"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

sábado, 16 de março de 2013

Brigitte Friang


VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES


Brigitte Friang – Decorre, no corrente mês de Março, o segundo ano do falecimento de Brigite Friang, insigne escritora e jornalista francesa. Nascida em Paris a 23/01/1924, cursou medicina, estudos estes que virá a interromper para dar o seu contributo na luta contra a ocupação da sua Pátria pelos nazis, aquando da Segunda Guerra Mundial. Adere a uma rede da resistência gaulesa, mas acaba ferida numa fuga e capturada pela Gestapo (Março de 1944) que, após a prender e torturar em Fresnes, a deporta para a Alemanha, para o campo de concentração de Ravensbruk (1).

 

 
Após o findar da guerra regressa a França onde acaba condecorada com a Legião de Honra, tornando-se na pessoa mais jovem a receber tal distinção. Ingressa no jornalismo e a paixão pela aventura e emoções fortes fá-la optar pela carreira a de repórter de guerra.

Percorrerá o Mundo a cobrir vários dos eventos que alteraram o rumo da História nessas conturbadas décadas de 50, 60 e 70. É, assim, que a vamos encontrar a reportar o conflito indochinês (Vietnam, então colónia francesa) entre 1951 e 1954, onde teve o seu baptismo de paraquedista, tendo testemunhado o ruir do sonho francês na famosa batalha de Dien-Bien-Phu (2); a cobrir a guerra nacionalista argelina que levaria a então colónia francesa à independência (3); bem como a tomada do canal de Suez por forças combinadas da Grã-Bretanha e da França (4).

Em 1965 entra para a televisão francesa, donde virá a ser demitida três anos mais tarde por ter aderido ao célebre Maio de 68. Volta a fazer a rota dos conflitos em diversos pontos do planeta e cobre, entre outros, no Médio Oriente, a Guerra dos Seis Dias (5), e no Oriente a Guerra do Vietnam, agora com o envolvimento das forças norte-americanas. Nesta última acaba capturada por duas vezes, por forças vietcongs, aquando da ofensiva do Tet (6).

Ao longo da sua vida aventurosa, o perigo e a morte foram companheiros fiéis da sua jornada jornalística, mas nunca recuou nem nunca recusou um trabalho por mais crítico que fosse. Detentora de diversas condecorações e autora de diversos livros foi uma mulher excepcional que honrou, não só a sua profissão como também a condição feminina.

A 06 de Março de 2011 as asas da Morte levaram-na, encerrando o capítulo terreno. Certamente, algures no Cosmos, estará a efectuar uma reportagem numa qualquer galáxia. Para deleite dos seus novos leitores.

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1 – Localizado no norte da Alemanha a cerca de 100 quilómetros de Berlim, a sua construção foi ordenada por Henrich Himmler. Inaugurado em 1939 destinava-se, essencialmente, a acolher mulheres. Até ao seu encerramento (1945), fruto da derrota germânica, terá enclausurado mais de 100.000 mulheres, das quais terão sobrevivido apenas umas 25.000 (números redondos).

2 – Última batalha travada entre Março e Maio de 1954, que opôs forças vietnamitas, lideradas pelo lendário General Nguyan Giap às forças coloniais francesas lideradas pelo General Castries. Culminou com a derrota francesa e o consequente findar do domínio colonial desta nação europeia no Extremo Oriente. É após a saída da administração francesa que o Vietnam se cinde em dois: Norte e Sul. A reunificação do País verificar-se-ia na década de 70.

3 – Enquanto potência colonial a França dominava o actual território argelino. Entre 1954 e 1962 travou-se a luta pela independência do território, sendo as forças argelinas lideradas pela FLN – Front de Libération National, que conseguiu atingir os seus objectivos.

