos de Chitambo para Zanzibar, pelos seus fiéis criados James Chuma e Abdullah Susi, dois african-bombays*, numa viagem fúnebre que durou nove meses. Cruzaram-se em Bagamoyo, no Tanganica (actual Tânzania), com a expedição do explorador Vernon Cameron, que fora enviada a ter com David Livingstone e acabaram surpreendidos com a notícia do seu passamento. Este brilhante explorador e missionário que, a par com James Booth, foi um dos primeiros europeus a defender intransigentemente os direitos humanos das gentes africanas e que baseava que o desenvolvimento dos mesmos assentava no princípio dos "Três C - Crsitianismo, Comércio e  Civilização", repousa na Abadia de Westeminster, em Londres, para onde foi trazido com honras de funeral de Estado, no ano seguinte à data da sua morte.

*African-Bombays - Palavra inglesa que se reportava a todos os nativos africanos que, trabalhando como escravos na zona do Oceano Índico, eram resgatados pela Marinha Britânica, nas perseguições que desencadeavam contra os esclavagistas, quer nos barcos negreiros, quer em plantações ilhéus ou na placa continental. Após o resgate, esses escravos eram levados para Bombaim, na Índia Britânica, onde eram integrados em áreas agrícolas e, posteriormente, já libertos da sua anteriuor condição, por ali ficavam ou retornavam a África. O mais famoso "african-bombay" foi Sidi Mubarak Bombay.

Livro:
"David Livingstone - Viagens de exploração no Zambeze e na África Central" , de Júlio da Gama (Livraria Universal de Magalhães & Moniz - Editores; Porto; 1880; 181 págs.). Trata-se do relato das viagens que o explorador David Livingstone efectuou na África Austral e bacia do Zambeze, entre 1840 e 1864 e na África Central (do Niassa ao Alto Congo), entre 1866 e 1873.

Disco:
Morreu o cineasta Ken Russel. Dele fica-me a memória de ter dirigido o videoclip "Nikita", magistralmente cantado por Elton Jonh. Um videoclip muito inteligente, que não precisou de ser legendado para, em qualquer parte do mundo visse quem o visse e falasse a língua que falasse, se percebesse o sentido da letra da canção romântica.

Exposição:
"25 anos de aquisições e doações" é uma exposição que exibe centenas de peças adquiridas ou doadas, com especial relevo para os artigos que foram pertença da nossa Casa Real, tais como jóias, pinturas, cerâmicas, ourivesaria, tecidos, móveis e aguarelas, entre outros. No Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa), entre os dias 06 de Dezembro próximo e 06 de Abril de 2012.

Lamento:
Um homem esqueceu-se duma mala contendo 1,4 milhões de euros num restaurante (Sábado,pág. 33). Lamento não ter sido eu a encontrá-la.

Recomendo:
Uma ida à Feira de Velharias de Algés, que se realiza todos os quartos domingos do mês, durante o dia todo. Idêntica à Feira da Ladra lisboeta, mas com a vantagem de ser em terreno plano, num jardim, com bastante arvoredo que projecta frescura, bancos para descanso e bar com esplanada no centro da feira, para se tomar algo.

Imbecilidades:
A Comissão de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, na Arábia Saudita, pretende a promulgação duma lei que obrigue as mulheres a andarem com os olhos cobertos se estes forem considerados muito bonitos e, por isso mesmo, sensuais (Sábado, pág. 30). Estou de acordo. E até digo mais: estou a pensar escrever-lhes a sugerir que as mesmas sejam proibidas de sairem de casa se estiverem menstruadas, suadas ou banhadas. Não vá o cheiro das feromonas atazanar as pobres cornetas daqueles desgraçados beduínos púdicos. Francamente. Não há pachorra.

Uma pergunta:
Uma mulher foi "...violada com violência..." (Sábado, pág. 36). Como será uma violação pacífica?

Vai acontecer:
Em Oeiras, lançamento do livro póstumo "Memórias do Oriente - Índia, Timor e Moçambique", de Dias Antunes. No Palácio Verney, dia 06 de Dezembro próximo, pelas 15H00.

Uma oportunidade para ver um espectáculo da espectacular Áurea. No dia 25 de Dezembro próximo, pelas 22H30, no Casino de Lisboa. E, cereja no topo do bolo, não se paga bilhete. Melhor prenda de Natal é difícil.

Está a acontecer:
Em Skopje, capital da Macedónia, estão-se a plantar 5,7 milhões de pinheiros (Sábado, pág. 36). Para variar, o Natal serve de justificação a uma boa causa. Para variar do atentado ecológico que se teima em perpetuar, em nome da paz e harmonia universal, em ceifarem milhões de jovens árvores que serviriam para despoluirem as cabeças dos cabeçudos que as cortam.

Aconteceu:
Os "hackers" do auto-denominado grupo "LulzSec Portugal" atacaram o sistema informático ligado à PSP e divulgaram ,publicamente, dados pessoais de polícias. Também atacaram o sítio do Parlamento e do Hospital  da Cruz Vermelha, bem como já entraram noutros sítios do Estado e ameaçaram não se ficarem por aqui, indo assestar as baterias a bancos e empresas. Bom... e quando é que os gestores/administradores desses sítios se resolvem a abrir os cordões à bolsa e mandarem instalar sistemas de segurança eficazes para protegerem os bancos de dados? É que esses sistemas já existem. Não dando uma garantia a cem por cento dão-na, no entanto, numa percentagem muito elevada. É puro acto de negligência criaram bancos de dados confidenciais e não os protegerem como deve de ser. E não vale a pena virem para a imprensa vociferarem contra os "hackers". Eles existem e vão continuar activos e vivos.

Mas não é só neste jardim à beira-mar plantado que os "hackers" atacaram. O grupo "Teampoison" atacou, informaticamente, as Nações Unidas e divulgaram as palavras-chaves de mais de mil endereços electrónicos de funcionários daquela organização. Como protesto contra a inactividade da ONU em muitas situações trágicas de conflitos que assolaram várias partes do mundo.

E lá continua o folhetim "Isaltino Morais". Já cheira mal tanto atraso nas decisões judiciais. Agora o Tribunal da Relação indeferiu mais um requerimento do arguido e ainda existem pendentes mais dois recursos. Mas será que é difícil os Juízes trabalharem um pouco mais e tomarem decisões rápidas. Nem que seja para justificarem o vencimento. Decidam-se, porra.

Outro folhetim judicial que se arrasta é o de "Vale e Azevedo". Já nem me lembrava dele. Lá continua em Londres, a aguardar que os magestosos Juízes de Sua Magestade se decidam, favoravelmente ou não, sobre o terceiro mandado de captura europeu que a Justiça de cá emitiu. Porra, decidam-se.

E, na Noruega, consideraram o Anders Breivik chanfrado ou, como se deve dizer politicamente correcto, como sofrendo de "esquizofrenia paranóide", pelo que não pode ser condenado por ter morto 77 pessoas. Pois, então, como ele não joga com o baralho mental todo, é inimputável e vai ter direito a tratmento psiquiátrico. Que pena não se ter cruzado com uma bala perdida. E não se pode condená-lo a ouvir, até ao fim da vida, ininterruptamente o "Paranoid" dos Black Sabath?

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (?), só no mês de Outubro passado a floresta amazónica foi desflorestada em 385,5 quilómetros quadrados. No mês anterior tinha sofrido uma razia de 253,8 quilómetros quadrados. Eu não sei se podemos culpar só os políticos brasileiros. Coitados... afinal, eles descendem de nós. Talvez, por isso, se possam considerar inimputáveis.

Na Argentina uma professora entregou aos alunos uma "pen" com material didático de biologia mas que, por lapso, tinha também gravado uma cena de sexo explícito em que ela participava activamente e que, por esquecimento, não a desgravou. Que sorte daqueles alunos. E não percebo porque é que os pais ficaram indignados. No meu tempo da primária (já lá  vão 50 anos) também tínhamos cenas de sexo. Era quando não sabíamos a tabuada ou não fazíamos os trabalhos de casa e a professora (ainda me lembro dela, a D. Maria Emília) mandava baixarmos os calções e, no estrado e de rabo desnudado virado para a turma, aplicava-nos umas reguadas no dito cujo com a "menina dos olhos", que era uma grossa régua de madeira. Democraticamente tocava a todos os  faltosos. Ainda vi uns bons pares de cus de infelizes colegas meus da desgraça. E choravam. Sim, porque isto de apanhar no cu, ao que dizem, faz doer.

Efemérides da semana:
29/11/1874 - Nascimento de Egas Moniz, neurocirurgião português, Prémio Nobel da Medicina.
30/11/1609 - O astrónomo italiano Galileu Galilei observa a face da Lua, pela primeira vez com um telescópio por si construído e faz um desenho desta sua observação.
30/11/1874 - Nascimento de Winston Churhill, político britânico, Prémio Nobel da Literatura.
30/11/1935 - Falecimento de Fernando Pessoa, poeta português.

Foi dito:
"Em nossa casa comíamos "à la carte". Aquele que tirava a Ás de Espadas, comia." Woody Allen, cineasta norte-americano. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tim Butcher