4 – Ousada reacção militar anglo-francesa contra a nacionalização do canal de Suez, decretada, em 1952, pelo Presidente egípcio Gamal Abdel Nasser e que feriam os interesses dos accionistas europeus. A aproximação dos soviéticos aos egípcios (estava-se no pleno da Guerra Fria) levou ainda mais longe os receios europeus que, tacticamente, se puseram de acordo com os israelitas. A 29 de Outubro desse mesmo ano Israel invade a península do Sinai e forças militares franco-britânicas tomam Port-Said, cidade esta que é a porta de entrada do canal de Suez. No entanto o fraco e titubeante apoio norte-americano a esta iniciativa e as ameaças da União Soviética em retaliar numa clara manifestação de apoio às pretensões egípcias levaram ao recuo dos europeus.

5 – Conflito armado que opôs Israel a diversos países árabes, e que teve o seu início a 05 de Junho de 1967. Terminou com uma surpreendente vitória militar israelita, em seis dias. O segredo assentou no factor surpresa e rapidez de deslocação de tropas blindadas que ocuparam a Faixa de Gaza, as Colinas de Golã e o Norte do Sinai, para além da eficaz actuação da Força Aérea que, logo às primeiras horas no primeiro dia do conflito, rebentou com nove aeroportos militares egípcios destruindo a sua aviação militar.

6 – Ofensiva lançada em larga escala por forças norte-vietnamitas, em finais de Janeiro de 1968 e cujo objectivo era lançar o caos militar em todas as cidades do Vietname do Sul, com especial incidência na capital sulista, Saigão, tendo conseguido, numa primeira fase, os seus objectivos. No entanto não lograram um levante popular de apoio às suas pretensões e as forças norte-americanas e sul-vietnamitas acabaram por causar cerca de 80.000 baixas ao inimigo.

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LEITURAS EM PROSA

 
Título: A dívida dos vivos
Subtítulo: Da resistência ao Vietname
Autora: Brigitte Friang
Editora: Livraria Bertrand     Ano: 1970 (?)      Págs.: 531    Género: Autobiografia

 

Autora de diversos livros, este é o acerto de contas com a História que a Autora, após quase três décadas duma vida cheia, resolve fazer. É o registo autobiográfico de quem foi testemunha de acontecimentos que ajudaram a mudar a face do Mundo, escrito por quem tinha autoridade para dizer: “Vi o absurdo triunfar. Mas também o seu único paliativo, o seu inimigo irrisório mas indestrutível, o duende do amor, dançando inatingível. Graças ao qual me foi dado poder comungar das grandes dores, passadas ou presentes. A humilhação dos negros nos Estados Unidos, o infortúnio das crianças vietnamitas ou a fome das crianças indianas não são palavras ou imagens. Conheço-as.”

Fiel às suas amizades dedica o livro a André Malraux, outro aventureiro, escritor, combatente da liberdade e político, com quem conviveu mais de perto quando o secretariou após a II Guerra Mundial. Na realidade eram dignos um do outro.
 

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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL

 

 

Aforamento Nome dado às concessões feitas em Portugal, a partir do século XII e que tinham carácter enfitêutico no qual, através dum pagamento, que era anualmente estipulado, o enfiteuta assumia todos os direitos sobre o terreno. Tinha a finalidade de promover e desenvolver a agricultura no País, pois obrigava o enfiteuta a cultivar o solo. É na linha deste pensamento medieval que irá nascer, em solo moçambicano, a política dos prazos (1).

África - Termo derivado de “avringa” ou “afri”, nome de uma tribo berbere que habitava no Norte deste continente, na Antiguidade. Este termo, inicialmente, começou a ser divulgado pelos romanos, para designar as províncias do seu império que se situavam a Noroeste do Mediterrâneo, as quais correspondiam, no tempo actual, à Tunísia e Argélia, e as regiões Norte e Nordeste eram denominadas por Líbia e Egipto. Com a expansão europeia, iniciada pelas navegações portuguesas, no século XVI e posterior avanço dos europeus para o sul, este nome acabou por se generalizar, acabando por se referir a todo o continente.