Livro:
Tim Butcher (1967), já por mim referido anteriormente, aventureiro africanista contemporâneo dos quatro costados, efectuou a reconstituição doutra viagem, desta vez levada a cabo pelo multifacetado e prolixo escritor britânico Graham Greene (1904/1991) pelos territórios que hoje constituem a Serra Leoa e a Libéria, em 1935, acompanhado duma prima sua, de nome Barbara Greene. Se bem que, nessa época, a Serra Leoa fosse relativamente conhecida pela colonização britânica já a Libéria apresentava um vazio na sua cartografia interior, cuja área estava mapeada em zona branca e preenchida apenas com a palavra "canibais". O livro que Grahamn Greene escreveu sobre essa viagem, com primeira edição em 1936, titulou-o de "Journey without maps" (Vintage, London, 2006, 238 págs.). Sobre o mesmo existe uma tradução portuguesa com o título "Jornada sem mapas" (Minerva, 1964) edição muito difícil de se encontrar no mercado. A sua prima, Barbara Greene, que o acompanhou nesta viagem, também deixou as suas impressões num livro com o título de "Land benighteh" (Terra inculta), da qual desconheço tradução para a nossa língua. A viagem que os Greene (Graham e Barbara) efectuaram acabou por decorrer sem grandes incidentes, com uma duração de cinco semanas em território liberiano. Cerca de setenta anos mais tarde (nos tempos actuais) Tim Butcher, que estava colocado na lista negra e sentenciado de morte pelo senhor da guerra liberiano Charles Taylor, reconstituiu essa mesma viagem, que foi muito mais complicada e perigosa, por isso mesmo; após ter pesquisado  exaustivamente toda a documentação existente sobre a jornada dos Greene. Acabaria por publicar o registo da sua odisseia, no livro "À caça do Diabo - África, uma viagem pelos caminhos da morte" (Bertrand Editora, Lisboa, 2011, 399 págs.) um fascinante relato pleno de aventuras que viveu com intensidade pelas terras dos "diamantes de sangue" e que, sem dúvida, o coloca no pódio dos actuais viajantes/aventureiros daquele continente. É um daqueles livros que, tal como o seu anterior "Rio de sangue", quando se começa a ler não se larga mais.

Filme:
Já que falamos da Serra Leoa e da Libéria, vi dois filmes de aventura que, não sendo excepcionais, não deixam de ter o seu grau de qualidade pelo tema que abordam: a recolha de diamantes nestes territórios sob a mira das armas de déspotas que escravizam toda uma população, controlando exércitos formados, muitas vezes, por crianças de rua, para seu próprio enriquecimento e dalguns capitalistas europeus (estes últimos não podiam faltar, nem que fosse para darem um colorido Benetton). Um tem por título "Diamante de sangue" (Lonely Films Production, 2006, 137 minutos) num tema  onde dois africanos se cruzam (um branco - Leonardo DiCaprio e um negro - Djimon Hounsou) e, juntos mas com objectivos diferentes, atravessam todo o horror da guerra pelo monopólio da extracção dos diamantes, na Libéria. De registar que várias cenas de combate deste filme foram efectuadas nos subúrbios de Maputo. O outro filme tem por título "Diamantes" (Universal Studios, 2009, 173 minutos) e aborda a viagem que uma senadora norte-americana efectua por terras africanas na busca do apuramento da verdade sobre a morte da sua filha.

Imbecilidades:
A Power Balance andou a vender, por todo o mundo, umas pulseiras que garantiam que o holograma com carga eléctrica das mesmas concedia força e equilíbrio a quem as usasse. Agora concluiu-se que não há fundamentação científica para tal e que tudo não passou de publicidade enganosa. Com as indemnizações e multas pesadas que lhe vão cair em cima a empresa arrisca-se a falir. Tudo bem. Não tenho pena nenhuma  dos que lucraram com a imbecilidade de quem adquiriu tal produto. Mas, francamente, nunca pensei que houvesse tantos imbecis em todo o mundo.

Uma pergunta:
Se eu emprestar 78 euros a alguém e cobrar 34 euros de juros sobre esse valor (44%) sou um agiota. Então, pergunto eu, ignaro que sou destas matérias: como classificamos a "Troika" que empresta a Portugal 78.000 milhões de euros e vai cobrar 34.400 milhões de euros  de juros sobre esse valor (os mesmos 44%)?  Se isto é a tão apregoada ajuda com que os nossos governantes nos lavam o cérebro, então prefiro ir "dar o pacote" para a avenida e dormir debaixo da ponte. É que fico com a sensação que me puseram areia na vaselina.

O maior castanheiro da Europa localiza-se na área da aldeia de Guilhafonso - Guarda, com 19 metros de altura e com uma idade calculada em 400 anos, estando classificado como "de interesse público" desde 1971. Pois a mesma, segundo leio na imprensa, está a secar e corre o risco de morrer. As autarquias locais nada podem fazer pois, atendendo à classificação da dita árvore, só a ANF - Autoridade Nacional Florestal (como eu adoro estes títulos autoritários) é que pode intervencionar e, até ao momento, nada tem feito, arrastando-se o assunto desde o ano passado. Então, já agora, não se podiam também deixar a secar ao Sol os responsáveis da ANF que já foram alertados e nada fizeram? E, já agora, ao lado do castanheiro em causa.

Recomendo:
Uma visita ao Museu Rafael Bordalo Pinheiro. Localizado numa pequena vivenda ao Campo Grande - Lisboa (perto da Universidade Lusófona) permite integrarmo-nos no modo de viver de Lisboa nos finais do século XIX, para além de ficarmos a conhecer a visão política e artística deste genial caricaturista e ceramista. De um humor cáustico, a sua visão crítica da política e da sociedade de então ainda hoje se mantém actualizada. Mesmo volvidos cem anos.

Aconteceu:
O Governo australiano apresentou uma proposta, que está em discussão pública até Fevereiro de 2012, para criar uma reserva marinha protegida no Mar de Coral, com cerca de um milhão de quilómetros quadrados de superfície. Apesar de criticada por diversas associações ambientalistas e sumidades internacionais ligadas à biologia marinha, por não ir mais longe, quer numa maior cobertura geográfica quer na proibição total da actividade pesqueira, já é um bom começo. A bem deste belo Planeta Azul.

O Parlamento suíço aprovou o desmantelamento progressivo das suas cinco centrais nucleares, operação complexa que irá durar até 2034. A ver vamos, mas já é um outro bom começo. A bem deste Planeta Azul.

Hoje (27/11) o fado acabou consagrado, na belíssima Bali, como Património Imaterial da Humanidade. Já muito foi dito e eu, para não correr o risco de chover no molhado, nada mais irei acrescentar de útil. Apenas que se registe a minha sincera congratulação por tal facto. Não sendo um adepto incondicional deste tipo de música - tirando os sagrados e consagrados Carlos do Carmo e Amália Rodrigues - não deixo de ficar orgulhoso de tal facto. A referência de nomes é injusta, por omissão deste ou daquele e, por isso, de antemão a minha mea-culpa caso injustice alguém mas heróis desta saga terão sido, entre outros, António Costa - actual Presidente da edilidade alfacinha, Rui Vieira Nery - musicólogo que liderou a Comissão Científica da nossa candidatura, Rúben Carvalho - vereador municipal e Sara Pereira - Directora do Museu do Fado e também membro da Comissão Científica. De lamentar que Amália Rodrigues, a grande Diva do Fado, não tivesse vivido o suficiente para assistir a esta consagração. Ou não fosse a voz dela a timbrar "Estranha forma de vida" que o Júri da UNESCO e toda a restante assistência ouviu no iPhone de António Costa, quando este finalizou o seu discurso de apresentação da candidatura. Um gesto inteligente.

Em Filadélfia - EUA, foi eleita como Presidente da SIAM - Society for Industrial and Applied Mathematics (Sociedade Matemática Aplicada e Industrial) a portuguesa Irene Fonseca, que lecciona Matemática na Universidade de Carnegie Mellon. Esta Sociedade é, a nível mundial, a maior associação científica de matemática aplicada, constituída por cerca de 13.000 associados individuais e 500 institucionais. E, agora, é presidida por uma portuguesa. Porque será que lá fora somos tão produtivos e aqui, neste jardim à beira-mar plantado... temos que viver de esmolas estrangeiras?

Vai acontecer:
A actriz Eunice Munoz vai ser condecorada amanhã (28/11), pelo Presidente da República Cavaco Silva, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique honrando-se, deste modo, uma carreira, mais que meritória, de 70 anos. Vá lá, vá ,lá. De vez em quando o nosso Venerando Chefe de Estado acerta numa decisão. E logo na área da cultura, quem diria. 

Disseram:
"Há dois mil anos o maior orgulho era poder dizer-se: "civis romanus sum" (sou um cidadão romano). Hoje, no mundo livre, o maior orgulho é poder dizer-se: "ich bin ein berliner" (sou um berlinense)."  Jonh F. Kennedy, político, num discurso efectuado em Berlim, em Julho de 1963, contra a construção do Muro de Berlim pelas autoridades soviéticas.

"Sr. Gorbachov, derrube este muro." Ronald Reagan, político, num discurso efectuado em Berlim, em Junho de 1987, contra a manutenção do Muro de Berlim.

Efemérides:
Nascimento de Jimy Hendrix, considerado o maior guitarrista de todos os tempos (27/11/1942).
Discurso, em Nova Deli, de Jawaharal Nerhu, Primeiro-Ministro indiano, onde apela aos Estados Unidos e à União Soviética a findarem os ensaios nucleares e iniciarem o desarmamento com vista a salvar "a Humanidade do desastre final." (27/11/1957).
A Nova Zelândia torna-se o primeiro País do mundo a permitir o voto feminino em eleições gerais (28/11/1893).