Aguada – Nome que se dava a qualquer ponto costeiro onde um navio pudesse varar para buscar alimentos frescos, água doce ou proceder a reparações de danos que tivesse sofrido durante a navegação, por acção de tempestades, por exemplo. Como a água era o elemento essencial e o mais precioso à sobrevivência de qualquer tripulação, sempre que se apurava um local de fornecimento deste líquido vital, apelidava-se de aguada. Com o estabelecimento de pontos de apoio à navegação, à medida que se ia cartografando melhor a costa africana, transformavam-se as aguadas em feitorias.

Aguagem – Correntes marítimas que eram ocasionais.

Aguar-se – Desviar-se da rota traçada por efeito da aguagem.

Águas de cheia – Águas das enchentes.

Águas de quebra – Nome que se reportava às corrente marítimas em franca diminuição de intensidade.

Aguiar, Roque de - (1863 – Lourenço Marques, 11/01/1933 – Álvaro Roque de Aguiar) - Oficial do Exército Português (Coronel). Comandava, como Capitão, as forças policiais do povoado de Lourenço Marques que defenderam esta localidade em Outubro de 1894, contra as forças de Matibejana (1), tendo tido aí o seu baptismo de fogo. No ano seguinte envolve-se na campanha contra o Reino de Gaza (1), tendo-se destacado no combate de Marracuene (1). Após a consolidação da soberania portuguesa, no sul de Moçambique, desempenhou diversos cargos na área político-administrativa, tais como Presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques entre 1892/93 e Governador do Distrito de Moçambique, entre 1922/1923. Era titular da condecoração da Torre e Espada.

Agulha de marear – Bússola (1).

Agulha genoisca Bússola (1). O termo “genoisca” referia-se aos genoveses que, tendo uma larga experiência marítima, atendendo a que a cidade de Génova, na península itálica, era um dos pontos terminais e intermediários do comércio das especiarias entre o ocidente e o oriente, na Idade Média, os seus navios utilizavam sempre este instrumento, essencial à navegação.

Alabarda – Arma composta por um misto de lança e machado, tendo uma haste longa pontuda e nesta, uma lâmina perpendicular.

Alalado – Nome que se reporta à carne de um animal degolado, acto este efectuado por um muçulmano, enquanto pratica as respectivas orações decorrentes de tal acto.

Albuquerque, José Bernardo de (Lisboa, 1844 – Quelimane, 1893) – Prazeiro (1). Desempenhou vários cargos públicos em Moçambique contando-se, entre eles, o de presidente da Câmara Municipal de Quelimane, em 1878, do qual viria a ser acusado de desviar fundos. Em 1892 foi preso, fruto de revoltas na Maganja da Costa.

Enfiteuse – Aprazamento ou aforamento, era um contrato, no qual uma pessoa ou entidade que é proprietária de algo, transfere para outrem essa propriedade, recebendo um rendimento anual, que é o seu foro, aluguer. A enfiteuse começou a ter perfil jurídico em finais de 1200 e chega às “Ordenações Afonsinas” como figura jurídica autónoma e regulamentação própria. Atravessou as “Ordenações Manuelinas” e as “Filipinas” incólume, sofrendo apenas alguns retoques. No reinado de Dom José I, sob impulso pombalino, diversa legislação altera de sobremodo a tradição secular da enfiteuse. Virá a decair de importância no decurso do século XIX, em paralelo com a política dos prazos (1) da coroa em Moçambique, de quem foi a génese rádica.

Enfiteuta – Indivíduo que afora um domínio útil, prédio ou terreno, pagando um aluguer, anual.

Foro – Renda que o enfiteuta pagava, todos os anos, ao senhorio.

Forar Alforriar.

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(1) – Já aberta ficha.
(2) – A abrir ficha posteriormente.

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DECLARAÇÃO DE INTERESSES


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