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Livro:
Tim Butcher (1967) é um jornalista britânico que, após ter estado como correspondente do jornal "Daily Telegraph" durante quatro anos em África, resolveu encetar a reconstituição da lendária viagem que, no século XIX, Henry Morton Stanley (1841/1904) fez pelo rio Congo, no sentido Este/Oeste, tendo sido uma das viagens mais fascinantes levadas a cabo e só conseguida devido à vontade indómita e inquebrável de Henry Morton Stanley que tudo venceu, desde doenças, ataques de animais quer terrestres quer fluviais, traições, morte dos seus lugar-tenentes, revoltas do seu pessoal, combates com tribos inimigas, o percurso dum rio desconhecido que foi tentando mapear, a solidão, a fome, enfim, tudo o que se possa imaginar coube nesta epopeia que ocorreu entre 1874/1877. "Primus inter pares", Henry M. Stanley, independentemente das motivações económicas, aventureiras ou militaristas que o levaram a cruzar África em múltiplas direcções, quer ao serviço de interesses colonialistas europeus (a criação do Estado Livre do Congo, como feudo privado do Rei Leopoldo I da Bélgica), de glória pessoal e pura aventura (localização do outro lendário Dr. Livingstone, na actual Zâmbia, onde nasceu a celebrada pergunta "Doctor Livingstone I presume?") ou a missão militarizada de apoio ao Emir Pascha, no sul do Sudão, para a História ele fez mais que jus ao cognome com que ficou conhecido: "Bula Matari"  que traduzido significa "O que parte pedras". Ora bem, é sobre a odisseia desta viagem pelo rio Congo que recomendo a leitura de dois livros sobre a mesma. O primeiro foi escrito na primeira pessoa pelo próprio Henry M. Stanley e tem por título "Através do continente negro ou as nascentes do Nilo, circum-navegação dos Grandes Lagos da África Equatorial e descida do rio Livingstone ou Congo até ao Oceano Atlântico". (Mendonça & Irwin, Empresa Editora, Lisboa, 1880, Volume 1 - 366 págs.; Volume 2 - 424 págs.; Volume 3: 339 págs. e mapas). O segundo livro sobre esta viagem fluvial foi escrito por Tim Butcher, com o título "Rio de sangue - uma aventura apaixonante no coração de África" (Bertrand Editora, Lisboa, 2009, 383 págs.), no qual o jornalista efectua, em finais do milénio passado, o mesmo percurso que Henry M. Stanley fizera pouco mais de um século antes. O interessante, ao lerem-se ambas as obras, é comparar África num salto temporal que mediou cem anos e comparar as amplitudes evolutivas (ou não) nesta parte central do continente africano, quer nos povos, quer nas mentalidades, quer na devastação ecológica.

Documentário:
Hugo van Lawick (1937/2002) foi um dos mais importantes fotógrafos e documentaristas sobre a vida selvagem africana, onde se iniciou em finais da década de 50. Travou amizade com o lendário paleontólogo Louis Leakey (1903/1972) que o apresentou a Jane Goodall (1934), a lendária especialista em chimpanzés. Com ela terçou amores e documentários sobre estes primatas. Um dos grandes amores da sua vida profissional foi o Parque Nacional do Serengueti, na Tanzânia, onde ficou sepulto no mesmo local onde durante décadas teve a sua tenda montada. Daí a minha recomendação para se ver, da sua autoria, "A sinfonia do Serengueti", um filme de 80 minutos sobre um dos mais belos ecossistemas da vida selvagem africana, com cerca de 30.000 quilómetros quadrados de área.

Exposição:
"Frida Kahlo - as suas fotografias", no Pavilhão Preto do Museu da Cidade, em Lisboa. Trata-se de um conjunto de 257 fotografias desta pintora mexicana que está patente até 29 de Janeiro próximo e que se subdividem em seis áreas: "Os pais"; "A Casa Azul"; "O corpo acidentado"; "Os amores de Frida"; "A fotografia" e "A luta política".

Aconteceu:
Uma mulher afegã, de nome Gulnaz, foi violada por um homem casado e, fruto disso, acabou grávida. Por ter tido relações sexuais com um homem casado, foi incriminada em adultério e condenada a 12 anos de cadeia, não tendo a legislação do seu País cuidado do acto em si ter sido contra vontade da mesma. Agora, na cadeia, onde se encontra com a sua filha, fruto da violação e que entretanto nasceu, tem hipótese de sair em liberdade antes da pena cumprida, desde que se case com o violador. Mas, se sair, pode sofrer represálias atentatórias contra a sua vida, pois quer os seus próprios familiares quer os do violador consideram que ela  desonrou o nome das famílias. É o que se pode dizer saltar do lume para a frigideira. Uma pergunta: que andamos nós a fazer no Afeganistão, há mais de dez anos? Uma meditação: e ainda nos queixamos nós da nossa crise.

Uma mulher paquistanesa, de nome Asia Bibi, camponesa e católica, no seu País, foi buscar água quando trabalhava no campo. Logo ali foi acusada por outras mulheres, muçulmanas, de ter conspurcado a água por ser cristã. Tendo-se recusado a mudar de religião, foi acusada de blasfémia contra o Profeta do Islão e acabou sentenciada à morte, pela legislação penal paquistanesa. Admite-se que o Supremo Tribunal acabe por revogar a pena capital. Mas, clérigos radicais, já ameaçaram que se tal suceder ela correrá risco de vida, caso saia em liberdade. Uma pergunta: que andamos nós a fazer no Paquistão há tantos anos? Uma meditação: e ainda nos queixamos nós da nossa crise.
"Laços de sangue" é uma telenovela produzida pela SIC/TV Globo que venceu, no difícil mercado estadunidense, o prémio "Emmy" para a Melhor Novela Internacional. Já no ano passado foi a telenovela "Meu amor" a arrecadar idêntico "Emmy". Aprendemos bem com os brasileiros e parece que o aluno está a suplantar o mestre. Não vi nenhuma das duas (cá em casa, democraticamente, "proibi" o visionamento de telechachas) mas... não deixam de fazer bem ao nosso ego lusitano estes prémios. Num País que só sabe falar da crise.

O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu das Mulheres Empresárias premiou a portuguesa Sandra Correia, responsável da "Pelcor" como "Melhor Empresária da Europa 2011". Bom... repito o final do parágrafo anterior: não deixam de fazer bem ao nosso ego lusitano estes prémios. Num País que só sabe falar da crise. 

Uma dupla de jovens arquitectos portugueses, José Maria Cumbre (31 anos) e Nuno Sousa Caetano (33 anos) foram distinguidos na 5ª Edição dos Prémios de Arquitectura Ascensores Enor, em Vigo - Espanha, devido ao projecto dum bar sito no Jardim 9 de Abril, em Lisboa. Bom... repito de novo: não deixam de fazer bem ao nosso ego lusitano estes prémios. Num País que só sabe falar da crise.

Está a acontecer:
Uma greve geral, em Portugal, com as confederações sindicais UGT e CGTP juntas neste processo reinvindicativo. Independentemente das razões que lhes assistam e da disparidade do número de aderentes à greve que o Governo e os Sindicatos vão apresentar, faço uma pergunta: Porque é que os Sindicatos não pagam, dos seus cofres, aos grevistas o dia de trabalho? De certeza que muito mais gente haveria de aderir. Creio que muitos não fazem greve porque o dia de salário que lhes é descontado pesa nas despesas lá de casa. É que isto dos senhores dirigentes sindicais incitarem os trabalhadores à greve é muito bonito. Até podem ter carradas de razão e não é isso que está em causa. Mas esquecem-se dos cortes que esses mesmos trabalhadores sofrem, por Lei, por tal adesão. E que eu saiba ou calcule, aos senhores dirigentes sindicais não lhes afecta o bolso. Ou, pelo menos, podiam pagar uma percentagem do corte, escalonado na proporção dos vencimentos dos grevistas. E o controle nem era difícil: bastava os delegados sindicais confirmarem tais cortes, depois dos trabalhadores lhes exibirem a folha de pagamento no mês em que sofressem o corte.

Vai acontecer:
A fim de comemorar a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, o Museu do fado - Lisboa, a partir das 10H00 do dia 26 de Novembro corrente, vai manter as portas abertas ao público durante 36 horas, ininterruptamente.

Efemérides da semana:
Charles Darwin publica "A origem das espécies", um dos livros mais polémicos de todos os tempos, onde se teoriza a evolução gradual, através do método da selecção natural (24/11/1859)
Ocorre, em Dallas - EUA, o assassinato do Presidente Jonh F. Kennedy (22/11/1963)

Disseram:
 "Comemora-se em todo o País uma promulgação do despacho número cem da Marinha Mercante Portuguesa, tendo sido dado esse número não por acaso, mas porque vem precedido doutros noventa e nove anteriormente promulgados." (Américo Thomaz, político)

sábado, 19 de novembro de 2011

Livro:
Alexandra David-Néel (1868/1969) foi uma famosa aventureira francesa que percorreu, entre 1921 e 1946, milhares de quilómetros a pé, que a levaram a atravessar a Mongólia, China, Japão, Índia, Sikkim e Tibete, entre outras regiões asiáticas. Multifacetada, foi cantora de ópera, anarquista, femeninista, escritora, monja budista, antropóloga e exploradora. Celebrizou-se, entre várias façanhas, por ter visitado Lhassa, capital do Tibete, disfarçada de mendiga, tendo sido a primeira estrangeira a ousar tal e com risco da própria vida. Uma das suas inúmeras obras é "Viagem ao Tibete" (Livraria Civilização Editora, Porto, 1998, 250 págs.)  e trata do relato, em primeira pessoa, desta fabulosa viagem à capital espiritual tibetana, realizada em 1921. Depois de se ler o livro, fica o lamento de não a termos conhecido.

Disco:
Agora, que está a decorrer a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, sugiro a audição dum fabuloso instrumental sobre este género musical: o "Fado Bailado", de Rão Kyao. Editado pela Polygram Discos, em 1983, reúne um conjunto de dez fados, magistralmente saxofonizados. Um disco virado para dois tipos de pessoas: das que gostam e das que não gostam de fado.

Documentário:
A Gorongosa, um dos mais famosos parques naturais do continente africano, foi criada a 02 de Março de 1921, no centro da (então) Colónia de Moçambique e na região do mesmo nome, com a finalidade de preservar a rica fauna e flora moçambicanas, através da Ordem nº 4.178 da Companhia de Moçambique, que superintendia o Território de Manica e Sofala, pelo punho do seu Governador João Pery de Linde a quem, posteriormente, seria dado a uma localidade o seu nome: Vila Pery (actual Chimoio). Tendo uma área de reserva inicial de cerca de mil e quinhentos quilómetros quadrados, o Parque viu a sua área geográfica ser ampliada para cerca de três mil e duzentos quilómetros quadrados em 1935, através da publicação do Decreto nº 26.076. Situado numa belíssima região, podiam-se encontrar no Parque enormes manadas herbívoras de zebras, bois-cavalos, impalas, elandes, palapalas, cudos, búfalos e elefantes, entre outras. A completar a fauna encontravam-se, também nas planícies, javalis, leões, leopardos, raposas e cães do mato, entre outros animais, para além duma enorme variedade de espécie de aves. Na lagoa dos hipopótamos, situada no rio Urema, centenas destes animais emparceiravam com crocodilos. A lagoa de Inhatide, em plena floresta, era um enorme bebedouro colectivo dos animais do Parque. A nível da flora o Parque demonstrava toda a sua exuberância, alterando os prados com as florestas, ricas em água que corriam pelos acidentes dos terrenos. De renome mundial este Parque sofreu, após a independência do território, os efeitos dos horrores duma guerra civil (1977/1991) que levou à quase total destruição do seu ecossistema. Restabelecida a paz, os novos governantes moçambicanos encetaram uma inteligente política de recuperação de parques naturais em todo o território (e neste aspecto a República de Moçambique dá cartas ao Mundo) tendo a Gorongosa sido dos primeiros a beneficiar de tal política tendo, para tal, contado com o apoio, entre outras organizações, da norte-americana "The Gregory C. Carr Foundation" e do sul-africano "National Krueeger Park". E é sobre a espectacular recuperação deste Parque, qual Fénix renascida das cinzas, que visionei o documentário "Gorongosa - um paraíso perdido em África", produzido pela NGT - National Geographi Television (editado, em Portugal, pela Zon Lusomundo TV Lda., 50 minutos, 2010). É um documentário excepcional, como é timbre da NG, para os amantes da Mãe-Natureza. E é, também, uma sonora estalada a todos os senhores da guerra, barões da política e predadores da economia desenfreada, que quase conduziram este lugar "onde Noé deixou a sua arca" ao descalabro total. Felizmente, ainda há gente inteligente.

Filme:
Nos meus arquivos busquei outro filme que reputo de excepcional: "Feios, porcos e maus", de Ettore Scola.  Sarcástico, numa mescla denunciante do miserabilismo social, retrata a vida desgraçada duma família proletária que vive num bairro de lata nos arredores de Roma. Pura tragi-comédia neo-realista, realizada em 1976, tornou-se num filme de culto. De longe em longe revejo-o... sem nunca me cansar.

Gostei:
Da colecção de doze preservativos que o Sport Lisboa e Benfica lançou no mercado, cada um deles contendo uma frase. Das mais giras, para mim, são: "Esta vai ser à Benfica", "A melhor defesa é jogar ao ataque" e "Vai um dérbi?".

Lamento:
Segundo o "El Mundo" foi declarado extinto o rinoceronte negro, uma espécie da África Ocidental (Lido na "Sábado", de 17 a 31/11, pág. 27). De lamentar que, em vez deste ancestral animal, não tivessem sido extintos todos os bípedes acéfalos que contribuíram para este evento. E, infelizmente, uma das causas que ajudaram isto (mas não só) foi a crença, ainda enraizada em muitos estúpidos, que o corno em pó deste animal tem efeitos afrodisíacos. No século XXI e com o "comprimido azul" mais que difundido por todo o mundo.

"A ignorância dos nossos universitários" é o título duma interessante reportagem efectuada pela "Sábado" (17 a 213/11, págs. 100/106) a qual efectuou um teste de cultura geral junto de estudantes deste sector terciário da nossa educação. Se bem que "uma árvore não faz a floresta" e, por arrastamento, não podemos medir a (in)cultura deste jovens generalizando-a para o restante mundo universitário, a verdade é que pergunto: como foi possível estes jovens ficarem com certificações secundárias para poderem ingressar no mundo do ensino superior? Que tipo de professores os notaram para tal? Lembrei-me do humorista Jô Soares, que tinha um quadro televisivo (salvo erro no "Viva o gordo") onde parodiava a ignorância estudantil e terminava com a frase (cito de memória): "A ignorância da nossa juventude é um espanto".

Detesto:
A utilização abusiva do sufixo "inho", principalmente nos sectores da restauração. Uma pessoa senta-se à mesa e o empregado sugere: "Então que vai ser? Um bifinho com umas batatinhas? Olha que leva um molhinho (disto ou daquilo) que é muito bom. Ou prefere antes um arrozinho?" Ou então:  "Temos hoje um bacalhau acompanhado dumas couvinhas com batatinhas à murro." Para ajudar a deglutir tem-se "um vinhinho que é de estalo". A findar o repasto, que antecedeu dum "queijinho com pãozinho", ficamo-nos pelo "cafézinho", recusando nós, delicadamente, uma "aguardentezinha do patrão". Só o raio da conta é que não se torna "continha". Saímos do restaurante todos "tadinhos" e a remoer contra nós mesmos por não termos tido a coragem de perguntar ao simpático do empregado se "não queria ir levar no cuzinho".

Gastronomia:
Li, numa sugestão de compras, que estava à venda num determinado estabelecimento "gourmet"  (já cá faltava o francesismo) frascos de pasta de azeitona pela quantia de 3,99 euros (atenção, muito importante: não custam 4 euros mas sim "apenas" 3,99 euros). E que tal fazer isso em casa? Pega-se num punhado de azeitonas sem caroço (das recheadas com pimentos), descascam-se dois dentes de alhos, juntam-se salsa e orégãos (q.b.), pica-se tudo junto na "1,2,3", revolve-se a pasta assim obtida num fio de azeite e... já está. Demora um minuto a fazer e depois é só barrar em mini-tostas. De certeza que fica muito mais barato e, nos tempos que correm... talvez valha a pena.

Recomendo:
Uma visita guiada ao Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa. Integrado no Museu da Água, este Monumento Nacional pode ser visitado desde que feita a marcação prévia.

Aconteceu:
Pelo que leio na imprensa, o advogado Duarte Lima ficou preso preventivamente, num processo relacionado com o BPN -  Banco Português das Negociatas (perdão, Banco Português de Negócios - escapou-se-me o dedo no maldito teclado e deu-me uma de bloquista momentânea). Não questionando a decisão judicial (quer por desconhecimento do processo em curso como também da jurispridência invocada para tal), não deixa de ser curioso e curial que a mesma suceda logo após a justiça brasileira ter emitido um mandado de captura internacional contra o agora arguido que, em Portugal, estaria a salvo de tal medida, fruto de ser um patrício nosso. Mas não... são apenas coincidências temporais. Se não me falha a memória (para não plagiar o "Se bem de lembro" de Vitorino Nemésio) e penitenciando-me desde já  caso esteja errado, o advogado Vale e Azevedo também foi preso mas só e logo depois de ter deixado a Presidência do Sport Lisboa e Benfica. Mas não... são apenas coincidências temporais.

E lá me comeram uma percentagem do meu subsídio de Natal. A bem da Nação. Está moribundo o maldito bendito. E com morte anunciada já para o próximo ano. Ou pelo menos fica em estado comatoso enquanto durar a vigência do programa imposto pelos triúnviros do capital. Veio uma inteligência superior (infelizmente não captei o seu nome) dizer, todo ufano, que em diversos países da Europa estes subsídios (de férias e de Natal) não são creditados aos seus funcionários. Eu também estou de acordo  com o corte dos mesmos... mas desde que me paguem o mesmo que esses europeus recebem pelo desempenho de funções idênticas às minhas. É que isto de pagar imposto à nórdico e receber uma mensalidade latina... "Oh Costa! A vida custa."

Está a acontecer:
Várias personalidades que são, ou foram, da confiança política de Cavaco Silva estão, neste momento constituídas arguidas e a serem julgadas ou a aguardarem julgamento. Independentemente da presunção de inocência das ditas personalidades até tudo transitar em julgado (é bonito dizer isto, não é?) penso que o Venerando Presidente desta lusa Pátria devia ser mais acertivo com as pessoas com quem se relaciona. Porque, mesmo que qualquer mortal tenha que nascer duas vezes para ser tão honesto como ele (lembram-se?)... que Diabo, é mesmo fraca pontaria. Felizmente que ele não seguiu a carreira de polícia ou militar. E infelizmente eu não comprei acções do BPN.

Vai acontecer:
Na próxima segunda-feira (21/11/2011) Fausto (Bordalo Dias) lança o duplo álbum "Em busca das montanhas azuis", álbum terminal da trilogia "Lusitana Diáspora", completando uma caminhada que iniciou al ter lançado "Por este rio acima" (1982) e continuado com "Crónicas da terra ardente" (1994). Fausto é, juntamente com Pedro Barroso e Pedro Abrunhosa, o meu trio de cantautores preferido.

O ciclo "Olhares sobre a Índia", com o tema "A morte do Herói Português:  da guerra de Angola à invasão de Goa, um testemunho", de Valentino Viegas com apresentação de Adriano Moreira. No dia 23 de Novembro corrente, às 16H00 no Salão Nobre da SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal.